J. Carlos

JOSÉ CARLOS DE BRITO E CUNHA
(66 anos)
Chargista, Ilustrador e Designer Gráfico

* Rio de Janeiro, RJ (18/06/1884)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/10/1950)

José Carlos de Brito e Cunha, conhecido como J. Carlos, foi um chargista, ilustrador e designer grafico brasileiro. J. Carlos também fez esculturas, foi autor de teatro de revista, letrista de samba, e é considerado um dos maiores representantes do estilo Art Déco no design gráfico brasileiro.

Seu primeiro trabalho foi publicado em 1902, na Revista Tagarela, com uma legenda explicando ser aquele o desenho de um principiante, mas, em seguida, passa a colaborar regularmente com a revista e em abril do ano seguinte já desenha a capa da publicação. Os trabalhos de J. Carlos apareceriam nas melhores revistas de sua época: O Malho, O Tico Tico, Fon-Fon, Careta, A Cigarra, Vida Moderna, Eu Sei Tudo, Revista da Semana e O Cruzeiro.

Fez histórias em quadrinhos com a negrinha Lamparina, mas seus desenhos mais conhecidos são as figuras típicas do Rio de Janeiro, os políticos da então capital federal, os sambistas, os foliões no carnaval e, principalmente, a melindrosa, uma mulher elegante e urbana que surgia com a modernidade do século XX. Juntamente com Raul Pederneiras e com Kalixto formou o triunvirato máximo da caricatura brasileira da Primeira República.

Além de variada, sua obra é bastante numerosa, sendo calculada por alguns em mais de cem mil ilustrações.

Nos anos 30, J. Carlos foi o primeiro brasileiro a desenhar Mickey Mouse. J. Carlos desenhou o personagem em capas e peças publicitárias na revista O Tico Tico.

Também foi responsável pela capa da primeira edição do Suplemento Infantil do jornal A Nação, suplemento criado por Adolfo Aizen.

Em 1941, Walt Disney visitou o Brasil. Disney ficou impressionado com o estilo de J. Carlos e o convidou para trabalhar em Hollywood. O ilustrador recusou o convite, porém enviou a Disney um desenho de um papagaio que serviu de inspiração para a criação de Zé Carioca.

No álbum Hoje é Dia de Festa de 1997, o cantor Zeca Pagodinho inseriu desenhos de J. Carlos na capa.

Morte

J. Carlos sofreu um Aneurisma Cerebral enquanto estava reunido com o compositor João de Barro, o Braguinha, discutindo a ilustração para a capa de seu próximo disco, e faleceu dois dias depois.

Fonte: Wikipédia

Preguinho

JOÃO COELHO NETTO
(74 anos)
Jogador de Futebol

* Rio de Janeiro, RJ (08/02/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (01/10/1979)

Filho do escritor Coelho Neto, autor do livro sobre o primeiro cinquentenário da História do Fluminense, historiador e dirigente deste clube. Preguinho era sócio do Fluminense antes mesmo de nascer, ingressando nas equipes infantis do clube carioca em em 1916, com 11 anos. Sua estreia enquanto futebolista do tricolor carioca ocorreu em 19 de abril de 1925: naquela tarde, Preguinho havia conquistado o tricampeonato estadual de natação, na categoria de 600 metros. Ainda com a medalha no peito, pegou um táxi até o Estádio das Laranjeiras para ajudar o Fluminense a conquistar o Torneio Início do Rio de Janeiro.

Passou toda sua carreira no Fluminense. Enquanto futebolista, foi o primeiro capitão, artilheiro e autor do primeiro gol da Seleção Brasileira de Futebol em uma Copa do Mundo, em jogo contra a Iugoslávia (derrota do Brasil por 1-2), na Copa do Mundo de 1930, em época em que seu apelido era Prego, sem o diminutivo.

No jogo seguinte da competição, ante a Bolívia, marcou dois dos quatro gols da vitória brasileira (4-0). Para além de ter sido o autor do primeiro gol do escrete em fase finais do Mundial, Preguinho ficaria ainda na história por ter sido o melhor marcador do Brasil na competição de 1930 (com 3 gols) e por ter sido o primeiro capitão dessa equipe.

Há um depoimento seu sobre sua participação nesta Copa, no filme Futebol Total, dirigido por Carlos Leonam e Oswaldo Caldeira e produzido por Carlos Niemeyer e pelo Canal 100 e, até o final de sua vida, Preguinho participou ativamente da política do Tricolor, sendo figura muito importante na política interna do Fluminense Football Club.

Ainda no Século XXI é um dos maiores artilheiros do Fluminense com 184 gols marcados.

Foi o artilheiro do Fluminense nos campeonatos cariocas de 1928, 1929, 1930, 1931 e 1932, sendo que em 1930 e 1932 foi o artilheiro do Campeonato Carioca.

Além do futebol, Preguinho praticou outras nove modalidades: remo, vôlei, basquete, polo aquático, saltos ornamentais, atletismo, hóquei, tênis de mesa e natação.

Após a profissionalização do futebol, em 1933, Preguinho continuou a atuar de forma amadora, recusando-se a receber dinheiro do Fluminense. Afora seu desempenho dentro das quatro linhas, é também um dos maiores pontuadores da história do basquete tricolor, com 711 pontos anotados.

Amor ao Tricolor

Ele sempre se recusou a receber dinheiro do clube, permanecendo como amador mesmo após a profissionalização do futebol. Jogou por este de clube de 1925 a 1934. Em 1925, depois de nadar a prova dos 600 metros e ajudar o Fluminense a ser tricampeão estadual de natação, foi de táxi às Laranjeiras a tempo de jogar contra o São Cristóvão e ganhar o título do Torneio Início.

Trouxe para o Fluminense 387 medalhas e 55 títulos nas oito modalidades que praticava. Tais façanhas fizeram dele o mais festejado herói tricolor e, em 22 de janeiro de 1952, Preguinho recebeu o título de "Benemérito-Atleta" do Fluminense, o que mais o orgulhou até a sua morte, em 1979. Um busto na sede do clube e o nome do ginásio são merecidas homenagens. À ocasião, ele disse:

"Eu nem sabia falar direito e o Fluminense já estava em minha alma, meu coração e em meu corpo."

Morte

Preguinho morreu em 1979, aos 74 anos, devido a problemas pulmonares.

