Luiz Carlos Buruca

LUIZ CARLOS PULCHÉRIO DE MEDEIROS
(63 anos)
Ator e Diretor

☼ São João Del Rey, MG (06/10/1948)
┼ Rio de Janeiro, RJ (29/04/2012)

Luiz Carlos Buruca foi um ator e diretor teatral. Estreou aos 19 anos em Brasília, numa peça de Maria Clara Machado, "Chapeuzinho Vermelho"Luiz Carlos Buruca trabalhou no teatro em diversas peças, brasileiras, como "Memórias de um Sargento de Milícias", "Vestido de Noiva", "Deus Lhe Pague", "Apenas Bons Amigos", "Toda Nudez Será Castigada", "A Estrela Dalva", "Bonitinha Mas Ordinária", e montagens brasileiras de obras estrangeiras como "Equus", "Charity, Meu Amor", "O Tempo e os Conways", "Bent" e o supermusical "A Chorus Line", de 1983, como ator e bailarino.

Como diretor, encenou "Pippin" e "Pluft, o Fantasminha", além de "Uma Família Feliz", de Hans Christian Andersen, entre outros.

Na televisão, participou de diversas novelas, entre elas "A Moreninha" (1975), "Estúpido Cupido" (1976), "Cambalacho" (1986), "Kananga do Japão" (1989), onde viveu o cantor Vicente Celestino, "O Clone" (2001), "Alma Gêmea" (2005), entre outras.

Além de telenovelas, Luiz Carlos Buruca também esteve em programas da linha de shows da TV Globo como "Planeta dos Homens", "Viva o Gordo", "Chico Anysio Show" e minisséries como "Ciranda Cirandinha" (1978), "Plantão de Polícia" (1979) e "Castelo Rá Tim Bum" (1994), da TV Educativa.

No cinema, teve participações em "Menino do Rio" (1981), "O País dos Tenentes" (1987) e "Sonhos de Menina Moça" (1987).

Formado em jornalismo pela Universidade de Brasília (UNB), foi diretor artístico do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (SATED-RJ).

Morte

Luiz Carlos Buruca faleceu na tarde do dia 29/04/2012, aos 63 anos, no Hospital Rio Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo informações do hospital, o ator teve uma parada cardiorrespiratória. De acordo com a amiga Lidoka, cantora do antigo grupo As FrenéticasLuiz Carlos Buruca tinha problemas pulmonares.

Fonte:  Wikipédia

Auta de Souza

AUTA DE SOUZA
(24 anos)
Poetisa

* Macaíba, RN (12/09/1876)
+ Natal, RN (07/02/1901)

Foi uma poetisa brasileira da segunda geração romântica, autora de Horto.

Escrevia poemas românticos com alguma influência simbolista, e de alto valor estético. Segundo Luís da Câmara Cascudo, é "a maior poetisa mística do Brasil".

Filha de Elói Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina Rodrigues e irmã dos políticos norte-rio-grandenses Elói de Sousa e Henrique Castriciano.

Ficou órfã aos três anos, com a morte de sua mãe por tuberculose, e no ano seguinte perdeu também o pai, pela mesma doença. Sua mãe morreu aos 27 anos e seu pai aos 38 anos. Durante a infância, foi criada por sua avó materna, Silvina Maria da Conceição de Paula Rodrigues, conhecida como Dindinha, em uma chácara no Recife, onde foi alfabetizada por professores particulares. Sua avó, embora analfabeta, conseguiu proporcionar boa educação aos netos.

Aos onze anos, foi matriculada no Colégio São Vicente de Paula, dirigido por freiras vincentinas francesas, e onde aprendeu Francês, Inglês, Literatura (inclusive muita literatura religiosa), Música e Desenho. Lia no original as obras de Victor Hugo, Alphonse de Lamartine, Chateaubriand e Fénelon.

Quando tinha doze anos, vivenciou nova tragédia: a morte acidental de seu irmão mais novo, Irineu Leão Rodrigues de Sousa, causada pela explosão de um candeeiro.

Mais tarde, aos catorze anos, recebeu o diagnóstico de tuberculose, e teve que interromper seus estudos no colégio religioso, mas deu prosseguimento à sua formação intelectual como autodidata.

Continuou participando da União Pia das Filhas de Maria, à qual se uniu na escola. Foi professora de catecismo em Macaíba e escreveu versos religiosos. Jackson Figueiredo, a considera uma das mais altas expressões da poesia católica nas letras femininas brasileiras.


Começou a escrever aos dezesseis anos, apesar da doença. Frequentava o Club do Biscoito, associação de amigos que promovia reuniões dançantes onde os convidados recitavam poemas de vários autores, como Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Castro Alves, Junqueira Freire e os potiguares Lourival Açucena, Areias Bajão e Segundo Wanderley. 

Colaborações em Jornais e Revistas

Aos dezoito anos, passou a colaborar com a Revista Oásis, e aos vinte escrevia para A República, jornal de maior circulação e que lhe deu visibilidade para a imprensa de outras regiões. Seus poemas foram publicados no jornal O Paiz, do Rio de Janeiro. No ano seguinte, passaria a escrever assiduamente para o prestigiado jornal A Tribuna, de Natal, e seus versos eram publicados junto aos de vários escritores famosos do Nordeste. Entre 1899 e 1900, assinou seus poemas com os pseudônimos de Ida Salúcio e Hilário das Neves, prática comum à época.

Também foi publicada nos jornais A Gazetinha, de Recife, e no jornal religioso Oito de Setembro, de Natal, e na Revista do Rio Grande do Norte, onde era a única mulher entre os colaboradores. Venceu a resistência dos círculos literários masculinos e escrevia profissionalmente em uma sociedade em que este ofício era quase que exclusividade dos homens, já que a crítica ignorava as mulheres escritoras. Sua poesia passou a circular nas rodas literárias de todo o país, despertando grande interesse. Tornou-se a poetisa norte-rio-grandense mais conhecida fora do estado.

Horto

Em 1900, publicou seu único livro, Horto, de significativa repercussão e cujo prefácio foi escrito por Olavo Bilac, o poeta brasileiro mais célebre daquela época. 

A Frustração Amorosa

Por volta de 1895, Auta de Souza conheceu João Leopoldo da Silva Loureiro, promotor público de sua cidade natal, com quem namorou durante um ano e de quem foi obrigada a se separar pelos irmãos, que preocupavam-se com seu estado de saúde. Pouco depois da separação, ele também morreria vítima da tuberculose. Esta frustração amorosa se tornaria o quinto fator marcante de sua obra, junto à religiosidade, à orfandade, à morte trágica de seu irmão e à tuberculose. A poetisa, então, encerrou seu primeiro livro de manuscritos, intitulado Dhálias, que mais tarde seria publicado sob o título de Horto.

