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Marquês de Tamandaré

JOAQUIM MARQUES LISBOA
(89 anos)
Militar

* Rio Grande, RS (13/12/1807)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/03/1897)

Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré ou Almirante Tamandaré, foi um militar da Marinha do Brasil. Na carreira, atingiu o posto de almirante. Herói nacional, é o patrono da Marinha de Guerra do Brasil. O dia de seu nascimento, 13 de dezembro, é lembrado como o Dia do Marinheiro.

Participou nas lutas da Guerra da Independência do Brasil, na Bahia, da Confederação do Equador e da repressão às revoltas ocorridas durante o Período Regencial: a Cabanagem, a Sabinada, a Farroupilha, a Balaiada e a Praieira.

No plano externo, participou da Guerra Contra Oribe e Rosas e, com a eclosão da Guerra do Paraguai, comandou as forças navais em operação na bacia do Rio da Prata, em apoio à Batalha do Passo da Pátria, à Batalha de Curuzu e a Batalha de Curupaiti.

Era filho de Francisco Marques Lisboa, nascido na antiga província portuguesa de Estremadura em 1767, e de Eufrásia Joaquina de Azevedo Lima, nascida em Viamão, RS, radicados na vila vizinha ao município do Rio Grande e atual município de São José do Norte. Era irmão de Henrique Marques de Oliveira Lisboa.

Aos 13 anos de idade, alistou-se como voluntário na Marinha do Brasil, onde iniciou carreira como praticante de piloto na fragata Niterói, sob o comando de John Taylor. Nesse posto tomou parte em vários combates navais no litoral da então Província da Bahia, inclusive na perseguição à força naval portuguesa que se retirava em 1823.


Em 1825, durante a Guerra da Cisplatina (1825-1828), em que as Províncias Unidas do Rio da Prata pretendiam anexar a Província Cisplatina, então pertencente ao Império do Brasil, Joaquim Marques Lisboa, como tenente, se destacou em muitos combates pela liderança e coragem. Capturado com outros brasileiros, arrebatou ao inimigo o navio de guerra que os levava prisioneiros, assumindo o seu comando aos 18 anos de idade.

Aos 20 de idade, no comando da escuna Bela Maria, depois de travar combate de artilharia com um navio argentino e vencendo, demonstrou o seu espírito humanitário com o inimigo, o que lhe valeu o reconhecimento dos vencidos (1827). No mesmo ano foi capturado pelo navio argentino Patagonia.

Em 1840 já era Capitão-de-Fragata e, em 1847, Capitão de Mar-e-Guerra.

Em 1848 recebeu, na Grã-Bretanha, a fragata D. Afonso, primeiro navio misto - a vela e a vapor - de grande porte da armada brasileira. Durante esse comando, tendo a bordo o príncipe de Joinville, Francisco Fernando de Orléans, os duques de Aumale e o chefe da esquadra, almirante John Grenfell, teve a oportunidade de socorrer o navio Ocean Monarch, incendiado próximo ao porto de Liverpool, resgatando mais de cem pessoas.

Em 06/03/1850 socorreu a nau Vasco da Gama, perdida e avariada ao largo da barra do Rio de Janeiro, depois de uma forte tempestade.

Participou da Guerra Contra Oribes e Rosas, ou Guerra do Prata, em 1851, na Passagem do Tonelero.


Em 1852 foi promovido ao posto de Chefe-de-Divisão, correspondente a Comodoro em outra marinhas e, em 1854, a Chefe-de-Esquadra, correspondente Contra-Almirante.

Em 1857, durante uma permanência na Europa para acompanhar o tratamento de saúde da sua esposa, foi incumbido pelo governo imperial de fiscalizar a construção de duas canhoneiras na França e de oito outras na Grã-Bretanha. Eram navios de propulsão mista vela-vapor que significavam uma atualização necessária para que a Marinha brasileira continuasse a defender cabalmente os interesses do país. Esses navios atuaram na Guerra Contra Aguirre (Guerra do Uruguai) e na Guerra do Paraguai. Nesta questão, que evoluiu para uma intervenção militar brasileira, antes da rendição de Montevidéu, o Almirante Tamandaré liderou os combates em Salto e Paiçandu, ocupando-as com tropas brasileiras.

Em 1864, já com o título de Barão de Tamandaré, assumiu o cargo de Comandante-em-Chefe das operações navais brasileiras no Rio da Prata.

Durante a Guerra do Paraguai (1864 - 1870), coube a Marques Lisboa o comando das forças navais no início do conflito entre 1865 e 1866. Ele estabeleceu o bloqueio naval e organizou o apoio logístico para a força em operação, fundamentais para o seu bom êxito.