Fonte: Wikipédia

Barão de Serra Negra

FRANCISCO JOSÉ DA CONCEIÇÃO
(78 anos)
Fazendeiro e Político

* Fazenda Bom Jardim, Rio das Pedras (Piracicaba), SP (1822)
+ Fazenda Bom Jardim, Rio das Pedras (Piracicaba), SP (01/10/1900)

Primeiro e único Barão de Serra Negra, foi um fazendeiro e político brasileiro.

Era filho de Antônio José da Conceição e Rita Morato de Carvalho, sendo neto materno de Manuel Morato do Canto, tido como um dos fundadores modernos de Rio das Pedras. Descendia de Lemos Conde, descobridor das Minas de Paranaguá. Sua mãe era descendente de Amador Bueno de Ribeira, "O Aclamado".

Francisco José da Conceição foi cafeicultor destacado em Piracicaba, tendo sido o primeiro a introduzir aparelhos aperfeiçoados para beneficiar café e instrumentos aratórios na região. Também iniciou o plantio de algodão nesse município.

Foi fundador e benfeitor, em 1854, da Santa Casa de Misericórdia, à qual doou oitocentas ações de suas empresas. Também, nesta cidade, construiu o Hospício dos Alienados. Foi chefe do Partido Liberal. Ofereceu hospedagem por duas vezes, em 1877 e depois, ao Conde d'Eu, quando de sua visita a Piracicaba. Foi um dos incorporadores da Cia. de Navegação Fluvial a Vapor e um dos fundadores do Banco de Piracicaba.

Casou-se com Gertrudes Eufrosina da Rocha, filha do capitalista português Manuel da Rocha Garcia e de Ana Joquina do Amaral Rocha. Desta união, nasceram dez filhos:

  • João Batista da Rocha Conceição casado com Maria de Nazaré da Costa Pinto, filha do Conselheiro Antônio da Costa Pinto e de sua primeira mulher, Maria de Nazaré de Sousa Queirós;
  • Francisco Júlio da Conceição casado com Ana Monteiro de Barros, filha de Rodrigo Antônio Monteiro de Barros;
  • Antônio Augusto da Conceição casado com Laura Correia Pacheco, filha de Antônio Correia Pacheco;
  • Júlio Conceição, famoso botânico e orquidófilo, casado com Mariana de Freitas, natural de Santos;
  • Francisca Conceição casada com Adolfo Correia Dias;
  • Angelina Conceição casada com Torquato da Silva Leitão, médico e político de Piracicaba;
  • José da Conceição casado com Angelina da Silveira, filha do Comendador Joaquim da Silveira.

Título Nobiliárquico

Agraciado Barão, pelo Imperador Dom Pedro II, em 17 de maio de 1871.

Homenagem

O estádio municipal de Piracicaba chama-se Barão de Serra Negra, em sua homenagem. O estádio é o local onde o XV de Piracicaba manda seus jogos.

Fonte: Wikipédia

Olegário Maciel

OLEGÁRIO DIAS MACIEL
(77 anos)
Engenheiro e Político

* Bom Despacho, MG (08/10/1855)
+ Belo Horizonte, MG (05/09/1933)

Foi um dos líderes da Revolução de 1930 que conduziu Getúlio Vargas ao poder no Brasil.

Filho de Antônio Dias Maciel e Flaviana Rosa da Silva Maciel, iniciou seus estudos no Colégio do Caraça. Formou-se em Engenharia pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1878. Foi engenheiro superintendente da Companhia Belga da Estrada de Ferro Pitangui-Patos e também juiz de paz em Santo Antônio de Patos, atual Patos de Minas, MG.

O município vizinho de Patos de Minas passou a se chamar Presidente Olegário em homenagem à Olegário Maciel, que fora presidente da província de Minas Gerais no tempo da República Velha (1889-1930).

Atuação Política

Iniciou sua carreira política em Minas Gerais como deputado provincial pelo Partido Liberal entre 1880 e 1883. No início da República, elegeu-se deputado à Constituinte Mineira de 1891 a 1893. Foi eleito deputado federal pelo Partido Republicano Mineiro (PRM) em 1894, iniciando ali um longo período de permanência na Câmara Federal, onde obteve sucessivos mandatos até 1911.

Permaneceu alguns anos afastados da política, exercendo os cargos de consultor técnico do Ministério de Viação e Obras Públicas e inspetor dos Serviços de Vias Férreas durante o governo de Venceslau Brás (1914-1918).

Retornou à política ao se eleger vice-presidente do estado de Minas Gerais para o período de 1922 a 1926 na chapa de Raul Soares de Moura, assumindo o governo de agosto a dezembro de 1924, em virtude da doença e morte de Raul Soares. Também em 1922, elegeu-se senador por Minas Gerais, permanecendo no cargo por oito anos.

Em 1930 foi indicado por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada para sucedê-lo na presidência de Minas Gerais, elegeu-se e assumiu o cargo em 7 de setembro daquele ano. Assim como Antônio Carlos, que por temer a derrota adiou por muito tempo seu apoio ao movimento que pretendia depor o presidente Washington Luís, Olegário Maciel também hesitou inicialmente em colocar-se ao lado dos revolucionários.

Após algumas consultas ao ex-presidente Artur Bernardes, acabou por juntar-se aos estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba, derrubando Washington Luís para evitar a posse de Júlio Prestes, que vencera a disputa pela Presidência da República travada com o candidato apoiado pela Aliança Liberal, Getúlio Vargas. O movimento saiu-se vitorioso e conduziu Getúlio Vargas à Presidência da República. Olegário Maciel foi o único dos presidentes estaduais a ser mantido em seu cargo, uma vez que, para os demais Estados, Getúlio Vargas nomeou interventores federais.

Olegário Maciel apoiou em Minas Gerais a formação de uma agremiação fascista, denominada Legião de Outubro, cujo objetivo era fortalecer o apoio ao novo regime, o que despertou a reação contrária de Artur Bernardes e seus seguidores dentro do Partido Republicano Mineiro.

Em agosto de 1931, Osvaldo Aranha tentou um golpe contra Olegário Maciel, no entanto a tentativa de afastá-lo do governo de Minas foi frustrada pela ação da Força Pública estadual, sob o comando de seu oficial-de-gabinete Gustavo Capanema.

Olegário Maciel tentou reunir as forças políticas mineiras no Partido Social Nacionalista, mas seus esforçoes não lograram êxito em razão do Movimento Constitucionalista deflagrado por São Paulo em 9 de julho de 1932. Se antes do conflito Olegário Maciel era entusiasta da reconstitucionalização do Brasil, após o levante paulista preferiu manter-se fiel ao governo federal, não apenas deslocando tropas de Minas Gerais para combates na divisa com São Paulo, como também punindo quem tentava dentro de Minas Gerais apoiar as ações paulistas, como era o caso de Artur Bernardes e Venceslau Brás.

