Joel Camargo

JOEL CAMARGO
(67 anos)
Jogador de Futebol

* Santos, SP (18/09/1946)
+ Santos, SP (23/05/2014)

Joel Camargo foi um jogador de futebol brasileiro, nascido na cidade de Santos, SP, em 18/09/1946. Começou sua carreira nas categorias de base da Portuguesa Santista.

Naquele início dos anos sessenta, o excelente quarto-zagueiro Joel era comparado ao fenômeno Djalma Dias. Dono de um futebol vistoso jogava com os braços abertos e a cabeça erguida, ganhando o curioso apelido de "Açucareiro".

Contratado pelo Santos em agosto de 1963, Joel rapidamente firmou-se na posição fazendo sua estréia na equipe no dia 01/09/1963, diante da Ferroviária de Araraquara, quando tinha exatos 16 anos e 11 meses de idade, tornando-se um dos jogadores mais jovens a vestir a camisa santista.

Joel chegou a tempo de integrar o elenco que conquistou o segundo título mundial nas partidas contra o forte time italiano do Milan.

A coletânea de títulos foi ampliada com o campeonato paulista de 1964. Em seguida vieram as conquistas da Taça Brasil e do Torneio Rio-São Paulo.

E os títulos não pararam: em 1965 venceu o Campeonato Paulista e a Taça Brasil. Em 1966 o Torneio Rio-São Paulo, em 1967 e 1968 venceu novamente o Campeonato Paulista e ainda em 1968 o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a Recopa Sul-Americana e Recopa Mundial.

Em 1969, com a conquista do tri-campeonato paulista, o técnico João Saldanha não tinha mais dúvidas a respeito do seu titular para a quarta zaga na disputa das eliminatórias para a Copa do México. Para João Saldanha, Joel era o melhor quarto zagueiro do mundo.


Enquanto isso, no Santos, houve um momento estranho na carreira de Joel Camargo.

Titular absoluto das feras de João Saldanha na Seleção Brasileira, Antoninho Fernandes, então o treinador do time do Santos, teimava em deixá-lo na reserva no time da Vila Belmiro, preferindo escalar Ramos Delgado e Djalma Dias, também excepcionais.

João Saldanha, que não tinha papas na língua, reprovava a postura do técnico Antoninho. A rigor, ele também viveu situação insólita ao assumir a Seleção Brasileira. Sua experiência no ramo se resumia a efêmera passagem no comando do time do Botafogo na década de 50.

Ele foi um jornalista respeitadíssimo pelo profundo conhecimento sobre futebol. Quer no rádio, quer no jornal, usou linguagem direta e criou frases imortalizadas no mundo da bola:

"Se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano terminaria empatado". Outra pérola foi: "Se concentração ganhasse jogo, o time da penitenciária seria campeão".

Com a saída de João Saldanha da Seleção Brasileira, o espaço de Joel foi encurtado. Permaneceu no grupo de jogadores, porém relegado pelo técnico substituto, Mário Jorge Lobo Zagallo, que preferiu improvisar o volante Wilson Piazza na posição.

Fontana, o outro quarto-zagueiro, ainda atuou naquele Mundial e Joel não passou de um turista na conquista do tri-campeonato.


Depois da copa, Joel sofreu um violento acidente de automóvel. O barulho da violenta batida do Opala vermelho no poste da Avenida Ana Costa em Santos, abalou definitivamente sua carreira. No acidente Joel saiu muito machucado, vindo a falecer uma moça que o acompanhava a bordo de seu carro.

Acusado de dirigir embriagado na ocasião do acidente, o Santos suspendeu seu contrato. Com o longo período de recuperação, sua volta aos gramados revelou um craque com cicatrizes no peito e a perna direita mais fina.

A última partida que fez pelo Santos foi no dia 21/11/1970, no empate sem gols diante do América Carioca, no Parque Antártica, em partida válida pela Taça de Prata.

Joel Camargo permaneceu no Santos até o início da temporada de 1971, completando mais de 300 partidas na Vila Belmiro. Em seguida, teve passagens discretas pelo Paris Saint-Germain da França, Clube de Regatas Brasil, AL, Saad Esporte Clube de São Caetano do Sul e no Londrina, PR.

Pendurou precocemente as chuteiras aos 26 anos, no mesmo ano e com a mesma idade que o consagrado companheiro de seleção Tostão.

Após se aposentar e trabalhar no porto de Santos, Joel deu aulas de futebol em uma escolinha de futebol em Santos, e foi também professor de escolinhas da prefeitura de São Paulo.

Depois de sumir do mundo do futebol, Joel nunca mais procurou seus antigos companheiros na Vila Belmiro. Em situação financeira difícil, fechou as duas casas lotéricas e tratou de vender sua medalha conquistada na campanha do tri-campeonato do México em 1970.

Enfim, o futebol profissional era página do passado. Aposentando, trabalhou no porto, deu aulas de futebol em uma escolinha no bairro da Encruzilhada, em Santos, e foi também professor de escolinhas da prefeitura de São Paulo, uma iniciativa abortada parcialmente pelos prefeitos Celso Pitta e Marta Suplicy.


Morte

Joel Camargo morreu vítima de insuficiência renal na sexta-feira, 23/05/2014, aos 67 anos, na Santa Casa de Misericórdia, em Santos.

Em nota divulgada no site oficial do clube, o Peixe prestou uma homenagem ao ex-zagueiro, e o presidente Odílio Rodrigues lamentou a morte do ídolo santista.

"Perdemos um grande ídolo do nosso clube e do Brasil. Joel Camargo esteve no elenco que ganhou o Mundial de 63 e foi campeão da Copa de 70. Um grande zagueiro, que sempre honrou as cores da camisa do Santos. Desejamos força à família e amigos nesse momento tão difícil. Que eles recebam nossos sentimentos."


Homenagem do Santos

Joel Camargo foi homenageado pelo Santos, no dia 11/11/2006, antes da partida do Campeonato Brasileiro entre Santos e Paraná, por ser mais um jogador do clube que conquistou a Copa do Mundo.

Carreira
  • 1963 - Portuguesa Santista
  • 1963-1971 - Santos Futebol Clube
  • 1971-1972 - Paris Saint-Germain (França)
  • 1973 - Clube de Regatas Brasil (Alagoas)
  • 1973 - Saad Esporte Clube (São Caetano do Sul)

Ele atuou somente dois jogos pelo Paris Saint-Germain antes de deixar o clube.


