Lúcia Helena

IZILDA RODRIGUES ALVES
Radialista e Locutora

* Franca, SP

Izilda Rodrigues Alves nasceu em Franca, SP, onde começou a trabalhar na rádio local. 

Em 1941 foi para o Rio de Janeiro e, após um teste com Victor Costa, passou a ocupar o cargo de locutora.

Izilda Rodrigues Alves foi para o Rio de Janeiro em 1941 e não demorou a ser contratada pela Rádio Nacional. O Brasil inteiro ficava empolgado quando ela anunciava com sua voz bonita e marcante.

"O rádio teatro Colgate Palmolive, apresenta, mais um capítulo da novela O Direito de Nascer!"

Foi locutora de todas as novelas e da maioria dos programas que a Rádio Nacional transmitiu a partir de 1942. Ficou conhecida pela locução que fazia no Programa Francisco Alves, levado ao ar ao meio-dia dos domingos.

Voz padrão de várias emissoras do Rio de Janeiro, apesar de toda badalação em torno de seu nome, ela nunca misturou a vida particular com a profissão. Reservada e discreta, era uma mulher polida e compenetrada.

Lúcia Helena escreveu vários programas entre os quais "Boa Tarde, Madame", "Rei da Voz" e "Sala de Visitas".

Durante a Segunda Guerra Mundial, transmitiu diretamente para a Europa o programa da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e da Legião Brasileira de Assistência (LBA), com leitura de mensagens aos expedicionários brasileiros.

Lúcia Helena abriu escola para outras mulheres que surgiram depois dela como Virgínia de Morais, Nilza Magrassi, Lita Romani, entre outras. Ela nunca deixou de encabeçar a lista das preferidas. Aos domingos, durante longos anos, apresentou um programa de alcance nacional, onde entonava bem alto que se apresentariam Francisco Alves, o rei, e Dalva de Oliveira, a rainha das vozes.

Lúcia Helena era um patrimônio da Rádio Nacional e ela teve uma profunda tristeza quando a emissora passou a integrar o Sistema Rádiobras, eliminando os programas de auditório e as rádio novelas.

Além de locutora, Lúcia Helena era novelista. Produziu o "Grande Teatro das Sextas-Feiras", programação que apresentava semanalmente peças famosas, radiofonizadas por ela.

Francisco Alves e Lúcia Helena
Canção da Criança

A Casa de Lázaro tornou-se conhecida na sociedade brasileira em 1952, quando o seu antigo coral, formado pelas suas crianças, participou da gravação do grande sucesso "Canção da Criança" composta e interpretada por Francisco Alves, que entrou para a história da Música Popular Brasileira como o "Rei da Voz". A letra da música é de René Bittencourt e foi gravada em 03/09/1952, com objetivo altruísta, pois toda a arrecadação com a venda do disco foi doada em favor daquela instituição de caridade.

Francisco Alves não chegou a ouvir a gravação de "Canção da Criança", pois morreu dias depois, em 27/09/1952, num acidente automobilístico na Via Dutra, SP, quando voltava para o Rio de Janeiro. Na saída do caixão do local onde seu corpo foi velado, as crianças da Casa de Lázaro, despediram-se do "Rei da Voz", cantaram a "Canção da Criança", o que levou à intensa emoção e às lagrimas a multidão de fãs e admiradores que ali estavam para prantear o seu ídolo.

A música passou depois a ser cantada em escolas, principalmente no Dia da Criança. A declamação que antecede o início da melodia foi feita pela locutora Lúcia Helena. Sua voz tornou-se famosa e inconfundível porque apresentava o Chico Viola, no seu programa dominical ao meio-dia na Rádio Nacional. A abertura do programa virou na época uma marca registrada: 

"Ao soar o carrilhão das doze badaladas, ao se encontrarem os ponteiros no meio do dia, os ouvintes da Rádio Nacional também se encontram com Francisco Alves, o Rei da Voz!"

