Madre Paulina

AMÁBILE LÚCIA VISINTAINER
(76 anos)
Religiosa e Santa

☼ Vigolo Vattaro, Itália (16/12/1865)
┼ São Paulo, SP (09/07/1942)

Amábile Lúcia Visintainer foi uma religiosa ítalo-brasileira, nascida em Vigolo Vattaro, região de Trento, que fica ao norte da Itália, no dia 16/12/1865. Foi canonizada em 19/05/2002 pelo Papa João Paulo II, recebendo o título de Santa Paulina.

Foi a segunda filha de Napoleone Visintainer (Wiesenteiner) e Anna Pianezzer. Nasceu numa família de poucas posses mas cristãos muito fervorosos que, em 1875, por conta da grave crise econômica e pestes contagiosas que assolavam a Itália, emigraram para o Brasil como muitos outros tiroleses italianos oriundos de Vigolo Vattaro, na região trentina do Tirol que fazia parte do Império Austríaco e depois, do Império Austro-Húngaro, sendo incorporada à Itália somente após a Primeira Guerra Mundial.

Em 1875 a família de Amábile chegou ao Brasil. Foram para o Estado de Santa Catarina, mais precisamente para a região de Nova Trento, onde vários trentinos já estavam morando. Eles foram se estabelecer num vilarejo recém fundado no meio da mata chamado Vigolo. Tudo era muito precário e pobre. As famílias procuravam manter-se unidas para sobreviverem, alimentando o sonho de um dia prosperarem.

Estátua de Madre Paulina - Nova Trento
No vilarejo de Vigolo, Amábile travou amizade com uma menina que a acompanharia por toda a vida: Virgínia Nicolodi. As duas já tinham uma fé sólida e esta afinidade as fez crescer ainda mais na amizade. As duas eram sempre vistas rezando na capelinha de madeira. Elas fizeram a primeira comunhão no mesmo dia. Nessa época, Amábile já tinha doze anos de idade.

O vilarejo de Vigolo crescia aos poucos. Por isso, o padre responsável pela região, chamado Servanzi, iniciou um trabalho pastoral ali. Logo ele percebeu o espírito comprometido e sábio da adolescente Amábile e incumbiu-a de lecionar o catecismo às crianças, além da ajuda aos doentes e de manter limpa a capelinha do vilarejo, que era dedicada a São Jorge. Esta incumbência certamente ajudou a amadurecer a vocação religiosa no coração de Amábile.

Amábile assumiu a missão de corpo e alma, levando sempre consigo a amiga Virgínia Nicolodi. As duas dedicavam-se totalmente à caridade para com os mais pobres, ajudando aos doentes, conseguindo mantimentos para os necessitados, ajudando aos doentes, idosos, crianças, enfim, a todos que precisassem. Amábile e Virgínia começaram a ser reconhecidas por todo o povo italiano que vivia naquela região distante e abandonada do Brasil.

Santuário Madre Paulina - Santa Catarina
Em 1888, Amábile teve o primeiro de três sonhos com a Virgem Maria. Nesses sonhos, Nossa Senhora disse a Amábile:
"Amábile, é meu ardente desejo que comeces uma obra: Trabalharás pela salvação de minhas filhas!"
Amábile respondeu:
"Mas como fazer isso minha Mãe? Não tenho meios, sou tão miserável, ignorante…"
Quando acordou após o terceiro sonho, Amábile assim respondeu em oração:
"Servir-vos Minha querida Mãe… sou uma pobre criatura, mas para satisfazer o vosso desejo, prometo me esforçar o máximo que eu puder!"
Casa onde Santa Paulina cuidou de doentes
Amábile pediu e seu pai a ajudou a construir uma casinha de madeira, num terreno perto da capela, doado por um barão. O casebre se transformaria num pequeno hospital onde Amábile e Virgínia dedicaram-se arduamente ao cuidado dos doentes, mas, também, ao cuidado e à instrução das crianças. As duas nem sabiam, mas ali estava nascendo a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.

A primeira pessoa doente que Amábile e Virgínia receberam no pequeno hospital, foi uma mulher que tinha câncer, em estado terminal. A pobre não tinha ninguém que pudesse cuidar dela. Assim, as duas assumiram a mulher no casebre. Era dia 12/07/1890. Mais tarde, Amábile e Virgínia consideraram essa data como o dia da fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. A Obra iniciou no dia em que as duas amigas começaram a atuar como enfermeiras.

A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição foi a primeira congregação feminina fundada no Brasil. Pela santidade e necessidade dessa Obra, ela foi aprovada rapidamente pelo bispo de Curitiba, em agosto de 1895.

