Zózimo Barrozo do Amaral

ZÓZIMO BARROZO DO AMARAL
(56 anos)
Jornalista

* Rio de Janeiro, RJ (28/05/1941)
+ Miami, Estados Unidos (18/11/1997)

Zózimo Barrozo do Amaral foi um dos mais prestigiados jornalistas do Brasil, na segunda metade do século XX. 

Filho de banqueiro, largou no meio o curso de direito, morou dois anos em Paris como estudante e freqüentou a sociedade carioca muito antes que ela, cada vez mais povoada por endinheirados que nasceram pobres, aprendesse a fazer qualquer coisa para freqüentar sua coluna. 

Ingressou no jornalismo em 1959, no jornal O Globo. Ali colaborou na coluna de Carlos Swann, até fevereiro de 1964 quando transferiu-se para o diário Jornal do Brasil, então um dos maiores do país. 

Foto: Veja Rio (http://vejario.abril.com.br)
Apesar de praticamente desconhecido, foi anunciado como uma grande aquisição pelo jornal, e aos poucos passou a imprimir à sua coluna o estilo bem-humorado e diversificado: não limitava-se a falar apenas da alta sociedade, mas também dos bastidores da política - o que lhe valeu a prisão em mais de uma ocasião, durante a Ditadura Militar de 1964 ao registrar que o general Aurélio de Lyra Tavares, ministro do Exército, levara um empurrão numa cerimônia em quartel, e armar uma trincheira solitária no Jornal do Brasil contra a candidatura Paulo Maluf, quando ele parecia fadado a ganhar a Presidência da República no tapetão de 1984.

Em sua coluna também comentava notícias sobre economia e, como editor, foi responsável pelo chamado "Caderno B" e também editorava o "Informe JB". 

Em 1993 voltou para O Globo, assinando sua própria coluna. Ali permaneceu até o ano de sua morte. Zózimo nasceu rico. Com a morte do pai, na década de 80, recebeu mais de 2 milhões de dólares. Com o dinheiro da herança, teve apartamento em Paris. Depois de trinta anos de sucesso, tinha menos que ao começar.

Aos 56 anos, seus luxos eram um apartamento em Miami e um automóvel Mercedes-Benz, ambos pendurados em prestações a perder de vista. Pródigo com dinheiro, Zózimo dissipou uma saúde que, bem depois de atravessar a barreira dos 40 anos, lhe permitia comparecer a vários jantares e festas numa noite e, depois de jogar tênis de manhã, chegar ao jornal com o ar de quem estava saindo de um spa. Foi o inventor da "esticada", que eventualmente emendava um jantar regado a champanhe francês com chope de bar diante do sol nascente.

Estátua Tamanho Natural (Leblon)
Ao mesmo tempo, foi o pioneiro das notícias de esporte nas colunas sociais. Cobriu, com garra de tenista e torcedor de futebol, Copas do Mundo e os Torneios de Roland-Garros. Do alto desse fôlego, em 1988 resumiu numa entrevista sua fórmula de colunismo: "É basicamente trabalho. A coluna sai pior ou sai melhor dependendo do tempo que se dedica a ela".

Esse tempo passou a faltar a ele e à coluna no começo da década de 90, quando iniciou uma briga difícil com o alcoolismo e a depressão. Da bebida, depois de uma série de internações, parecia livre havia três meses, quando uma dor de cabeça denunciou que tinha o organismo tomado pela Metástase. Acabara de largar o cigarro, depois de fumar desde a adolescência mais de quatro maços por dia, mesmo quando fazia em sua coluna campanhas contra o fumo. Essa era a marca registrada de Zózimo. Tratava todo mundo muito bem, mas se tratava muito mal.

Zózimo morreu numa terça-feira, dia 18/11/1997, vítima de um Câncer Pulmonar, no Hospital Mount Sinai, em Miami, Estados Unidos, onde tinha ido tratar-se. Estava inconsciente havia um mês e, antes que o seqüestrasse a violência terminal do câncer diagnosticado em setembro, reservou com exclusividade à mulher, Dorita Moraes Barros, as palavras em que condensou a derradeira amostra de sua incurável elegância: "Não sofra. Está ruim viver. Não me segure aqui. Boa viagem". Lacônica como uma nota, ele foi o jornalista que escrevia melhor em duas linhas. 

Excertos

Seu estilo inconfundível e muitas vezes sem dizer explicitamente aquilo que efetivamente noticiava, e que lhe renderam processos, e nenhuma condenação, denotavam sua capacidade de crítica e percepção, como nesta nota, lembrada pela jornalista Belisa Ribeiro, em que noticiou o fato da atriz Sônia Braga ter ficado de cócoras durante um discurso presidencial:

"No cinema: É um pássaro? É um avião? Não, é o Super-Homem. No Planalto: É uma penosa? É uma enceradeira? Não, é a Sônia Braga."

Numa de suas crônicas, o alvo foi a Lagoa Rodrigo de Freitas, para ele errada a começar pelo nome "que ninguém tem a menor idéia de quem seja"

"No fundo - ou no raso, já que a Lagoa dá hoje a impressão de ter no máximo, mesmo no meio, uns 20cm de profundidade (a gente olha e vê a centenas de metros de distância garças com água pela canela. Ou a Lagoa tem uma profundidade pífia ou são aquelas as garças mais pernaltas do mundo) - Deus talvez tenha posto ali os demônios para se vingar dos atentados cometidos contra aquela sua criação."

