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Fausto dos Santos

FAUSTO DOS SANTOS
(34 anos)
Jogador de Futebol

☼ Codó, MA (28/01/1905)
┼ Santos Dumont, MG (28/03/1939)

Fausto dos Santos, conhecido por Maravilha Negra, foi um jogador de futebol nascido em Codó, MA, no dia 28/01/1905. Fausto dos Santos era um volante de muita disposição, grande técnica, habilidade e chute razoavelmente forte, que liderava o meio de campo de sua equipe com muita elegância e tinha precisão no toque de bola.

Fausto dos Santos teve uma infância difícil, por força da miséria no Nordeste brasileiro. Sua mãe, Dona Rosa, queria um futuro melhor para o filho, coisa que dificilmente teria no interior maranhense. Por isso foi com a família tentar a sorte no Rio de Janeiro, então a capital e maior cidade do Brasil.

Naqueles áureos tempos em que os campos de futebol se espalhavam por todos os cantos da cidade, Fausto dos Santos encontrou sua vocação, ao manter uma relação íntima com a bola. Ele a chamava de tu e ela o obedecia em todos os malabarismos que fazia, caindo sempre aos seus pés, como se uma escrava fosse. Era aquilo que hoje chamamos de domínio da bola.

Em 1926, aos 21 anos, Fausto dos Santos, alto e magro, aparecia jogando como titular da equipe do Bangu Atlético Clube, atuando de meia atacante e mostrando sinais evidentes de que se tratava de um verdadeiro craque. Era bonito vê-lo tocar na bola, dar a matada no peito, driblar, fazer ginga, no desarme e na preparação do gol. Todas essas qualidades encantaram a Henry Welfare, um inglês radicado no Brasil e técnico do Clube de Regatas Vasco da Gama.

Nos campeonatos cariocas de 1926 e 1927, Fausto dos Santos mostrava que era bom de bola, porém era mais conhecido pela sua vida boêmia.

Tinoco, um de seus muitos amigos de jornadas noturnas, jogava no Vasco da Gama e sempre insistia para Fausto dos Santos vestir a camisa do Vasco. Os principais argumentos eram que no Vasco ele ganharia fama e que Bangu era muito distante. 

Em 1928, Fausto dos Santos cedeu aos apelos dos companheiros e se transferiu para o Vasco. Era o destino natural. O Vasco era um clube que procurava ascender, ao mesmo tempo combatendo uma odiosa, porém disfarçada, discriminação racial. Construíra, em 1927, o maior estádio do Brasil, o fantástico São Januário. Contratara para treinador o britânico Harry Welfare. O Vasco crescia e Fausto dos Santos crescia também, à sua maneira.

Em 1929, a equipe do Vasco, formada por jogadores do naipe de Brilhante, ItáliaFausto dos Santos, Santana e Russinho, foi uma das melhores de sua história. Com apenas uma derrota, o esquadrão de São Januário terminou o campeonato empatado com o América, que, tendo conservado a base de 1928, foi um adversário difícil. Pela primeira vez o título de campeão carioca teria que ser decidido numa melhor de três.

A primeira partida, disputada nas Laranjeiras, foi equilibrada e terminou com um empate em branco. Mas o América levou azar, já que Osvaldinho chutou um pênalti na trave. No segundo jogo, ainda nas Laranjeiras, deu outro empate, 1x1, com gols de Russinho para o Vasco, e do inevitável Osvaldinho para o América. A finalíssima, ainda no campo do Fluminense, foi sensacional. Mexendo com os nervos da torcida, o jogo bateu todos os recordes de público da época, proporcionando a assombrosa renda de 130 contos de réis. Com 3 gols do centroavante Russinho, um de Mário Mattos e outro de Santana, o Vasco aplicou um memorável 5x0 no time rubro, sagrando-se campeão.