Morte e Homenagens Póstumas

Auta de Souza veio a falecer em 7 de fevereiro de 1901, às 01:15hs, em Natal, em decorrência da tuberculose. Foi sepultada no cemitério do Alecrim, em Natal, mas em 1904 seus restos mortais foram transportados para o jazigo da família, na parede da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Macaíba, sua cidade natal.

Em 1936, a Academia Norte-Riograndense de Letras dedicou-lhe a poltrona XX, como reconhecimento à sua obra.

Em 1951, foi feita uma lápide, tendo como epitáfio versos extraídos de seu poema Ao Pé do Túmulo:

"Longe da mágoa, enfim no céu repousa
Quem sofreu muito e quem amou demais."

Noite Alta, Céu Risonho

Em 12 de setembro de 2008, durante as comemorações do nascimento da poetisa, em sua cidade natal foi lançado o documentário Noite Auta, Céu Risonho, escrito e dirigido por Ana Laudelina Ferreira Gomes, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e produzido pela TV Universitária, em parceria com o Núcleo Câmara Cascudo de Estudos Norte-Riograndenses.

O documentário teve um orçamento de 20 mil reais e levou quatro meses para ser gravado. Suas cenas foram filmadas em Macaíba, Recife e Natal e Auta de Souza foi interpretada pela atriz potiguar Marinalva Moura.

Poemas Musicados

Catorze de seus poemas foram musicados por artistas regionais, como Abdon Álvares Trigueiro, Cirilo Lopes, Eduardo Medeiros, Heronides de França e Cirineu Joaquim de Vasconcelos, embora sem registro em partitura. Apenas dois de seus poemas têm registro fonográfico, Rezando e Caminho do Sertão. Os demais foram transmitidos apenas pela tradição oral, em modinhas cantadas na escola e em festividades.
O poeta paulistano Mário de Andrade, em sua obra Um Turista Aprendiz, cita esses poemas musicados, que ouvira em sua viagem a Natal, na década 20:

"Hoje estou gozando a vida na Redinha… Chega um choro, clarineta, violões, ganzá, numa série deliciosa de sambas, maxixes, valsas de origem pura, eu na rede, tempo passando sem dizer nada. Modinhas de Ferreira Itajubá e Auta de Sousa… A boca da noite se abriu sem a gente sentir."

O cancioneiro de Auta de Sousa é composto pelos seguintes poemas:


Supostos Poemas Póstumos

Em 2008, a Federação Espírita Brasileira listou treze instituições espíritas (centros, núcleos, recantos, sociedades, fraternidades e uma fundação) em oito estados brasileiros que adotavam o nome da poetisa potiguar.

Em 3 de março de 1953, foi criada em São Paulo, por Nympho de Paulo Corrêa a Campanha de Fraternidade, que mais tarde se tornou Campanha de Fraternidade Auta de Souza, que acontece em centenas de centros espíritas em todo o pais e no exterior.

O espiritismo se atencionou muito à vida de Auta de Sousa. Chico Xavier, por exemplo, escreveu Auta de Souza, com sonetos, atribuídos ao espírito da poetisa, no processo chamado psicografia. Ele também publicou Parnaso de Além-Túmulo (1932), reunindo uma variedade de poesias que, segundo os kardecistas, são de autoria de poetas já mortos, como Auta de Souza. Os títulos abaixo estão entre os poemas publicados por Chico Xavier de autoria atribuída a Auta de Sousa: 

  • Agora
  • Alma Querida
  • Auxilia
  • Avancemos
  • Bendize
  • Caridade
  • Do Pícaro ao Lodo
  • Escuta
  • Essa Migalha
  • Lágrimas
  • Mãos
  • Ora e Vem
  • Oração de Hoje
  • Pensa
  • Rogativa
  • Segue e Confia
  • Vai Irmã
  • Vamos Juntos

Posteriormente, o também médium Manuel Nazareno, natural de Macaíba, cidade em que a poetisa nasceu, divulgou outros poemas que teriam sido ditados por Auta de Sousa.

Já outras vozes pensam diferentemente, atestando a veracidade dos textos de Chico Xavier, sejam eles poesias ou não, tanto através da análise estilística quanto pelo raciocínio de que seria impossível um só homem imitar com tanta perfeição duas centenas de autores:


"Se é mistificação, parece-me muito bem conduzida. Tendo lido as paródias de Albert Sorel, Paul Reboux e Charles Muller, julgo ser difícil (isso digo com a maior lealdade) levar tão longe a técnica do pastiche. Não sei como elucidar o caso. Fenômeno nervoso? Intervenção extra-humana? Faltam-me estudos especializados para concluir."
(Agripino Grieco, Crítico Literário)

"Se Chico Xavier é um embusteiro, é um embusteiro de talento. Sua facilidade de imitar seria um dom especialíssimo, porque ele não imita apenas Antero de Quental, Olavo Bilac e Humberto de Campos, mas Alphonsus de Guimaraes, Artur Azevedo, Antônio Nobre, etc."
(Raimundo de Magalhães Júnior, Acadêmico Já Falecido)

"Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele merece ocupar quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras."
(Monteiro Lobato, Escritor)
  
Fonte:  Wikipédia


Dilu Melo

MARIA DE LOURDES ARGOLLO
(86 anos)
Cantora, Compositora, Instrumentista e Folclorista

 * Viana, MA (25/09/1913)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/04/2000)

Criada em Porto Alegre, Dilu Melo começou a estudar música e violino aos cinco anos de idade. Aos nove anos, iniciou o aprendizado de violão com sua mãe, Dona Nenê, e de piano com a professora Elizéne D’Ambrósio. Aos 10 anos, compôs sua primeira obra, uma valsinha intitulada Heloísa, em homenagem à sua irmã mais nova.

Em 1938, Dilu foi para o Rio de Janeiro, estreando na Rádio Cruzeiro do Sul, surgindo então o convite para apresentar-se na Rádio Kosmos, de São Paulo. No mesmo dia da estréia, gravou um disco na Colúmbia, cantando as músicas Engenho D’Água (Dilu Melo e de Santos Meira) e Coco Babaçu (Dilu Melo). Depois, a serviço do Ministério da Educação, apresentou nossa música folclórica em vários estados, bem como na Argentina, onde morou 2 anos.

Em 1944 gravou na Continental o segundo disco, também com músicas suas, o coco Sapo Cururu e o xote Fiz a Cama na Varanda (Dilu Melo e Ovídio Chaves), este seu maior sucesso, música regravada também em outros países.

Atuou no Cassino Atlântico e foi contratada da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro.

Em 1947, Meu Cavalo Trotador (Dilu Melo e de Ademar Pimenta), gravada pelos Trigêmeos Vocalistas, também fez sucesso no exterior. Em 1949 obtiveram êxito a canção Rolete de Cana (Dilu Melo e de Osvaldo Santiago), o xote Qual o Valor da Sanfona (Dilu Melo e de J. Portela) e o jongo Conceição da Praia (Dilu Melo e Oldemar Magalhães), gravado por Marlene.

