Armanda Álvaro Alberto

ARMANDA ÁLVARO ALBERTO
(81 anos)
Educadora e Militante Feminista

* Rio de Janeiro, RJ (10/06/1892)
+ Rio de Janeiro, RJ (05/02/1974)

Armanda Alvaro Alberto nasceu no Rio de Janeiro em 1892, falecendo na mesma cidade em 1974. Pertencia a uma família de classe média alta, sendo que ela e o irmão não frequentaram escolas na infância, pois a mãe se responsabilizou por sua educação escolar.

Aos 36 anos, casou-se com Edgar Süssekind de Mendonça, não adotando o sobrenome do marido, por defender posição de setores do movimento feminista brasileiro.

A educadora empreendeu iniciativas inovadoras na área educacional. Projetou-se no cenário educacional, em 1921, graças a uma experiência desenvolvida em Duque de Caxias, distrito de São João de Meriti, na Escola Proletária de Meriti, fundada em 13/02/1921, numa comunidade rural, sem condições de vida e bastante precária. Em 1923, esta escola passou a denominar-se Escola Regional de Meriti, e ficou conhecida como "Mate com Angu", por ter sido uma das primeiras escolas da América Latina a servir merenda escolar. A inovação demonstrou a preocupação de Armanda com o bem-estar e a saúde das crianças. Eram seus princípios, explicitados em documento redigido em abril de 1925: saúde, alegria, trabalho e solidariedade.

A merenda não era a única novidade. Influenciada pelo Método Montessori e antecipando a chegada das teorias da Escola Nova no Brasil, a diretora procurou transformar o espaço num laboratório educacional. Os alunos ficavam na escola no horário integral e ajudavam no cultivo de hortas e criação de animais como o bicho-da-seda.

O trabalho ali desenvolvido propiciava uma oportunidade das mulheres contribuírem para a formação da nacionalidade, participando da cruzada cívica de combate ao analfabetismo. A escola era mantida por sócios contribuintes, benfeitores e fornecedores da Fundação Álvaro Alberto.

A despeito das transformações sofridas nas cinco décadas de funcionamento, a instituição permaneceu fiel a suas características de servir à população até que foi absorvida, após enfrentar sérios problemas financeiros, por uma organização denominada Instituto Central do Povo, em 1971. Atualmente, a Escola funciona vinculada à rede municipal de Duque de Caxias, no mesmo local de sua criação, sob o nome Escola Municipal Drº Álvaro Alberto.

Cabe lembrar que Armanda estava entre os signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, cujo objetivo era determinar diretrizes para a educação nacional. No Conselho Diretor da Associação Brasileira de Educação, junto com Edgar Sussekind de Mendonça e Francisco Venâncio Filho, defendeu uma postura de neutralidade política e religiosa da entidade. Armanda também foi quem criou a primeira biblioteca de Duque de Caxias.

Militância

Por suas lutas políticas em prol da educação laica e dos direitos da mulher, a imprensa nacional a identificou como subversiva e comunista, na década de 30 do século passado, e o mesmo acontecendo com seu marido Edgar Süssekind de Mendonça.

Nesta época, já presidente da Associação Brasileira de Educação (ABE) e integrante da Aliança Nacional Libertadora (ALN), Armanda militou na Liga Anticlerical do Rio de Janeiro, ao lado do marido, Edgar Süssekind de Mendonça.

Ao lado de Eugênia Álvaro Moreyra, fundou a União Feminina do Brasil (UFB), da qual foi a primeira presidente.

À frente da União Feminina do Brasil (UFB), defendeu uma união entre "mulheres educadoras, intelectuais e tralhadoras", e criticou outras associações feministas como "inócuas, outras ligadas a correntes partidárias explorando a angustiosa situação da mulher, pregando um estreito feminismo que consiste em cumular o homem em si e nele ver um 'inimigo' da mulher".

Tanto a União Feminina do Brasil (UFB) quanto a Aliança Nacional Libertadora (ALN) eram alvo de perseguição por parte da Delegacia Especial de Segurança Política e Social (DESPS) do Estado Novo. As duas organizações foram postas na ilegalidade pelo Decreto 229, de 1935.

Em outubro de 1936, foi presa como suspeita de ligação com o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e de participação na Revolução Comunista de 1935. Permaneceu na Casa de Detenção do Rio de Janeiro até junho de 1937, tendo como companheiras de cárcere Olga Benário PrestesMaria Werneck de Castro, entre outras.

De Volta à Escola

Depois de sair da prisão, Armanda procurou retomar as atividades na direção da Escola Regional de Meriti. Em 1938, porém, as autoridades impediram a assembleia anual da Fundação Álvaro Alberto, que reunia os mantenedores da escola. A alternativa encontrada foi promover atividades na Biblioteca Euclydes da Cunha, como forma de mobilização da comunidade.

Após a redemocratização do país, foi aos poucos retomando as atividades públicas, colaborando com manifestos e reivindicações.

Em 1949, representou a Associação Brasileira de Educação na organização do III Congresso Infanto-Juvenil de Escritores. Na ocasião, dirigiu suas principais críticas às histórias em quadrinhos, que considerava "sub-literatura" e nociva à formação das crianças. Ao mesmo tempo, defendia a valorização de autores brasileiros, como Monteiro Lobato. Sete anos depois, porém, ela mesma assinaria um parecer da Comissão de Meios Auxiliares ao Ensino recomendando a Enciclopédia dos Quadrinhos (1956).

Em 1964, diante das dificuldades para manter a Escola Regional de Meriti, tentou transferi-la para o governo estadual. No entanto, não houve consenso para a manutenção da instituição nos moldes em que fora concebida, e a negociação foi encerrada.

Após a morte de Armanda, a Escola Regional de Meriti foi doada para o Instituto Central do Povo. Atualmente é mantida em parceria com a prefeitura e tem o nome de Escola Municipal Drº Álvaro Alberto.

Fonte: Wikipédia e Faculdade de Educação Universidade Federal do Rio de Janeiro