Títulos

  • 1970 - Copa do Mundo pela Seleção Brasileira
  • 1969 - Campeonato Paulista pelo Santos
  • 1968 - Campeonato Paulista pelo Santos
  • 1968 - Torneio Roberto Gomes Pedrosa pelo Santos
  • 1968 - Recopa Sul Americana pelo Santos
  • 1968 - Recopa Mundial pelo Santos
  • 1967 - Campeonato Paulista pelo Santos
  • 1965 - Campeonato Paulista pelo Santos
  • 1965 - Taça Brasil pelo Santos
  • 1964 - Campeonato Paulista pelo Santos
  • 1964 - Taça Brasil pelo Santos

Indicação: Miguel Sampaio

Abdias dos Oito Baixos

JOSÉ ABDIAS DE FARIAS
(57 anos)
Cantor, Compositor, Acordeonista e Produtor Musical

* Taperoá, PB (13/10/1933)
+ (03/03/1991)

José Abdias de Farias também conhecido como Abdias dos Oito Baixos, foi acordeonista, cantor, compositor e produtor musical brasileiro. Casado com a cantora Marinês.

Nascido em Taperoá, cidade do interior da Paraíba, que dista 217 quilômetros da capital do Estado, João Pessoa, Abdias era filho de Alípio Maria da Conceição e Cecília Maria de Farias. Aos 6 anos de idade já empunhava sua sanfona de 8 baixos contra a vontade do pai, que, convencido afinal, da precocidade musical do filho, começou a ministrar-lhe os primeiros ensinamentos.

Aos 12 anos, passou dos 8 baixos para o acordeom, ingressando como solista na Radio Difusora de Alagoas, onde conheceu Marinês, que viria a se tornar sua esposa e parceira na música. Depois de casados, formaram uma dupla, que ao percorrer vários estados, eis que um deles, em Sergipe, na cidade de Propriá, foram apreciados por ninguém menos que Luiz Gonzaga, que, na ocasião, convidou-os para integrarem sua comitiva.

Após um ano de excursões, Marinês atingiu o estrelado com o famoso grupo Marinês e Sua Gente, sendo que no meio dessa gente, estava o Abdias, que por modéstia, não havia gravado nada. Por insistência de Marinês Abdias resolveu seguir carreira solo com a sanfona de oito baixos, ficando conhecido como Abdias e Sua Sanfona de Oito Baixos.


Em 1957, participou do filme "Rico Ri à Toa", dirigido por Roberto Faria, acompanhando Marinês com sua sanfona de oito baixos, na música "Peba na Pimenta" (João do Vale, José Batista e Adelino Rivera). O filme foi estrelado por Zé Trindade e teve participações de atores como Silvinha Chiozo, Violeta Ferraz, Oswaldo Louzada e Zezé Macedo.

Em 1960, pela Columbia, Abdias gravou "Quadrilha no Arraiá" (Abdias) e "Roedeira Dor do Amor" (Ari Monteiro). No mesmo ano, Marinês gravou, de sua autoria e de Zaccarias, o xote "Nova Geração".

Em 1961, lançou de sua autoria "Pai Abdias no Forró" e "Pulando o Frevo".

Em 1962, gravou "Xique-Xique" (Reginaldo Alves), e "Catingueira" (João Silva e Oliveira Bastos).

Em 1963, passou a gravar na CBS, onde lançou "Forquedo de Viano" e "Bode Chinê", com arranjos de sua autoria. Gravou também "Fogosa" e "Besouro Mangangá", composições de Rosil Cavalcânti, e "Zé Pereira" e "O Abre-Alas" de Chiquinha Gonzaga. Ainda em 1963, Marinês e Sua Gente gravaram pela RCA Victor, de sua autoria e de João do Vale, a moda de roda "Balancero da Usina".


Entre seus LPs constam "Seus Sambas de Sucessos", "Revivendo Sucessos" e "Vou Nessa Leva", todos lançados pela gravadora Entre

Como produtor, atuou junto do Trio Nordestino, de Jackson do Pandeiro e de Marinês e Sua Gente. O cantor e compositor paraibano Vital Farias compôs, em 1982, em parceria com Livardo Alves, a música "Forrófunfá (Abdias dos Oito Baixos)" em sua homenagem, que participou da gravação, tocando o seu famoso fole de oito baixos.

Produziu discos de forró para a gravadora CBS, incluindo entre outros, o Coronel Ludugero.

Em 1995, teve uma coletânea lançada pela Sony.

Em 1998, a Polydisc lançou o CD "20 Super Sucessos", com o melhor de sua produção.

No LP "Meu Pai e a Sanfona", Abdias homenageou seu pai, considerado um dos maiores sanfoneiros de oito baixos do sertão da Paraíba.


Discografia

  • 1960 - Quadrilha no Arraiá / Roedeira Dor do Amor (Columbia, 78)
  • 1960 - Abdias no Forró (Columbia, LP)
  • 1960 - Deixa Comigo (Harmony, LP)
  • 1960 - Tarrabufado (Harmony, LP)
  • 1961 - Ensaio de São João / Forró de Chico Gato (Columbia, 78)
  • 1961 - Pai Abdias no Forró / Pulando o Frevo (Columbia, 78)
  • 1962 - Carraspana / Ramalho no Frevo (Columbia, 78)
  • 1962 - Festa Com 8 Baixos (Columbia, 78)
  • 1962 - Forró do Chico Gato / Rechaço do Brigé (Columbia, 78)
  • 1962 - Xique-Xique / Catingueira (Columbia, 78)
  • 1963 - Arrasta Pé / Abdias e Sua Sanfona de 8 Baixos (CBS, 78)
  • 1963 - Besouro Mangangá / Forró no Marruá (CBS, 78)
  • 1963 - Forgueto de Viano / Bode Chiné (CBS, 78)
  • 1963 - Rechaço de Brigué / Fogosa (CBS, 78)
  • 1963 - Zé Pereira / O Abre Alas / Beliscando (CBS, 78)
  • 1964 - Arrasta Pé No Surrão / Tocando Borá (CBS, 78)
  • 1965 - Sai do Sereno (CBS, LP)
  • 1966 - Forró Em Fim de Feira (CBS, LP)
  • 1967 - Segura o Pé de Bode (CBS, LP)
  • 1969 - Forró ao vivo (LP, CBS)
  • 1970 - Na Ginga do Merengue (CBS, LP)
  • 1970 - Um Oito Baixos Diferente (CBS, LP)
  • 1971 - Forró do Pé Rapado (CBS, LP)
  • 1971 - Oito Baixos Pra Frente (CBS, LP)
  • 1971 - Seus Sambas de Sucesso (CBS, LP)
  • 1972 - Isso é Importante (CBS, LP)
  • 1973 - Forroriando (CBS, LP)
  • 1973 - Revivendo Sucessos (Entre/CBS, LP)
  • 1974 - Tem Fuzuê (CBS, LP)
  • 1975 - Botão Variado (CBS, LP)
  • 1976 - Forrófunfá (CBS, LP)
  • 1977 - Vou Nessa Leva (CBS, LP)
  • 1978 - Um Oito Baixos Sem Patim (Uirapuru, LP)
  • 1979 - Questão de Honra (Uirapuru, LP)
  • 1980 - Do Jeito Que Meu Pai Tocava (Uirapuru, LP)
  • 1981 - Meu Pai e a Sanfona (Uirapuru, LP)
  • 1982 - No Ano da Copa, Cabana (Copacabana, LP)
  • 1983 - Como Antigamente (Copacabana, LP)
  • 1984 - Sanfoneiro Desde Menino (Copacabana, LP)
  • 1988 - Sua Majestade o 8 Baixos Com Abdias (Chantecler, LP)