Em 1958, gravou de Altamiro Carrilho e Armando Nunes, o xote Nos Velhos Tempos. Por influência de Antenógenes Silva, começou a tocar acordeão recebendo da imprensa a denominação de Rainha do Acordeão. Autora de mais de cem músicas.

Foi professora de dicção, empostação, danças folclóricas e história da música. Também escreveu peças infantis.


Amador Aguiar

AMADOR AGUIAR
(86 anos)
Empresário, Banqueiro e Lavrador

☼ Ribeirão Preto, SP (11/02/1904)
┼ São Paulo, SP (24/01/1991)

Amador Aguiar foi um empresário, banqueiro e lavrador, diretor-presidente do banco Bradesco, que hoje disputa com o Banco do Brasil e Banco Itaú o posto de maior instituição financeira do Brasil.

De origem humilde, fez seus estudos primários no Grupo Escolar de Sertãozinho. Trabalhou na terra, no cultivo do café, mas aos 16 anos, pretendendo crescer na vida e brigado com seu pai, abandonou o campo, transferindo-se para Bebedouro onde conseguiu um emprego numa tipografia. Foi aí que, num acidente de trabalho, perdeu o dedo indicador da mão direita.

Amador Aguiar dizem que era brigado com o seu irmão Jaime Aguiar e assim quando este morreu ele tomou conta de seus sobrinhos Araci Aguiar, Jura Aguiar, Jaime Aguiar Filho e Ira Aguiar. Teve oito irmãos, mas pouco se sabe sobre eles, exceto Mário Coelho Aguiar, que trabalhou no Bradesco e chegou a vice-presidente. Mas, curiosamente, ninguém da família Aguiar fez carreira sucessória no banco, exceto os atuais assentos no Conselho por força dos 10% de herança que os herdeiros detém no banco.

Braguinha, Amador Aguiar e Lázaro Brandão, na época da fusão com o Bradesco.
De Bancário a Banqueiro 

Em 1926, com 22 anos de idade, obteve o emprego de office boy no Banco Noroeste, agência de Birigui. Iniciava assim, num posto humilde, a sua carreira de bancário. Com muito esforço e, ao mesmo tempo, com muita determinação, percorreu todos os cargos ali existentes, até o de gerente.

Em seguida, foi trabalhar na Casa Bancária Almeida Irmãos, com sede em Marília, instituição financeira fundada pelo Coronel Galdino de Almeida, cujo presidente era seu filho, José Alfredo de Almeida (Zezé), cargo que ocupou até a década de 1960, sendo sucedido pelo seu cunhado, Drº José da Cunha Jr., que ficou até 1969. José Alfredo de Almeida alguns anos depois veio a fundar uma companhia de aviação civil no país, mercado em que seguiu até o fim de sua vida.

Sob o comando do então presidente e controlador, Dr. José da Cunha Jr., a casa bancaria transformou-se em banco, passando a chamar-se Banco Brasileiro de Descontos.

Em 1946, sua sede foi transferida para a Rua Álvares Penteado, em pleno centro financeiro da cidade de São Paulo e, sete anos após, a administração do banco foi levada para a denominada Cidade de Deus, Vila Yara, em Osasco. Já contava, então, com agências nas principais cidades de São Paulo e em quase todos os estados do Brasil.

Amador Aguiar, aliando-se a outros acionistas do banco e de alguns diretores muito próximos, aguerridamente, lançava novos lotes de ações aos quais subscrevia instantâneamente, montando assim a maioria de ações, tomando o controle da instituição.

Em 1969, de superintendente, passou à presidência do banco, por ocasião da aposentadoria do Drº José da Cunha Jr., genro do coronel Galdino, que exerceu o cargo até sua morte. Curiosamente, até mesmo a fundação do Bradesco conferem a Amador Aguiar mas, tal não é verdade.

A partir desse momento e sob sua gestão, o banco ganhou enorme desenvolvimento, enveredando por outras áreas afins e sempre crescendo, transformou-se na maior instituição financeira privada do Brasil. Ajudaram-no nessa empreitada, na fase de maior desenvolvimento do banco, seu irmão Mário Coelho Aguiar, Laudo Natel, Jatil Sanches, Rui Mendes de Rosis, Manoel Cabete, Leonardo Gracia, Ageu Silva, Décio Tenerello e Lázaro de Mello Brandão que viria a sucede-lo na presidência do Grupo.

O Empresário

A controvérsia se Amador Aguiar foi ou não empresário ou simples empregado contratado em 1943, ano em que o projeto de virar banqueiro começou a se concretizar, está em uma assertiva que paira na mídia: "com amigos, adquiriu a Casa Bancária Almeida, um banco falido de Marília (SP)" 

Diz-se que não era nada disso. Os tais amigos, que não de Amador Aguiar, na verdade cunhados, tinham fundado a Casa Bancária Almeida & Cia. A instituição transformou-se em banco e ganhou um novo nome: Banco Brasileiro de Descontos, o Bradesco. No dia da inauguração, (dizem que foi na véspera, outros, naquela semana), a morte repentina do escolhido para dirigir o novo negócio fez de Amador Aguiar o diretor-presidente. Na verdade, o Gerente do negócio, pois há relatos que era um Superintendente (nem mesmo Diretor). Dizem ainda que, além de plenos poderes, foi agraciado com um terço das ações do banco, que, por sinal, naquele momento, nada valiam. Mesmo assim, é curioso alguém doar 1/3 de um banco, por menor que seja, a um funcionário.

O Bradesco era tão insignificante que o próprio Amador Aguiar fazia piada da sigla da instituição nascente. "Banco Brasileiro dos Dez Contos, se há?", alguém perguntava, e ele respondia às gargalhadas: "Não há!". Isso também é um mito plantado pelo próprio Amador Aguiar, nos anos 80 em entrevista à Folha de São Paulo.

Dizem que na verdade o Bradesco cobrava 10 contos de réis para descontar títulos da época (ex.: uma duplicata), um valor abaixo dos demais bancos, que cobravam um percentual. Daí veio o apelido, "O Banco dos Dez Contos".

Pesquisando em "A História do Fundador do Bradesco", há uma errata - que muda tudo o que se diz. Vejamos:

"Ao ser contratado como diretor-gerente da Casa Bancária Almeida, de Marília, Amador Aguiar recebeu 10% das ações e não um terço delas; na ocasião, a instituição já se chamava Bradesco e não estava falida; em 1951, Aguiar assumiu a superintendência e só se tornou presidente do Bradesco em 1969, em substituição a José da Cunha Jr., genro do fundador do banco, José Galdino de Almeida."

O mais curioso é que ele conseguiu plantar a imagem de fundador tanto do Bradesco como da Fundação Bradesco, eliminando totalmente a família Almeida da história do banco.