No seu ótimo livro "O Negro No Futebol Brasileiro", o jornalista Mário Filho revela o temperamento e a importância do Maravilha Negra em São Januário:

"Fausto falava pouco, ia guardando o que tinha de dizer, de repente explodia, lá vinha tudo. Vingava-se dando gritos no vestiário, dando pontapés no campo.
Pouco antes do time entrar em campo, Harry Welfare reunia os jogadores. Era o momento das instruções… Welfare nem se atrevia a dizer 'faça isso ou aquilo'. Se Fausto brigasse com ele, com quem quer que fosse no Vasco, o Vasco ficaria com Fausto. Quanto mais jogava, mais força tinha dentro do Vasco. Entreva em São Januário de chapéu no alto da cabeça, o paletó desabotoado, a camisa sem um botão, deixando aparecer um pedaço da barriga preta. E olhava para todo mundo de cara amarrada, para ver se alguém não gostava…
Fausto, se estava doente, nem se queixava, bom ou doente tinha de entrar em campo. Também o jogador que estivesse na frente tratasse de tirar o corpo fora. Fausto não conversava, metia logo o pé. Vinha uma bola alta, ele levantava a perna como uma bailarina, as travas da chuteira dele passavam raspando pela cara do jogador do outro time. A bola era de Fausto, não era de mais ninguém.
Pena que Fausto fosse assim, um revoltado. Se não seria o maior center-half brasileiro de todos os tempos.
Welfare não se lembrava de nenhum center-half que tomasse conta de um campo como Fausto. Fausto ficava no grande círculo, as bolas vinham direitinho para onde ele estava. Parecia que ele atraía a bola. Não precisava entrar de sola, tomar a bola à valentona, ameaçando todo mundo…"
("O Negro No Futebol Brasileiro", Mario Filho - trechos das páginas 171 e 173)


"O ano de 1930 vai encontrar Fausto dos Santos como um jogador muito popular, ídolo entre os vascaínos, adorado pelas mulheres que frequentavam os cabarés. Já havia sido selecionado para alguns jogos das Seleções Carioca e Brasileira.
Era ano de Copa do Mundo - a primeira - e os cartolas, para variar, não chegavam a um acordo, perdidos no bairrismo que opunha cariocas e paulistas. Resultado: saiu do Brasil uma Seleção formada por jogadores vinculados ao futebol do Rio de Janeiro, exceção de Araken Patusca, que pegou o navio em Santos, pois estava brigado com seu clube, o Santos."
(Revista Placar Especial Vasco -  Abril, 1979)

Fausto dos Santos seguiu com a delegação brasileira e, na capital uruguaia, atuou contra a Iugoslávia e a Bolívia. Suas duas notáveis exibições extasiaram a crônica esportiva e o público uruguaios. Os jornais estampavam manchetes, referindo-se a Fausto dos Santos como a "Maravilha Negra".

Na estréia na Copa do Uruguai, o Brasil perdeu para a Iugoslávia por 2x1 e venceu a Bolívia por 4x0. Porém, a vitória iugoslava diante dos bolivianos por 4x0 tirou o Brasil do mundial. Apesar da eliminação brasileira, o futebol de Fausto dos Santos estava consagrado.

A Copa transformou Fausto dos Santos numa espécie de deus para os vascaínos. A partir daí, era figura obrigatória nos noticiários dos jornais, nos bares da Lapa, nas rodas de boemia da cidade.

Em 05/09/1931, na véspera de uma partida contra o Uruguai, no campo do Fluminense, pela Copa Rio Branco, Fausto dos Santos recebeu do próprio médico da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) a notícia de que não jogaria. Uma forte gripe o deixara de cama por vários dias no dormitório de São Januário. Eram os primeiros sintomas da tuberculose. A vida boêmia deixava suas marcas.

"Sofria a discriminação, revoltava-se, explodia, dentro e fora de campo. Faltava a jogos - ou estava gripado ou expulso, punido pela Liga.
Em 1931, o Vasco foi o primeiro clube carioca a excursionar pela Europa. No primeiro jogo, o Vasco perdeu para o Barcelona por 3x2, mas Fausto dos Santos ganhou imensa popularidade. E o prestígio subiu, no dia seguinte, na revanche, quando o Vasco venceu por 2x1.
Pronto, Fausto dos Santos tinha conquistado a Espanha. La Maravilha Negra passava a ser também uma definição espanhola.
Da Espanha, o Vasco foi para Portugal. Oito jogos, seis vitórias, um empate e uma derrota."
(Revista Placar Especial Vasco - Abril, 1979)

O Vasco encantou plateias europeias, deu show de bola e voltou sem dois de seus principais jogadores: O goleiro Jaguaré e Fausto dos Santos. Eles não resistiram ao encanto das pesetas espanholas e assinaram contrato com o Barcelona.

Fausto dos Santos e Jaguaré foram alvos de críticas ofensivas por parte da imprensa. A resposta dos dois eram suas atuações que se transformavam em grandes vitórias para o Barcelona.

