Vicente Leporace

VICENTE FIDERICE LEPORACE
(66 anos)
Radialista, Locutor, Ator e Apresentador de TV

* São Tomas de Aquino, MG (26/01/1912)
+ São Paulo, SP (16/04/1978)

Vicente Leporace foi um radialista muito popular do Brasil.

Nascido em São Tomas de Aquino, MG em 26 de janeiro de 1912, Vicente Leporace foi sem dúvida um dos mais discutidos profissionais do rádio brasileiro.

Em 3 de setembro de 1937, a Rádio Atlântica de Santos inaugurou o Teatro de Antena apresentando um jovem rádio-ator vindo da PRB-5 Rádio Clube Hertz de Franca, SP. Surgiu então o grande Vicente Leporace.

Em sua longa carreira pelo Rádio ele atuou como redator, locutor, programador, discotecário, radioator, apresentador de televisão, apresentando com Clarice Amaral no Canal 7 a "Gincana Kibon", foi também ator de cinema atuando nos filmes "Luar Do Sertão" (1947), "A Vida É Uma Gargalhada" (1950), "Sai Da Frente" (1952), "Sinhá Moça" (1953), "Uma Pulga Na Balança" (1954), "Nadando Em Dinheiro" (1954), "Na Cena Do Crime" (1954), "É Proibido Beijar" (1954), "Carnaval Em Lá Maior" (1955) e "O Gigante, A Hora E A Vez Do Cinegrafista" (1971).

Blota Junior e Vicente Leporace
Atuou também em 1966 na novela "Redenção" com o papel de Carlo.

Em 1941 foi convidado por Blota Júnior para atuar na sua amada cidade Franca, voltando assim a ecoar sua voz à Rádio Clube Hertz de Franca. Ficou na rádio até o final de 1950, quando no dia 01/04/1951, lançou-se pela ondas da PRB-9 a Rádio Record de São Paulo, passando então a apresentar o "Jornal da Manhã" um informativo de meia e meia hora que ele mesmo produzia e apresentava.

Depois de onze anos, transferiu-se para a PRH-9 a Rádio Bandeirantes de São Paulo onde lançou a grande paixão da sua vida, o programa "O Trabuco". Alguns livros, relatam que a saída de Vicente Leporace da Rádio Record foi por questões salariais.

O programa "O Trabuco"  era um informativo diário que veiculava os fatos importantes do país e Vicente Leporace expressava sem medo seus cometários e críticas.

Vicente Leporace assumia toda a responsabilidade sobre seus ditos. Ele sem dúvida nenhuma tornou se o defensor dos menos favorecidos. Uma vez questionado porque o "Trabuco", ele explicou que não se tratava de uma alusão a uma arma de ataque e defesa e sim pela corruptela nascida na Calábria, terra de seus pais, que, estando dominada por tropas invasoras, seus habitantes ao trocarem informações utilizavam-se do método de boca a boca, originando o neologismo "trabuque" entre boca, ou o que não podia ser dito em voz alta.


Vicente Leporace muitas das vezes apresentou seu programa sob mira de fortes armas de fogo. Mas na época, vivia-se o regime militar de 64, e ele foi se dúvida nenhuma um dos maiores frequentadores da extinta Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS).

Mas toda esta pressão nunca o intimidou, a sua coragem e seu desprendimento o tornou um ícone na radiodifusão, não podendo esquecer de ressaltar seu amor à causa pública um defensor dos princípios morais e éticos.

Em 1969 apresentou pela TV Bandeirantes o jornal "Titulares da Notícia" ao lado de grandes nomes como Maurício Loureiro Gama, José Paulo de Andrade, Murilo Antunes Alves e Lourdes Rocha.

Vicente Leporace faleceu em São Paulo em 16 de abril de 1978 vítima de um Edema Pulmonar, deixando sem dúvida uma enorme brecha no rádio e na comunicação brasileira. Morreu sem concretizar seu maior sonho em editar um jornal em Santo Amaro, SP. Um jornal que circularia diariamente que chegou a ser constituído e registrado como "O Trabuco", mas infelizmente este sonho nunca chegou as bancas.

Como diria nosso grande Vicente Leporace: "Assino e Dou Fé!".