Genial nos negócios, empresário de visão e grande empreendedor, Amador Aguiar não dedicou sua vida profissional apenas ao Bradesco. Teve maior ou menor grau de envolvimento e participação, entre outras, nas seguintes empresas: Cia. Porto Seguro de Seguros Gerais, Casa Ouvidor S.A., Cia. Comercial de Café São Paulo-Paraná e Companhia Antarctica Paulista. Além disso, foi proprietário de diversas fazendas, revivendo nelas suas origens de trabalhador da terra.

O Benemérito

Amador Aguiar era um homem de gênio difícil. Retraído, sempre sério, não cultivava muitas amizades. Rigoroso com seus funcionários e consigo mesmo, tinha uma vida espartana e praticamente toda dedicada ao trabalho. Portava-se como um homem humilde, sem luxos e com modestos lazeres. Porém, era bastante vaidoso pelo império econômico que construíra, traço que tentava esconder ou dissimular, mas perceptível para os que o cercavam. Sua fama de homem duro e de forte personalidade poderia levar à ideia de que fosse um egocêntrico que pensasse somente nos seus interesses pessoais.

Entretanto, na realidade, em que pese as histórias lendárias que circulavam a seu respeito, foi um homem generoso. Graças a ele, Osasco ganhou sua primeira companhia telefônica, posteriormente incorporada à Telesp. A Prefeitura da cidade foi várias vezes beneficiadas com obras de urbanismo pagas pelo banco. Da mesma forma, o fórum recebeu instalações condignas devido à contribuição do poderoso banqueiro.

Se não fosse por sua ajuda, Osasco não teria a conceituada Faculdade de Direito, instalada em 1969, onde Amador Aguiar exigiu também o curso de Administração de Empresas, e não só foi atendido como a faculdade passou a se chamar Faculdade de Administração Amador Aguiar, onde se formaram vários alunos, futuros e alguns atuais dirigentes do Bradesco até hoje, 40 anos depois.

Auxiliou o professor Edmundo Vasconcellos e equipar a Gastroclínica, por ele fundada ao lado da Av. Ruben Berta, em São Paulo. Estes são alguns exemplos do muito que realizou em benefício dos funcionários e da população em geral. O São Paulo Futebol Clube também teve uma mãozinha de Amador Aguiar, pois Laudo Natel foi, junto com Amador Aguiar, Diretor do Bradesco e do São Paulo Futebol Clube. Até hoje o São Paulo Futebol Clube tem um posto de serviços bancários do Bradesco em suas dependências.

O Excêntrico

Nunca se saberá porque Amador Aguiar adorava colher excentricidades sem tê-las. Talvez tivesse algumas poucas, mas, por exemplo, dizer que não usava meias nem talões de cheques, basta uma olhada em fotos antigas no Museu Bradesco, na Cidade de Deus, Osasco, que veremos que ele em várias fotos está calçando meias. Quanto aos talões, ele não os usava porque não precisava, pois andava com dinheiro ou mandava algum subordinado do banco pagar, debitando diretamente da conta do Banco.

É verdade que dirigia seu próprio fusca, como dizem, mas isso na década de 60, pois é sabido que na década de 80, por exemplo, vinha trabalhar com motorista particular e de Landau. Talvez todos os Diretores dirigiam fuscas na década de 60. Adorava andar a pé pelas dependências do Banco, o que não é excentricidade, pelo contrário, os atuais diretores deveriam seguir esse nobre hábito, comum em empresários que vêem a empresa como suas obras. Enfim, era um homem bom e um empresário como qualquer outro, talvez mais simples apenas.

A Fundação Bradesco

Os poucos anos em que frequentou regularmente a escola, mostraram a Amador Aguiar a necessidade de disseminar a educação entre os jovens. Provavelmente, daí ter surgido a ideia da instituição da Fundação Bradesco, da qual muito se orgulhava e que hoje mantém escolas espalhadas pelo Brasil inteiro, sendo um instituto de educação modelar. Foi ela a sua maior realização de cunho social.

Antes de morrer doou grande parte de suas ações para a Fundação Bradesco, que tornou-se a controladora do Bradesco. Desta forma, os presidentes do Bradesco não são seus donos. Como a Diretoria controla a Mesa Regedora da Fundação Bradesco, o banco tornou-se um banco "de diretores". Porém, sua neta, Denise Aguiar, está à frente do projeto educacional da Fundação Bradesco, além de ter assento no Conselho de Administração, já que a família Aguiar tem aproximadamente 10% das ações com direito a voto no Bradesco.

Fonte:  Wikipédia

Dicró

CARLOS ROBERTO DE OLIVEIRA
(66 anos)
Cantor e Compositor

* Mesquita, RJ (14/02/1946)
+ Magé, RJ (25/04/2012)

Mais conhecido como Dicró, foi um cantor e compositor de sambas satíricos. Ao lado de Moreira da Silva, Osmar do Breque, Germano Mathias e Bezerra da Silva, é considerado um dos principais sambistas da linha humorística. Entre suas letras bem-humoradas, destacam-se aquelas em que ele falava mal da própria sogra.

Filho de mãe de santo, Dicró cresceu na favela do bairro de Jacutinga, na cidade de Mesquita. Desde cedo frequentava as rodas de samba organizadas por sua mãe em seu próprio terreiro. Eventualmente tornou-se compositor, integrando a ala das escolas de samba Beija-Flor, em Nilópolis, e Grande Rio, em Duque de Caxias.

É dessa época o surgimento do apelido Dicró. De acordo com o poeta Sérgio Fonseca, os sambas da autoria de Carlos Roberto eram impressos com as iniciais de seu nome, "CRO". Com o tempo, a pronúncia e os erros tipográficos, o "De CRO" mudou para "Di CRO", para no fim se tornar Dicró.

Em 1991, estreou como dramaturgo com o texto O Dia Em Que Eu Morri. Durante o governo de Anthony Garotinho no Rio de Janeiro, foi um dos principais incentivadores da criação do Piscinão de Ramos. Compôs diversas músicas para o projeto, passando a ser considerado Prefeito do Piscinão. Manteve um trailer no local, que se tornou ponto de encontro de sambistas e grupos de pagode.

No começo de 2010, assinou contrato com a Rede Globo para apresentar um quadro no programa Fantástico.

Portador de diabetes, passou a enfrentar na mesma época sérios problemas de saúde.

No dia 25 de abril de 2012, voltando para casa após uma sessão de hemodiálise, sentiu-se mal, vindo a ser internado em um hospital de Magé. Morreu poucas horas depois, em decorrência de um infarto.

Fonte: Wikipédia

Dircinha Batista

DIRCE GRANDINO DE OLIVEIRA
(77 anos)
Atriz e Cantora

* São Paulo, SP (07/04/1922)
+ São Paulo, SP (18/06/1999)

Conhecida como Dircinha Batista, foi uma atriz e cantora brasileira. Era filha de Batista Júnior e irmã de Linda Batista.

Dircinha Batista foi uma cantora de enorme sucesso. Em mais de quarenta anos de carreira, ela gravou mais de trezentos discos em 78rpm, com muitos grandes sucessos, especialmente músicas carnavalescas. Trabalhou em dezesseis filmes.