Pelo clube espanhol, o negro brasileiro foi a Paris e recebeu do jornal France Football este elogio:

"Ele faz com espantosa facilidade o que outros fariam com um esforço sobre-humano. Fausto, com seu futebol maravilhoso, veio ensinar à Europa como deve jogar um center-half."

Mas já era um homem doente. Seu estado se agravava a cada noitada, a cada esforço que fazia em campo. Com o Barcelona, foi campeão da Cataluña. Mas a derrota ante um clube húngaro apressou sua saída da Espanha. Foi para o Young Fellows, da Suíça. Ficou pouco, apenas dois meses. Em 1934, mais magro, sem vintém, estava de volta ao Vasco. Pagaram 7 contos por seu passe.

Apesar de tudo, Fausto dos Santos ainda era ídolo, e a torcida prestigiou o Vasco, que voltou a ser Campeão Carioca - pela Liga Carioca de Futebol -, com um super time: Rei, Domingos da Guia e Itália, Gringo, Fausto e Mola, Orlando, AlmirLeônidas da Silva, Nena e D’Alessandro.

Por ser profissional e, portanto, não filiado à Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que na época defendia o amadorismo, Fausto dos Santos não pôde ir à Copa do Mundo na Itália, em 1934. Mas em 1935, com a mudança de mentalidade, ele estava de volta às seleções Carioca e Brasileira.

Ainda em 1935, o Nacional de Montividéu o contratou. No Uruguai não teve o mesmo brilho de antes, sendo expulso de campo em quase todos os jogos. Com a saúde bastante abalada o craque brasileiro não conseguia mais correr os dois tempos de uma partida e por isso voltou ao Brasil, em 1936, para jogar no Flamengo.

No Flamengo teve o azar de se deparar com o técnico húngaro Dori Kruschner, fã do sistema WM que consistia de 3 beques, 2 médios, 2 meias e 3 atacantes e um rígido treinamento físico, até então inédito no país. Fausto dos Santos já não tinha gás, por isso o técnico o escalou na zaga. Fausto dos Santos não gostou e pediu rescisão do contrato, que lhe foi negada no clube e na Justiça.

Em 1938, porém, vendo-se sem chance e humilhado, Fausto dos Santos se retratou em carta exaltando o trabalho de Dori Kruschner. O Maravilha Negra ainda voltou a jogar com o aparente talento de sempre e foi até cogitado para a Seleção Brasileira que iria à Copa do Mundo, disputada na França, em 1938. Mas a velha e cruel gripe, cheia de tosse, veio abatê-lo novamente.

Morte

Uma tarde, após jogar entre os aspirantes do Flamengo, sentiu-se mal e teve hemoptise. Quando quis retornar aos treinos, em 1939, os médicos o enviaram a um sanatório na cidade de Palmira, hoje Santos Dumont, no Estado de Minas Gerais, sem muita esperança de curá-lo da tuberculose.

Sob os cuidados da Irmã Catarina, abnegada freira que lhe incutiu a fé cristã através de doutrinação oral e de um livro emprestado, Fausto dos Santos que viera do Rio de Janeiro viveu seus últimos momentos.

Ao início da noite do dia 28/03/1939, depois de arder em uma febre de graus elevados, com a respiração sôfrega e os pulmões corroídos, Fausto dos Santos, aos 34 anos de idade deu seu último suspiro, vítima de tuberculose.

E por lá mesmo Fausto dos Santos foi enterrado sem grandes pompas em cova rasa, cravada por uma tosca cruz de madeira, sem nome nem data.

Fausto dos Santos morreu tendo conquistado 2 títulos cariocas para o Vasco, em 1929 e em 1934 e marcando seu nome como um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Morreu na miséria, um fim triste para um jogador que, menos de uma década antes, encantou o mundo.

Títulos
  • 1929 - Campeonato Carioca
  • 1931 - Copa Cataluña
  • 1932 - Copa Cataluña
  • 1934 - Campeonato Carioca

Itália e Fausto dos Santos
Premiações
  • 1931 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco.
  • 1933 - Jogador do Ano: Melhor jogador do Vasco.


Indicação: Miguel Sampaio

Valentin Tramontina

VALENTIN TRAMONTINA
(46 anos)
Ferreiro, Artesão e Empresário

☼ Santa Bárbara, RS (17/07/1893)
┼ (1939)

Valentin Tramontina foi um ferreiro e empresário, fundador da indústria metalúrgica Tramontina, nascido em Santa Bárbara, RS, no dia 17/07/1893. Valentin Tramontina era filho de imigrantes italianos da aldeia de Poffabro, município de de Frisanco, na região do Friuli-Venezia Giulia, nordeste da Itália.