Quatro meses após a aprovação eclesiástica, Amábile, Virgínia e outra jovem chamada Teresa Maule, fizeram os votos religiosos na Congregação. Na ocasião, Amábile adotou o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Além disso, ela foi nomeada superiora da pequena congregação. Por isso, passou a ser chamada de Madre Paulina.

A santidade, a caridade e a prática apostólica de Madre Paulina e suas co-irmãs fizeram por atrair muitas outras jovens. Apesar da pobreza e das imensas dificuldades em que as irmãzinhas viviam, o exemplo que elas davam arrastavam. Por isso, muitas jovens ingressaram na Congregação. Elas continuaram a cuidar dos doentes, da paróquia, das crianças órfãs e dos pobres. Além disso, começaram uma pequena indústria da seda para terem como sobreviver e manter as obras de caridade.

Convite Para Se Instalar Em São Paulo

Em 1903, apenas oito anos após a aprovação eclesiástica, o reconhecimento da Congregação já era notório no Brasil por causa da santidade de vida das Irmãzinhas e do trabalho extremamente necessário que realizavam. Por isso, nesse ano, Madre Paulina foi chamada para estender sua obra a São Paulo. Ela viu no convite um chamado de Deus e aceitou o desafio.

Em 1903, Madre Paulina e algumas irmãs chegaram a São Paulo. Lá, foram morar no bairro Ipiranga, ao lado de uma capela. Logo ela iniciou uma obra importante: A obra da Sagrada Família, que tinha como objetivo abrigar ex-escravos e suas famílias após a abolição da escravatura, que tinha acontecido em 1888. Essas famílias viviam em péssimas condições e a obra de Madre Paulina deu a elas um pouco de dignidade.

Algum tempo depois, a obra cresceu em número de irmãs e em ações sociais. Nesse ínterim, Madre Paulina passou a ser perseguida e caluniada por uma rica senhora, chamada Ana Brotero. Esta, ajudava nas obras.

A perseguição foi tanta que, em 1909 o bispo Dom Duarte destituiu Madre Paulina do cargo de superiora da congregação e a exilou em Bragança Paulista, SP. Madre Paulina, num exemplo de obediência, acatou a ordem do bispo, mesmo que em lágrimas de dor. Na ocasião, ela disse:
"Meu  único desejo é que a obra da Congregação continue para que Jesus Cristo seja conhecido e amado por todos!"
No exílio, Madre Paulina sujeitou-se aos trabalhos mais humildes e pesados, sem murmurar nem reclamar, mas entregando tudo ao Senhor.

Nove anos depois do chamado exílio, Madre Paulina foi chamada pelo mesmo bispo de volta à casa geral da Congregação em São Paulo. Suas virtudes de humildade e obediência foram reconhecidas, depois dessa prova de fogo. Por isso, ela foi chamada para viver entre as novas irmãs e servir de exemplo e testemunho cristão para todas. Nesse tempo, destacou-se seu espírito de oração e a grande caridade que tinha para com todas as irmãs, especialmente as doentes.

Em 18/10/1991 foi beatificada pelo Papa João Paulo II por ocasião da sua visita a Florianópolis, SC. Foi por fim canonizada em 19/05/2002 pelo mesmo Papa, recebendo oficialmente o nome de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus.

Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus é considerada a primeira santa brasileira, mesmo não tendo nascida no Brasil.

Oração a Santa Madre Paulina
"Ó Santa Paulina, que puseste toda a confiança no Pai e em Jesus e que, inspirada por Maria, decidiste ajudar o povo sofrido, nós te confiamos a Igreja que tanto amas, nossas vidas, nossas famílias, a Vida Consagrada e todo o povo de Deus.
(Pedir a graça desejada)
Santa Paulina, intercede por nós, junto a Jesus, a fim de que tenhamos a coragem de lutar sempre, na conquista de um mundo mais humano, justo e fraterno. Amém!"
Pai-Nosso - Ave Maria - Glória

Morte

A partir de 1938, Madre Paulina iniciou um período de grandes sofrimentos físicos. Por causa do diabetes, seu braço direito teve que ser amputado. Depois disso, ficou cega. Foram quatro anos de sofrimentos físicos e de testemunho de fé. Ela permaneceu firme, louvando ao senhor por tudo e sendo cada vez mais amada e admirada pelas irmãzinhas.

Por fim, após quatro anos de dor, no dia 09/07/1942, aos 76 anos de idade, ela entregou sua alma a Deus, Em São Paulo, SP, na casa geral da congregação fundada por ela.