Uma criança prodígio, Dircinha começou a se apresentar em festivais aos seis anos de idade. Ela começou a participar dos shows de seu pai no Rio de Janeiro e em São Paulo a partir daquele ano de 1928. Em 1930, aos oito anos, gravou seu primeiro disco, para a Columbia, com duas composições de Batista Júnior, Borboleta Azul e Dircinha.

Em 1931, ela se tornou um membro do programa de Francisco Alves na Rádio Cajuti, onde trabalhou até seus dez anos, então se mudou para o Rádio Clube do Brasil. Em 1933, ela gravou A Órfã e Anjo Enfermo, de Cândido das Neves, com acompanhamento do compositor ao violão, junto de Artur de Souza Nascimento.

Aos treze anos, participou do filme Alô, Alô, Brasil e, no ano seguinte, de Alô, Alô, Carnaval, ambos de Wallace Downey. Em 1936, gravou dois discos pela RCA Victor.

Em 1937, Benedito Lacerda convidou-a para gravar seu samba Não Chora, com ele como solista (com Darci de Oliveira). Depois da gravação, não sabendo o que usar no outro lado do disco, ele pediu a Antônio Nássara, que estava no estúdio, para dar a ela uma de suas canções. Antônio Nássara só tinha a primeira parte de uma marchinha, mas logo a finalizou e Dircinha Batista gravou seu primeiro grande sucesso, Periquitinho Verde, que estourou no Carnaval do ano seguinte.

Em 1938, Dircinha Batista trabalhou nos filmes Futebol em Família (J. Ruy), Bombonzinho e Banana da Terra, e, em Belo Horizonte, MG, recebeu a faixa de melhor cantora do governador Benedito Valadares. Gravou Tirolesa (Oswaldo Santiago e Paulo Barbosa), um dos grandes sucessos do Carnaval de 1939, e venceu um concurso promovido pelo jornal O Globo para escolher a cantora preferida da capital federal. No mesmo ano, Dircinha Batista teve muitos outros sucessos: Moleque Teimoso (Jorge Faraj e Roberto Martins), Era Só o Que Faltava (Oscar Lavado, Raul Longras e Zé Pretinho), Mamãe, Eu Vi Um Touro (Jorge Murad e Oswaldo Santiago).

Em 1940, teve sucesso no Carnaval com Katucha (Georges Moran e Oswaldo Santiago) e participou do filme Laranja da China. Dircinha Batista também teve sucesso com Upa, Upa, Nunca Mais (ambas de Ary Barroso), Acredite Quem Quiser (FrazãoAntônio Nássara) e Inimigo do Batente (Germano Augusto e Wilson Batista). No mesmo ano, assinou um contrato milionário com a Rádio Ipanema e fez sua primeira turnê internacional na Argentina.

Em 1941, participou do filme Entra na Farra e, três anos depois, de Abacaxi Azul. Em 1945, Dircinha Batista fez sucesso com Eu Quero é Sambar (Alberto Ribeiro e Peterpan). Em 1947, participou do filme Fogo na Canjica. Em 1948, foi coroada Rainha do Rádio. Em 1952, trabalhando na Rádio Nacional e no Rádio Clube, apresentou o programa Recepção no Rádio Clube, o qual era dedicado aos compositores populares brasileiros. Sua atuação neste programa lhe rendeu uma placa de prata na Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música e um troféu pela União Brasileira de Compositores.

Em 1953, atuou no teatro pela segunda e última vez, a primeira foi em 1952, e teve um de seus maiores sucessos com Se Eu Morresse Amanhã de Manhã (Antônio Maria). Em 1954, atuou no filme Carnaval em Caxias, e depois em Guerra ao Samba (1955), Tira a Mão Daí e Depois Eu Conto (1956), Metido a Bacana (1957), É de Chuá (1958) e Mulheres à Vista (1959).

No Carnaval de 1958, fez sucesso com Mamãe, Eu Levei Bomba (J. Júnior e Oldemar Magalhães). Em 1961, ela foi contratada pela TV Tupi. Ainda fez sucesso em 1964 com A Índia Vai Ter Neném (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira).

Desgostosa pela falta de memória nacional e abalada pela morte da mãe para de cantar na década de 1970.

No final dos anos 1980 é lançado o musical Somos Irmãs, estrelado por Nicete Bruno e Suely Franco, que conta a história de vida das cantoras.

Curiosidades

Dublou Dinah Shore na versão em português de Música, Maestro!, da Disney. A canção que ela canta no filme, Two Silhouettes (Charles Wolcott e Ray Gilbert), que, com a versão de Aloysio de Oliveira, ficou conhecida no Brasil como Dois Corações, foi lançada em disco pela Continental.

Foi a primeira, junto de Linda Batista, a gravar Abre Alas! de Chiquinha Gonzaga na íntegra. Até então, a música era conhecida apenas por retalhos e enxertos em outros discos. Nos anos 1980, conhece o cantor José Ricardo que ampara ela e as irmãs, Odete e Linda, acolhendo-as como membros de sua família.

Filmografia

  • 1967 - Carnaval Barra Limpa
  • 1966 - 007 e Meio No Carnaval
  • 1960 - O Viúvo Alegre
  • 1959 - Entrei de Gaiato
  • 1959 - Mulheres à Vista!
  • 1958 - É de Chuá
  • 1957 - Metido a Bacana
  • 1956 - Depois Eu Conto
  • 1956 - Tira a Mão Daí!
  • 1955 - Guerra ao Samba
  • 1953 - Carnaval em Caxias
  • 1952 - É Fogo na Roupa
  • 1952 - Está Com Tudo
  • 1949 - Carnaval no Fogo
  • 1949 - Eu Quero é Movimento
  • 1948 - Folias Cariocas
  • 1948 - Esta é Fina!
  • 1947 - Fogo na Canjica
  • 1945 - Não Adianta Chorar
  • 1944 - Abacaxi Azul
  • 1941 - Entra na Farra
  • 1940 - Laranja da China
  • 1939 - Onde Estás, Felicidade?
  • 1938 - Banana da Terra
  • 1938 - Futebol em Família
  • 1937 - Bombonzinho
  • 1936 - João Ninguém
  • 1936 - Alô, Alô Carnaval
  • 1935 - Alô, Alô Brasil

Fonte: Wikipédia

Canhoto da Paraíba

FRANCISCO SOARES ARAÚJO
(82 anos)
Instrumentista

* Princesa Isabel, PB (19/03/1926)
+ Paulista, PE (24/04/2008)

Foi um violonista e músico brasileiro. Era mais conhecido como Canhoto da Paraíba e também por Chico Soares. Por ser canhoto, tocava com o violão invertido, mas sem inverter as cordas, pois precisava compartilhar o mesmo violão com seus irmãos, destros. Embora fosse filho de pai violonista, não teve a oportunidade de aprender com ele exatamente por ser canhoto. Canhoto aprendeu a tocar sozinho.