Cinema

  • 1971 - O Gigante, A Hora E A Vez Do Cinegrafista
  • 1955 - Carnaval Em Lá Maior
  • 1954 - É Proibido Beijar
  • 1954 - Na Senda Do Crime
  • 1953 - Nadando Em Dinheiro
  • 1953 - Uma Pulga Na Balança
  • 1953 - Sinhá Moça
  • 1952 - Sai Da Frente
  • 1950 - A Vida É Uma Gargalhada
  • 1947 - Luar Do Sertão

Televisão

  • 1966 - Redenção ... Carlo

Fonte: Memória do RádioWikipédia

Alberto Guzik

ALBERTO GUZIK
(66 anos)
Ator, Diretor, Crítico Teatral, Escritor e Professor

* São Paulo, SP (09/06/1944)
+ São Paulo, SP (26/06/2010)

Alberto Guzik tornou-se crítico teatral a partir da década de 70. Suas principais participações foram no jornal Última Hora e no Jornal da Tarde trabalhando junto com Sábato Magaldi exercendo longa e significativa carreira. Quando de seu falecimento, integrava a Companhia de Teatro Os Satyros, situada na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo.

Começou sua carreira como ator aos cinco anos, quando ingressou no Teatro Escola São Paulo, grupo orientado por Júlio Gouvêa e Tatiana Belinky, participando do elenco de "Peter Pan", com Clóvis Garcia, em 1949, ficando ligado a grupos amadores que se especializaram no teatro infanto-juvenil.

Cursou a Escola de Arte Dramática (EAD) entre 1964 e 1966. Em 1967 estreou como ator profissional em "O Processo", baseado no romance de Kafka, montagem do Núcleo 2 do Teatro de Arena, sob a direção de Leonardo Lopes. Antes do término da temporada deu por encerrada sua carreira nos palcos, transferindo-se para a platéia, na condição de crítico especializado.

Em 1971 assumiu a coluna teatral do Jornal Shopping News. Transferiu-se, subsequentemente, para os periódicos Última Hora, de 1974 a 1978, e IstoÉ, de 1978 a 1981. No Jornal da Tarde permaneceu de 1984 até 2001. Em 1984 integrou o corpo de colaboradores do Caderno 2 de O Estado de São Paulo.

Destacado professor de teatro na  Escola de Arte Dramática, de 1968 a 1978 e na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, de 1969 a 1980, entre seus vários trabalhos, dirigiu uma versão de "A Centelha", de Abdon Milanez. Também como professor atuou no Teatro Escola Macunaíma, de 1978 a 1979. Participou do programa "Metrópolis", da TV Cultura, em São Paulo.

Já em 1995, Alberto lançou o romance "Um Risco De Vida", ficção que tem a vida teatral de São Paulo como pano de fundo, saudado pela crítica especializada e indicado ao Prêmio Jabuti.

Como dramaturgo estreou, em 1997, com "Um Deus Cruel", direção de Alexandre Stockler, sendo igualmente autor do inédito "72 Horas", de 1999. Em 2001, escreveu "Errado", a pedido de Renato Borghi, para a Mostra de Dramaturgia Contemporânea no Teatro Popular do Sesi (TPS), com direção de Sérgio Ferrara. Com esse mesmo diretor, adaptou e fez dramaturgia de "Mãe Coragem", de Bertolt Brecht, em 2002.

Depois de quase 40 anos sem pisar no palco, em agosto de 2003, retomou sua carreira de ator. O retorno se deu com a peça "O Horário De Visita", de Sérgio Roveri, com direção de Ruy Cortez, no Teatro do Centro da Terra.

Em 2004 ingressou na Companhia de Teatro Os Satyros, integrando o elenco de "Kaspar Ou A Triste História Do Pequeno Rei Do Infinito Arrancado De Sua Casca De Noz", encenada na Praça Roosevelt.

Em maio do mesmo ano, dirigiu, também na  Companhia de Teatro Os Satyros, "O Encontro Das Águas", de Sérgio Roveri, com José Roberto Jardim e Pedro Henrique Moutinho. Dois meses depois, outra direção, dessa vez em parceria com Wilma de Souza, "A Voz Do Povo É A Voz De Zé", de Marcelino Freire com Olívia Araújo e Fabrício Gareli, encenada no Avenida Club. E, em setembro, novamente como ator, dividiu o palco com Ivam Cabral e elenco de "Transex", de Rodolfo García Vázquez.

Em seguida, participou do premiado espetáculo "A Vida Na Praça Roosevelt", de Dea Loher, e dirigiu "O Céu É Cheio De Fúria Dos Uivos E Latidos Dos Cães Da Praça Roosevelt", de Jarbas Capusso Filho, e "De Alma Lavada", de Sérgio Roveri.

Seus próximos trabalhos como ator foram "Inocência" (2006) e "Divinas Palavras" (2007), "Vestido De Noiva" e "Liz" (2008), todos sob direção de Rodolfo García Vázquez. E, em 2009, se aventurou em um solo: "Monólogo Da Velha Apresentadora".