Logo em seguida, Francisco Alves começava o programa.



Canção da Criança

Declamação de Lúcia Helena:

"Brincando marcha o menino de hoje. Lutando marhará o menino de amanhã. Crianças despreocupadas desse Brasil-Menino, cujas glórias hão de colher os homens grandes que dominarão o Brasil-Gigante, esse Brasil grandioso que eu canto, que as crianças da Casa de Lázaro felizes cantarão, numa esperança de vitórias e de alegrias!"

Criança feliz, que vive a cantar
Alegre a embalar seu sonho infantil!
Ó meu bom Jeus, que a todos conduz
Olhai as crianças do nosso Brasil!

Crianças, com alegria,
Qual um bando de andorinhas
Viram Jesus que dizia:
Vinde a mim as criancinhas!
Hoje dos céus num aceno
Os anjos dizem: Amém!
Porque Jesus Nazareno
Foi criancinha também.

Fonte: Almanaque da Rádio Nacional, M.I.S. Franca e Verboso

Neusa Maria

VASILIKI PURCHIO
(87 anos)
Cantora

* São Paulo, SP (01/12/1928)
+ São Paulo, SP (13/02/2011)

Filha de uma família italiana radicada em São Paulo, começou a cantar em apresentações para a vizinhança, ainda menina, aos 12 anos. Mais tarde ganhou o slogan de "Rainha do Jingle" e "Voz Doçura do Brasil". Adotou o nome artístico de Neusa Maria, por sugestão de Abílio Caldas, pois seu nome de batismo, Vasilíki Purchio, era de difícil pronúncia.

Destacou-se nas décadas de 40 e 50 como cantora de sambas, boleros e de jingles, estes últimos gravados por ela com regularidade nas décadas subsequentes.

Começou cantando em programas de calouros de rádio, incentivada pelos amigos. Estreou em meados de 1942, no programa de Gabus Mendes da Rádio Record paulista. Na ocasião recebeu o primeiro lugar.

Ainda no início da década de 40, conheceu Abílio Caldas, um representante comercial da loja em que ela trabalhava, que também era radialista e levou-a, por insistência das colegas da loja, para cantar na Rádio Cruzeiro do Sul. Foi um grande êxito e acabou sendo contratada pela Rádio Tupi paulista para um programa.

Em 1943 recebeu o título de "A Estrela do Ano" num concurso que reuniu vários artistas do cenário musical de São Paulo.

Em 1945 foi ao Rio de Janeiro para fazer sua primeira gravação na Continental, registrando o maxixe "Mamboleado" (Luiz Gonzaga e Miguel Lima) e o samba "Rádio Mensagem" (Sereno). Nessa ocasião conheceu César de Alencar que a levou a Renato Murce para um teste, o que lhe garantiu um contrato com a Rádio Clube do Rio de Janeiro. Quando César de Alencar transferiu-se para a Rádio Nacional, ela o acompanhou, permanecendo nos quadros da emissora por longos anos.

Em 1946, gravou os sambas "Sonho Com Você" (Mário Rossi e Valdemar de Abreu) e "Tudo Acabado" (Luiz Bittencourt e Nelson Miranda).

Em 1949, gravou os sambas "Foi Você" (Manoel Pinto e Ayrão Reis) e "Compromisso" (Valfrido Silva, Gadé e Henrique de Almeida).

Em 1950, foi contratada pela Sinter e estreou com a marcha "Tamanduá" (Evaldo Rui e Max Nunes) e o samba "Ele Já Voltou" (Fernando Lobo e Nestor de Holanda).

Em 1951 gravou seu primeiro sucesso, o baião intitulado "Eu Sei Que Ele Chora" (Nestor de Holanda e Ismael Neto) com acompanhamento de Lírio Panicali e Sua Orquestra. No mesmo ano, gravou da mesma dupla de compositores o baião "Saudade Adeus".


