Milton Luiz Pereira

MILTON LUIZ PEREIRA
(79 anos)
Jurista, Radialista, Professor e Político

☼ Itatinga, SP (09/12/1932)
┼ Curitiba, PR (16/02/2012)

Milton Luiz Pereira foi um jurista e político brasileiro, nascido em Itatinga, SP, no dia 09/12/1932.

Milton Luiz Pereira mudou-se ainda adolescente para Curitiba, PR. Na capital, iniciou amizade com José Richa, então estudante de Odontologia.

Filho de José Benedito Pereira e Júlia Pinto Pereira, formou em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1958. Foi Procurador Judicial Municipal e advogado credenciado pela Caixa Econômica Federal da Comarca de Campo Mourão, PR.

Como advogado, Milton Luiz Pereira foi atuar em Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná, em 1959, e rapidamente foi reconhecido por seu trabalho.

Em 1963 aceitou disputar a eleição para prefeito da cidade pelo Partido Democrata Cristão (PDC), de Ney Braga. O historiador Santos Júnior, que é de Campo Mourão, conta que a eleição parecia perdida. Milton Luiz Pereira tinha poucos recursos e concorria com o empresário Ivo Trombini, que além de dinheiro tinha o apoio do ex-presidente Juscelino Kubits­­chek. Então senador, Juscelino Kubits­­chek fez um grande comício no município. O troco de Milton Luiz Pereira foi visitar cada eleitor em casa. Elegeu-se.


Então, entre 1964 e 1967, foi prefeito de Campo Mourão, PR, e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nessas funções, realizou obras e julgamentos importantes. Mas o maior legado que deixou ao Paraná e ao Brasil, segundo relatos de várias pessoas que o conheceram, em artigos e cartas publicadas pela Gazeta do Povo, foi sua conduta. Um homem público íntegro, humilde e sempre pronto para aprender.

Como prefeito, promoveu uma grande inovação para a época: criou o Conselho Comunitário, que contava com a participação de uma pessoa de cada bairro da cidade. O trabalho foi produtivo: as receitas financeiras do município cresceram e a gestão de Milton Luiz Pereira entregou várias obras, como bibliotecas, rede de água e esgoto, estradas, a rodoviária. Graças ao Conselho e às obras, Cam­­po Mou­­rão foi escolhido à época como "Município Modelo do Paraná".

Entre o final da década de 1960 até a sua aposentadoria, exerceu diversos cargos na esfera jurídica Estadual e Federal, como:
  • Juiz Federal Substituto da 2ª Vara da Seção Judiciária do Paraná;
  • Juiz Federal da 5ª Vara da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul;
  • Juiz Substituto do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, em vários biênios;
  • Ministro do Tribunal Federal de Recursos;
  • Juiz Presidente do Conselho de Administração do Tribunal Regional Federal;
  • Ministro do Superior Tribunal de Justiça, decreto de 1992;

Também foi professor catedrático em universidades de Curitiba e Umuarama.

Em 14/02/2014, no segundo aniversário de falecimento de Milton Luiz Pereira e sua esposa Mary, foi fundado o Instituto Milton Luiz Pereira, com a intenção de promover ações e assistência sociais, bem como estudos e iniciativas para o exercício das virtudes e ideais daquele que lhe deu o nome.

Milton Luiz Pereira e o Fusca
Presente do Povo

Em 1967, Milton Luiz Pereira renunciou ao cargo de prefeito para ser nomeado juiz federal, atingindo o objetivo de chegar à magistratura. O convite surgiu de contatos com políticos. Eles já haviam oferecido outros cargos, como secretário estadual, e sugerido a candidatura à Assembleia ou à Câ­­ma­­ra Federal. Mas Milton Luiz Pereira não se interessou.

Foi nessa época que a população de Campo Mourão fez a célebre arrecadação de dinheiro e comprou um Fusca de presente para o prefeito, que não tinha automóvel. Santos Júnior conta que se esqueceram de colocar gasolina. Mas isso não foi problema. A população empurrou o Fusca, com Milton Luiz Pereira, a mulher e os filhos, até a casa deles. "Além do carro, o ex-prefeito ganhou um jogo de canetas, um relógio de ouro e até um frango, presente de um lavrador, que andou 20 quilômetros, a pé!", relata o historiador.

O Fusca azul se tornou um amuleto usado por Milton Luiz Pereira até o fim da vida. Foi seu único carro.


"Toda vez que entro nele, sinto-me em Campo Mourão. Naquele momento, senti que o povo sabe ser justo!", dizia o juiz.

Milton Luiz Pereira permaneceu como juiz federal e, em 1988, assumiu a presidência do Tribunal Federal de Recursos (TFR), fato noticiado com destaque na Gazeta do Povo de 20 de novembro. O órgão já estava em vias de ser extinto, por força da nova Constituição. O Judiciário foi remodelado e surgiram os Tribunais Regionais Federais. Pela sua experiência, Milton Luiz Pereira assumiu o TRF da 3ª Região, em São Paulo.

Em 1992 foi nomeado Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde ficou por 10 anos.

Aposentado, teve mais tempo para se dedicar às novenas na Igreja São Judas Tadeu, do qual era devoto, e à família. Com Rizoleta Mary teve 5 filhos e com ela viveu até o fim.

Morte

Milton Luiz Pereira, o Drº Milton, como era conhecido entre os servidores da Justiça Federal, faleceu na madrugada do dia 16/02/2012, em Curitiba, PR, aos 79 anos, poucas horas após o falecimento de sua esposa, Rizoleta Mary Pereira. Ela morreu por volta das 19h00 de quarta-feira, 15/02/2012, e o ministro às 2h20 de quinta-feira, 16/02/2012.

Os dois estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, PR, há uma semana, de acordo com familiares. Milton Luiz Pereira e Rizoleta Mary Pereira tinham câncer no pulmão e morreram em decorrência de complicações da doença.

Em nota oficial, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ministro Ari Pargendler lamentou as mortes, pois "formavam um casal harmonioso nutrido pelo amor que sentiam pelos filhos".

O velório do casal começou por volta das 12h30 de quinta-feira, 16/02/2012, no Cemitério Parque Iguaçu, de acordo com informações do Serviço Funerário Municipal e da funerária responsável. Os corpos foram sepultados na sexta-feira, 17/02/2012, às 10h00, no mesmo cemitério.