Na Batalha Naval do Riachuelo, em 11/06/1865, Francisco Manoel Barroso da Silva, por ele designado para comandar as Divisões em operação no Rio Paraná, obteve a vitória que mudou o curso da guerra em favor da Tríplice Aliança.

Marques Lisboa comandou a operação militar do Passo da Pátria num bem sucedido desembarque de tropas de grande envergadura e assim como o apoio naval na conquista das fortificações do Rio Paraguai, que impediam o avanço aliado.

Em 1866, por razões de saúde e políticas pediu o afastamento do cargo, sendo substituído pelo almirante Joaquim José Inácio, mais tarde Visconde de Inhaúma.

Quando da Proclamação da República do Brasil, no dia 15/11/1889, o Marquês de Tamandaré permaneceu fiel a Dom Pedro II do Brasil, quedando-se cerca de uma hora a sós com o Imperador, pedindo-lhe permissão para a Armada Imperial debelar o golpe de Estado, o que lhe foi negado.

Aos 82 anos de idade, e o último dos grandes militares monarquistas do passado ainda vivo, pois Duque de Caxias, Marquês do Herval, Almirante Barroso, Marechal Polidoro e todos os demais já haviam falecido, recusou-se a aceitar o fim da monarquia e permaneceu esperançoso da possibilidade de um contra-golpe. Permaneceu ao lado da Família Imperial até ao seu embarque definitivo no navio Alagoas para o exílio.

Foi reformado em 1890, falecendo sete anos depois, no dia 20/03/1897.

O Testamento do Almirante Tamandaré

A historiografia oficial omite todo o primeiro parágrafo deste documento alterando-lhe com isso o sentido do texto. Em 23/09/1893, Almirante Tamandaré assim dispôs:

Não havendo a Nação Brasileira prestado honras fúnebres de espécie alguma por ocasião do falecimento do Imperador, o senhor Dom Pedro II, o mais distinto filho desta terra, tanto por sua moralidade, alta posição, virtudes, ilustração, como pela dedicação no constante empenho ao serviço da Pátria durante quase 50 anos que presidiu a direção do Estado, creio que a nenhum homem de seu tempo se poderá prestar honras de tal natureza, sem que se repute ser isso um sarcasmo cuspido sobre os restos mortais de tal indivíduo pelo pouco valor dele em relação ao elevadíssimo merecimento do grande imperador.
Não quero pois, que por minha morte que me prestem honras militares, tanto em casa como em acompanhamento para sepultura.
Exijo que meu corpo seja vestido somente com camisa, ceroula e coberto com um lençol, metido em caixão forrado de baeta, tendo uma cruz na mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de dezembro de 1892, devendo colocar no lugar que faz cruz a haste e o cepo, um coração imitando o de Jesus, para que assim ornado signifique que a âncora cruz, o emblema da fé, esperança e caridade que procurei conservar sempre como timbre dos meus sentimentos. Sobre o caixão não desejo que se coloque coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie, e só a Comenda do Cruzeiro que ornava o peito do Sr. Dom Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como o primeiro dos Voluntários da Pátria para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios, que a aviltavam com a sua pressão; e como tributo de gratidão e benevolência com que sempre me honrou e da lealdade que constantemente a Sua Majestade Imperial tributei, desejo que essa Comenda Relíquia esteja sobre meu corpo até que baixe a sepultura, devendo ficar depois pertencente a minha filha D.M.E.L. (Dona Maria Eufrásia Marques Lisboa) como memória d’Ele e lembrança minha.
Exijo que se não faça anúncios nem convites para o enterro de meus restos mortais, que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus Cristo que hajam obtido o foro de cidadãos pela lei de 13 de maio.
Isto prescrevo como prova de consideração a esta classe de cidadãos em reparação à falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão, e reverente homenagem à Grande Isabel Redentora, benemérita da Pátria e da Humanidade, que se imortalizou libertando-os.
Exijo mais, que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe enterrado em sepultura rasa até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da Família Marques Lisboa.
Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha Pátria e prestar algum serviço à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: Aqui jaz o Velho Marinheiro.
Almirante Joaquim Marques Lisboa

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Antônio Conselheiro

ANTÔNIO VICENTE MENDES MACIEL
(67 anos)
Líder Social e Líder Religioso

* Quixeramobim, CE (13/03/1830)
+ Canudos, BA (22/09/1897)

Mais conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro. Figura carismática, adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi destruído pelo Exército da República na chamada Guerra de Canudos em 1896.