Um homem, de mãos vazias, diante de uma gleba de terra coberta de matas, tendo como únicas armas e instrumentos seus sonhos e utopias de moradia e mesa farta rodeado de filhos. É o retrato do imigrante italiano que iniciava sua caminhada no Rio Grande do Sul, a partir de 20/05/1875.

Terra e mata, algum instrumento de trabalho, foi o início do barraco provisório, do esquartejo do pinheiro, da derrubada da mata, da construção da casa definitiva, dos cercados, galpões e as plantações.

Para o imigrante que deixou a Itália no final do século 19, o principal anseio era a propriedade da terra. O contato com a Revolução Industrial ocorrido na Europa foi de grande valia para o colono italiano. O trabalho na fábrica, ainda que temporário, o familiarizou com o novo modo de produzir. Algumas máquinas, fruto da revolução industrial, foram trazidas pelos imigrantes. Saber como as máquinas eram produzidas era um atalho para a produção de novas ferramentas e artefatos. Tudo o que escrevemos até agora é para dizer que a família Tramontina tinha em seu sangue o destemor da maioria dos imigrantes que aportaram nessa região inóspita e íngreme do Estado mais meridional do Brasil.

Ao chegar na região colonial do Rio Grande do Sul, o imigrante trazia o conhecimento de algumas atividades e as pré-condições para a produção de outras. Eram extremamente engenhosas.

Um córrego, a ser canalizado, em todo ou em parte, foi a grande engenhosidade dos imigrantes. A roda d'água foi o embrião da metalurgia da região.

Valentin Tramontina, em 1911, montou sua ferraria na então vila de Carlos Barbosa. A família de Valentin Tramontina morava em Santa Bárbara, localidade pertencente ao município de Bento Gonçalves, atualmente fazendo parte do município de Monte Belo do Sul, e lá eram feitos pequenos consertos, fabricação de ferraduras, além de ferrar cavalos. O início da hoje exuberante Cutelaria ocorreu em seguida, quando Valentin Tramontina passou a fazer canivetes depois de ter visto um que veio da Itália.

Valentin Tramontina veio a Carlos Barbosa porque a chegada da ferrovia significava perspectiva de expansão. Até 1930, a produção da ferraria era modesta. Valentin Tramontina prestava serviços a empresas, entre elas Arthur Renner, proprietário de uma refinaria de banha, onde eram abatidos mais de 150 suínos por dia. Fazia consertos nas empresas e fabricava facas e canivetes. Podia ser considerado um ferreiro urbano.

Em 1919 prestou serviço militar no Tiro de Guerra 395, mesmo ano em que comprou um terreno de 300m² na Rua Amapá, construindo um prédio de madeira para abrigar a ferraria.

Em 1920 Valentin Tramontina e Elisa De Cecco se casaram e somaram forças para, juntos, trilharem prósperos caminhos. O casal teve três filhos, IvoHenrique e Nilo.

Em 1924, a empresa de Arthur Renner se transfere para Montenegro.

A partir de então, ocorrem algumas mudanças na linha de produção. O tradicional cabo de madeira das facas e canivetes é substituído pelo cabo de chifre, e vários modelos são lançados, entre eles um denominado "Santa Bárbara".

Em 1932, Valentin Tramontina agrega os primeiros colaboradores. São pessoas que residem na vila, trabalham na agricultura em tempo parcial e começam a fazer facas e canivetes nos porões de suas casas.

Elisa Secco Tramontina
Valentin Tramontina faleceu aos 46 anos de idade, no ano de 1939. A partir daí, assume a ferraria, Elisa Tramontina, esposa de Valentin, que despontou como uma empreendedora nata e arrojada. Ela é quem embarcou no trem da estação da vila de Carlos Barbosa e foi vender a produção nos mercados regionais e na capital do Estado.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), caso não existisse a determinação e a coragem de Elisa Tramontina, a ferraria teria sucumbido.

Em 1944, a empresa compra a sua primeira prensa excêntrica. Antes, todas as lâminas eram cortadas manualmente com o auxílio de talhadeiras. Depois passaram a ser cortadas com o uso de estampos.