Sua carreira como ator, porém não se restringiu ao teatro. Alberto Guzik também flertou com a televisão. Entre 2007 e 2009, participou dos teleteatros "O Vento Nas Janelas" e "A Noiva" e da minissérie "Além Do Horizonte", todos produzidos e exibidos pela TV Cultura.

Sua trajetória artística se completou com sua obra literária. Além de "Risco De Vida", romance publicado pela Editora Globo, em 1995, e indicado ao Prêmio Jabuti, escreveu o ensaio "TBC: Crônica De Um Sonho", lançado pela Editora Perspectiva, em 1986, e "Paulo Autran / Um Homem No Palco", da Editora Boitempo, em 1998, vencedor do Prêmio Jabuti de livro-reportagem. Em junho de 2002, lançou, pela Editora Iluminuras, seu primeiro livro de contos, "O Que É Ser Rio, E Correr?".

Conclui para a Coleção Aplauso os livros "Cia. De Teatro Os Satyros - Um Palco Visceral" (2006), "Naum Alves De Souza: Imagem, Cena, Palavra" (2009) e "O Teatro De Alberto Guzik" (2009), com quatro peças de sua autoria: "Um Deus Cruel", "Cansei De Tomar Fanta", "Errado" e "Na Noite Da Praça".

Sobre seu trabalho, Alberto Guzik declarou à enciclopédia de teatro do Itaú Cultural:

"Nunca vinculei minha observação do fenômeno teatral a uma visão partidária, nunca acreditei que o teatro 'correto' tem de expressar tal ou qual ponto de vista. Acho que, ressalvados textos ou produções que demonstrem intentos anti-humanos, totalitários, todo teatro é válido. E é bom que se tenha de tudo, desde a farsa rasgada até o mais rigoroso teatro de pesquisa, do musical importado ao nacional, da dramaturgia brasileira à mundial, dos atores e diretores veteranos aos jovens estreantes. Eu acredito no teatro brasileiro."


Morte

Alberto Guzik morreu na manhã de sábado, 26/06/2010. Alberto Guzik tinha 66 anos e estava internado no Hospital Santa Helena em São Paulo desde fevereiro, lutando contra um câncer. A causa da morte foi Falência Múltipla de Órgãos. Seu corpo foi cremado no crematório da Vila Alpina, na zona leste de São Paulo.

Alberto Guzik deixou ainda sem publicação uma nova obra de ficção, "Um Palco Iluminado", romance que enfoca a vida de uma companhia teatral em São Paulo entre as décadas de 1960 e 1990. Alberto Guzik escrevia também no blog "Os Dias E As Horas". Seu último post data de dois dias antes da internação em 17 de fevereiro. O post transcrito na íntegra:

15/02/2010

neste amanhecer

neste deslumbrante amanhecer, em plena segunda-feira de carnaval, embarco em minha viagem rumo à travessia do rio letes e à descida para o hades. quando voltar, relatarei o que vi e vivi. o hades não é um reino fácil de se visitar. ninguém retorna de lá sem estar transformado. sei disso. e prometo partilhar com os leitores destes dias e destas horas aquilo que vou vivenciar. dionisos me acompanha na viagem, além de ótimos amigos e do amor de muita gente. evoé.

Escrito por alberto guzik às 07h02

recado 

não posso me afastar deste espaço sem deixar uma palavra para todos os diretores, arte-educadores, colaboradores e artistas aprendizes da sp escola de teatro - centro de formação das artes do palco. estamos no limiar da transformação do sonho em realidade. e se a realidade for áspera, como muitas vezes é, não se esqueçam jamais, de que as raizes dela estão no sonho. no sonho de construir a melhor escola de teatro que este país ja teve. uma escola tão boa, tão ampla, tão aventureira, que possa nos ajudar a mudar também este país, que anda tão precisado de sonhos. meus queridos. não estou fisicamente com vocês aí, agora, mas estou por inteiro aí, também. tenham a certeza disso. e nunca, nunca esqueçam que este projeto nasceu de um sonho, e de que é pelo sonho que tem de ser alimentado. viva a sp escola de teatro. lembrem-se de que somos todos servidores de dionisos. evoé!

Escrito por alberto guzik às 06h58

Alberto Guzik definiu-se no Twitter com a frase: "Sou um homem de teatro. E das letras. E das artes, quase todas."

Seu último post no Twitter foi no dia 14/02/2010 às 10:01 hs.:

"Ficarei algumas semanas (espero que poucas) distante daqui. For medical reasons. Amanhã serei submetido (?) a uma cirurgia. Inté."