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Hermes da Fonseca

HERMES RODRIGUES DA FONSECA
(68 anos)
Militar, Político e Presidente do Brasil

* São Gabriel, RS (12/05/1855)
+ Petrópolis, RJ (09/09/1923)

Foi um militar e político brasileiro, presidente do Brasil entre 1910 e 1914.

Era sobrinho do marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, do general João Severiano da Fonseca, patrono do Serviço de Saúde do Exército, e filho do marechal Hermes Ernesto da Fonseca e de Rita Rodrigues Barbosa.

Seu pai era natural de Alagoas e, sendo militar, foi transferido para São Gabriel, onde Hermes nasceu, em 1855. Quando o pai foi enviado para a Guerra do Paraguai, a família retornou para o Rio de Janeiro.

Carreira Militar

Em 1871, aos 16 anos, formou-se bacharel em Ciências e Letras e ingressou na Colégio Militar do Rio de Janeiro, onde foi aluno de Benjamin Constant, um dos introdutores das ideias de Auguste Comte no Brasil, e não escapou assim à influência do mestre, embora não se tornasse um positivista ortodoxo. Quando se formou serviu como ajudante de ordens do príncipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu.

Apoiou a república proclamada por seu tio Manuel Deodoro da Fonseca, e foi convidado por este a ser ajudante-de-campo e secretário militar após o golpe. Em dez meses passou de capitão a tenente-coronel.

Por ocasião da Revolta da Esquadra (1893), destacou-se, em Niterói, no comando da defesa do governo de Floriano Peixoto. De 1894, quando foi promovido a coronel, a 1896 comandou o 2° Regimento de Artilharia Montada, depois foi nomeado chefe da Casa Militar da Presidência. Comandou a Brigada Policial do Rio de Janeiro (atual Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro) entre 1899 e 1904, quando assumiu o comando da Escola Militar do Realengo, que formava os oficiais do exército.

Como comandante da Escola Preparatória do Realengo, em 1904, reprimiu a Revolta da Vacina, movimento que, em nome da liberdade individual, protestou contra a obrigatoriedade da vacina antivariólica, traduzindo, também, a insatisfação popular mais ampla contra o regime. O presidente Rodrigues Alves promoveu-o a marechal. Desempenhou vários cargos governamentais até se tornar Ministro da Guerra, durante o governo de Campos Sales.

Continuou na pasta da Guerra no governo seguinte, de Afonso Pena (1906-1909), e reformou o exército e o ministério com a criação de serviços técnicos e administrativos. Dessas inovações, a mais importante foi a instituição do Serviço Militar Obrigatório, conquanto essa lei só fora legitimada em 1964, Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964. Devido à discussão na Câmara sobre a participação dos militares na vida política do país, pediu demissão do cargo. Foi depois ministro do Supremo Tribunal Militar.

A Eleição de 1910

Em novembro de 1908, após regressar de uma viagem à Alemanha, onde assistira a manobras militares como convidado de Guilherme II, foi indicado para a sucessão presidencial. Contou com o apoio do presidente Nilo Peçanha que substituiu Afonso Pena e das representações estaduais no Congresso Nacional, à exceção das bancadas de São Paulo e Bahia, que apoiavam o nome do senador Ruy Barbosa e o presidente de São Paulo, Albuquerque Lins, como candidato a vice-presidente, e deram início à Campanha Civilista.

Pela primeira vez no regime republicano se instalou um clima de campanha eleitoral com a disputa entre civilistas e hermistas. Com o convite de Nilo Peçanha para que retornasse ao cargo no ministério, se fortaleceu e venceu as eleições de 1910 contra Ruy Barbosa.

Na eleição de 1 de março de 1910, o país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais, apoiaram o candidato Ruy Barbosa, que tinha o presidente de São Paulo, Albuquerque Lins, como seu vice-presidente, e os demais estados apoiaram a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau Brás como seu vice. Hermes e Venceslau Brás venceram. Hermes teve 403.867 votos contra 222.822 votos dados a Ruy Barbosa.

Depois de eleito, viajou à Europa, onde assistiu à queda da monarquia em Portugal.