Fundou em 1933 o Partido Progressista, vindo a falecer alguns meses depois.

Fonte: Wikipédia

Eliana Tranchesi

ELIANA MARIA PIVA DE ALBUQUERQUE TRANCHESI
(56 anos)
Empresária

* São Paulo, SP (24/11/1955)
+ São Paulo, SP (24/02/2012)

Eliana Tranchesi foi uma empresária brasileira do ramo da moda, especializada em grifes internacionais. Trouxe para o Brasil lojas do porte de Dolce Gabbana, Giorgio Armani, Louis Vuitton, Christian Dior, Prada, Chanel, Burberry, Salvatore Ferragamo, Gucci, Fendi, Chloé, Cacharel, Yves Saint Laurent, Goyard, Tom Ford e Tods. Foi proprietária da Daslu em São Paulo.

Filha de Lucia Piva, co-fundadora da Daslu, foi casada com o médico Bernardino Tranchesi e teve três filhos: Bernardo, Luciana e Marcela. Com o falecimento de Lucia Piva, Eliana Tranchesi passou a comandar a loja que, em 2005, saiu da Vila Nova Conceição para um espaço maior na Vila Olímpia rebatizada como Villa Daslu.

Prisão

Em 13 de julho de 2005, o Ministério Público, a Receita Federal e a Polícia Federal moveram a Operação Narciso resultando na prisão de Eliana Tranchesi e de seu irmão, Antonio Carlos Piva de Albuquerque. Porém, Eliana Tranchesi foi liberada logo depois de prestar depoimento.

Em abril de 2008, o Ministério Público Federal em Guarulhos pediu a condenação de Eliana Tranchesi e mais seis envolvidos no suposto esquema de importações fraudulentas.

Em 26 de março de 2009, a justiça brasileira condenou a pena máxima de 94,5 anos de prisão dada à empresária Eliana Tranchesi. Os outros seis réus foram condenados. Ambos foram acusados de formação de quadrilha, falsidade ideológica e descaminho tentado e consumado - importar ou exportar mercadoria lícita sem os devidos pagamentos de impostos.

A Justiça considerou ainda o grupo "uma quadrilha que cometeu crimes financeiros de forma habitual e recorrente, mesmo após a denúncia do Ministério Público Federal". Na sentença, a juíza Maria Isabel do Prado destacou que houve "ganância" e que Eliana Tranchesi "demonstrou ter personalidade integralmente voltada para o crime".

Em sua decisão, a juíza mencionou que a "organização criminosa" também deve ser presa por ter "conexões no estrangeiro" e que os acusados praticavam "crimes de forma habitual, como verdadeiro modo de vida, ou seja, são literalmente profissionais do crime".

No mesmo dia, a empresária foi presa pela Polícia Federal em cumprimento a sentença judicial, mas, um dia depois, a defesa conseguiu um habeas corpus e Eliana Tranchesi foi libertada.

Doença e Morte

Em 2006, revelou que havia retirado um tumor do pulmão, que teve metástase na coluna e que estava se submetendo a sessões de quimioterapia e radioterapia. Devido a sua prisão em março de 2009, revelou que retomou o tratamento.

Eliana Tranchesi morreu na madrugada de sexta-feira, 24/02/2012, aos 56 anos vítima de complicações de um câncer no pulmão. Ela estava internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Em nota divulgada pelo Hospital Albert Einstein por volta das 11:00 hs da sexta-feira, 24/02/2012, informou que Eliana Tranchesi morreu "a 0h20 de hoje, em decorrência de um câncer pulmonar complicado por pneumonia".

"A diretoria da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein estende nesse momento suas condolências aos familiares", dizia a nota, assinada pelo presidente do hospital, Claudio Luiz Lottenberg, e o médico oncologista Sérgio Simon.

O enterro ocorreu às 15:00 hs do dia 24/02/2012 no Cemitério do Morumbi.


Pery Ribeiro

PERI OLIVEIRA MARTINS
(74 anos)
Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (27/10/1937)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/02/2012)

Pery Ribeiro era filho de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins. Tem seis irmãos (quatro por parte de pai, um de pai e mãe, e uma irmã adotiva por parte de mãe). Foi um grande admirador da obra artística de seus pais, e através deles conseguiu se decidir e apreciar a música, seguindo a carreira de cantor.

Despontou como cantor ainda na infância, e logo se tornou sucesso. Na chegada a adolescência passou a fazer shows profissionais.

Mais tarde no anos 50, passou a adotar o nome artístico de Pery Ribeiro, por sugestão do radialista César de Alencar. O primeiro disco foi gravado em 1960, mesmo ano em que estreou como compositor com a música Não Devo Insistir, com Dora Lopes. Em 1961 foi o intérprete de Manhã de Carnaval e Samba de Orfeu, ambas de Luiz Bonfá e Antônio Maria.

Pery gravou a primeira versão comercial da canção Garota de Ipanema, sucesso em todo o mundo, além de 12 discos dedicados à Bossa Nova. A partir da década de 1970, desenvolveu trabalhos mais voltados para o Jazz, ao lado de Leny Andrade, viajando pelo México e Estados Unidos, onde atuou também ao lado do conjunto de Sérgio Mendes.

Entre os 50 troféus e 12 prêmios que ganhou, estão o Troféu Roquette Pinto, o Troféu Chico Viola e o Troféu Imprensa.

Foi apresentador de programas de televisão e participou de alguns filmes no cinema nacional.

Morou muitos anos com a família em Miami, na Flórida, retornando em 2011 para a cidade do Rio de Janeiro.

Morte

Faleceu aos 74 anos, vítima de um Infarto Agudo do Miocárdio.

De acordo com a esposa de Pery, a empresária Ana Duarte, ele estava internado havia 30 dias no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Zona Norte, para tratar de uma Endocardite e tinha alta programada para esta semana.

Fonte: Wikipédia

Padre Leonel Franca

LEONEL EDGARD DA SILVEIRA FRANCA
(55 anos)
Professor e Sacerdote

* São Gabriel, RS (06/01/1893)
+ Rio de Janeiro, RJ (03/09/1948)

Entrou para a Companhia de Jesus em 1908, ordenando-se sacerdote em 1923. Foi então para Roma, onde doutorou-se em teologia e filosofia na Universidade Gregoriana.