Coletâneas

  • 1969 - As Melhores do Nordeste, Vol. 1 (CBS, LP) *
  • 1970 - As Melhores do Nordeste, Vol. 2 (CBS, LP) *
  • 1970 - Pau de Sebo, Vol. 4 (CBS, LP) *
  • 1971 - Pau de Sebo, Vol. 5 (CBS, LP) *
  • 1972 - Pau de Sebo, Vol. 6 (LP, CBS) *
  • 1976 - As 4 Melhores do Nordeste (EPIC, Compacto) *
  • 1978 - Pau de Sebo VIII (CBS, LP) *
  • 1988 - Você Gosta de Música Nordestina? (Tapecar, LP) *
  • S/D - O Melhor do Forró, Vol, 2 (Veleiro, LP) *

* Vários Artistas

Indicação: Miguel Sampaio

Fafá Lemos

RAFAEL LEMOS JÚNIOR
(83 anos)
Violinista

* Rio de Janeiro, RJ (19/02/1921)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/10/2004)

Fala Lemos foi considerado por muitos como um dos precursores da Bossa Nova. Começou a estudar violino em 1928, aos sete anos de idade, sob a orientação de Orlando Frederico. Na mesma época, aprendeu solfejo e teoria musical com Guiomar Beltrão Frederico. Com apenas nove anos de idade, em 1929, apresentou-se como solista de um concerto de Antônio Vivaldi, acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal. No ano seguinte, apresentou-se em recital no Salão Leopoldo Miguez, acompanhado pelo pianista Souza Lima.

Transferiu-se para o Paraná, afastando-se da música por um período de quatro anos.

Em 1940, de volta ao Rio de Janeiro, passou a integrar a Orquestra de Carlos Machado, que na época atuava no Cassino da Urca. Nesse mesmo ano, foi instrumentista da Orquestra Sinfônica Brasileira por um período de quatro meses.

Em 1946, ainda  participando da Orquestra de Carlos Machado, apresentou-se  na Boate Casablanca. Pouco depois  passou a  integrar o Trio Rio, que se apresentava na Bally-Hi.

Em 1950, assinou contrato com a Rádio Nacional, onde atuou como solista.

Em 1951, gravou seu primeiro disco interpretando o baião "Cigano no Baião" e a quadrilha "Saudades do Texas" (Fafá Lemos). No mesmo ano, acompanhou a cantora Linda Batista na gravação do samba-canção "Vingança" (Lupicínio Rodrigues), maior sucesso da cantora.

Em 1952, gravou solo na RCA Victor o beguine "Mentira de Amor" e o fox-canção "Violino Triste", ambos de Paulo César e com seu conjunto, o baião "Dois Malandros" e o choro "Barrigudinho", de sua autoria. Também com seu conjunto acompanhou gravações de Linda Batista, entre elas, o samba-canção "Foi Assim" (Lupicínio Rodrigues). No mesmo ano, viajou para os Estados Unidos, onde apresentou-se por diversas vezes e, acompanhado pelo violonista Laurindo de Almeida, gravou a trilha sonora do filme da Metro-Goldwyn-Mayer "Meu Amor Brasileiro", de Mervyn Le Roy, em que os astros Lana Turner e Fernando Lamas atuavam em paisagens do Rio de Janeiro confeccionadas em estúdio.

Chiquinho, Garoto e Fafá Lemos (Trio Surdina)
Realizou inúmeras  apresentações em cidades norte-americanas atuando ao lado de Carmen Miranda. Ainda em 1952, gravou  um LP na RCA Victor americana com um repertório no qual se destacavam as músicas "Aquarela do Brasil", "Na Baixa do Sapateiro",  ambas de Ary Barroso, "Nem Eu", de Dorival Caymmi, entre outras. Nesta mesma época integrou o Trio Surdina,  conjunto que surgiu no programa "Música Em Surdina", apresentado  por Paulo Tapajós, atuando ao lado de Garoto (violão) e Chiquinho (acordeão).

Em 1953, o Trio Surdina gravou na Musidisc dois LPs de 10 polegadas, registrando no primeiro obras como "Duas Contas" (Garoto), e "Na Madrugada" (Nilo Sérgio), e  no segundo apenas músicas de Ary Barroso e Dorival Caymmi. No mesmo ano, gravou em solo de violino o baião "ABC do Amor" (Getúlio Macedo e Augusto Alexandre) e o bolero "Ternamente" (Carlos L. do Espírito Santo).

Em 1954 gravou a "Valsa do Vira Lata" (Fafá Lemos e Bob Merril), o samba "Meu Panamá" (Alcebíades Nogueira), e a valsa "Luar de Areal" (Garoto). Pouco depois, voltou mais uma vez aos Estados Unidos para trabalhar com Carmen Miranda, com quem atuou até sua morte em 1955.

Em 1955, teve o baião "Nós Três" (Fafá Lemos, ChiquinhoGaroto) gravado por Ribamar ao acordeom, pela Columbia. Também em 1955, assim se referia à ele a Revista da Música Popular, Nº 7:

"Fafá Lemos continua a fazer sucesso em Hollywood, onde se mantém sete meses consecutivos no "Marquis", "boite-restaurante" das mais elegantes. Vai gravar o seu segundo LP para a RCA Victor e certamente obter novos sucessos".

De volta ao Brasil em 1956, assumiu a direção artística da RCA Victor. Nesse ano, foi contratado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Na cidade do Rio de Janeiro, apresentou-se em boates e televisão. Ainda em 1956 gravou o samba "Time Perna-de-Pau" (Vicente Amar) e o maxixe "Dengoso" (Renaud). No mesmo período, gravou com seu conjunto o baião "Delicado" (Waldir Azevedo) e o samba "Feitiço da Vila" (Noel Rosa e Vadico).


Em 1957, gravou o samba "Fala, Meu Louro" (Sinhô).

Em 1958 gravou o baião "Bicharada" (Djalma Ferreira) e o samba "Aviso Prévio" (Arnô Provenzano e Otolindo Lopes).

Em 1961, se transferiu para Los Angeles, lá permanecendo por longos anos.

Em 1985, retornou ao Brasil, depois de atuar em boates e casas noturnas.

