Stefana de Macedo

STEFANA DE MOURA MACEDO
(72 anos)
Cantora

* Recife, PE (29/01/1903)
+ Rio de Janeiro, RJ (01/09/1975)

Stefana de Macedo foi uma das principais cantoras-pesquisadoras brasileiras, a quem nossa memória folclórica muito deve. Incluiu 43 músicas de características regionais nos seus 22 discos gravados. São cocos, toadas pernambucanas, cateretês, maracatus, corta-jacas, baiões, canções do Amazonas, tanto de domínio público (muitas vezes com adaptações suas) quanto de autores conhecidos, numa época em que só homens atuavam nesse setor, abrindo caminho para artistas que vieram depois, como Dilu Melo, Inezita Barroso e Ely Camargo.

Quando tinha nove anos de idade, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde estudou no Colégio R. William e teve aulas de violão com Patrício Teixeira e Rogério Guimarães, logo começando a cantar e tocar em festas familiares.

Em 1926 apresentou-se ao violão no Cassino do Copacabana Palace, quando esse instrumento ainda estava restrito à então chamada malandragem. No ano seguinte, apresentou-se no Teatro Municipal de São Paulo.

Em 1928 estreou em disco na Odeon as canções "Tenho |Uma Raiva de Vancê" e "Sussuarana", ambas de Luiz Peixoto e Hekel Tavares. "Sussuarana" obteve grande sucesso, embora tivesse sido gravada pouco antes por Gastão Formenti. No mesmo ano, gravou de Catulo da Paixão Cearense o samba "Leonor" e de Hekel Tavares e Joracy Camargo, a canção "Lua Cheia".

Em 1929 apresentou-se no Teatro Municipal de São Paulo e gravou pela Columbia o samba-choro "Bambalelê", a canção "Stela", os corta-jaca "A Mulher e o Trem" e "O Homem e o Relógio", o cateretê "Bicho Caxinguelê", a toada "Saia do Sereno", o batuque "Dança do Quilombo dos Palmares", talvez a música brasileira mais antiga conhecida, com a primeira gravação de um batuque com batida na caixa do violão, executada por ela, e a canção "História Triste de Uma Praieira" seu maior sucesso, todos de motivo popular, com arranjos de sua autoria. Ainda no mesmo ano, gravou de João Pernambuco os cocos "Tiá de Junqueira" e "Biro Biro Iaiá" e as toadas "Siricóia" e "Vancê", esta última em parceria com E. Tourinho.

Em 1930 gravou pela Columbia o batuque "Mãe Maria Camundá" de sua autoria e o baião "Estrela D'Alva" de João Pernambuco. No mesmo ano gravou a toada "Como se Dobra o Sino", de motivo popular com arranjos de sua autoria. Também fez arranjos de outros motivos populares, entre os quais o coco "O-le-lê Tamandaré" e a canção "Rede do Ceará". Gravou diversas composições de João Pernambuco, entre as quais "Manaca dos Gerais", de parceria de João Pernambuco e E. Tourinho. Gravou diversas composições de Amélia Brandão Nery, a Tia Amélia, entre as quais a cantiga "Casa de Farinha" e a canção "Nos Cafundó do Coração". Ainda em 1930 gravou do compositor pernambucano Raul Moraes o coco "Lenhadô".

Em 1931 cantou no filme "Coisas Nossas", de Alberto Byington. Em 1933 gravou de sua autoria, o maracatu "Dois de Oro" e a canção "Sodade Véia". Em 1935 deu dois recitais no Teatro Colón, de Buenos Aires, Argentina. No primeiro, com a presença do mundo oficial da Argentina e do Brasil, executou na primeira parte suas canções ao violão e, na segunda, com Villa-Lobos ao piano, músicas do compositor.

Em 1939 regravou a canção "História Triste de Uma Praieira", com arranjos de sua autoria e versos de Adelmar Tavares. Em 1942 gravou a canção "Rede do Ceará", de motivo popular e arranjos de sua autoria. Em fins dos anos 1950, a cantora Ely Camargo gravou de sua autoria e Aldemar Tavares, "História Triste de Uma Praieira".

A partir dos anos 1950 só se apresentava em raros recitais, consolidando, contudo, uma aura de elegância e sofisticação, sempre saudada por intelectuais, críticos e até músicos eruditos. Em 1968 gravou histórico depoimento para a posteridade no Museu da Imagem e do Som. Passou seus últimos anos de vida na cidade de Volta Redonda, sempre esquecida pela chamada grande mídia.