De volta ao Brasil, foi professor do Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro. Lecionou história da filosofia, psicologia experimental e química no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo.

Foi membro do Conselho Nacional de Educação em 1931 e vice-reitor do Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro. Teve papel destacado na fundação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e foi, também, seu primeiro reitor. Em 1947 recebeu o Prêmio Machado de Assis.

Algumas de Suas Obras

  • 1918 - Noções de História da Filosofia
  • 1919 - Apontamentos de Química Geral
  • 1922 - A Igreja, a Reforma e a Civilização
  • 1949 - Pensamentos Espirituais (Publicada Postumamente)

Fonte: Wikipédia

Padre Eustáquio

HUMBERTO VAN LIESHOUT
(52 anos)
Padre

* Aarle Rixtel, Holanda (03/11/1890)
+ Belo Horizonte, MG (30/08/1943)

Humberto van Lieshout, que mais tarde seria conhecido como o venerável Padre Eustáquio, nasceu no dia 3 de novembro de 1890, em Aarle Rixtel, na Holanda. Passou o final de sua vida no bairro Celeste Império, vizinho ao Jardim Montanhês, celebrando Missas na Capela Cristo Rei, única igreja existente nas proximidades dos bairros Celeste Império, Villa Minas Gerais e Progresso (atual bairro Padre Eustáquio).

Andava por toda a região, atendendo pessoas e resumindo sua missão em duas palavras: "Saúde e Paz", numa atitude de fé e amor ao próximo.

Em 10 de dezembro de 1913, Padre Eustáquio iniciou o noviciado canônico, em Tremelo, na Bélgica. Fez votos temporários de pobreza, castidade e obediência como religioso da Congregação dos Sagrados Corações, no dia 27 de janeiro de 1915, tendo feito os votos perpétuos três anos mais tarde.

A 10 de agosto de 1919, após cursar filosofia e teologia em seminários da Congregação, foi ordenado sacerdote por Dom Henrique Hopmans, bispo da diocese holandesa de Breda. Desse ano até agosto de 1924, trabalhou como auxiliar do mestre de noviços, vigário paroquial em Roelofarendsveen, tendo exercido, em 1920, o ministério sacerdotal em Maassluis, nas proximidades de Roterdam, cuidando de grande comunidade de famílias belgas que, em 1914, tiveram que deixar sua pátria, por causa da invasão alemã.

Em agosto de 1924, por ordem dos superiores, chegou à comunidade da Congregação em Miranda de Ebro, na Espanha, a fim de aprender a língua espanhola, pois fora nomeado missionário na América do Sul, juntamente com os padres Gil van den Boorgart e Matias van Rooy. Em 22 de abril do ano seguinte, os três deixaram o porto de Amsterdam com destino ao Rio de Janeiro.

No dia 15 de julho de 1925, Padre Eustáquio e seus irmãos de Congregação chegaram em Romaria, no Triângulo Mineiro, onde assumiram a pastoral do santuário episcopal e da Paróquia de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja, Paróquia de São Miguel de Nova Ponte e Paróquia de Santana de Indianópolis, todas na Arquidiocese de Uberaba. A Padre Eustáquio, coube a função de vigário paroquial com prioridade de serviços de atendimento às comunidades da sede paroquial de Nova Ponte e de todas as suas capelas.

Em 26 de março de 1926, tornou-se reitor do Santuário de Nossa Senhora da Abadia, pároco das três paróquias citadas e da Paróquia de Iraí de Minas e assumiu, também, as responsabilidades de conselheiro da Congregação dos Sagrados Corações no Brasil.

Ao ministrar suas orientações pessoais ações curativas de enfermidades físicas Padre Eustáquio falava da disposição de Deus em curar as pessoas integralmente e, sempre que possível, indicava medicamentos naturais de aquisição fácil e uso seguro. Para tanto, seguia, com critério, as orientações medicamentais do "Manual de Medicina no Campo", um compêndio de medicina natural e de primeiros socorros que ele sempre carregava consigo, no bolso da batina ou com seus objetos religiosos, numa pequena valise de couro.

Era comum vê-lo consultar o manual, após ter dado alguma bênção ou antes de fazer a indicação de algum medicamento. Com freqüência, costumava-se vê-lo coletando folhas e raízes cujas serventias medicamentosas costumava testar em casa. Muitas pessoas que necessitavam de ajuda, na falta de farmacêutico ou médico, procuravam Padre Eustáquio.

De Romaria, foi transferido para Poá em São Paulo, onde continuou seu trabalho, incentivando lideranças religiosas existentes. Também fazia bênçãos, entre elas a da água no reservatório e nas pias de água benta, à entrada da igreja. Com o passar do tempo, os fiéis começaram a levar para a igreja garrafas de água para ser abençoadas. Com a notícia de fatos referentes a bênçãos do Padre Eustáquio seguidas de curas, o aglomerado de pessoas começou a aumentar em Poá. Por causa do transtorno, foi enviado para Araguari e ficou um tempo em reclusão, mantendo comunicação por carta com outras pessoas, principalmente seu amigo Padre Gil.

A 12 de fevereiro de 1942, Padre Eustáquio regeu a Paróquia de Ibiá, até ser transferido para Belo Horizonte em 7 de abril do mesmo ano. Chegou na capital mineira sem alarde, já que era nacionalmente venerado como santo e taumaturgo. Porém, a despeito da discrição, logo nos primeiros dias muitas pessoas o procuraram pedindo bênçãos e curas, na Capela Cristo Rei, no bairro Celeste Império.

Como a Capela Cristo Rei, matriz provisória, era muito distante do convento dos frades franciscanos, onde os padres dos Sagrados Corações se hospedavam, por praticidade, Padre Eustáquio alugou uma casa a apenas um quilômetro da capela.

Em 9 de setembro de 1942, o então prefeito da capital, Juscelino Kubitschek, que se considerava beneficiado por milagre conseguido por intercessão do Padre Eustáquio, doou à paróquia um terreno onde foi construída a Igreja dos Sagrados Corações, cuja pedra fundamental foi abençoada por Dom Cabral. Nesse dia, após a cerimônia, Padre Eustáquio disse a alguns membros da Comissão Pró-Construção da Matriz: "Não verei o fim da guerra. Comecei a igreja, mas não a terminarei".

Em 1943, de 18 a 21 de agosto, durante o retiro que pregava às alunas do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Belo Horizonte, Padre Eustáquio demonstrou aparência abatida e cansaço. No dia seguinte, repousou em seu quarto, febril e trêmulo.