Em 1989, a convite da gravadora paulista Eldorado, voltou aos estúdios para gravar um LP com a pianista Carolina Cardoso de Menezes, logo transposto para CD.

Em 2002, teve sua obra resgatada pelo pesquisador Hariton Nathannailidis, que, além de seu estudo crítico, preparou um CD, com produção de Zuza Homem de Mello, com os seus principais sucessos como violonista e compositor.

Em 2003, teve seu trabalho no Trio Surdina relembrado em show no Centro Cultural Banco do Brasil com a presença de Claudette Soares, Henrique Cazes, Marcos Nimrichter e Nicolas Krassic. Na ocasião foi tema de reportagem do Jornal do Brasil assinada pelo crítico Tárik de Souza que retratou a seguinte opinião dada sobre o artista pela pianista Maria Tereza Madeira:

"Ele foi um improvisador maravilhoso, com uma afinação de fazer inveja, muito refinamento e preciosismo nos detalhes, tudo sempre muito bem acabado."

Fafá Lemos aposentou-se no final dos anos 90. Em 2003, foi internado com problemas de saúde na Casa São Luiz no Caju, bairro da zona portuária do Rio de Janeiro.

Fafá Lemos morreu aos 83 anos, no dia 18/10/2004.


Discografia


  • 1951 - Cigano no Baião / Saudades do Texas (RCA Victor, 78)
  • 1951 - Grã-Fino / Tico-Tico no Fubá (RCA Victor, 78)
  • 1952 - Mentira de Amor / Violino Triste (RCA Victor, 78)
  • 1952 - Dois Malandros / Barrigudinho (RCA Victor, 78)
  • 1952 - Meu Guarda-Chuva / Uma Noite na Lapa (RCA Victor, 78)
  • 1953 - ABC do Amor / Ternamente (RCA Victor, 78)
  • 1954 - Valsa do Vira-Lata / Se Alguém Disser (RCA Victor, 78)
  • 1954 - Meu Panamá / Zigeuner (RCA Victor, 78)
  • 1954 - Tempo Antigo / Luar de Areal (RCA Victor, 78)
  • 1954 - Canarinho Feliz / Joãozinho Boa-Pinta (RCA Victor, 78)
  • 1954 - Jantar no Rio (RCA Victor, LP)
  • 1956 - Rosita / Arrivederci Roma (RCA Victor, 78)
  • 1956 - Time Perna-de-Pau / Dengoso (RCA Victor, 78)
  • 1956 - Delicado / Feitiço da Vila (RCA Victor, 78)
  • 1957 - Fantasma do Caju / Fala, Meu Louro (RCA Victor, 78)
  • 1957 - Para Ouvir Dançando (RCA Victor, LP)
  • 1958 - Bicharada / Aviso Prévio (RCA Victor, 78)
  • 1958 - Le Gondolier / Nel Blu, Di Pinto Di Blu (Odeon, 78)
  • 1958 - Trio do Fafá (RCA Victor, LP)
  • 1959 - Fafá, Seu Violino e Seu Ritmo (RCA Victor, LP)
  • S/D - Violino Travesso (Odeon, LP)
  • S/D - Hi-Fi do Fafá (Odeon, LP)
  • 1989 - Fafá & Carolina (Eldorado, LP)
Indicação: Miguel Sampaio

Eduardo José Farah

EDUARDO JOSÉ FARAH
(80 anos)
Empresário e Dirigente Esportivo

* Campinas, SP (01/05/1934)
+ São Paulo, SP (17/05/2014)

Eduardo José Farah foi um empresário e dirigente desportivo brasileiro. Foi presidente da Federação Paulista de Futebol de 1988 a 2003.

Farah iniciou suas atividades profissionais no ramo de tecidos. Depois, tentou a sorte nos setores imobiliário e financeiro até se tornar dirigente esportivo.

Colecionador de polêmicas ao longo de sua trajetória como dirigente, Eduardo José Farah foi presidente do Guarani de Campinas em 1967 e depois comandou a Federação Paulista de Futebol entre os anos de 1988 e 2003.

Farah deixou o cargo poucos meses após uma briga judicial entre a Federação Paulista de Futebol e a TV Globo. O dirigente negociou os direitos de transmissão do Campeonato Paulista de 2003 com o SBT, alegando que a emissora carioca não exerceu o direito de preferência na renovação do contrato do Estadual. A TV Globo contestou a posição de Farah, dizendo que enviou à federação uma proposta nos mesmos termos financeiros propostos pelo canal de Silvio Santos.

A competição começou sem uma decisão definitiva da Justiça, no dia 25/01/2003, com uma situação constrangedora para a entidade e as duas emissoras. A partida de abertura, entre Santo André e Santos, foi transmitida por TV Globo e SBT, apesar de uma liminar garantir o direito exclusivo da emissora paulista. A TV Globo alegava que não tinha conhecimento da liminar conquistada pela Federação Paulista de Futebol, e apresentou outra decisão judicial, anterior, para entrar no estádio e fazer a transmissão do jogo.

A briga entre as emissoras gerou fatos curiosos, como a transmissão por TV aberta de partidas do Paulistão às 21:00 hs, horário em que a TV Globo costuma exibir sua principal novela na programação.

SBT e TV Globo acabaram transmitindo juntas a maior parte da competição. No ano seguinte, meses depois de deixar o cargo, Farah disse a empresários durante uma palestra, em São Paulo, que o caso acabou forçando sua saída da federação. "Tirei a Globo do campo, ela me tirou da federação", disse o ex-dirigente, de acordo com relato da Folha de S.Paulo. Na ocasião, a TV Globo se defendeu dizendo que não foi "tirada de campo", já que manteve na Justiça o direito de preferência na transmissão do Paulistão 2004.


Farah foi substituído na  Federação Paulista de Futebol pelo seu vice-presidente, Marco Polo Del Nero, que ocupa o cargo mandatário da entidade até hoje e já é presidente eleito da  Confederação Brasileira de Futebol (CBF), um sonho que o antecessor não conseguiu realizar durante a era em que a confederação era dirigida por Ricardo Teixeira.

Ele também é lembrado por ter apresentado diversas inovações no futebol, como o caso do spray de espuma usado pelos árbitros de todo o mundo para marcação dos jogadores em cobranças de faltas.

A gestão de Farah foi marcada por uma série de inovações polêmicas, como a adoção de dois árbitros por partida, disputa de pênaltis em jogos empatados no tempo normal durante a fase de pontos no Estadual, e a criação da Liga Rio-São Paulo, em 2002. Também em sua gestão, a Federação Paulista de Futebol implantou o uso do spray para formação da barreira, mais tarde adotado por outras entidades de futebol no mundo todo.