Na Presidência da República

Hermes da Fonseca enfrentou, logo na primeira semana de governo, em novembro de 1910, a Revolta da Chibata, arquitetada por cerca de dois anos e que culminou num motim dos marinheiros no Encouraçado Minas Gerais, Encouraçado São Paulo, Encouraçado Deodoro e Cruzador Bahia, revolta liderada pelo marinheiro João Cândido Felisberto.

Depois de conseguido o objetivo, o fim da aplicação da Chibata na Marinha, e concedida a anistia a todos os mais de dois mil marinheiros amotinados, o governo traiu sua palavra e começou um processo de expulsão de marinheiros. O primeiro motim, já controlado, foi seguido de um levante no batalhão de fuzileiros navais sem causa aparente. O marechal Hermes da Fonseca ordenou o bombardeio aos portos e colocou o país em Estado de Sítio. Mais de 1200 marinheiros foram expulsos e centenas foram presos e mortos. Apesar de ser bastante popular quando eleito, sua imagem ficou bastante abalada depois da revolta. Logo outra revolta veio conturbar o seu governo, a Guerra do Contestado, que não chegou a ser debelada até o fim de seu governo.

Manteve a ordem e apoiado pelo Partido Republicano Conservador, liderado pelo senador Pinheiro Machado, retomou o esquema das administrações anteriores, sem poder, contudo, contendo o surto militarista das chamadas "salvações", que consistiam na derrubada das oligarquias que dominavam as regiões Norte e Nordeste. Foi no seu governo que foi criada a Faixa Presidencial, pelo decreto número 2.299, de 21 de dezembro de 1910.

A Política das Salvações, nem sempre pacífica, consistiu em promover intervenções federais sucessivamente nos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, alegando a prática de corrupção e a fim de colocar militares na chefia dos estados, em substituição aos políticos. As intervenções provocaram violenta oposição, que resultou no bombardeio a Manaus e Salvador.

Em seu governo ocorreu nova renegociação da dívida externa brasileira, em 1914, com um segundo Funding Loan (o primeiro fora negociado por Campos Sales), pois a situação financeira do Brasil não andava bem. Sua política externa manteve a aproximação com os Estados Unidos, traçada pelo chanceler Barão do Rio Branco, que continuou no cargo de ministro, até 1912, quando faleceu.

No plano interno, prosseguiu o programa de construção de ferrovias, incluindo a Ferrovia Madeira-Mamoré e de escolas técnico-profissionais, delineado no governo Afonso Pena. Instalou a Universidade do Paraná. Concluiu as reformas e obras da Vila Militar de Deodoro e do Hospital Central do Exército (HCE), entre outras, além das vilas operárias, no Rio de Janeiro, no subúrbio de Marechal Hermes e no bairro da Gávea.

Hermes da Fonseca e Nair de Teffe
Foi o único presidente a casar-se durante o mandato presidencial, sua primeira esposa, Orsina Francioni da Fonseca, com que casou-se em 1878 veio a falecer em 1912. Sua segunda esposa foi a caricaturista Nair de Tefé von Hoonholtz, filha do Barão de Teffé. Nair seria hoje considerada uma feminista - e, em sua longa vida, chegaria a participar das primeiras comemorações do Ano Internacional da Mulher. Casaram-se no dia 8 de dezembro de 1913, no Palácio do Catete - Rio de Janeiro (embora ele tenha pedido a sua mão em 6 de janeiro).

Durante seu governo, foi editado um decreto instituindo o uso da Faixa Presidencial no Brasil, sendo ele mesmo o primeiro presidente a usá-la e o primeiro a passá-la a seu sucessor. Desde então, todos os presidentes a recebem na ocasião da posse.

Hermes da Fonseca é um dos dois únicos militares a chegar na presidência de forma direta e eleitoral. O outro foi Eurico Gaspar Dutra. Durante todo o seu mandato andou fardado, inclusive durante as reuniões ministeriais.