Na manhã do dia 23, ainda febril e mais abatido, dirigiu-se à igreja, como fazia todos os dias, para rezar a missa. Ao final, dirigiu-se à sacristia, onde se sentou em um banco e desfaleceu.

Os médicos Américo Souza Gomes, Olinto Orsini de Castro, Alfredo Balena e Otávio Coelho Magalhães o examinaram, mas não houve dúvida no diagnóstico: Tifo Exantemático, devido a uma picada de carrapato.

Padre Eustáquio permaneceu ali, rezando, embora dissesse que não sobreviveria. Recebeu o sacramento dos enfermos, mas chamava ansiosamente pelo amigo Padre Gil. Enquanto o aguardava, fez a renovação dos votos religiosos, pressentindo que a morte estava perto.

As freiras, os médicos e os enfermeiros emocionaram-se vendo seu olhar irradiar-se quando ele repetia cada palavra da seguinte fórmula que Padre Hermenegildo lhe ditava, com lentidão e clareza:

"Eu, Eustáquio, conforme as Constituições, Estatutos e Regras, renovo os meus votos de pobreza, castidade e obediência como irmão da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, em cujo serviço quero viver e morrer. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo"

Depois, a sós com seus dois confrades, disse em tom de alívio e de espera:

"Graças a Deus, estou pronto! Mas como demora o Padre Gil!"

No dia 30 de agosto, Padre Gil conseguiu chegar para ver o amigo. Vendo-o à porta, Padre Eustáquio, em esforço heróico, tentou erguer-se do leito. Com voz serena, disse-lhe: "Padre Gil, Graças a Deus!" e desfaleceu-se, derradeiramente. No dia seguinte, Belo Horizonte amanheceu de luto. A imprensa divulgava, incessantemente, notícias sobre seu falecimento.

Padre Eustáquio faleceu no Sanatório Minas Gerais, atual Hospital Alberto Cavalcanti, Belo Horizonte.

Após sua morte, foi atribuída a ele a cura de um Câncer de um devoto, constatada clinicamente e comprovada cientificamente. Esse relato consta no processo para sua beatificação, iniciado em 1997. Outros casos de curas e milagres também são relatados por várias pessoas.

Padre Eustáquio costumava dizer que sua vocação era "amar e fazer amar a Deus".

Foi beatificado em 15 de junho de 2006 pelo Papa Bento XVI.

Dom Silvério

SILVÉRIO GOMES PIMENTA
(82 anos)
Professor, Orador, Poeta, Biógrafo, Prelado e Arcebispo

☼ Congonhas do Campo, MG (12/01/1840)
┼ Mariana, MG (30/08/1922)

Nascido em 1840, em Congonha do Campo, distrito de Ouro Preto, na época, capital da província de Minas Gerais, Silvério Gomes Pimenta tornou-se padre, depois bispo, arcebispo e, mais tarde, ingressou na Academia Brasileira de Letras. Foi o primeiro arcebispo negro do Brasil e também o primeiro membro do alto clero brasileiro eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 19.


 Segundo seus biógrafos, o pai, Antônio Alves Pimenta, teria origem lusitana e a mãe, Porsina Gomes de Araújo, africana. Vale lembrar que a Lei do Ventre Livre, que garantiu a liberdade aos filhos de escravizadas, só foi assinada em 1871. O que nos leva a concluir que ou ele não tenha nascido livre ou a mãe já fosse alforriada.

O pai morreu quando ele era muito pequeno e Porsina com seus filhos viviam em estado de miserabilidade, conforme Silvério relatou numa conferência episcopal internacional:

"... às angústias da pobreza, e não qualquer pobreza, senão uma indigência, na qual correram parelhas a fome, a nudez e o desagasalho."

Aos nove anos foi trabalhar no comércio e, a pedido de um tio paterno, foi admitido no colégio lazarista local. O mesmo tio conseguiu que o bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, Conde da Conceição, se tornasse padrinho de crisma do sobrinho e que o admitisse, aos 14 anos, no seminário da mesma ordem, uma vez que o colégio havia encerrado suas atividades.

Dois anos depois, o aluno começou a dar aulas de latim naquele mesmo seminário, além de trabalhar como ajudante de um sapateiro da cidade. Tornou-se também professor de Filosofia e de História Universal. Dom Viçoso foi quem o ordenou, aos 22 anos, na matriz de Sabará, e também tomou uma série de decisões que o ajudaram a evoluir na carreira sacerdotal.

Logo após a ordenação, Silvério foi enviado a Roma, na companhia do padre João Batista Cornagliotto, com quem foi recebido em audiência pelo Papa Pio IX, que indagou sobre a língua que utilizariam para conversar. E o Papa se surpreendeu com a resposta: "Em latim, ou grego, hebraico, francês ou alemão...".

Entusiasmado, o pontífice o convidou a fazer o sermão de uma missa no Vaticano. Surpreso com sua eloquência e conhecimentos teológicos, um cardeal teria comentado em latim: "Niger, sed sapiens!" (Negro, porém sábio!).

Ao retornar ao país, Silvério ocupou vários cargos religiosos até ser sagrado bispo titular de Cámaco e também assumiu o cargo de bispo auxiliar de Mariana, em 1890. Foi o primeiro religioso a se tornar bispo, no país, após a Proclamação da República. Em 1906, a diocese de Mariana foi elevada a arquidiocese e novamente ele foi pioneiro: desta vez o primeiro Arcebispo negro do Brasil.

Não lhe faltaram inimigos, principalmente, que o caluniaram com acusações amparadas tanto na cor de sua pele, quanto em sua origem paupérrima. Contam que durante uma visita à Basílica de Nossa Senhora de Lourdes, na França, o pároco local o impediu de ingressar na igreja. Informado de que estava diante de um arcebispo brasileiro, o vigário sentiu-se na obrigação de pedir-lhe perdão pela atitude racista.

Literatura

Quando nomeado bispo de Cámaco, começou a produzir suas célebres cartas pastorais. A primeira pastoral traz a data de 24 de novembro de 1890 e a última é de 10 de fevereiro de 1922.

Conhecedor que era do latim, grego, hebraico, além das línguas vivas que usava correntemente, publicou poesias em latim. Sua obra maior é a "Vida de Dom Viçoso". Como jornalista, Dom Silvério fundou e dirigiu, em Mariana, "O Bom Ladrão", "O Viçoso", "O Dom Viçoso" e o "Dom Silvério", editados sob sua orientação e dirigidos pelos padres Severiano de Resende e João Luís Espeschit.