Os regulamentos das competições organizadas por Farah também foram alvo de críticas ao longo de sua gestão. Na Liga Rio-São Paulo de 2002, São Paulo e Palmeiras fizeram a semifinal e empataram os dois jogos, por 1 a 1 e 2 a 2. O time alviverde tinha a melhor campanha na primeira fase, mas a vaga na final ficou com o Tricolor porque o primeiro critério de desempate foi o menor número de cartões amarelos e vermelhos recebidos na semifinal. O Corinthians acabou campeão do torneio após bater o São Paulo na decisão.

Dois anos antes, no Paulistão 2000, o Palmeiras precisou perder uma partida para o Corinthians no último jogo da terceira fase para ficar com a vantagem de dois resultados iguais na semifinal, contra o Santos. Como essa vantagem era dada ao time que tivesse maior pontuação na soma de todas as fases anteriores, o Verdão precisava enfrentar o Peixe. Se jogasse contra o São Paulo, que fez cinco pontos a mais na fase anterior, ficaria sem a vantagem. O Santos foi o primeiro colocado do outro grupo, com o Tricolor em segundo. O Palmeiras, com a derrota por 4 a 2 diante do Corinthians, ficou em segundo no grupo e enfrentou o time praiano. Acabou eliminado.

Outro feito polêmico de Farah na Federação Paulista de Futebol foi a criação da campanha Disque-Marcelinho, em 1998. A entidade comprou o passe de Marcelinho Carioca, que pertencia ao Valencia, por 7 milhões de dólares e realizou uma votação por meio de telefone com o prefixo "0900" para eleger o clube que receberia o jogador. Os quatro clubes grandes paulistas concorriam, e o Corinthians venceu. A ligação custava, à época, R$ 3,00. A campanha acabou barrada pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, que não liberou o alvará para o uso do "0900", mas o Timão levou o jogador

Depois de sair do mundo do futebol, dedicou-se a seus negócios pessoais.


Morte

O Hospital do Coração de São Paulo confirmou o falecimento do ex-presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo José Farah, aos 80 anos. De acordo com o boletim médico divulgado, o ex-dirigente morreu às 5:30 hs de sábado, 17/05/2014, devido à falência múltipla dos órgãos.

Farah vinha sofrendo com doenças renais e enfrentava o problema desde o dia 16/11/2013, quando foi internado na Unidade de Tratamento Intensivo. O sepultamento aconteceu ainda no sábado, 17/05/2014, às 16:00 hs, no Cemitério do Morumbi.

Fonte: Wikipédia, R7 EsportesVeja e UOL

Alexandre Pessoal

ALEXANDRE PESSOAL
(40 anos)
Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (1975)
+ Rio de Janeiro, RJ (14/05/2014)

Filho mais velho do cantor e compositor Erasmos Carlos, cresceu em ambiente musical, recebendo fortes influências do universo pop-rock, e, especialmente do pai, que o incentivou a abraçar a carreira musical.

Seu nome artístico foi inspirado na banda pop-rock Nada Pessoal, que ele liderou nos anos 1990, no Rio de Janeiro. A banda gravou um CD independente, com participação de Erasmo Carlos, Toni Garrido e Paulinho Moska. Ainda naquele período também liderou o grupo de reggae Caro Ezequiel, em São Paulo.

Já em carreira solo, em 2005, Alexandre Pessoal lançou o CD "Primogenitu", com 12 faixas, sendo onze delas inéditas, de sua autoria, e uma delas, "Vida Antiga", de autoria de Roberto e Erasmo, em 1972. O título do CD é inspirado na canção "Primogênito" feita pelo pai em sua homenagem, em 1981 e gravada no LP "Mulher". O lançamento do CD foi realizado no Ballroom, no Rio de Janeiro.


Morte

Alexandre morreu na noite de terça-feira, 13/05/2014, aos 40 anos. Ele não resistiu aos ferimentos após sofrer um grave acidente na quarta-feira, 07/05/2014, no Rio de Janeiro, e teve morte cerebral confirmada.

Alexandre caiu de sua moto, uma scooter, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital fluminense, após sair da casa do pai. Com o impacto, o filho de Erasmo Carlos sofreu traumatismo craniano e perfuração no pulmão. Um taxista que passava pelo local do acidente o socorreu e o levou para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, no mesmo bairro.

De lá, o músico foi transferido para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, e, depois, para o Hospital Barra D´Or. No sábado, 10/05/2014,, ele entrou em coma induzido. "Força meu filho... Seu pai estará sempre com você", escreveu Erasmo Carlos, no mesmo dia, no Twitter.


"A solidariedade é uma das formas mais nobres do amor. Obrigado ao exército de amigos que torcem pelo meu filho querido. Deus está ouvindo!", agradeceu o cantor em outra postagem no microblog.

Na segunda-feira, 12/05/2014, o quadro clínico de Alexandre ainda apresentou melhora. Sua febre tinha sido controlada e a pressão craniana estava em um nível satisfatório. No dia 14/05/2014, no entanto, a situação piorou e ele veio a falecer.

Luiz Lopes, guitarrista do Erasmo Carlos, anunciou aos colegas que o show marcado para esta noite em Brasília foi cancelado. "Hoje está difícil. O filhote do Tremendão tá numa situação muito difícil... hoje não vai mais rolar o show em Brasilia. Estou mandando minhas orações e positividades! Sim (ele morreu). É Hora de cuidar de quem tá por aqui", escreveu o músico.

Roberto Carlos publicou uma mensagem em memória de Alexandre Pessoal. O Rei, que era padrinho do rapaz, se se pronunciou através do Instagram. Na legenda da foto, em que aparece ao lado de Alexandre Pessoal, Roberto Carlos escreveu:

"Meu querido afilhado, Nosso Deus de bondade te dê muita paz, muita luz, muito amor, te proteja e te abençoe."

Discografia

  • 2005 - Primogenitu (Independente, CD)

Indicação: Miguel Sampaio

Rinaldo Calheiros

RINALDO LISBOA CALHEIROS
(87 anos)
Cantor

* Ferrão Velho, AL (03/12/1926)
+ Rio de Janeiro, RJ (05/05/2014)

Rinaldo Calheiros foi um cantor brasileiro cuja carreira teve seu apogeu nas décadas de 50-60. Era conhecido como "A Voz Que Emociona".

Nascido no Estado de Alagoas, ainda jovem ingressou na carreira militar, tendo estudado na Escola Técnica da Aeronáutica. Após formado, trabalhou na Base Aérea de Natal, mas sofreu um acidente automobilístico que ocasionou a sua reforma.

Sua estreia como cantor deu-se na Rádio Poty de Natal. Sua voz e a boa aparência lhe deram fama de galã na cidade, sendo considerado o astro galã daquela rádio.

Em 1951, passou a atuar como vocal no Trio Acaiaca, juntamente com Chico Elion no violão e João Juvanklin no acordeom.