Após a Presidência

Ao deixar a presidência, em novembro de 1914, candidatou-se ao Senado Federal pelo Rio Grande do Sul, mas recusou-se a assumir a cadeira, em virtude do assassinato de José Gomes Pinheiro Machado, no dia em que deveria ser diplomado, em setembro de 1915. Viajou para a Europa, afastando-se da política, e só retornou ao Brasil após seis anos de vida na Suiça (1920), quando se iniciava uma nova campanha presidencial.

Acolhido carinhosamente pelos militares, foi conduzido à presidência do Clube Militar em 1921. Nesta condição entrou em conflito com o governo de Epitácio Pessoa ao prestigiar as forças políticas que apoiaram a candidatura de Nilo Peçanha, no movimento "Reação Republicana", e envolver-se na frustrada Revolta Militar de 1922, conhecida como Revolta dos 18 do Forte de Copacabana.

Durante a eleição presidencial de 1922, cartas falsas contra Hermes da Fonseca, onde era chamado de sargentão sem compostura, foram atribuídas à autoria de Artur Bernardes, o que causou tumulto imenso naquelas eleições. Sua prisão foi então decretada pelo presidente Epitácio Pessoa. Seis meses depois foi libertado graças a um habeas corpus.

Doente, retirou-se para Petrópolis, onde morreu em 9 de setembro de 1923. Foi sepultado no cemitério da cidade.

Representações na Cultura

O marechal Hermes da Fonseca já foi retratado como personagem na televisão, interpretado por Othon Bastos na minissérie Mad Maria (2005).

Fonte: Wikipédia

Marc Ferrez

MARC FERREZ
(79 anos)
Fotógrafo

☼ Rio de Janeiro, RJ (07/12/1843)
┼ Rio de Janeiro, RJ (12/01/1923)

Marc Ferrez retratou cenas dos períodos do Império Brasileiro e início da República Brasileira, entre 1865 e 1918, sendo que seu trabalho é um dos mais importantes legados visuais daquelas épocas.

Um dos pioneiros da fotografia no Brasil. Abandonou os estudos em Paris (1859) e voltou ao Rio de Janeiro onde trabalhou com o gravador e litógrafo George Leuzinger. Aprendeu a fotografar com o engenheiro e botânico Franz Keller e fundou sua própria firma, a Marc Ferrez & Cia (1864).

Participou de uma expedição científica da Comissão Geológica do Império do Brasil, quando fotografou pela primeira vez, em plena selva, os índios Botocudos (1875). Participou de várias exposições internacionais e teve algumas obras premiadas.

Foi professor de fotografia da Princesa Isabel e, por seu trabalho artístico, recebeu do imperador Dom Pedro II o grau de Cavaleiro da Ordem da Rosa (1885). Entusiasta também do cinema, inaugurou o Cine Pathé (1907), na Avenida Central.

Marc Ferrez morreu em sua cidade natal e deixou um acervo de centenas de chapas fotográficas. Sua obra constituiu um acervo fotográfico que se destacou pelo registro da natureza do país e registro da transformação radical da paisagem urbana do Rio de Janeiro no início do século XX.

Um álbum de fotografias (1906-1907) sobre a arquitetura da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, é tida como sua obra mais conhecida.

Ruy Barbosa

RUY BARBOSA DE OLIVEIRA
(73 anos)
Jurista, Político, Jornalista, Advogado, Diplomata, Escritor, Filólogo, Tradutor e Orador

* Salvador, BA (05/11/1849)
+ Petrópolis, RJ (01/03/1923)

Um dos intelectuais mais brilhantes do seu tempo, participou da Campanha Abolicionista. Foi também um dos organizadores da República e coautor da constituição da Primeira República juntamente com Prudente de Moraes. Ruy Barbosa atuou na defesa da Federação e na promoção dos direitos e garantias individuais. Primeiro Ministro da Fazenda do novo regime, marcou sua breve e discutida gestão pelas reformas modernizadoras da economia. Destacou-se, também, como jornalista e advogado.

Foi deputado, senador, ministro. Em duas ocasiões, foi candidato à Presidência da República. Empreendeu a Campanha Civilista contra o candidato militar Hermes da Fonseca. Notável orador e estudioso da língua portuguesa, foi nomeado presidente da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Machado de Assis.