A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no como um louco, fanático religioso e contra-revolucionário monarquista perigoso.

Filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e de Maria Joaquina de Jesus, Antônio Vicente Mendes Maciel ficou órfão da mãe aos seis anos. Estudou aritmética, português, geografia, francês e latim. Entre suas leituras preferidas estavam As Aventuras do Imperador Carlos Magno e Os Doze Pares de França, adaptações de lendas populares da idade média arraigadas no folclore nordestino.

Aos 27 anos, perdeu o pai e começou a cuidar da loja da família, com a qual sustentava as quatro irmãs. Ficou dois anos à frente do negócio e, depois, passou a dar aulas numa escola de fazenda. Graças aos seus estudos e esforço pessoal, tornou-se escrivão de cartório, solicitador (encarregado de encaminhar petições ao poder Judiciário) e rábula (advogado sem diploma).

Em 1857, Antônio Maciel casa-se com Brasilina Laurentina de Lima, jovem filha de um tio seu. No ano seguinte, o jovem casal muda-se para Sobral, onde Antônio Maciel passa a viver como professor do primário, dando aulas para os filhos dos comerciantes e fazendeiros da região, e mais tarde como advogado prático, defendendo os pobres e desvalidos em troca de pequena remuneração. Passa a mudar-se constantemente, em busca de melhores mercados para seus ofícios. Primeiro vai para Campo Grande (atual Guaraciaba do Norte), depois Santa Quitéria e finalmente Ipu, então um pequeno povoado localizado bem na divisa entre os sertões pecuaristas e a fértil Serra da Ibiapaba.

Em 1861 flagra a sua mulher em traição conjugal com um sargento de polícia em sua residência na Vila do Ipu Grande. Envergonhado, humilhado e abatido, abandona o Ipu e vai procurar abrigo nos sertões do Cariri, já naquela época um pólo de atração para penitentes e flagelados, iniciando aí uma vida de peregrinações pelos sertões do nordeste. Para sobreviver, trabalhou como pedreiro e construtor, ofício aprendido com o pai. Restaurava e construía capelas, igrejas e cemitérios.

Esse trabalho e as pregações do Padre Ibiapina - que peregrinava pelo sertão fazendo obra de caridade - influenciaram Antônio Maciel. Ele passou a ler os Evangelhos e a divulgá-los entre o povo humilde, ouvindo também os problemas das pessoas e procurando consolá-las com mensagens religiosas. Devido aos conselhos, tornou-se conhecido como Antônio Conselheiro e arrebanhou um número crescente de seguidores fiéis que o acompanhavam pelas suas andanças.

À medida que a simpatia dos pobres por ele aumentava, surgiam também os inimigos, que se sentiam prejudicados. Por um lado, os padres, que viam seu prestígio diminuir diante das pregações de um leigo. Por outro, os latifundiários, que viam muitos empregados de suas fazendas abandonarem tudo para seguir o beato.

Em 1874, Antonio Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus.

No Sergipe, o jornal O Rabudo traz a primeira menção pública de Antônio Conselheiro como penitente conhecido nos sertões:

"Há seis meses que por todo o centro desta Província e da Província da Bahia, chegado do Ceará, infesta um aventureiro santarrão que se apelida por Antonio dos Mares. O que, a vista dos aparentes e mentirosos milagres que dizem ter ele feito, tem dado lugar a que o povo o trate por S. Antônio dos Mares. Esse misterioso personagem, trajando uma enorme camisa azul que lhe serve de hábito a forma do de sacerdote, pessimamente suja, cabelos mui espessos e sebosos entre os quais se vê claramente uma espantosa multidão de bichos (piolhos). Distingue-se pelo ar misterioso, olhos baços, tez desbotada e de pés nus, o que tudo concorre para o tornar a figura mais degradante do mundo".
(O Rabudo, 22 de Novembro de 1874)

Em 1876, já famoso como homem santo e peregrino, Antônio Conselheiro é preso nos sertões da Bahia, pois corre o boato de que ele teria matado mãe e esposa. É levado para o Ceará, onde se conclui que não há nenhum indício contra a sua pessoa: sua mãe havia morrido quando ele tinha seis anos. Antônio Conselheiro é posto em liberdade e retorna à Bahia. Entretanto, seu fervor religioso aumentou durante a temporada na prisão. Da mesma maneira, aumentou seu prestígio entre os pobres, que passaram a vê-lo como um mártir.