Em 1955, gravou seu primeiro disco, pela Mocambo, interpretando "Se Eu Fracassar" (Chico Elion).

Em 1956 gravou o samba "Se Eu Fracassar" e o samba-canção "Ranchinho de paia" (Chico Elion), e o bolero "Minha Inspiração" (William Leon e Sílvia Silva).

Em 1957, gravou o frevo-canção "Ingratidão" (Neusa Rodrigues e José Menezes). Nesse ano, ficou em segundo lugar na escolha para "Rei e Rainha do Rádio" com 177.900 votos.

Em 1960, passou a residir em São Paulo, onde gravou inúmeros discos, pelas gravadoras Continental, CBS e Columbia. Gravou com as orquestras Mocambo e Jazz Paraguary.

Em 1961, ingressou na gravadora Copacabana e lançou o LP "Em Tudo Existe o Amor", LP no qual interpretou "Meu Sonho é Você" (Altamiro Carrilho e Átila Nunes), "Canção do Sofrer" (José Messias), "Melodia Singela" (Irmãos Orlando), "Amor" (Antenógenes Silva e Ernâni Campos), "Esperes Por Mim" (Claudionor Santos e Rubens Machado), "Teus Ciúmes" (Lacy Martins e Aldo Cabral), "Eternamente" (Nelson Castro e Rossini Pacheco), "Fracassei" (Cláudio Paraíba e A. Chamarelli), "Por Teu Amor (Away All Boats)" (F. Skiner, A. Skiner e Adelson), com versão de Collid Filho, "Em Tudo Existe o Amor" (Pachequinho, Antônio Almeida e Nilo Barbosa), e "Juro Por Maria" (João Barone).


Em 1962, lançou dois LPs pela Copacabana. O primeiro foi "Ouvindo-te Com amor" gravado em conjunto com a cantora Silvana, disco no qual interpretaram em dueto os tangos "Amor" (Antenógenes Silva e Ernâni Campos), "Cantando" (Mercedes Simone), versão de Virgínia Amorim, "Jura-me" (Maria Grever), versão de Osvaldo Santiago, "Onde Estás Coração" (L. M. Serrano e A. P. Berto), versão de Ubirajara Silva, e o bolero "Eternamente" (Nelson Castro e Rossini Pacheco). No mesmo disco, ele interpretou sozinho a guarânia "Teu Casamento (Tu Boda)" (A. Salas) e versão de Sebastião Ferreira da Silva, e a balada "Chorando (Crying)" (Roy Orbison e J. Melson), em versão de Rossini Pinto. O outro LP lançado no mesmo ano foi "Mensagem de Amor" no qual interpretou tangos e boleros como "Mensagem de Amor" (Pachequinho, Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti), "Diga Que Sim" (Airton Borges), "Que Deus Me Dê" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia), "Contigo" (Cláudio Estrada) versão de Julio Nagib, "Olhar Proibido" (Erasmo Silva), "Outro Amor" (Antenógenes Silva e Ernâni Campos), "Jamais Te Esquecerei" (Antônio Rago e Juraci Rago), "Cristal" (Mariano Mores e José Maria Contursi) com versão de Haroldo Barbosa, "Nostalgias" (Enrique Cadicamo e J. C. Cobían), e versão de Juraci Rago, "Esquina da Ilusão" (Luis Roberto e Silvério Neto), "Aventureira (El Choclo)" (A. Villoldo e M. Catan), com versão de Haroldo Barbosa, e "Último Ato" (Sergio Malta e Helder Camara).

Em 1963, gravou o LP "Uma Lágrima Tua", pela Copacabana, no qual interpretou as canções românticas "Nuvem" (Luis Bandeira e Manoel Malta de Araújo), "Manhã de Sol" (Helena Rodrigues), "Margarida" (Francisco di Pietro), "Abre Teus Braços Para Mim" (Carlos Morais e Luís de Carvalho), "Tu Ficarás" (Marília Batista e Olegário Mariano), "Uma Lágrima Tua" (Mariano Mores e H. Manzi), e versão de Genival Melo, "A Quem Direi" (Altamiro Carrilho e Nazareno de Brito), "Joãozinho Ninguém" (Collid Filho e Nair Carvalho), "Fim de Semana" (Erasmo Silva); "Pergunte ao Meu Coração" (Deraldo Oliveira e Washington Marinho), e "Boneca da Vida" (Ernâni Campos e Nestor Barbosa).

Rinaldo Calheiros faleceu enquanto dormia, em sua casa, no Rio de Janeiro, no dia 05/05/2014.


Discografia

  • 1955 - Se Eu Fracassar (Mocambo, 78 rpm)
  • 1956 - Ranchinho de Paia / Minha Inspiração (Mocambo, 78 rpm)
  • 1961 - Em Tudo Existe o Amor (Copacabana, LP)
  • 1962 - Mensagem de Amor (Copacabana, LP)
  • 1962 - Ouvindo-te Com Amor (Copacabana, LP)
  • 1963 - Uma Lágrima Tua (Copacabana, LP)
  • 1966 - A Voz Que Emociona (CBS, LP)
  • 1974 - Com Amor (LP)
  • 1977 - Rinaldo Calheiros (Beverly)
  • 1998 - Seleção de Ouro 20 Sucessos (EMI / Copacabana, LP)
  • S/D - Seu Adeus (Copacabana, LP)

Indicação: Miguel Sampaio

Bidu Sayão

BALDUÍNA DE OLIVEIRA SAYÃO
(96 anos)
Cantora Lírica

* Itaguaí, RJ (11/05/1902)
+ Rockport, Maine, Estados Unidos (13/03/1999)

Balduína de Oliveira Sayão, mais conhecida como Bidu Sayão, foi uma célebre intérprete lírica brasileira.

Dona de uma voz límpida e delicada, a soprano brasileira Bidu Sayão foi uma das mais respeitadas artistas do Metropolitan Opera de New York. Seu prestígio pode ser observado no próprio hall do teatro, que ostenta um imenso quadro em sua homenagem.

Ao longo de sua carreira, conviveu e trabalhou com as maiores personalidades artísticas deste século, como o maestro Arturo Toscanini, um de seus grandes admiradores - ele a chamava de "La Piccola Brasiliana" (A Pequena Brasileira) -, Maria Callas, a pianista Guiomar Novaes e Carmen Miranda.

Além disso, foi a parceira favorita de Villa-Lobos, numa carreira que durou 38 anos. Nesse período, emprestou sua voz e imortalizou a "Bachiana n.º 5", das Bachianas Brasileiras, as peças mais conhecidas e mais amadas do compositor. Esta, que foi considerada pelo maestro como a mais perfeita gravação da obra, foi escolhida para o prêmio Hall Of Fame, dado pela National Academy Of Recording Arts And Sciences. Clássico brasileiro mais conhecido no mundo, por dois anos seguidos foi o disco mais vendido nos Estados Unidos.