Obras
  • 1873 - O papa e a Revolução (Sermões)
  • 1897 - Peregrinação a Jerusalém
  • 1876 - Dom Antônio Ferreira Viçoso, Bispo de Mariana, Conde da Conceição
  • 1873 - A Prática da Confissão (Estudos de Moral e Dogma)
  • 1890-1922 - Cartas Pastorais
  • Diversos Sermões, Orações, Conferências, Poesias Latinas em Periódicos

Academia Brasileira de Letras

Em 1919, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo recebido a 28 de maio de 1920 por Carlos de Laet. Ocupou a cadeira 19, que tem por patrono Joaquim Caetano da Silva, da qual foi o segundo imortal.

Fonte: WikipédiaRevista Raça Brasil

Domingos Fernandes Calabar

DOMINGOS FERNANDES CALABAR
(35 anos)
Senhor de Engenho

* Porto Calvo, AL (1600)
+ Porto Calvo, AL (1635)

Foi um senhor de engenho na capitania de Pernambuco, aliado dos neerlandeses que invadiram o Nordeste do Brasil. Uma das mais polêmicas figuras da história colonial brasileira.

Pouco se sabe desse personagem controverso da História do Brasil: nasceu em Porto Calvo, Alagoas, então parte integrante da Capitania de Pernambuco, por volta de 1600. Foi batizado na fé católica no dia 15 de março de 1610. Mulato, estudou com os jesuítas e, faz dinheiro com o contrabando, chegou a tornar-se senhor de terras e engenhos. Vários cronistas qualificam, no entanto, Calabar de mameluco e não de mulato.

Contra os Holandeses

Em 1580, Portugal passara para o domínio espanhol. A Holanda era, até então, aliada dos lusos mas, ao contrário, grande inimiga dos espanhóis. Estes, dada a intensidade do comércio lusitano com os holandeses, estabelecem uma trégua, que vigorou até 1621, quando retomaram os embates.

Fundou-se, então, na Holanda, a Geoctroyerd Westindische Companie - A Companhia das Índias Ocidentais. Tendo invadido a Bahia, dali foram expulsos, em 1625. Continuaram atacando naus ibéricas e, a 13 de fevereiro de 1630 iniciam o ataque a Olinda.

O neto de Duarte Coelho, Matias de Albuquerque, vindo da Espanha, viaja ao Brasil a fim de coordenar a defesa do país. Pouco auxílio deram-lhe em Portugal (27 soldados), mas chegando arregimenta dentre os nativos homens que pudessem auxiliar na defesa. Apesar disto, perde primeiro Olinda, e depois o Recife. Retirando-se, iniciando um combate em guerrilhas, que duras derrotas infligiam aos invasores.

Para estas emboscadas, muito contribuíra Domingos Fernandes Calabar, profundo conhecedor do território - composto, no litoral, de baías, mangues, rios e praias - aos quais os neerlandeses estavam acostumados - e no interior pelas matas, às quais este povo costeiro não se adaptara.

Comerciante e contrabandista, Calabar vivia a percorrer aqueles caminhos, e com seu auxílio viram-se os neerlandeses forçados a abandonar Olinda, que incendeiam, concentrando-se no Recife.

Calabar Muda de Lado

Por razões que nunca serão desvendadas inteiramente, Calabar muda de lado, em abril de 1632. Por ambição, desejo de alguma recompensa entre os invasores, convicção de que estes seriam vitoriosos ao final, ou ainda mesmo por supor que aqueles colonizadores trariam maiores progressos à terra que os portugueses - o fato foi que Calabar traiu seus antigos aliados.

Durante dois anos havia servido entre os seus conterrâneos, foi ferido duas vezes e ganhou alguma reputação. Dele afirma Robert Southey (História do Brasil, vol. I, página 349):

"Se, cometido algum crime, fugiu para escapar ao castigo; se o tratamento recebido dos comandantes o desgostou; ou, se o que é mais provável, com a traição, esperou melhorar de fortuna, é o que se não sabe. Mas foi o primeiro pernambucano que desertou para os neerlandeses, e se a estes fosse dado dentre todos fazer seleção de um, não teriam escolhido outro, tão ativo, sagaz, empreendedor e desesperado era ele, nem havia quem melhor conhecesse o país e a costa."

A vantagem mudara de lado - e os holandeses passam a conquistar mais e mais territórios, agora tendo ao seu lado o conhecimento de que necessitavam: conquistaram as vilas de Goiana e de Igaraçu, a ilha de Itamaracá e até o Forte do Rio Formoso.

Seu auxílio foi tão precioso que até o Forte dos Três Reis Magos, no Rio Grande do Norte, caiu sob domínio dos invasores que, com participação direta de Calabar destroem o Engenho do Ferreiro Torto. Seu domínio estendia-se, então, do Rio Grande até o Recife. Além de Calabar, aderem à proposta cristãos-novos, negros, índios e mulatos.

Pudsey, mercenário inglês à serviço da Holanda, descreve Calabar com grande admiração (Robert Southey, História do Brasil, vol. I):

"Nunca encontramos um homem tão adaptado a nossos propósitos (…), pois ele tomava um pequeno navio e aterrava-nos em território inimigo à noite, onde pilhávamos os habitantes e quanto mais dano ele podia ocasionar a seus patrícios, maior era sua alegria."

A Captura

Forçado a recuar cada vez mais, Matias de Albuquerque retira-se para Alagoas, durando as lutas já cinco anos. Levava Matias de Albuquerque cerca de oito mil homens. Próximo ao Porto Calvo encontra um grupo de aproximadamente 380 neerlandeses, dentre estes o próprio Calabar. Um dos moradores deste lugar, Sebastião do Souto, oferece-se para um ardil e as coisas começam a tomar novo rumo.

Utilizando-se deste voluntário, fiel aos portugueses, o plano consistia em infiltrar-se nas fileiras inimigas. Sebastião do Souto vai ao comandante holandês Picard, dizendo haver mudado de lado, convencendo-o a atacar as forças de Matias de Albuquerque, que informou não terem mais que 200 homens.

Armada a cilada, nela caem Picard e os seus, dentre os quais o trânsfuga Domingos Fernandes Calabar - os neerlandeses se rendem, e Calabar é feito prisioneiro.