Em 1877, o Nordeste do Brasil passa por uma das mais calamitosas secas de sua história. Levas de flagelados perambulam famintos pelas estradas em busca de socorro governamental ou de ajuda divina. Bandos armados de criminosos e flagelados promovem justiça social com as próprias mãos assaltando fazendas e pequenos lugarejos, pois pela ética dos desesperados roubar para matar a fome não é crime. Cresce a notoriedade da figura de Antônio Conselheiro entre os sertanejos pobres. Para eles, Antônio Conselheiro, ou o Bom Jesus, como também passa a ser chamado, seria uma figura santa, um profeta enviado por Deus para socorrê-los.

Em 1888 acontece o fim da escravidão e muitos ex-escravos, libertos e expulsos das fazendas onde trabalhavam sem ter então nenhum meio de subsistência, partem em busca de Conselheiro.

Arraial de Canudos

Em 1893, cansado de tanto peregrinar pelos sertões e então sendo um fora da lei, Antônio Conselheiro decide se fixar à margem norte do Rio Vaza-Barris, num pequeno arraial chamado Canudos. Nasce ali uma experiência extraordinária: em Bello Monte (como a rebatizou Antônio Conselheiro, apesar de encontrar-se num vale cercado de colinas), os desabrigados do sertão e as vítimas da seca eram recebidos de braços abertos pelo peregrino. Era uma comunidade onde todos tinham acesso à terra e ao trabalho sem sofrer as agruras dos capatazes das fazendas tradicionais. Um lugar santo, segundo os seus adeptos. Os grandes fazendeiros e o clero sentem que seu poder está sendo ameaçado, e começam a se articular em busca de uma solução ao problema.

Canudos prosperou e se tornou incômoda para as autoridades políticas e religiosas locais, que procuravam um pretexto para acabar com ela.

A Guerra de Canudos

Em 1896 um problema comercial acerca de uma compra de madeira na cidade de Juazeiro deu motivo para que uma tropa de soldados da polícia baiana investisse contra os seguidores de Antônio Conselheiro dando início a Guerra de Canudos. Em 24 de novembro deste ano, é enviada a primeira expedição militar contra Canudos, sob comando do tenente Pires Ferreira. Mas a tropa é surpreendida pelos fanáticos de Antônio Conselheiro, durante a madrugada, em Uauá. Após uma luta corpo-a-corpo são contados mais de cento e cinquenta cadáveres de conselheiristas. Do lado do exército morreram oito militares e dois guias. Estas perdas, embora consideradas insignificantes quanto ao número nas palavras do comandante, ocasionaram o retiro das tropas.

Em 29 de dezembro de 1896 tem início uma segunda expedição militar contra Canudos. Assim como a primeira, esta expedição foi violentamente debelada pelos conselheiristas.

Em 1897 tem início a terceira expedição contra Canudos, comandada pelo capitão Antônio Moreira César, conhecido como O Corta-Cabeças, por suas façanhas heróicas na Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul. Mas, acostumado aos combates tradicionais, Moreira César não estava preparado para eliminar Canudos, e foi abatido por tiros certeiros de homens leais a Antônio Conselheiro. A tropa foge em debandada, deixando para trás armamentos e munição. Para os conselheiristas, trata-se de uma prova cabal da santidade do beato de Belo Monte.

Em 5 de abril de 1897 tem início a quarta e última expedição contra Canudo. Desta vez o cerco foi implacável e até muitos dos que se rendiam foram mortos. Eliminar Canudos e seus fanáticos habitantes tornou-se uma questão de honra para o exército. O confronto estendeu-se até 5 de outubro de 1897, quando o exército tomou definitivamente o arraial.

Morte

Em 22 de setembro de 1897 morre Antônio Conselheiro. Não se sabe ao certo qual foi a causa de sua morte. As razões mais citadas são ferimentos causados por uma granada, e uma forte Caminheira (Disenteria).

No dia 5 de outubro de 1897 são mortos os últimos defensores de Canudos, e o exército inicia a contagem das casas do arraial.

A única foto conhecida de Antônio Conselheiro, místico rebelde e líder espiritual do arraial de Canudos 1893-1897, Bahia. Foto tirada duas semanas após sua morte, pelo fotógrafo Flávio de Barros, a serviço do Exército.

Em 6 de outubro de 1897, o cadáver de Antônio Conselheiro é encontrado enterrado no Santuário de Canudos. Sua cabeça é cortada e levada até a Faculdade de Medicina de Salvador para ser examinada pelo Drº Nina Rodrigues, pois para a ciência da época, "a loucura, a demência e o fanatismo" deveriam estar estampados nos traços de seu rosto e crânio. O arraial de Canudos é completamente destruído.