Bidu Sayão iniciou seus estudos musicais com Elena Teodorini, uma romena que então vivia no Brasil, e aos 18 anos fez sua estréia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Elena Teodorini a levou para a Romênia, onde continuou seus estudos e iniciou sua carreira internacional. Aperfeiçoou seu canto em Nice, na França, com Jean de Reszke, o mais famoso professor da época, adquirindo a técnica perfeita e a delicadeza que viriam a caracterizá-la.


Bidu Sayão estreou em 1926 no Teatro Costanzi de Roma, no papel de Rosina em "O Barbeiro de Sevilha", de Rossini. Sua estreia no Metropolitan Opera House de New York se deu em 1937 no papel de Manon na ópera de Massenet.

Sua interpretação de Rosina em "O Barbeiro de Sevilha", foi feita de forma tão admirável que lhe rendeu a entrada definitiva no rol dos grandes intérpretes líricos da Europa.

Em 1925, de volta ao Brasil, cantou novamente "O Barbeiro de Sevilha" antes de inaugurar outra temporada do Teatro Constanzi. Depois disso, atuou nos mais importantes teatros do Velho Mundo, como o Teatro Nacional São Carlos, em Portugal, Teatro Opera Comique de Paris e o Alla Scala de Milão, por exemplo.

Excelente atriz, sua força interpretativa garantiu-lhe viver 22 heroínas diferentes, entre elas, Ceci (O Guarani, Carlos Gomes), Gilda (Rigoletto, Verdi), Mimi (La Bohéme, Puccini), Suzana (Bodas de Fígaro, Mozart) e Violeta (La Traviata, Verdi).

Em 1936, Bidu Sayão fez sua grande estréia para o público norte-americano, cantando "La Demoiselle Élue", de Debussy, em apresentação regida pelo maestro Toscanini no Carnegie Hall, em New York.

Em 1937, estreou no Metropolitan Opera House de New York, onde foi grande figura por mais de 15 anos, cantando o papel título da ópera "Manon", de Jules Massenet. O volume de convites que recebeu para cantar, na época, fez com que interpretasse 12 papéis diferentes em 13 temporadas.


Em fevereiro de 1938, cantou para o casal Roosevelt na Casa Branca. Roosevelt lhe ofereceu a cidadania estadunidense, mas ela recusou. De acordo com ela mesma, "no Brasil eu nasci e no Brasil morrerei".

Encantados com Bidu Sayão, os americanos não a deixaram partir. Continuou a dar concertos através de todo o país, sempre colhendo triunfos, sendo, por isso, chamada pelos americanos de "The Charming Singer".

Em agosto de 1955, obteve um de seus maiores sucessos cantando no Hollywood Bowl. Com a Calgary Symphony Orchestra, foi chamada de "Glamorous Soprano Star". Entre idas e vindas, o "Rouxinol Brasileiro" - apelido que ganhou do escritor Mário de Andrade - apresentou-se diversas vezes em palcos nacionais.

Esteve no Rio de Janeiro em 1926, 1933, 1935 e 1936. Em São Paulo, apresentou-se nos anos de 1926, 1933, 1935, 1936, 1937, 1939, 1940 e 1946. Durante essas temporadas, cantou "O Barbeiro de Sevilha", "Rigoletto", "Matrimônio Secreto", "Um Caso Singular", "Soror Madalena", "O Guarani", "Manon", "Romeu e Julieta", "I Puritani", "La Traviata", "La Bohéme" e "Lakmé".

Em 1957, Bidu Sayão decidiu encerrar sua carreira artística. Com a mesma "La Demosele Élue" com que entrou nos Estados Unidos, ela encerrou a carreira em 1958, ainda em perfeita forma e recebendo as maiores homenagens e melhores críticas dos jornais.

Em 1959, mais de um ano após ter encerrado a carreira nos palcos e em público, fez uma gravação da "Floresta Amazônica", de Villa-Lobos, atendendo ao pedido do compositor. Com ela, Bidu Sayão encerrou definitivamente a carreira, definindo este último trabalho com seu "canto do cisne".

Em 1995 veio ao Rio de Janeiro para ser homenageada pelo enredo da escola de samba Beija-Flor. Antes de ir embora, não escondeu sua vontade de retornar ao Brasil.


Decepção

Consta que Bidu Sayão se apresentou pela última vez no Rio de Janeiro em 1937, bem antes do término de sua carreira, porque ali foi vaiada durante a apresentação ao cantar "Pelléas Et Mélisande" no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Diz-se que a vaia teria sido organizada pela claque da meio-soprano Gabriella Besanzoni Lage, cujo sucesso na "Carmen" eles não desejavam que fosse empanado pela carioca que vinha dos Estados Unidos coberta de louros. Entretanto neste mesmo ano, 1937, arrebatou a platéia do Metropolitan Opera House de New York com a sua interpretação da Manon de Jules Massenet. A amargura talvez só tenha sido abrandada na comovente homenagem que no Brasil recebeu em 1995.

Homenagem Popular

Bidu Sayão foi homenageada pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis em 1995. Ela veio no último carro alegórico, "O Cisne Negro", sentada num trono cuidadosamente preparado para ela.


Morte

Bidu Sayão morreu em 13/03/1999, no seu apartamento à beira mar no Maine, Estados Unidos, onde vivia há 50 anos, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Não quis funeral nem flores: seu corpo foi cremado.

Seu maior desejo era visitar o Brasil pela última vez. Sonhava em ver a Baía de Guanabara antes de morrer e planejava isto para celebrar seu centenário. Após uma longa vida repleta de glórias e triunfos, a cantora não conseguiu realizar esse último desejo.


Discografia

  • Le Nozze di Figaro
  • Le Nozze di Figaro - Resenha Crítica (Em inglês)
  • Seleção de Arias e Canções
  • Opera Arias

Fonte: Wikipédia e Uol
Indicação: Miguel Sampaio

Iara Iavelberg

IARA IAVELBERG
(27 anos)
Guerrilheira e Militante

* São Paulo, SP (07/05/1944)
+ Salvador, BA (20/08/1971)

Iara Iavelberg foi uma militante e guerrilheira de extrema-esquerda, integrante da luta armada contra a ditadura militar brasileira. Psicóloga e professora, depois de entrar na luta contra o regime militar, primeiro integrando a Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop) e depois o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), tornou-se companheira do ex-capitão do exército Carlos Lamarca, um dos principais líderes da oposição armada ao governo militar no Brasil, até morrer num cerco de agentes de segurança em Salvador, Bahia, em agosto de 1971.

Iara Iavelberg nasceu numa rica família judia paulistana e aos 16 anos já estava casada. O casamento, com um médico, durou apenas três anos e ela deixou a relação para entrar na militância política. Separada, e mal entrada nos vinte anos, virou adepta do amor livre, moda na época, e entre um de seus casos esteve o líder estudantil José Dirceu.