Canhoto compôs choros com um "agradável sabor nordestino". Conta a lenda que ao ver Canhoto tocar pela primeira vez, Radamés Gnattali ficou tão impressionado que teria gritado um palavrão e jogado seu copo de cerveja para o teto e que o dono da casa, ninguém menos que Jacob do Bandolim, nunca teria apagado a mancha do teto para lembrar o momento (tudo indica que é apenas lenda).

Pela extinta gravadora Rozenblit, gravou o disco Único Amor, que, recentemente, foi relançado em CD. Canhoto tinha a sensibilidade aguçada. Na ocasião, para acompanhá-lo, escolheu Henrique Annes, violonista de formação erudita que, mais tarde, viria a se tornar um dos maiores violonistas brasileiros. Já o produtor musical do disco foi Nelson Ferreira, grande maestro e arranjador de frevos.

Outros discos de Canhoto da Paraíba foram: Com Mais de Mil (1997), produzido por Paulinho da Viola e Pisando em Brasa (1993), que contou com as participações de Paulinho da Viola e do violonista Raphael Rabello. Junto com Paulinho da Viola, que produziu seu disco O Violão Brasileiro Tocado pelo Avesso percorreu o Brasil no Projeto Pixinguinha, divulgando o choro.


Em 1998 sofreu um Acidente Vascular Cerebral que o deixou com o lado esquerdo do corpo paralisado, ficando assim impossibilitado de prosseguir com sua carreira e, em 2008, após Infarto, morreu aos 82 anos.

Fonte: Wikipédia

Poly

ÂNGELO APOLÔNIO
(64 anos)
Instrumentista e Compositor

* São Paulo, SP (08/08/1920)
+ São Paulo, SP (10/04/1985)

Poly foi um multi-instrumentista (violão, cavaquinho, bandolim, banjo, contrabaixo, viola, guitarra havaiana) e compositor, tendo desde os 10 anos demonstrado habilidade com os instrumentos de cordas.

Começou sua carreira artística na década de 1930, em São Paulo, quando passou a acompanhar cantores populares de então: Januário de Oliveira, Paraguaçu e Arnaldo Pescuma. Em 1937, foi chamado para trabalhar no Conjunto Regional da Rádio Difusora paulista, como violonista e solista de cavaquinho e bandolim. Na mesma época, integrou o conjunto vocal Grupo X, que concorria com o Bando da Lua.

Compôs sua primeira música em 1939, uma valsa intitulada Você, com letra de José Roberto Penteado, que nunca foi gravada. Foi esse parceiro que sugeriu o nome artístico Poly, abreviatura de Apolônio.

Em 1940, foi convidado pelo também multi-instrumentista Garôto para trabalhar em seu regional no Rio de Janeiro. Com o Regional de Garoto, atuou no Cassino Copacabana, na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mayrink Veiga e ainda gravou alguns discos.

Em 1944, gravou seu primeiro disco solo, tocando guitarra havaiana interpretando os fox-troptes Deep In The Heart Of Texas (Don Swander e June Herchey) e Jingle, Jangle, Jungle (J. L. Lilley e F. Loesser). No mesmo ano interrompeu suas atividades musicais para servir à Força Expedicionária Brasileira na Itália, só retornando após o fim do conflito.

No ano seguinte gravou, com um conjunto liderado por ele e intitulado Poly e Seus Havaianos o fox-trote Lime House Blues (Philip Braham) e o fox-blue Isle Of Dream, de sua autoria. Nessa época, passou uma temporada em Porto Alegre, trabalhando na Rádio Farroupilha, chegando a integrar o Conjunto Farroupilha a convite de Tasso Bangel. Com eles fez excursão pela Europa, Japão e Estados Unidos. Retornando ao Brasil, trabalhou em várias boates paulistas, tais como a Clipper e a Roof da Gazeta. Em 1948, gravou ao violão os choros Sonho Divino, parceria com Lupe Ferreira e Colibri, de sua autoria.

Em 1951, criou o grupo Poly e Seu Ritmo com o qual gravou tocando guitarra havaiana na Todamerica o beguine Begin The Beguine (Cole Porter) e o fox-trot Cavaleiros do Céu (Stan Jones).

No ano seguinte, gravou com o mesmo grupo o choro Meteoro, de sua autoria e o bolero Saudade, de Jaime Redondo. Nesse ano, gravou mais dois discos com outro grupo intitulado Poly e Seus Modernistas. No primeiro disco, estavam o baião Turista e o chorinho Dois de Junho, de sua autoria. No segundo disco, tocou guitarra havaiana no beguine Jezebel (Shanklin) e no fox-trot At Sundown (Donaldson). Ainda nesse ano, passou a atuar na gravadora Todamerica acompanhando com seu conjunto gravações de diferentes cantores, a começar pela dupla Cascatinha & Inhana na canção Ave Maria do Sertão e na toada Fiz Pra Você. Fez também acompanhamentos para o Trio de Ébano, Cauby Peixoto, Orlando Dias, Trio Orixá e outros.

Teve gravados em 1953 o samba-canção Guarujá, com Juracy Rago, pela cantora Inhana, o baião Terra de Anchieta, com Ado Benatti pela dupla Cascatinha & Inhana e a toada-baião Aula de Amor, com José Caravaggi por Cauby Peixoto.

Em 1954, gravou na Todamerica o choro Apanhei-te Cavaquinho (Ernesto Nazareth) e o baião Coringa, de sua autoria. No ano seguinte, transferiu-se para a gravadora Columbia e gravou com seu conjunto o fox Dançando Com Lágrimas Nos Olhos (Burke e Dubin), o bolero Tarde Fria, de sua autoria, o fado-fox Benfica, parceria com Juvenal Fernandes e o samba Fel (Betinho e Heitor Carrilho).

Em 1956, fez com Henrique Lobo a música Tarde Fria gravada por Cauby Peixoto no LP Canção do Rouxinol.

Em 1957, gravou com seu conjunto o choro Velha Guarda (José Ramos), o fox-trot É Ou Não Romântico (Hart e Rodgers), o mambo Fiesta (Samuels e Whitcup) e o beguine Veneno, de sua autoria. No ano seguinte, gravou com seu conjunto as canções Moonlight Fiesta e Moonlight In Rio, de sua autoria.

Em 1959, lançou pela Columbia o LP Penumbra - Poli e Seu Conjunto. Nesse ano, tornou-se o primeiro a introduzir a guitarra na música sertaneja na regravação da Moda da Mula Preta pela dupla Torres & Florêncio, com arranjos seus, que também tocou a guitarra havaiana. Também nesse ano, tocou viola caipira no LP Exaltação à Viola, lançado pelo maestro Elcio Alvarez na Chantecler.