O ano de 1949 pode ser considerado um marco na história do Grupo. Trata-se da data em que Ruy José Scomazzon, um jovem de apenas 20 anos, amigo de Ivo Tramontina, cursando a Faculdade de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre, começa a prestar assessoria à Tramontina.

Ruy, com espírito de liderança, implantou planos ambiciosos, enfatizando a organização em todos os setores. Inaugurou-se uma nova etapa. O caráter artesanal dá lugar a uma produção manufatureira. Na década de 50, a empresa contava com 30 empregados e alguns representantes comissionados espalhados pelo Estado.

Os canivetes representavam 90% do faturamento. Vem da Itália a tradição de ter no bolso um canivete, cuja denominação é "brítola". Trata-se de um canivete com formato de pequena foice utilizado principalmente na poda da parreira, para cortar vime. A Tramontina sempre se destacou na fabricação deste canivete.

Em 1954, organiza-se a empresa V.a. Valentin Tramontina & Cia. Ltda., sendo sócios, Elisa Tramontina, Ivo TramontinaRuy José Scomazzon. No ano seguinte tem início a laminação do aço. Antes o aço era obtido forjando-se pedaço por pedaço, em um malho. A laminação abriu imensas possibilidades de crescimento.

A empresa se capitalizou rapidamente, com inovações tecnológicas: laminadores, marteletes, máquinas de esmerilhar e forjar, que dinamizam a produção em série.

Com a presença do governador Ildo Meneghetti, em dezembro de 1956, foi inaugurada a ampliação das instalações da empresa e o novo escritório. Intensificou-se a produção de facas e ferramentas agrícolas.

O ano de 1958 marcou a fundação da Metalúrgica Forjasul, em Porto Alegre, e posteriormente transferida para Canoas.

Em 1961 faleceu Elisa Tramontina.

As décadas de 60 e 70 são marcadas pela instalação de empresas do Grupo em Garibaldi, Farroupilha e na Bahia, e também pela admissão de novos empregados. Houve um salto gigantesco. Dos 30 empregados existentes em 1950, a empresa passou a ter em seu quadro 557 funcionários no final dos anos 60.

Nestes anos, a linha de produtos ganhou inúmeros itens como facas (cozinha, profissional, esportiva), canivetes, tesouras, espetos, talheres, utensílios de cozinha e panelas, formas e travessas antiaderentes de alumínio; materiais elétricos como interruptores e tomadas, além de uma vasta linha de ferramentas como martelos, chaves de boca, chaves de fenda, alicates, formões, plainas, serras, serrotes, entre outras.

A década de 80 foi de um enorme crescimento para empresa, tanto no mercado interno como externo, onde em 1986 inaugurou uma subsidiária na cidade de Houston no Texas, Estados Unidos. Nos anos seguintes a Tramontina se tornou definitivamente um gigante em seu setor, ampliando ainda mais sua linha de produtos e ingressando em muitos mercados mundiais como a Alemanha (1993), Chile (2000), Dubai (2004) e Peru (2005).

Neste novo milênio a Tramontina também decidiu que tinha chegado a hora de ir além da cozinha. A ordem partiu de Clóvis Tramontina, neto de Valentim Tramontina e principal responsável pelas maiores mudanças da empresa nos últimos anos. A grande tacada do empresário foi aproveitar uma simples fábrica de cabos de madeira que revestem talheres para ingressar no mercado de móveis. Cadeiras e mesas com a marca Tramontina começaram a aparecer nas lojas. O mesmo aconteceu com a unidade que fazia cabos de plástico: Foi ampliada para fabricar móveis para piscina.

Em 2007, a Tramontina, líder nacional nos segmentos de panelas, talheres e ferramentas, decidiu combater os importados com um apelo à "brasilidade" do consumidor e uma política comercial mais agressiva. A empresa lançou uma coleção de panelas em aço inoxidável denominada "Linha Tropical", com a bandeira do Brasil nas embalagens de cinco unidades e preço ao consumidor padronizado em R$ 199,00 para todo o país, parcelado em até 10 vezes. O resultado: Em três meses foram vendidas 435 mil unidades.

Hoje o Grupo emprega quase 6.000 pessoas, exporta para mais de 100 países e é uma marca conhecida no mundo inteiro. Nas suas diversas unidades produz mais de 17 mil itens.

O Grupo Tramontina mantém vínculos de forte enraizamento nas comunidades onde atua. Nas cidades onde a empresa tem unidades instaladas, é notória sua participação em projetos culturais, esportivos, sociais e ambientais.