#FamososQuePartiram #MadrePaulina #SantaPaulina

Camilla de Castro

CAMILLA DE CASTRO
(26 anos)
Atriz, Modelo e Transexual

☼ Santo André, SP (20/04/1979)
┼ São Paulo, SP (26/07/2005)

Camila de Castro foi uma atriz pornô, transexual e modelo nascida em Santo André, SP, no dia 20/04/. Camila de Castro foi um raro caso de celebridade nacional que conseguiu transcender às questões de gênero, pornografia, sexo e raça, chegando a ter um quadro fixo no programa SuperPop, da RedeTV!.

Camila de Castro era natural de Santo André, SP, onde morou com as tias até os 19 anos.

Em 1998, após transferir-se para São Paulo, recorreu à prostituição para sobreviver, como a maioria das travestis e mulheres transexuais.

Em 2000 iniciou na carreira de filmes pornográficos. Devido à sua beleza se destacou e em menos de quatro anos de carreira foi capa de pelo menos 10 filmes e apareceu em mais de 20 cenas das produtoras Evil Angel, Angel Elegant e Robert Hill Releasing, atuando com Patricia Araújo, Natasha Dumont, Julio Vidal, entre outras estrelas do cinema pornográfico brasileiro.


Em 2004, conversou com a produção do programa Superpop da RedeTV! - que era acostumado a levar pautas (nem sempre positivas) sobre a população trans - e foi chamada para um reality show amoroso. O quadro visava encontrar um namorado para Camilla, que teria que escolher com qual ela gostaria de se casar. 

Camilla frisava que não escolheria ninguém apenas para "ficar bem na TV" e dispensava sobretudo aqueles que não queriam mostrar o rosto ou que demonstravam não estarem confiantes o suficiente para assumi-la publicamente. Ela falava em casamento, mesmo, de véu e grinalda, enquanto a TV encarava tudo como um show. 

O quadro ainda estava rolando e Camilla tinha uma gravação agendada para a próxima semana quando ocorreu o suicídio. Na época, o então diretor Marcelo Nascimento declarou que a jovem estava bastante deprimida e que algumas sugestões do que teria levado o suicídio era o amor por um rapaz que não a assumia publicamente.

No dia da morte, o programa foi todo sobre Camilla. Um tanto sensacionalista, Luciana Gimenez questionava no ar se era mesmo suicídio, um acidente ou assassinato, enquanto a repórter exibia o sangue em frente ao hotel. Especularam que ela seria soropositiva - o que nunca foi confirmado - e que se prostituía - como se ninguém soubesse.