Em 1952, gravou o samba "Eu Quero Ver" (Ary Monteiro e Ruy Rey) e a "Marcha do Beijo" (Irani de Oliveira e Ary Monteiro). No mesmo ano, com acompanhamento de Lírio Panicali e Sua Orquestra gravou o samba canção "Os Teus Olhos Dizem" (Nestor de Holanda e Manezinho Araújo).

Em 1953 gravou o bolero "Quisera" (Getúlio Macedo, Lourival Faissal e Arlindo Nicolau) novamente com acompanhamento de Lírio Panicali e Sua Orquestra.

Em 1954, gravou a "Canção Pra Ninar Mamãe" e o baião "Te Cuida, Zeca" (Miguel Gustavo) e os fox trote "Eu Não Sei o Que Será" (Bruno Marnet) e "Beija-me" (Astore e Mordeli), com versão de Lourival Faissal.

Em 1955, gravou de Newton Ramalho e Nazareno de Brito o samba "Adorei Milhões" e o fox trote "Fica Bonzinho".

Em 1956, gravou o samba "Molambo" (Jaime Florence e Augusto Mesquita), um grande sucesso daquele ano, bem como "Siga" (Fernando Lobo). Foi eleita "A Melhor Cantora do Rádio de 1956", em pesquisa feita pelo Clube do Disco. Fez sucesso com o bolero "Nunca Jamais" (L. Guerreiro e Nelson Ferreira) e gravou o samba "Caixa Postal Zero Zero" (Luiz de França e Oscar Bellandi), considerado a partir daí o maior sucesso da carreira da cantora. Recebeu o troféu Disco de Ouro do jornal O Globo. Participou da coletânea carnavalesca "Vamos Brincar no Carnaval" da gravadora Sinter interpretando o samba "Que Deus Me Castigue" (Luis Bittencourt e Luis de França).

Em 1957, gravou a marcha "Salve o Marujo" (J. Cascata e Nássara), os sambas "Que Deus Me Castigue" (Luiz Bittencourt e Luiz de França) e "Não Quero Mais" (Ary Barroso). Foi escolhida "A Melhor Cantora do Rádio de 1957", em pesquisa realizada pela célebre Revista do Rádio, quando seus discos entravam com freqüência em todas as paradas de sucesso da época.

Em 1958, transferiu-se para a RCA Victor e gravou "O Gondoleiro" (Marucci e De Angelis), com versão de Sérgio Porto, o bolero "Olhe-me, Diga-me" (Tito Madi) e o calipso "Picolísima Serenata" (Fierroe Amurri), com versão de Sidney Morais.

Em 1959, gravou a marcha "Menina de Copacabana" (Antônio Almeida e Bruno Marnet), o samba canção "Odeio-te Meu Amor" (Adelino Moreira) e o samba "Quem Sou Eu?" (Dolores Duran e Ribamar).

Em 1960, gravou de Antônio Maria e Pernambuco o samba "O Amor e a Rosa". Gravou também, o samba canção "Cantiga de Quem Está Só" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia) e a guarânia "Meu Doce Bem" (Lourival Faissal e Edson Menezes).

Seus maiores sucesso foram "Caixa Postal Zero Zero", "Quisera", "Olhos Traidores", "O Tempo Marcou", "Siga", "Nos Teus Lábios", "Eu Não Sei o Que Será" e "Murmúrios". Lançou pela Sinter os LPs "As Favoritas de Haroldo Eiras" e "Neusa Canta Para Os Que Amam".

Neusa Maria abandonou a carreira musical na década de 60, abrindo uma confecção de moda praia que durou até a década de 80.


Morte

Neusa Maria morreu aos 87, após uma parada cardiorrespiratória. Teve duas filhas, três netos e bisneto. O enterro ocorreu no Rio de Janeiro.