Como delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos Estados. Teve papel decisivo na entrada do Brasil na I Guerra Mundial. Já no final de sua vida, foi indicado para ser juiz da Corte Internacional de Haia, um cargo de enorme prestígio, que recusou.

Ruy Barbosa, filho de João José Barbosa de Oliveira e de Maria Adélia Barbosa de Oliveira, nasceu em 1849, na rua dos Capitães, hoje rua Ruy Barbosa, freguesia da Sé, na cidade do Salvador, na então Província da Bahia. Aos cinco anos, fez seu professor Antônio Gentil Ibirapitanga exclamar: "Este menino de cinco anos de idade é o maior talento que eu já vi. Em quinze dias aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar todos os verbos regulares."

Em 1861, aos onze anos, quando estudava no Ginásio Baiano de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, fez o mestre declarar a seu pai, João Barbosa: "Seu filho nada mais tem a aprender comigo". Ali, como disse mais tarde, viveu a maior emoção de toda a sua vida, quando recebeu uma medalha de ouro do Arcebispo da Bahia.

Em 1864, concluído o curso ginasial, mas sem idade para entrar na Universidade, passou o ano estudando alemão. No ano seguinte ingressou na Faculdade de Direito de Olinda.

Em 1867, adoeceu de "Incômodo Cerebral". Em 1868 abrigou em sua casa por alguns dias, Castro Alves, seu antigo colega no Ginásio Baiano, em razão do rompimento dele com Eugênia Câmara. Proferiu o famoso discurso saudando José Bonifácio, o Moço.

Em 1870, graduou-se como bacharel pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e retornou à Bahia, acometido, novamente, de "Incômodo Cerebral". Em 1871 começou a advogar e estreou no júri, tendo registrado: "Minha estreia na tribuna forense foi, aqui, na Bahia, a desafronta na honra de uma inocente filha do povo contra a lascívia opulenta de um mandão."

Em 1872, iniciou-se no jornalismo, no Diário da Bahia, e viveu a sua primeira crise amorosa. Brasília era o nome da senhorinha e morava no bairro de Itapagipe. Em 1873 assumiu a direção do Diário da Bahia e fez conferência no Teatro São João sobre "eleição direta". O pai confessa, numa carta, que "poucos o igualam", que ele "foi aplaudido de um modo que me comoveu", e ainda "dizem-me que é superior a José Bonifácio e sustentam que certamente hoje não se fala melhor do que ele."

Em 1876, casou-se com a baiana Maria Augusta Viana Bandeira. Em 1877, foi eleito deputado à Assembleia da Bahia. No ano seguinte foi eleito deputado à Assembleia da Corte. Em 1881 promoveu a Reforma Geral do Ensino.

Em 1885, no auge da campanha abolicionista, José do Patrocínio escreveu: "Deus acendeu um vulcão na cabeça de Ruy Barbosa". Duas semanas antes da abolição, em 30 de abril de 1888, Barbosa vaticinou: "A grande transformação aproxima-se de seu termo". A 7 de março de 1889 Joaquim Nabuco afirma: "Evaristo, na imprensa, fez a Regência e Ruy fará a República".

Em 9 de junho de 1889 recusou o convite para integrar o Gabinete Ouro Preto. "Não posso ser membro de um Ministério que não tome por primeira reforma a Federação". Em novembro daquele mesmo ano Benjamin_Constant escreveu a Ruy: "Seu artigo de hoje, Plano contra a Pátria, fez a República e me convenceu da necessidade imediata da revolução". Dias depois, em 15 de novembro de 1889, Barbosa redigiu o primeiro decreto do governo provisório e foi nomeado Ministro da Fazenda, no governo de Deodoro da Fonseca.

Em 1890 D. Pedro II diz: "Nas trevas que caíram sobre o Brasil, a única luz que alumia, no fundo da nave, é o talento de Ruy Barbosa". Ainda neste ano, lança os decretos de reforma bancária, no qual foi criticado por Ramiro Barcelos, que, anos depois, se penitenciou: "A desgraça da República foi nós, os históricos, não termos compreendido logo a grandeza de Ruy". Elabora-se o projeto de Constituição em sua casa.