Nessa trajetória, o grande mérito foi a convivência fraterna e harmoniosa entre Ivo Tramontina e Ruy José Scomazzon. Esse é o maior exemplo para a continuidade dessa empresa que é o orgulho de Carlos Barbosa, do Estado do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Fábrica Tramontina Eletrik
A História Falsa

"Se eu soubesse ler e escrever… ainda seria o Porteiro do Puteiro!"

Com essa frase se inicia o titulo e termina uma historia que tem sido contada na internet há muito tempo. Ainda nos dias atuais, quase toda as pessoas que leem a falsa história de Valentin Tramontina, se emocionam, suspiram, algumas outras dizem até que choram. Mas a bela historia não passa de uma mentira feita para dar lição motivadora.

Odetinha

ODETTE VIDAL DE OLIVEIRA
(9 anos)
Santa Popular

* Rio de Janeiro, RJ (15/09/1930)
+ Rio de Janeiro, RJ (25/11/1939)

Odette Vidal de Oliveira, também conhecida como Odetinha ou a Menina Odetinha, nasceu no subúrbio de Madureira, em 1930. Teve vida curta. Apesar de não ter sua santidade reconhecida pela Igreja Católica, a criança vem conquistando devotos à medida que diversos milagres são atribuídos a ela.

Chamada carinhosamente pelos pais de Odetinha, lírio de pureza e caridade, dotada de um amor extraordinário a Jesus Eucarístico, ia à missa com sua mãe. Desde muito pequena, aos quatro anos, já possuía colóquios íntimos com o Senhor Sacramentado.

Tendo se mudado para o bairro de Botafogo, na zona sul do Rio, fez a sua Primeira Comunhão no Colégio São Marcelo, da Paróquia Imaculada Conceição, ao lado de sua casa, em 15 de agosto de 1937, aos sete anos de idade. Desde então, ao receber a comunhão, dizia: "Oh meu Jesus, vinde agora ao meu coração!". Seu confessor atestou sua fé viva, confiança inabalável, intenso amor a Deus e ao próximo.

Demonstrou profunda caridade para com os pobres e a busca da santidade de forma impressionante e extraordinária para uma criança tão nova. Inserida de fato na causa de promoção dos mais carentes, gostava muito de ajudá-los com obras concretas de misericórdia, e atividades caritativas semanais. Sua mãe fazia uma feijoada aos sábados para os pobres a seu pedido e ela colocava seu avental e servia a todos alegremente.

Irradiou e inspirou uma imensa obra social, assumida com seriedade pelos seus pais, tornando-os grandes apóstolos da caridade por toda sua vida. Estes colaboraram efetivamente com muitos Institutos de Vida Religiosa, salvando alguns da falência, além do trabalho com as meninas órfãs, um pedido de Odetinha, até hoje administrado por religiosas e voluntários.

Sua piedade explica o segredo de todo o bem que realizou com máxima paciência, admirada por todos até o fim. A modéstia e o pudor foram um grande sinal de uma alma pura e boa, nos divertimentos mais inocentes de sua infância. Amava os lírios e rezava o terço diariamente, revelando, assim, sua confiança total em Nossa Senhora. Queixava-se, ainda, pelo fato de São José, que tanto trabalhou e sofreu por Jesus e Nossa Senhora, ser tão pouco honrado.

Nos últimos quarenta e nove dias de sua vida sofreu dolorosa enfermidade - paratifo, suportada com paciência cristã. No leito de dor, dizia: "Eu vos ofereço, ó meu Jesus, todos os meus sofrimentos pelas missões e pelas crianças pobres (Cf. Ef. 5, 1-2)".

No dia de sua morte, ocorrida em 25 de novembro de 1939, Odetinha recebeu a Sagrada Comunhão às 7:30 hs e na ação de graças disse: "Meu Jesus, meu amor, minha vida, meu tudo". Assim, serenamente, às 8:20 hs entregou sua alma inocente a Deus, vítima de febre Tifóide e Meningite.

Seu túmulo situa-se na Quadra 06, nº 850, no Cemitério São João Batista, Botafogo. Até hoje é um dos mais visitados, sobretudo aos sábados e domingos, por inúmeras pessoas que ali acorrem para agradecer benefícios espirituais e temporais que atribuem à sua intercessão junto a Deus. Sua biografia oficial, lançada no ano seguinte de sua morte pelo padre Afonso Maria Germe, causou grande comoção na sociedade carioca.