Discografia

  • S/D - Neusa Maria e os Sucessos de Luiz Bittencourt (Sinter, LP)
  • S/D - As favoritas de Haroldo Eiras (Sinter)
  • S/D - A Voz Romântica de Neusa Maria (Sinter, LP)
  • S/D - Neuza Maria - Britinho (Sinter, LP)
  • S/D - Neuza Maria Canta Para Os Que Amam (Sinter)
  • S/D - O Disco de Ouro - Neuza Maria (Sinter, LP)
  • 1963 - Muito Além / Zé Carioca (CBS, 78)
  • 1960 - O Amor e a Rosa / Feliz Coincidência (RCA Victor, 78)
  • 1960 - Cantiga de Quem Está Só / Meu Doce Bem (RCA Victor, 78)
  • 1959 - Posso Morrer de Saudade / Menina de Copacabana (RCA Victor, 78)
  • 1959 - Na Noite Em Que Te Vi / Odeio-te Meu Amor (RCA Victor, 78)
  • 1959 - Quem Sou Eu? / Se Tudo Acabar (RCA Victor, 78)
  • 1959 - Balada Alegre / A Vida é Bela (RCA Victor, 78)
  • 1959 - Eu Sou Mais o Papai (RCA Victor, 78)
  • 1959 - La Strada Del'amore / Refúgio (RCA Victor, 78)
  • 1959 - Mensagem (RCA Victor, LP)
  • 1958 - Piccolissima Serenata / Descrença (RCA Victor, 78)
  • 1958 - O Gandoleiro / Olhe-me, Diga-me (RCA Victor, 78)
  • 1957 - Salve o Marujo / Que Deus Me Castigue (Sinter, 78)
  • 1957 - Que Será, Será / Culpada (Sinter, 78)
  • 1957 - Tão Bom / Não é Não (Sinter, 78)
  • 1957 - Não Quero Mais / Se Você Não Tem Amor (Sinter, 78)
  • 1957 - Doce Loucura / Flerte (Sinter, 78)
  • 1956 - Pepita Rosária / Decepção (Sinter, 78)
  • 1956 - Mamãezinha / Molambo (Sinter, 78)
  • 1956 - Arrivederci Roma / Siga (Sinter, 78)
  • 1956 - Nunca Jamais / Caixa Postal Zero-Zero (Sinter, 78)
  • 1956 - Natal... Natal / 31 de Dezembro (Sinter, 78)
  • 1956 - Neusa Maria (Sinter, LP)
  • 1955 - Adorei Milhões / Fica Bonzinho (Sinter, 78)
  • 1955 - Luz e Sombra / Olhos Traidores (Sinter, 78)
  • 1954 - Somente Ilusão / Você (Sinter, 78)
  • 1954 - Canção Pra Ninar Mamãe / Te Cuida, Zeca (Sinter, 78)
  • 1954 - Nos Teus Lábios / Eu Não Sei o Que Será (Sinter, 78)
  • 1954 - Beija-me / O Tempo Marcou (Sinter, 78)
  • 1954 - Marcha das Moças / Minha Mágoa (Sinter, 78)
  • 1953 - A Flautinha do Pastor / Pra Conquistar (Sinter, 78)
  • 1953 - Quisera / Fracasso de Amor (Sinter, 78)
  • 1953 - Noite de Natal / Canção de Ninar (Sinter, 78)
  • 1952 - Eu Quero Ver / Marcha do Beijo (Sinter, 78)
  • 1952 - Caminhos Estrangeiros / Os Seus Olhos Dizem (Sinter, 78)
  • 1952 - Só Pensa Em Você / Outra Vez (Sinter, 78)
  • 1951 - Murmúrios / Eu Sei Que Ele Chora (Sinter, 78)
  • 1951 - Saudade Adeus / Rumba no Panamá (Sinter, 78)
  • 1950 - Tamanduá / Ele Já Voltou (Sinter, 78)
  • 1949 - Foi Você / Compromisso (Star, 78)
  • 1946 - Sonho Com Você / Tudo Acabado (Continental, 78)
  • 1945 - Mamboleado / Rádio Mensagem (Continental, 78)