Em 1960, gravou pela Chantecler o cateretê Zíngara (Joubert de Carvalho), a canção Noite Cheia de Estrelas, a valsa Lágrimas (Cândido das Neves), Serenata (Vicente Celestino) e Samba Caipira (Palmeira e Piraci). Nesse ano, gravou pelo selo Sertanejo a cana-verde Vai de Roda (Palmeira e Teddy Vieira), a guarânia Condenado (Palmeira e Alberto Calçada), Lamento de Boiadeiro (Palmeira e Mário Zan) e Folias de Santos Reis (Teddy Vieira e Palmeira). Nessa época, seu conjunto tinha como integrantes Henrique Simonetti na celesta, Carlinhos Maffazzoli no acordeom e Luisinho Schiavo no órgão elétrico.

Em 1961, ainda na Chantecler, gravou a valsa Ave Maria (Erotides de Campos) e o samba Despedida de Mangueira (Benedito Lacerda e Aldo Cabral). Nesse ano, gravou no selo Sertanejo a toada Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira). Também no mesmo ano, ingressou na Continental e em seu primeiro trabalho na nova gravadora acompanhou com seu conjunto as gravações dos rocks Rock do Saci (Baby Santiago e Tony Chaves) e Broto Legal, dois grandes sucesso do jovem ídolo Demétrius. Acompanhou ainda gravações de Valter Levita, Luiz Roberto e Leila Silva.

Em 1962, gravou com seu conjunto o samba Castiguei (Venâncio e Jorge Costa), o bolero Fica Comigo Esta Noite (Adelino Moreira e Nelson Gonçalves), a polca Festa na Roça (Mário Zan e Palmeira) e a Quadrilha do Tamanduá, de sua autoria.

No ano seguinte, gravou algumas músicas de filmes e seriados famosos na época como Sukiyaki, Bonanza e Dominique. Em 1964, voltou a tocar viola caipira no LP Quermesse Junina da Continental.

À época, influenciava, como instrumentista e professor de música, entre outros, Sérgio Dias do grupo Os Mutantes. Em 1970, gravou o LP Sertão em Festa, com solos de guitarra havaiana nas músicas Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira) e Vai Chorando, Coração (Amarilda e Brás Baccarin), além de tocar viola caipira em diversas composições. Gravou, no mesmo ano, outro LP homenageando os grandes instrumentistas de cordas do Brasil, Canhoto, Jacob do Bandolim e outros. Jacob do Bandolim, conhecido por seu senso hiper-crítico, fez elogios ao instrumentista na época do lançamento desse disco.

Estilo e Técnicas

Como faz parte da era pré-Hendrix e pré-Beatles, é importante notar algumas peculiaridades em sua pegada, como, não necessariamente um distanciamento do rock'n roll, mas uma ausência de elementos que o rock trouxe posteriormente para a guitarra que se tornaram o paradigma atual da guitarra elétrica.

Sua sonoridade clean, ou seja, sem os efeitos de distorção, - popularizados a partir do final da década de 60 até os dias de hoje - o assemelha timbristicamente com guitarristas do jazz, como Wes Montgomery, mas sem a sofisticação harmônica dos guitarristas deste estilo.

Isto se dá devido ao fato de Poly usar guitarras semi-acústicas, geralmente usando o captador do braço sozinho ou misturado com o da ponte.

Mas seu maior diferencial era o uso inusitado para a época da técnica de slide denominada Lap Steel. Sendo inviável o uso do captador do braço para tocar notas superagudas na guitarra que ultrapassam o limite da espelho da guitarra (C#5, D5 ou E5, sendo, respectivamente os trastes 21, 22 e 24), ele usava o captador da ponte nas guitarras havaianas para fazer um efeito parecido com o relinchar de cavalos, esfregando o slide perto do fim das cordas, na região onde o espelho da guitarra.

Tal uso da Lap Steel, foi mundialmente popularizado por David Gilmour do Pink Floyd muitos anos mais tarde, mas aparentemente sem influência direta do Poly.

Além do Lap Steel (guitarra deitada no colo com slide na mão esquerda), podemos Palm Mute, Double Stop.

A fábrica de instrumentos musicais Giannini fez sua guitarra signature, ou seja, instrumento tributo, em sua homenagem, denominada Giannini Apollo, sendo um modelo muito famoso e atualmente de grande valia para os colecionadores de instrumentos vintage.

Fonte: Wikipédia

Joãozinho da Goméia

JOÃO ALVES DE TORRES FILHO
(56 anos)
Sacerdote do Candoblé de Angola

* Inhambupe, BA (27/03/1914)
+ São Paulo, SP (19/03/1971)

Existem muitas histórias sobre Joãozinho da Goméia. De família católica, chegou a ser coroinha, mas por motivo de saúde, ainda menino João Alves Torres Filho foi iniciado para o mundo do Candomblé na feitura de santo pelo Pai Severiano Manuel. Com a morte de seu Pai-de-Santo, refez o santo no Terreiro do Gantois com Mãe Menininha do Gantois, mudando da nação angola para ketu.

Em 1924 aos 10 anos, o garoto já havia dado mostras de sua personalidade forte. Contra a vontade dos pais, deixou a casa da família para tentar a sorte na capital Salvador. Teve que se virar para sobreviver e foi trabalhar num armazém de secos e molhados, onde conheceu e foi apadrinhado por uma senhora que morava na Liberdade, e que ele considerava sua madrinha. Foi essa senhora quem teve a idéia de levá-lo ao terreiro de Severiano Manoel de Abreu, conhecido como Jubiabá, nome do seu caboclo. Joãozinho sofria de fortes dores de cabeça, que não eram explicadas, nem curadas pelos médicos. Também tinha sonhos com "um homem cheio de penas", que não o deixava dormir.

Para os adeptos do Candomblé, é facil interpretar esse "homem de penas" como Pedra Preta, seu caboclo. Bastou que ele fosse feito, no dia 21 de dezembro de 1931, para que as dores fossem embora. Elas seriam somente um aviso dos Minkisi, que cobravam a iniciação do menino.


Polêmicas

Sempre existiu polêmica, em se tratando de Joãozinho da Goméia, para alguns estudiosos, o Jubiabá que o iniciou não é o mesmo da obra de Jorge Amado. Para outros, João sequer foi feito (iniciado). Porém, há filhos de Joãozinho que contam detalhes de sua feitura, como a Ialorixá Maria José dos Santos, de 92 anos, que declarou ao Correio da Bahia:

"Eu duvido que, se ele fosse vivo, alguém tivesse coragem de questionar isso na frente dele"

Em direção totalmente oposta vai a pesquisadora norte-americano Ruth Landes em seu livro A Cidade das Mulheres:

"Há um simpático e jovem pai Congo, chamado João, que quase nada sabe e que ninguém leva a sério, nem mesmo as suas filhas-de-santo (...); mas é um excelente dançarino e tem certo encanto. Todos sabem que é homossexual, pois espicha os cabelos compridos e duros e isso é blasfemo. – Qual! Como se pode deixar que um ferro quente toque a cabeça onde habita um santo!"