Execução Exemplar

Domingos Fernandes Calabar foi preso e condenado. Tratado como o mais vil traidor dos portugueses - Calabar é punido com a morte. Seu nome ficou para sempre associado à idéia de traição. Um tribunal militar proferiu sua sentença. No dia 22 de julho de 1635 e Calabar foi garroteado (não havia como montar-se uma forca, naquelas circunstâncias). Seu corpo, esquartejado, ficou exposto em praça pública, demonstrando assim a quem mudasse de lado o destino que lhe estava reservado.

Sobre este episódio narra Robert Southey:

"Com tanta paciência recebeu a morte, dando tantos sinais de sincera contrição de todos os seus malefícios, acompanhada de tão devota esperança de perdão, que o sacerdote que lhe assistiu aos últimos momentos nenhuma dúvida conservou sobre a salvação do padecente. O confessor foi Fr. Manuel do Salvador, que mais tarde tomou não vulgar parte nesta longa contenda, de que nos deixou singular e interessantíssima história.

Interrogado se sabia de algum português que estivesse em traiçoeira correspondência com o inimigo, respondeu Calabar que sobre este capítulo muito sabia, não sendo das mais baixas as pessoas implicadas."

Em Porto Calvo, agora sob comando de Arciszewski, os neerlandeses prestaram-lhe honras fúnebres - àquele a quem efetivamente deviam grande parte de seu sucesso.

Dois anos depois, em 1637, chegaria ao Brasil o príncipe Maurício de Nassau. Nassau contribui para que muitos tenham, hoje, idéia de que a colonização holandesa seria melhor que outras, algo inconsistente ante mesmo o olhar sobre sua retirada do Brasil, acusado de dar prejuízo à Companhia das Índias Ocidentais, e terem retomado o clássico modelo de exploração exaustiva - aos quais forçaram a revolta dos brasileiros, dentre os quais André Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e Henrique Dias - tratados como heróis da expulsão dos neerlandeses.

Outros Olhares

O compositor Chico Buarque, junto a Ruy Guerra, fez em 1973 uma peça teatral intitulada: Calabar: o Elogio da Traição onde pela primeira vez a condição de traidor de Calabar era revisitada. Mas este posicionamento dava-se muito mais para denunciar a situação da época ditatorial, do que uma visão historiográfica sobre os fatos do século XVII.

Em Salvador, Bahia, há bairros com o nome Calabar. Ao largo dessas homenagens, alguns historiadores procuram justificar a atitude de Calabar, sem entretanto observar que este primeiro era aliado dos portugueses, granjeara-lhes a confiança - para depois servir aos inimigos numa privilegiadíssima posição.

Memorial Calabar

Domingos Fernandes Calabar (Foto: Carlos Rosa)
Dizem que para um herói ser de fato reconhecido precisa ter uma estátua fincada em lugar público. Domingos Fernandes Calabar precisou esperar 376 anos, após sua morte, para ter o nome na praça, justamente no lugar onde nasceu e entregou a própria vida para defendê-lo. A prefeitura municipal de Porto Calvo executou um projeto de resgate da memória de um dos mais controvertidos personagens da História do Brasil, tratado como traidor pela historiografia oficial imposta pelos colonizadores, mas reconhecido, enfim, como mártir e herói do Brasil, quiçá o primeiro deles.

Calabar não terá apenas uma estátua, mas, ao menos quatro. A figura do corajoso combatente já guarda Porto Calvo do alto, como um atalaia, postado no trevo de acesso à cidade. Devidamente paramentado, empunha lança, espada e orgulho.


Sônia Oiticica

SÔNIA OITICICA
(88 anos)
Atriz

* Rio Largo, AL (19/12/1918)
+ São Paulo, SP (26/02/2007)

Sônia era filha de um anarquista convicto, o professor José Oiticica, que mesmo sendo à época um grande intelectual foi preso várias vezes por esse motivo. Numa delas, ele e a família saíram do Rio de Janeiro para ficarem detidos no Engenho Riachão, em Alagoas. Foi aí que nasceu Sônia, numa família de oito irmãos, sete mulheres e um rapaz.

Alguns meses depois a família voltou para o Rio de Janeiro, onde Sônia passou a sua infância e adolescência. A casa de seus pais era frequentada por nomes como Coelho Neto, Viriato Correia e Monteiro Lobato.

Seu pai dava aulas de grego e, entre os seus alunos, estavam Antônio Houaiss e Antônio de Pádua. Este último apresentou Sônia ao embaixador Paschoal Carlos Magno, que acabara de criar um núcleo de teatro estudantil para encenar Shakespeare. Assim, ela e Paulo Porto seriam Romeu e Julieta, sob direção de Italia Fausta.

Carreira

Sônia foi a primeira atriz brasileira a interpretar Julieta, de William Shakespeare. Apesar de ser a primeira a interpretar o texto do dramaturgo inglês, foi interpretando os textos de um brasileiro famoso que Sônia Oiticica ficou conhecida. A atriz atuou em pelo menos oito grandes montagens de textos de Nelson Rodrigues.

Em "Romeu e Julieta" causou escândalo, ao tomar a decisão ousada para a época, em 1938, de beijar de verdade em cena.

Em 1940 ingressa no teatro profissional, quando vai trabalhar na companhia de Luís Iglezias, no Teatro Rival, na Cinelândia. Nesse mesmo ano faz "Pureza", o seu primeiro filme.

Casamento e Separação

Em 1944 deixa tudo para casar com Charles Edward. Parecia um casamento impossível, ele filho de um capitalista e ela de um anarquista. Pior que as diferenças ideológicas foi o facto de o marido a proibir de atuar, chegando Sônia a fazer figuração escondida só para matar saudades. Seis anos depois do casamento e grávida, pediu a separação.

Reinício de Carreira

Voltou então ao rádio e em 1952 aos palcos. Em 1953 embarca no sonho de formar uma companhia de teatro oficial subsidiada, com Sérgio Cardoso, Leonardo Villar e Nydia Licia, entre outros, a Companhia Dramática Nacional. É nessa companhia que faz "A Falecida", a primeira peça de Nelson Rodrigues que representa.

Em 1958 mudou-se para São Paulo. Aí atuou novamente com Sérgio Cardoso em O Soldado Tanaka e logo depois integrou-se no Teatro Popular do Sesi, dirigido por Osmar Rodrigues Cruz.

No entanto, o diretor que mais admirou foi Eduardo Tolentino, do Teatro Amador Produções Artísticas (TAPA), com quem atuou muito mais tarde, na década de 1990.