Homenagens

  • Uma estátua em tamanho natural do jornalista, feita pelo artista plástico Roberto Sá, foi inaugurada no Leblon, no dia 25 de novembro de 2001.
  • Também no Rio de Janeiro há um centro comunitário com seu nome.

Fonte: Wikipédia e Veja (Marcos Sá Corrêa)

Fernando Sabino

FERNANDO TAVARES SABINO
(80 anos)
Escritor e Jornalista

* Belo Horizonte, MG (12/10/1923)
+ Rio de Janeiro, RJ (11/10/2004)

Durante a adolescência, foi locutor de programa de rádio Pila No Ar e começou a colaborar regularmente com artigos, crônicas e contos em revistas da cidade, conquistando prêmios em concursos.

No início da década de 1940, começou a cursar a Faculdade de Direito e ingressou no jornalismo como redator da Folha de Minas. O primeiro livro de contos, "Os Grilos Não Cantam Mais", foi publicado em 1941, no Rio de Janeiro, quando o autor tinha apenas dezoito anos, e sendo que alguns contos do livro foram escritos quando Fernando Sabino tinha apenas quatorze anos.

Tornou-se colaborador regular do jornal Correio da Manhã, onde conheceu Vinicius de Moraes, de quem se tornou amigo.

Esportista, bateu diversos recordes de nado de costas, sua especialidade, tornando-se campeão sul-americano dessas modalidade em 1939.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1944. Depois de se formar em Direito na Faculdade Federal do Rio de Janeiro em 1946, viajou com Vinicius de Moraes aos Estados Unidos, onde morou por dois anos em Nova York com sua primeira esposa Helena Sabino e a primogenita Eliana Sabino.


O Encontro Marcado, uma de suas obras mais conhecidas, foi lançada em 1956, ganhando edições até no exterior, além de ser adaptada para o teatro. Fernando Sabino decidiu, então, em 1957, viver exclusivamente como escritor e jornalista. Iniciou uma produção diária de crônicas para o Jornal do Brasil, escrevendo mensalmente também para a revista Senhor.

Em 1960, Fernando Sabino publicou o livro O Homem Nu, pela Editora do Autor, fundada por ele, Rubem Braga e Walter Acosta. Publicou, em 1962, "A Mulher do Vizinho", que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia, do Pen Club do Brasil.


Publicou O Grande Mentecapto em 1979, iniciado há mais de trinta anos. A obra, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Literatura, e acabaria sendo adaptada para o cinema, com direção de Oswaldo Caldeira, em 1989, e também para o teatro. Em julho de 1999, recebeu da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra.

Faleceu em sua casa em Ipanema, zona sul no Rio de Janeiro, vítima de Trauma Abdominal Fechado no fígado, às vésperas do seu 81º aniversário. A pedido, o epitáfio é o seguinte: "Aqui Jaz Fernando Sabino, Que Nasceu Homem e Morreu Menino!"

Obra

  • 1941 - Os Grilos Não Cantam Mais (Contos)
  • 1944 - A Marca (Novela)
  • 1950 - A Cidade Vazia (Crônicas sobre Nova York)
  • 1952 - A Vida Real (Novelas)
  • 1956 - O Encontro Marcado (Romance)
  • 1960 - O Homem Nu (Crônicas)
  • 1962 - A Mulher Do Vizinho (Crônicas)
  • 1965 - A Companheira De Viagem (Crônicas)
  • 1967 - A Inglesa Deslumbrada (Crônicas)
  • 1975 - Gente (Crônica sobre personalidades com quem Fernando Sabino teve contato)
  • 1976 - Deixa o Alfredo Falar! (Crônicas)
  • 1977 - O Encontro Das Águas (Crônicas sobre uma viagem à cidade de Manaus, AM)
  • 1979 - O Grande Mentecapto (Romance)
  • 1980 - A Falta Que Ela Me Faz (Crônicas)
  • 1982 - O Menino No Espelho (Romance)
  • 1983 - O Gato Sou Eu (Crônicas)
  • 1984 - Macacos Me Mordam
  • 1984 - A Vitória Da Infância
  • 1985 - A Faca De Dois Gumes (Novelas)
  • 1987 - O Pintor Que Pintou o Sete
  • 1987 - Martini Seco
  • 1988 - O Tabuleiro Das Damas (Autobiografia literária)
  • 1989 - De Cabeça Para Baixo (Crônicas de viagens)
  • 1990 - A Volta Por Cima (Crônicas)
  • 1991 - Zélia, Uma Paixão (Biografia)
  • 1992 - O Bom Ladrão (Novela)
  • 1993 - Aqui Estamos Todos Nus
  • 1993 - Os Restos Mortais
  • 1994 - A Nudez Da Verdade
  • 1995 - Com a Graça de Deus
  • 1996 - O Outro Gume Da Faca (Novela)
  • 1997 - Um Corpo De Mulher
  • 1998 - O Homem Feito Novela (Originalmente publicada no volume A Vida Real)
  • 1998 - Amor de Capitu (Recriação literária)
  • 1998 - No Fim Dá Certo (Crônicas)
  • 1999 - A Chave Do Enigma
  • 1999 - O Galo Músico
  • 2000 - Cara Ou Coroa?
  • 2000 - Duas Novelas De Amor
  • 2001 - Livro Aberto - Páginas Soltas Ao Longo Do Tempo (Crônicas, entrevistas, fragmentos, etc)
  • 2001 - Cartas Perto Do Coração (Correspondência com Clarice Lispector)
  • 2001 - Os Caçadores De Mentira
  • 2002 - Cartas Na Mesa (Correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino)

Fonte: Wikipédia