Em 14 de dezembro do mesmo ano, Ruy Barbosa, então Ministro da Fazenda, mandou queimar os Livros de Matrículas de escravos existentes nos cartórios das comarcas e registros de posse e movimentação patrimonial envolvendo todos os Escravos, o que foi feito ao longo de sua gestão e de seu sucessor. A razão alegada para o gesto teria sido apagar "a mancha" da escravidão do passado nacional. Mas especialistas afirmam que Ruy Barbosa quis, com a medida, inviabilizar o cálculo de eventuais indenizações que vinham sendo pleiteadas pelos antigos proprietários de escravos. Apenas 11 dias depois da Abolição da Escravatura, um projeto de lei foi encaminhado à Câmara, propondo ressarcir senhores dos prejuízos gerados com a medida.

Em 1891 é nomeado Primeiro Vice-Chefe do Governo Provisório. Em 1892 abandona a bancada do Senado, depois de feita a justificativa em discurso. Dias mais tarde lança um manifesto à nação no qual diz a famosa frase: "Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação. Eu ouso dizer que este é o programa da República". Em 23 de abril do mesmo ano sobe as escadarias do Supremo Tribunal Federal, sob ameaça de morte, para defender, como patrono voluntário, o habeas corpus dos desterrados de Cucui.

Em 7 de fevereiro de 1893 volta à Bahia para um encontro consagratório com Manuel Vitorino, ocasião em que fala de sua terra: "Ninho onde cantou Castro Alves, verde ninho murmuroso de eterna poesia". Em setembro do mesmo ano, a Revolta. Refugia-se na Legação do Chile. Sob ameaça de morte, exila-se em Buenos Aires.

Em 1 de março de 1894, é candidato a presidente, obtendo o quarto lugar.

Ainda em exílio, no ano seguinte Ruy viaja a Londres, de onde escreve as Cartas da Inglaterra para o Jornal do Commercio a partir de 7 de janeiro de 1895. No ano seguinte produz textos a serviço dos insurrectos de 1893. Escreve na imprensa: "E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre…"

Em 1897 recusa convite para ser Ministro Plenipotenciário do Brasil na questão da Guiana, feito por Manuel Vitorino, então vice-presidente do governo de Prudente de Moraes. Critica a intervenção militar em Canudos. Torna-se membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e recebe de Joaquim Nabuco a seguinte citação, no livro Minha Formação: "Ruy Barbosa, hoje a mais poderosa máquina cerebral do nosso país".

Em 3 de abril de 1902 publica parecer crítico ao projeto do Código Civil. Ao final do ano, em 31 de dezembro, lança réplica às observações feitas pelo filólogo Ernesto Carneiro Ribeiro, seu antigo mestre na Bahia. A tréplica de Carneiro só veio a público em 1923. Foi a maior polêmica filológica da Língua Portuguesa.

Três anos depois, em 1905, chegou a se candidatar a presidente, porém retirou sua candidatura para apoiar a de Afonso Pena.

Em junho de 1907, Ruy vai à Conferência de Haia, sendo sua consagração mundial. Sobre isso, escreveu o jornalista William Thomas Stead: "As duas maiores forças pessoais da Conferência foram o Barão Marschall da Alemanha, e o Dr. Barbosa, do Brasil… Todavia ao acabar da conferência, Dr. Barbosa pesava mais do que o Barão de Marschall".

Em 21 de outubro de 1908 discursa, em francês, na Academia Brasileira de Letras, em recepção a Anatole France. A partir do ano seguinte, e até 1910, inicia a Campanha civilista. Já em 1911 retorna ao Diário de Notícias. Nesse período, ao responder à carta de um correligionário civilista, em outubro de 1911, escreve uma das mais importantes obras sobre Deontologia Jurídica: O Dever do Advogado.

Para a eleição de 1 de março de 1910, integra com o presidente de São Paulo, Dr. Albuquerque Lins, a chapa dos candidatos da soberania popular, na Campanha Civilista, sendo Ruy candidato a presidente da república, e Albuquerque Lins a vice-presidente. O país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais apoiaram o candidato Ruy Barbosa, e os demais estados apoiaram a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau Brás como seu vice. Hermes e Venceslau Brás venceram. Hermes teve 403.867 votos contra 222.822 votos dados a Ruy Barbosa.