Doença e Morte

Sônia Oiticica morreu aos 88 anos, no Hospital Regional Sul, em Santo Amaro, São Paulo, onde estava internada desde o dia 16 de fevereiro de 2007 devido a uma fratura do colo do fémur, provocada por uma queda na casa de sua filha Eleonora aonde estava morando. Uma infecção generalizada por causa de má internação veio a causar falência múltipla dos órgãos. Foi cremada em Vila Alpina no dia 27 de fevereiro de 2007.

A artista plástica Ana Cláudia Oiticica, filha da atriz, acusou publicamente o hospital de incúria, acusação que a direção do mesmo refutou.

Televisão
  • 1985 - Jogo do Amor (SBT)
  • 1982 - Campeão ... Sônia (Rede Bandeirantes)
  • 1982 - Ninho da Serpente ... Júlia (Rede Bandeirantes)
  • 1981 - Os Adolescentes ... Conceição (Rede Bandeirantes)
  • 1980 - Dulcinéa Vai à Guerra ... Lucrécia (Rede Bandeirantes)
  • 1979 - Gaivotas ... Elisa (TV Tupi)
  • 1977 - Nina ... Angélica
  • 1975 - Gabriela ... Sílvia Bastos
  • 1973 - Cavalo de Aço ... Catarina
  • 1968 - Legião dos Esquecidos ... Maria (TV Excelsior)
  • 1968 - As Professorinhas ... Leonor (Rede Record)
  • 1966 - Redenção (TV Excelsior)
  • 1966 - As Minas de Prata ... Luiza de Paiva (TV Excelsior)

Cinema
  • 1982 - Dora Doralina
  • 1981 - Bonitinha, Mas Ordinária
  • 1979 - Killer Fish
  • 1979 - O Caso Cláudia
  • 1979 - Os Noivos
  • 1977 - O Desconhecido
  • 1971 - Uma Verdadeira História de Amor
  • 1970 - A Moreninha
  • 1940 - Pureza

Principais Peças
  • 2001 - O Telescópio
  • 1996 - Rasto Atrás
  • 1994 - Vestido de Noiva
  • 1974 - Anti-Nélson Rodrigues
  • 1966 - Manhãs de Sol
  • 1959 - O Soldado Tanaka
  • 1957 - Perdoa-me Por Me Traíres
  • 1954 - Senhora dos Afogados
  • 1953 - A Falecida
  • 1938 - Romeu e Julieta
Entre outras, num total de 29 peças teatrais.

Fonte: Wikipédia

Dom José Gaspar

JOSÉ GASPAR D'AFONSECA E SILVA
(42 anos)
Bispo e Arcebispo

* Araxá, MG (06/01/1901)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/08/1943)

Foi um sacerdote católico brasileiro, décimo quarto bispo e segundo arcebispo de São Paulo.

Estudos

Realizou seus primeiros estudos na terra natal, tendo sido preparado para a primeira comunhão por sua própria mãe. Aos onze anos, entrou para o internato no Colégio de São Luís em Itu. Entrou para o seminário em 1916, tomando então a batina. Fez os cursos universitários, Filosofia e Teologia, no Seminário Provincial em São Paulo e no Colégio Pio-Latino Americano, em Roma. Graduou-se na Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, e fez doutorado em Direito Canônico.

Presbiterado

Foi ordenado, aos 22 anos, por Dom Duarte Leopoldo e Silva, em São Paulo, a 12 de agosto de 1923. Foi ordenado padre secular para a diocese de Uberaba, transferindo-se para o clero de São Paulo em 1929.

De 1927 a 1933 foi coadjutor na Paróquia da Consolação, professor e vice-reitor do Seminário Provincial de São Paulo. De 1934 a 1937 foi reitor do Seminário Central da Imaculada Conceição, no Ipiranga. Foi também membro do Conselho Administrativo da Arquidiocese, de 1932 a 1934, e examinador pró-sindical na Arquidiocese em 1932.

Episcopado

Foi nomeado bispo titular de Barca e auxiliar de São Paulo a 23 de fevereiro de 1935, aos 34 anos. Foi sagrado bispo, na igreja de Santa Cecília, em São Paulo, no dia 28 de abril de 1935, sendo sagrante principal o seu arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva, e consagrantes: Dom Antônio Colturato (Ordem dos Frades Menores Capuchinhos), bispo de Uberaba, e Dom Gastão Liberal Pinto, bispo coadjutor de São Carlos.

A 29 de julho de 1939, aos 38 anos, o Papa Pio XII, o nomeou para arcebispo de São Paulo, sucedendo o arcebispo falecido. Tomou posse a 17 de setembro de 1939 e recebeu o pálio a 6 de janeiro de 1941. Dom José Gaspar foi arcebispo de São Paulo até 27 de agosto de 1943, quando veio a falecer, aos quarenta e dois anos, no Rio de Janeiro, num desastre de avião, no qual também faleceu o jornalista Casper Líbero.

Foi homenageado na zona central de São Paulo com a Praça Dom José Gaspar.

Atividade e Contribuições

Em 1939, Dom José Gaspar reorganizou a comissão das obras da catedral, lançou a ideia de congressos regionais precedidos de semanas eucarísticas. Reorganizou os serviços eclesiásticos de caráter jurídico e administrativo. Fundou três escolas apostólicas e um curso propedêutico para o Seminário Central da Imaculada Conceição, em 1940. Participou de vários congressos e reuniões eclesiásticas. Inaugurou cursos e a União Social Arquidiocese. Atendendo às necessidades das almas, criou novas paróquias e as dividiu em decanatos, procurando dar uniformidade nas linhas de ação dos padres. Para melhorar a formação do clero, criou o curso propedêutico no seminário. Implantou na arquidiocese as diretrizes romanas para a modernização da Igreja no Brasil.

Praça Dom José Gaspar

A 20 de março de 1941 recebeu o título de doutor honoris causa pela Faculdade de Filosofia de São Bento. Ingressou na Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência. Permanece obscuro o episódio ocorrido em 26 de novembro de 1942 em que Dom José Gaspar encabeçou uma carta circular, subscrita por outros bispos, proibindo os livros do então padre Huberto Rohden, da Cruzada da Boa Imprensa, que era um empreendimento da Ação Católica liderada na época por Alceu Amoroso Lima e com o apoio oficial e pessoal do Cardeal-Primaz do Brasil, Dom Sebastião Leme.

Em 1942 empreendeu o IV Congresso Eucarístico Nacional, incentivando a participação dos leigos. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vice-presidente desse instituto a partir de 25 de janeiro de 1942, membro honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, desde 1943.

Fonte: Wikipédia