Eis como Odetinha rezava seu "Tercinho de Amor":

Nas contas pequenas: "Meu Jesus eu vos amo!"
Nas contas grandes: "Quero passar meu céu fazendo bem à terra!"
Nas três últimas contas: "Meu Jesus, abençoai-me, santificai-me, enchei o meu coração de vosso amor"


A Lenda da Menina Santa

Morta aos 9 anos de idade e enterrada em um luxuoso jazigo perpétuo no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, a criança adquiriu fama de milagreira em meados da década de 1970, quando começaram a surgir placas de agradecimento por graças alcançadas. Sua mãe já falecida chamava-se Alice Vidal de Oliveira.

Em volta do seu túmulo, todas as segundas-feiras, durante anos, Dona Idalina rezava o terço com seus devotos. A oração era simples, nas dez pequenas contas falava-se: "Jesus, eu vos amo e, nas maiores, quero passar para o céu fazendo o bem sobre a terra". Ao final, nas três últimas, agradecia-se da seguinte forma: "Meu Jesus, abençoai-nos, santificai-nos e enchei nossos corações com o vosso santo amor e, por fim, porque queremos passar para o céu fazendo o bem sobre a terra."

Fonte: Wikipédia e Santo Protetor
Indicação: Miguel Sampaio

Jorge Street

JORGE LUÍS GUSTAVO STREET
(75 anos)
Médico, Empresário e Industrial

* Rio de Janeiro, RJ (22/12/1863)
+ São Paulo, SP (23/02/1939)

Jorge Luís Gustavo Street nasceu a 22 de dezembro de 1863, no Rio de Janeiro. Filho de Ernesto Diniz Street, austríaco, de origem inglesa e francesa, e de Heloísa Leopoldina Simonsen Street, brasileira.

Fez os cursos primário e secundário nos Colégios Almeida Martins e Vitória, no Rio de Janeiro e completou-os na cidade de Bonn, Alemanha Ocidental, humanidades, residindo em casa de uma família alemã, os Schilling, pela qual conservou grata recordação.

Formou-se em 1886 pela Escola de Medicina do Rio de Janeiro e em seguida fez cursos de aperfeiçoamento em Paris, Berlim e Viena. Dominava os idiomas francês e alemão. Regressando ao Brasil, exerceu medicina no Rio de Janeiro e em Petrópolis. Em 1894 ingressou na atividade industrial, recebendo de seu pai as ações da fábrica de sacaria de juta, no Rio de Janeiro.

Zélia Frias e Jorge Street
Casou-se em 25 de janeiro de 1897 com Zélia Frias, tendo o casal seis filhos. Em 1900 foi eleito para a diretoria da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e em 1904, com a fusão da Sociedade Auxiliadora com o Centro de Fiação e Tecelagem de Algodão, resultando no Centro Industrial do Brasil, foi eleito secretário-geral deste, permanecendo em sua diretoria até 1927.

Em 1904 fez as primeiras negociações para a compra da fábrica de sacaria de juta Santana, de propriedade do Conde Penteado, e iniciou a expansão da Companhia Nacional de Tecidos de Juta. Em 1912 principiou a construção da fábrica e Vila Operária Maria Zélia, em São Paulo, dirigindo-as até 1923, quando renunciou à direção da Companhia Nacional de Tecidos de Juta.

Família Street em 1913
Em 20 de junho de 1926, foi eleito presidente do Centro dos Industriais de Fiação e Tecelagem de São Paulo, cargo que ocupou até 18 de março de 1929. Em 11 de junho de 1927 fundou a Companhia de Tecidos de Algodão, no bairro da Mooca, São Paulo. Em 1928 fez parte da diretoria do centro das Industrias do Estado de São Paulo no cargo de primeiro-secretário, em 1931 foi consultor técnico da Federação das Industrias do Estado de São Paulo.

Em 31 de março de 1931 foi nomeado diretor-geral do Departamento Nacional de Industria e Comércio, do Ministério do Trabalho, Industria e Comércio. Em 1934 foi nomeado pelo interventor Armando Salles de Oliveira para o cargo de diretor-geral do Departamento Estadual do Trabalho, permanecendo no cargo até 1936.

Jorge Street faleceu em São Paulo a 23 de fevereiro de 1939.

Fonte: Jorge Street