A Carta de Camilla de Castro

A seguir está a carta escrita por Camilla de Castro quatro meses antes de seu suicídio. Foi publicada em seu blog. Era uma entrevista para Alex Jungle:
"Camilla de Castro - 05/03/2005
Alex Jungle! O que vou expor agora é algo íntimo e pessoal, uma lembrança toda minha, mas que acredito poder trazer mais luz para este espaço (ou não)???
Era uma vez a Camilla.
Camilla tinha saído, aos 19 anos, do teto protetor de suas tias em Santo André e se mudado em definitivo para São Paulo, aonde já cultivara algumas amizades, fruto de suas voltinhas pela noite da cidade (mas os motivos pelos quais deixei a casa de minhas tias e os primórdios de minha carreira na prostituição são coisas que contarei em outra ocasião).
Camilla teve a sorte de ter o primeiro mês de flat, aonde veio a morar, pagos por sua tia. Como já tinha algum conhecimento, passou a trabalhar no telefone durante o dia e à noite na porta do Hotel Grants, celeiro de muitas belezas passadas, presentes e futuras no meio transexual.
E Camilla, que apesar de sentir pela primeira vez a delícia da liberdade de morar sozinha, e de poder contar com o apoio de algumas amigas, começou a desejar, já que tinha atingido o ápice de sua transformação, que tivera início aos 16 anos e que podia se sentir à vontade mesmo entre as mais bonitas de sua "espécie", um algo mais em sua vida: Um namorado.
Dos 16 aos 19 anos, além de não poder contar com a comodidade de namorar em casa, eu me contentei em dar uns amassos em uns e outros quando de minhas saídas pelas boates da moda - coisa que sempre gostei. Mas ela queria, e muito, um alguém. Chegava a sonhar acordada com isso.
Camilla conheceu, então, na porta do hotel uma linda travesti (que não vou dizer quem é) e as duas desenvolveram uma bela amizade. A colega acabara de voltar da Europa, para onde já fora diversas vezes, sempre vitoriosa. Ela e Camilla conversavam sobre os mais diversos assuntos: música, família, trabalho, etc.
Quando, porém, questionada sobre namoros por Camlla, a colega sempre soltava escrachos para ela.
Mas a colega era mais velha, e portanto mais experiente.
Os comentários da colega eram assim: Que eu (Camilla) deveria me mancar e juntar logo o máximo de dinheiro que conseguisse dos homens, já que quem está na chuva..., que não existe amor para as travestis, a não ser o da família (em poucos casos), que os homens nos viam (as travestis) como privadas humanas, onde descarregavam seus desejos mais "loucos" sem sequer olhar para trás depois. E lançou para Camilla um olhar de ironia por perceber que ela estava interessada nas "Coisas do Amor".
Camilla, jovem e inexperiente que era e que nunca havia tido problemas para arranjar namoradinhos (ainda que fossem de uma noite só) e que já esquecera as humilhações da escola, pensou: Essa maluca não quer é me ver feliz! Mas ficou com aquilo na cabeça e pensava em como podia aquela coisa linda que era sua colega ser tão azeda nesse ponto, apesar de linda e rica!
Pois apesar de não ser 100% feminina, ou seja, apesar de não enganar a todos 24 horas por dia, ela era dona de uma beleza quase sobrenatural... de parar o comércio, de virar o pescoço de qualquer marmanjão. Pouco depois, por obra pura do acaso - ou seria destino? - Camilla conheceu um rapaz que a levou para seu apartamento, a título de atração pura e simples, vinda de ambas as partes.
Conheceram-se na rua, beijaram-se e na mesma noite fizeram um sexo alucinado. Surpreendentemente, depois que tudo acabou, ele se mostrou interessado em continuar na casa dela, aonde conversaram até o amanhecer, quando ele saiu para ir trabalhar.
Ele havia se mostrado muito boa pessoa durante o tempo em que ficaram conversando e disse que nunca tinha experimentado nada como aquilo, e que não esperava ser tão bom conhecer um travesti.
Camilla chamou-o à razão e disse que não era nenhum bicho de 7 cabeças... E o dia passou.
À noite, ele, que havia pedido seu telefone, ligou, perguntando se poderiam se ver de novo. Mas ela estava "ocupada", coisa que ele deve ter entendido porque ela não lhe escondera que fazia programas. Marcaram para o outro dia, uma sexta-feira, no apartamento dela. E repetiram a dose , que foi ainda melhor, com descobertas e êxtases para os dois. E nesse clima gostoso, ele acabou ficando lá o fim de semana todo. E na segunda-feira, depois de tudo, ele foi trabalhar com a roupa de sexta. E ligou para ela durante a tarde toda, talvez por carinho ou até ciúmes dos clientes dela. E à noite estava de novo ao lado dela, mas o tom de sua visita já não era mais tão carnal. Perguntou a ela de sua infância, de sua família, de como tinha acabado por fazer programas.
E ela lhe contou tudo. Abriu sua alma para ele. E ele tinha sido o primeiro...
E ela se sentiu no direito de perguntar sobre a vida dele também. Coisas que ele respondeu com o maior prazer, que morava com os pais, que estudava e trabalhava, que era solteiro e não estava com ninguém. Mais uma semana se passou e a proximidade entre o rapaz e ela aumentou, com ele dormindo em sua casa quase todo o dia, ligando toda hora. E Camilla até negligenciou um pouco sua vida para ficar mais com ele. E ela se deixou conquistar por ele, pela presença dele, pela educação dele. E ele não se cansava de elogiá-la, de dizer que ela era a pessoa mais linda que ele já tinha visto, enfim, coisas de quem está apaixonado!