No dia 3 de março de 1905, um incêndio na antiga Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, em Salvador (BA), destrói a cabeça de Antônio Conselheiro, que lá se encontrava desde o final da Guerra de Canudos, em outubro de 1897.

Antônio Conselheiro, Louco?

Recostituição da cabeça de Antônio Conselheiro
O diagnóstico de louco o mais específicamente de portador de uma Psicose Sistemática Progressiva (termo equivalente ao delírio crônico proposto por Valentin Magnan) e a paranóia dos italianos, (referindo-se à Eugênio Tanzi e Gaetano Riva) por uma célebre autoridade sanitária da época, o Drº Nina Rodrigues, no qual se fundamentram os escritos da época (inclusive de Euclides da Cunha), ainda hoje se constitui como um entrave para o reconhecimento de seu mérito como líder comunitário empreendedor, responsável pela organização de mais de 24 mil pessoas em um ambiente extremamente adverso e até mesmo como um homem religioso com verdadeiros ideais cristãos como se propunha a ser.

A pecha de loucura e fanatismo com os conceitos da época, de psicologia das multidões inspiradas na obra de Gustave Le Bon também são reponsáveis por toda uma lógica de interpretação das revoltas sociais como ocasionadas por influência de uma personalidade psicopática, a insanidade moral proposta por Henry Maudsley, num ambiente de ignorância, pobreza ou degenerescência tal como se designava na época, incluindo entre esses fatores psicossociais características biológico raciais.

Memorial Antônio Conselheiro

Há dois centros culturais relacionados à Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos. Um localizado em Quixeramobim no interior do Ceará, conta a história de seu conterrâneo, está situado no centro da cidade, próximo ao Banco do Brasil. O outro situado em Canudos, Bahia, criado pelo Decreto 33.333, de 30 de junho de 1986, (publicado no Diário Oficial de 1º de julho) mantido e administrado em parceria com a Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

Fonte: Wikipédia e UOL Educação

Barão de Drummond

JOÃO BATISTA VIANA DRUMMOND
(72 anos)
Empresário

* Itabira, MG (01/05/1825)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/08/1897)

João Batista Viana Drummond, primeiro e único Barão de Drummond, foi um empresário abolicionista e progressista do fim do século XIX.

Veio para o Rio de Janeiro, então capital do Império, aos 20 anos de idade. Teve várias ocupações antes de se dedicar ao ramo imobiliário.

Desposou Florinda Gomes Pereira em 1855. Esta senhora não chegou a ser a Baronesa de Drummond, pois faleceu em 14 de maio de 1882, antes do marido receber o título de Barão, o que ocorreu em 19 de agosto de 1888.

Foi administrador da Estrada de Ferro Dom Pedro II, que iniciou as suas atividades de seu primeiro trecho em 1858.

Sendo amigo do Imperador Dom Pedro II, adquiriu as terras da Imperial Quinta do Macaco, vale adjacente ao Morro dos Macacos, da Princesa Isabel por 120 contos de réis.

Viajando a Paris à época, ficou impressionado com a arquitetura daquela cidade francesa, decidindo urbanizar a área como se fosse um bairro francês, inclusive abrindo um boulevard. O bairro, com o nome de Vila Isabel, foi fundado oficialmente em 03/01/1872.

Praça Barão de Drummond (Praça Sete) em Vila Isabel
Barão de Drummond foi presidente do Jockey Club Brasileiro. Gostava muito de animais, possuindo diversos espécimes. Tinha autorização para importá-los e criou o primeiro Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em Vila Isabel, em 1888.

Colocava em uma gaiola coberta por um pano, um animal (bichos de porte pequeno) e dependurava no alto do portão do Jardim Zoológico. Eram feitas as apostas para descobrir qual o animal e parte do dinheiro arrecadado era revertido para a compra de mais animais para o zoológico e a outra para o apostador.

Com a Proclamação da República pelo marechal Deodoro da Fonseca em 15/11/1889, o Jardim Zoológico perdeu a ajuda financeira que tinha do Imperador, e elaborou uma loteria para financiá-lo, onde cada número representava um animal, e cada ingresso do Jardim Zoológico dava direito a um bilhete numerado, para concorrer no sorteio do "Bicho do Dia", no encerramento das atividades do parque.

Esse jogo ficou popularmente conhecido como Jogo do Bicho, vindo a ser posteriormente proibido, porém ganhou as ruas do Rio de Janeiro, se popularizou e espalhou pelo Brasil existindo até hoje, mesmo como contravenção.