Outra polêmica levantada por Ruth Landes é que João "recebia" um caboclo. Os caboclos não são Orixás, mas espíritos encantados, originários das religiões indígenas, sem relação com a África. Esses Candomblés de caboclo eram alvo do desprezo do povo-de-keto, zelosos de sua "pureza" africana porque, nessa época, havia um empenho por parte de influentes intelectuais comandados por Arthur Ramos e Edison Carneiro em firmar a idéia de que havia nos terreiros keto uma "pureza" com relação às raízes africanas.

O certo é que João foi um homem não só adiante de seu tempo como também dono de um projeto particular de ascensão social e religiosa, buscando a diferença como dado de divulgação de si mesmo e sua "roça": negro que alisava os cabelos por vaidade, sem se preocupar com a polêmica de poder ou não colocar ferro quente na cabeça de um iniciado; homem que não se envergonhava de ser homossexual na homofóbica Bahia do início do século XX; Pai-de-Santo que afrontava os princípios de que homens não podiam "receber" o Orixá em público, tornando-se famoso pela sua dança; incorporava ao Candomblé a entidade indígena do Caboclo Pedra Preta; adepto de Angola, numa cidade dominada pela cultura Jeje-Nagô; Babalorixá jovem, numa cultura dominada por Ialorixás mais velhas o que, segundo seus Filhos-de-Santo, ativou o despeito das mães-de-santo tradicionais da Bahia.

Também sua ascensão precoce era mal-vista no mundo do Candomblé, onde a idade avançada é considerada um atributo importante para a escolha dos sacerdotes – e a própria Mãe Menininha do Gantois sofreu resistências por causa disso, quando assumiu a chefia do seu terreiro aos 26 anos de idade.

Lendas à parte, o caso é que as Ialorixás mais tradicionais não sabiam como encarar as novidades trazidas por Joãozinho. Também não é verdade a afirmação de Ruth Landes de que Joãozinho não era respeitado pelos seus "filhos", a quem na verdade tratava com mão de ferro: era muito autoritário e enérgico.

Seu primeiro terreiro foi num bairro chamado Ladeira de Pedra, mas logo foi para o local que o tornou famoso, a ponto de incorporar o endereço ao próprio nome: Rua da Goméia. Lá, tocava indiferentemente angola e keto, o que contribuía – e muito – para aumentar o escândalo em torno de seu nome.


Irreverência

Em 1948, despediu-se de Salvador com uma festa no Teatro Jandaia, apresentando ao público pagante danças típicas do Candomblé, escândalo final para adeptos baianos, e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde abriu casa na Rua General Rondon, nº 360, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense.

Nesse endereço a lenda em torno de Joãozinho da Goméia só fez aumentar, atendia políticos, embaixadores, consules, o próprio Getúlio Vargas e a sogra de Juscelino Kubitschek, além de artistas como Ângela Maria, na época a "Rainha do Rádio". Tudo isso fez com que passasse a freqüentar a imprensa.

O próprio João nunca revelou os nomes de seus filhos ou clientes. Seus Filhos-de-Santo que espalharam essas notícias, orgulhosos do status da casa de seu pai. Costas quentes ou não, o caso é que Joãozinho nunca teve seu terreiro invadido pela polícia, nem jamais foi preso, ao contrário de Mãe Menininha do Gantois, que tem registradas duas passagens pela polícia, acusada de "tocar candomblé".

Diz a lenda que Joãozinho até mesmo chegou a fazer despacho para Exu em plena Praça XV. O caso é que tornou-se o primeiro Pai-de-Santo realmente conhecido no Brasil. Sabia do poder da imprensa e manteve relações com publicações importantes como a revista O Cruzeiro, deixando-se fotografar com os trajes dos Orixás.

Em 1956, João participou do carnaval vestido de mulher. O assunto rendeu uma polêmica terrível com outros Babalorixás e chefes de terreiros da Umbanda. João defendeu-se através da revista O Cruzeiro, reivindicando seu direito ao livre-arbítrio e declarando que jamais permitiria que qualquer outro Pai-de-Santo ou Mãe-de-Santo se intrometesse em sua vida.

Participou de shows no Cassino da Urca, apresentando as danças dos Orixás, sempre unanimemente considerado um bailarino de raras qualidades. Chegou a participar do filme Copacabana Moun Amour, de Rogério Sganzerla, no papel de um Pai-de-Santo que faz um Ebó na atriz Helena Ignez.

Teve numerosos Filhos-de-Santo: chegou a fazer um barco com 19 Iaôs, façanha lembrada por todos, dada sua extrema dificuldade de realização. Apesar das brigas com as alas mais conservadoras da religião, eis porque Joãozinho da Goméia é considerado um dos maiores divulgadores da religião dos Orixás no Brasil.

Em 1966, outro momento repleto de contradições: João voltou à Bahia e deu "obrigação" com Mãe Menininha do Gantois. Segundo a Iyalorixá Mãe Tolokê de Logunedé, "foi fazer a obrigação dele; tirar a mão de Vumbi e fazer bodas de prata. (...) Depois, ele fez a festa no Rio de Janeiro, para os filhos que não puderam ir à Bahia."

Ainda segundo seus Filho-de-Santo, Joãozinho da Goméia não apenas fez sua obrigação com Mãe Menininha do Gantois como foi o primeiro homem que ela permitiu que vestisse o Orixá e dançasse em público "virado" no santo. Para entender a importância desse ato (mesmo que apenas mais um aspecto da lenda) é preciso ler em Ruth Landes as restrições que Mãe Menininha do Gantois fazia quanto à apresentação pública de homens em transe.

Porém, é fato que, embora o próprio Joãozinho até o fim da vida continuasse tocando tanto angola quanto keto, a partir desse momento passou a insistir com seus Filhos-de-Santo para que seguissem uma orientação única, optando entre keto e angola.


Morte

Joãozinho da Goméia morreu em São Paulo, dia 19 de março de 1971, no Hospital das Clínicas (Vila Clementino), durante uma cirurgia para retirada de um Tumor Cerebral, e após uma Parada Cardiorrespiratória. Foi sepultado em um cemitério de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, num dia em que uma chuva de proporções míticas caiu sobre o Rio de Janeiro, exatamente na hora em que seu ataúde baixava à sepultura. Para os adeptos, uma manifestação de Iansã recebendo seu filho, que culminou com muita gente "virando no santo" em pleno cemitério. A passagem foi relatada na revista O Cruzeiro.

A Goméia do Rio de Janeiro foi vendida para uma incorporadora, que no local construiu um prédio. Os assentamentos de Joãozinho da Goméia foram transferidos para uma nova Goméia, em Franco da Rocha, São Paulo, onde os ibás de seu Oxóssi e de sua Iansã estão sendo devidamente cuidados e "alimentados", e podem ser visitados pelos adeptos que fazem parte da família de santo.

Fonte: Wikipédia