Mas quando, agora, ele ia para o trabalho de manhãzinha, Camilla ficava perdida, encanada, encucada, desajeitada, encurralada, pois um problema começava a se insinuar, lentamente, como uma serpente, como uma nuvem, como uma árvore da maldição: Se eles tivessem que sair juntos, como seria? Se ele tivesse que apresentá-la aos amigos, como seria? À família... E se alguém percebesse, em pleno shopping, que ela não era exatamente uma mulher, como seria? E se ela tivesse de apresentá-lo à suas tias, seria assim tão normal?
Essas eram as dúvidas que atormentavam a cabeça de Camilla e lhe tiravam o prazer de revê-lo durante a noite.
Mas ela também percebia (pois sou ariana pura) que algo nele também estava mudando. Que ele passou a se conter segurando-se para não dar vazão a seu desejo de literalmente assumi-la e mandar tudo para o inferno!
A semente da dúvida fora plantada nela, assim como nele.
E de repente eles eram Adão e Eva, em versão anos 2000, expulsos de seu paraíso particular. Pois se ela era obrigada a namorar escondido dentro de casa, com um homem que se ajoelhava a seus pés e lhe fazia juras de amor eterno, mas que não tinha coragem de ir com ela até a padaria da esquina, ele também deveria estar se amaldiçoando, com o coração dividido entre a razão e o coração.
Sim, pois existem entre os que amam as travestis pessoas sinceras, que não lhes fazem falsas promessas ou querem adestrá-las para satisfazerem seus caprichos, sem enxergarem seu lado pessoa...
Enfim, nesses quase 3 meses em que Camilla suportou ter de ver sua beleza toda relegada à um plano de sonho, visto que era impossível conciliar o preço de sua origem sexual a uma vida de dia a dia, e se ele já não aguentava mais a certeza de não ser corajoso o suficiente para pegar seu sonho pelas mãos e arrastá-lo consigo para a luz do dia, ela preferiu mandá-lo embora. Mandá-lo de volta para o universo que ele conhecia. Que era seguro para ele. Que haviam lhe ensinado ser assim.
Ele pediu mais um tempo, que ela se deu o direito de negar. Estava cansada. E as lágrimas dele não a fizeram mudar, pois ela sabia que ele não seguraria o tranco, que é para poucos, quase nenhum.
Alex Jungle! A Camilla dessa história sou eu.
A Camilla deusa.
A Camilla Alice.
A Camilla desenganada com a vida, que aprendeu de um modo cru que deve ser "Amada e Adorada" em segredo. No escuro da rua... No quarto do hotel barato... Que seu lugar é no reino do Faz de Conta, aonde deve-se estar sempre alegre! Sempre rir!
Mas se por muito tempo a Camilla exibia um olhar sem emoção alguma, um olhar de Medusa que congelava até quem a elogiava, é porque há coisas que não se esquecem, que não se explicam.
E foi ali, naquele ponto, que a Camilla, que antes fazia seus programas sem muitos questionamentos interiores e até por farra, pois não é que eu necessite tanto, percebeu que fazia o que o esquema de sua escolha queria, e não o que eu queria. Que eu já não era mais dona de meu nariz, da minha vida. Mesmo com toda a minha beleza. Mesmo com toda a educação que tive, minhas tias, o escambau.
E decidi virar poeira... Fazer o que "vim para fazer"... E se toda minha educação era vã, para que ser educada então?
Me isolei de tudo e todos. Mas fui mudando... entendendo... Aprendendo a gostar de mim mais um pouco, sacando que não importa como eu vivo. Atrás da cara linda na revista existe algo real, que eu não sou um sonho perfeito, mas que tem um fim, que minhas amigas de verdade e família conhecem e amam! E hoje posso dizer que é preferível sair com 100 homens por noite, que te tratem como um sonho por 1 hora - sempre com educação do que querer fazer parte da vida real de um deles. Porque quem está pagando sabe o que quer, só não sabe ao certo como chegar lá. Já aquele que te tira do eixo, acaba virando um problemão...
Quem é certo? Quem está errado? Quem aqui está se escondendo do que, e porque?
Alex! Contei essa história sem medo de ser vista como a Cinderela de 2004, mas com a certeza de que terá algum proveito. Precisava exorcizar esse demônio.
Não pensem porém alguns incautos que estou ainda derrotada e vencida, à mercê de qualquer tentativa de gozada de graça com a Camilla de Castro travestida de "namorico"!
Como creio que pode agora perceber, não sou nenhuma iludida!
Agradeço ainda a enorme quantidade de e-mails que recebi, além de inúmeras ligações, não só de clientes, mas de amigos também. Espero que esse relato seja usado para o bem, e que não se dê margem para comentários estúpidos.
Grata pela compreensão, 
Camilla de Castro"

Morte

Camilla de Castro faleceu no dia 26/07/2005, aos 26 anos, ao saltar nua do 7º andar de um prédio no centro de São Paulo.

Noticiado como suicídio, o caso chocou a comunidade transexual, uma vez que a jovem era sucesso na televisão, estava no auge da carreira, era considerada uma das mais belas travestis do país, e colocou em debate a difícil vida amorosa de uma travesti.

Fonte: Wikipédia e Facebook
#FamososQuePartiram #CamilladeCastro