Durante a Guerra do Contestado (1912 -1916), Ruy Barbosa defendeu os interesses do Paraná. Nessa época, também era advogado e possivelmente lobista da Southern Brazil Lumber & Colonization Co. Inc., grande empresa madeireira e colonizadora de terras no sul do país que integrava o grupo empresarial de Percival Farquhar.

Em junho de 1913 inicia sua terceira candidatura à Presidência pela Convenção Nacional, no Teatro Politeama do Rio de Janeiro - "a maior solenidade popular registrada, até hoje, na história brasileira". Na iminência de perder para Venceslau Brás, lança em dezembro o "Manifesto à Nação", renunciando à candidatura. Ruy obteve, em 1º de março de 1914, 47.000 votos, tendo sido derrotado por Venceslau Brás.

Três anos depois, a 9 de julho de 1917, participa do Centenário de Tucuman. Ao receber o título de professor honoris causa da Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires, em 14 de julho, protesta - a propósito da Guerra Mundial em curso na Europa - contra a postura dos países neutros diante das atrocidades do conflito. Em seu discurso intitulado o "Dever dos Neutros", Rui defende o princípio de que neutralidade não pode ser confundida com indiferença e impassibilidade, apoiando firmemente a causa dos aliados. Segundo ele, a invasão da Bélgica pelos alemães, no final de 1915, representava o revés das conquistas alcançadas na Conferência da Paz em Haia. O discurso teve repercussão internacional, e suas teses provocariam mudanças drásticas na política externa do Brasil - até então neutro na Guerra Mundial. Durante todo o ano de 1917, Rui participaria de comícios e manifestações contra a agressão aos navios da marinha mercante brasileira.

Finalmente, convocado pelo presidente da República, Venceslau Brás, participaria da reunião em que foi revogado o decreto de neutralidade do Brasil no conflito, em 10 de junho de 1917. Victorino de la Plaza, presidente da Argentina, após o banquete que lhe ofereceu Ruy, falou: "Já disse aos meus ministros que, aqui, o Sr. Ruy Barbosa, com credenciais ou sem elas, será considerado sempre o mais legítimo representante do Brasil."

Em 1917 colabora no projeto da Tradução Brasileira.

Ocorre em 1918 o Jubileu Cívico. Paul Claudel, ministro da França, entrega-lhe as insígnias de Grande Oficial da Legião de Honra.

Em 13 de abril de 1919 concorre pela quarta e última vez à Presidência, e, como anteriormente, contra a sua vontade. Perde as eleições para Epitácio Pessoa. Promove conferências pelo sertão da Bahia. Ainda em 1919, dada a intervenção de Epitácio Pessoa na Bahia, reitera a recusa, feita um ano antes, de representar o Brasil na Liga das Nações, durante a Conferência de Versalhes - que estipulou os termos da paz entre vitoriosos e derrotados na Primeira Guerra.

Em 1921, com o "coração enjoado da política", renuncia à cadeira de senador. Jubileu político ao lado dos moços doutorandos de São Paulo.

A Bahia, que ele chamou de "mãe idolatrada", reelege-o senador novamente, e ele diz: "É um ato de obediência, em que abdico da minha liberdade, para me submeter às exigências do meu Estado natal".
Recusa o cargo de Juiz Permanente na Corte de Haia (ocupado posteriormente por Epitácio Pessoa).
Ainda no mesmo ano, recusa projeto do senador Félix Pacheco para que fosse concedido a Ruy um prêmio nacional em dinheiro, dizendo: "A consciência me atesta não estar eu na altura de galardão tão excepcional".

Em julho de 1922 sucumbe a um grave Edema Pulmonar, com iminência de morte. Meses depois, em fevereiro de 1923, sofre Parilisia Bulbar.

Dr. Ruy diz a seu médico: "Doutor, não há mais nada a fazer". Ao 1º de março de 1923 falece em Petrópolis, à tarde, aos 73 anos de idade.

Fonte: Wikipédia