Alta, bonita, de olhos claros e corpo bem cuidado, virou a musa da intelectualidade estudantil paulista de esquerda no meio da década de 60. Destemida e vaidosa, nos seus tempos de clandestinidade era capaz de sair de um "aparelho" para cortar os cabelos nos melhores salões de Ipanema, no Rio de Janeiro.

Iara Iavelberg chegou ao Marxismo através do movimento estudantil e, militando no MR-8, conheceu Carlos Lamarca, comandante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) dois meses depois dele desertar do exército, em abril de 1969.

Carlos Lamarca treinando Iara Iavelberg
A paixão entre a filha de milionários paulista que tornou-se socialista e o filho de sapateiro carioca, capitão desertor do exército brasileiro e um líderes da luta armada, foi fulminante. Os dois foram viver juntos e passaram dez meses escondidos em "aparelhos" pelo país. Uma das companhias do casal nestes esconderijos e que testemunhou de perto a relação entre os dois, foi a guerrilheira Vanda, da VPR, codinome de Dilma Roussef, décadas depois a primeira mulher presidente do Brasil.

Em 1970, começaram treinamento militar no Vale do Ribeira, onde Iara Iavelberg deu aulas teóricas de marxismo aos guerrilheiros, e, caçados pelo exército, cartazes com a foto dos dois, entre outros, foi espalhado por todos os cantos do país. Neste ano, em 7 de dezembro, Carlos Lamarca liderou o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, no Rio de Janeiro, em troca da libertação de 70 presos políticos.

Nos primeiros meses de 1971, a maioria das organizações de esquerda já estavam desarticuladas e semi-destruídas, e os restos da VPR juntaram-se ao MR-8. Na nova organização, Iara Iavelberg, intelectual, teve um cargo de cúpula e Carlos Lamarca, considerado mais despreparado pela nova direção, foi rebaixado a militante de base, enviado para o interior da Bahia, enquanto a mulher se estabeleceu em Salvador, BA.

A viagem, em junho de 1971, de Iara Iavelberg e Carlos Lamarca do Rio de Janeiro para a Bahia, foi a última vez em que estiveram juntos, antes da morte de ambos.

Morte

As causas e até a data de sua morte permanecem envoltas em mistério. A data oficial é contestada por relatório do Ministério da Aeronáutica, segundo o qual ela teria se suicidado em 06/08/1971, acuada pela polícia em uma residência em Salvador. Alguns militantes, presos no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) de Salvador, dizem ter ouvido seus gritos quando era torturada, o que contradiz a versão do Ministério da Marinha, segundo a qual ela teria sido morta durante "ação de segurança".

O jornalista Elio Gaspari, em seu livro "As Ilusões Armadas, A Ditadura Escancarada" (2002) relata em detalhes o que seriam os momentos de cerco e morte de Iara Iavelberg, por suicídio. Ela e Carlos Lamarca fugiram para a Bahia em julho de 1971, após o sequestro do embaixador Giovanni Bucher e a desarticulação da organização guerrilheira. Iara Iavelberg, codinome Clara, separou-se dele em Feira de Santana, depois indo para Salvador, enquanto Carlos Lamarca seguia para o interior baiano.

Com a prisão de um dos integrantes da organização na capital baiana, sabedor do paradeiro do casal e que, após duas semanas de tortura, passou informações à repressão, na manhã de 20/08/1971 dezenas de agentes dirigiram-se a um prédio na Rua Minas Gerais, na Pituba, onde esperavam encontrar Carlos Lamarca. Lá quem estava era Iara Iavelberg. O prédio e o apartamento indicados, 201, foram envolvidos por bombas de gás lacrimogênio e após a invasão, dele saíram os policiais com três presos, uma empregada e dois menores.

Um menino morador do apartamento vizinho, porém, quando os policiais se retiravam, descobriu Iara Iavelberg agachada, de arma na mão, no vão entre os dois apartamentos, e chamou a policia de volta. Encurralada num quarto cheio de gás lacrimogêneo, ela matou-se com um tiro que trespassou o coração e o pulmão. O cadáver foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Salvador e somente algumas horas depois descobriu-se que aquela era a mulher de Carlos Lamarca. Seu corpo foi deixado por mais de mês numa gaveta do necrotério, como isca para Carlos Lamarca.

Nilda Cunha, a adolescente secundarista de 17 anos capturada na batida ao apartamento, era integrante do MR-8 e lá morava sozinha com o namorado, também militante, até receber ordens da direção da organização para hospedar Iara Iavelberg. Torturada pelos militares num quartel e obrigada a tocar no cadáver da guerrilheira, enlouqueceu, teve cegueira e foi internada várias vezes, morrendo numa de suas crises, com um prosaico "edema cerebral a esclarecer" como consta seu atestado de óbito. Meses depois, sua mãe, Esmeraldina Cunha, suicidou-se, enforcando-se com o fio de uma máquina de calcular elétrica.

A certidão de óbito dá a morte de Iara Iavelberg, oficialmente, como 20/08/1971, assinada pelo legista Drº Charles Pittex, informando ainda que ela foi sepultada pela família no Cemitério Israelense de São Paulo. Seu corpo foi entregue à família em caixão lacrado, com a proibição explícita de que fosse aberto. Carlos Lamarca morreria menos de um mês depois, em 17/09/1971, em Pintada, no sertão da Bahia.

Exumação

Em 2003, após anos de negativas, através de um mandado judicial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, os familiares de Iara Iavelberg, inconformados com a versão oficial da morte dela por suicídio, conseguiram que a Federação Israelita de São Paulo fizesse a exumação do corpo da guerrilheira, que havia sido entregue à família em caixão lacrado. O resultado da nova autópsia descobriu que Iara Iavelberg tinha sido morta com vários tiros. Os restos mortais da guerrilheira puderam assim, mais de trinta anos depois, ser removidos da ala de suicidas, onde tinham sido enterrados, para perto do túmulo de seus pais, em outra área do cemitério judeu.

Homenagens

O Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo prestou uma homenagem à antiga aluna e deu seu nome ao centro acadêmico, passando a ser chamado Centro Acadêmico Iara Iavelberg. Seu nome também batiza uma praça no bairro de Bangu, na cidade do Rio de Janeiro e outra no bairro de Pirituba, na cidade de São Paulo.

No filme "Lamarca", de 1994, dirigido por Sérgio Rezende e baseado no livro biografia de Emiliano José e Miranda Oldack, "Lamarca", o capitão da guerrilha, ela é vivida pela atriz Carla Camurati.

Em 2014 foi lançado o filme-documentário "Em Busca de Iara", escrito e produzido por sua sobrinha, Mariana Pamplona.

Fonte: Wikipédia