Daniele Daumerie

DANIELE DAUMARIE
(46 anos)
Atriz, Modelo e Compositora

* Rio de Janeiro, RJ (1968)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/08/2014)

Daniele Daumarie foi uma atriz, modelo e compositora brasileira. Na TV ela fez parte do elenco de apoio da novela "Kananga do Japão" (1989) na TV Manchete e depois participou de episódios do programa "Você Decide" na TV Globo. Também participou de dois filmes nacionais, "As Sete Vampiras" (1986) e "O Mistério no Colégio Brasil" (1988).

Daniele Daumarie casou-se com o cantor e compositor Lobão na década de 90 e com ele teve uma filha chamada Julia Daumerie.

Daniele Daumerie e Lobão
Daniele Daumerie apareceu nua ao lado de Lobão, vestido de padre, na capa do álbum "O Rock Errou", de 1986, nos clipes musicais do cantor e compôs com ele a canção "Essa Noite Não (Marcha a Ré Em Paquetá)", do álbum "Sob o Sol de Parador" (1989).

Daniele Daumerie contracenou com Cazuza no vídeo da música "Eu Queria Ter Uma Bomba", do Barão Vermelho.

Nos anos 90, formou com Karla Sabah a dupla "Bad Girls" com a qual lançou o CD "Bad Girls", famosa por hits como "Sexo" (1994).

Morte

Daniele Daumerie morreu no domingo, 24/08/2014, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O corpo foi sepultado na segunda-feira, 25/08/2014, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

"Minha mãe teve um AVC e faleceu domingo. Ela estava super bem, se cuidando. Estava com 46 anos!"
(Julia Daumerie)

Lobão se manifestou no Twitter sobre a morte da ex esposa: "Estou muito triste mesmo", escreveu ele, em resposta a uma seguidora.

Fonte: Wikipédia e Ego

João Dias

JOÃO DIAS RODRIGUES FILHO
(69 anos)
Cantor

* Campinas, SP (12/10/1927)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/11/1996)

João Dias Rodrigues Filho foi um cantor nascido em Campinas, SP, no dia 12/10/1927.

Iniciou sua carreira em 1948 na Rádio São Paulo, para onde foi levado por Cardoso Silva, e em 1949 já estava na Rádio Bandeirantes.

Em 1950, foi descoberto por Francisco Alves, quando se apresentava na Boate Cairo, em São Paulo, sendo levado para o Rio de Janeiro onde gravou seu primeiro disco na gravadora Odeon, com "Guacyra" (Hekel Tavares e Joraci Camargo) e "Canta, Maria" (Ary Barroso). Em seguida gravou o bolero "Peço a Deus" (Francisco Alves e David Nasser). Obteve grande sucesso com as canções "Sinos de Belém" (Jingle Bells), de Pierpont, com versão de Evaldo Rui"Fim de Ano" (Francisco Alves e David Nasser), presenças obrigatórias nas festas de fim de ano daí em diante. 

Em 1952 gravou na Odeon seu primeiro grande sucesso carnavalesco, "Grande Caruso" (Osvaldo Guilherme e Augusto Duarte Ribeiro), e em novembro do mesmo ano estreou na Rádio e TV Tupi, do Rio de Janeiro, com o programa semanal "Audição João Dias", que ficou no ar por um ano. Gravou o bolero "Voltei, Voltei" (Joubert de Carvalho) e o samba canção "Santa Mulher" (Jair Maia e Felisberto Martins).

Em 1953 obteve sucesso canavalesco com a marcha "Grande Caruso". Gravou ainda o samba "Silêncio do Cantor" (Joubert de Carvalho David Nasser), homenagem ao cantor Francisco Alves, falecido no final do ano anterior. No mesmo período foi contratado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro onde passou a apresentar um programa dominical. Gravou ainda na mesma época a valsa "Luzes da Ribalta", versão de João de Barro e Antônio Almeida para a composição original de Charles Chaplin para o filme do mesmo nome.

Em 1954 gravou a marcha "Botão de Rosa" (Denis Brean e Osvaldo Guilherme), a valsa "Vaya Com Dios" (Russel, James e Pepper), com versão de Joubert de Carvalho e os baiões "Noite de São João" e "Ninguém Fica Em Casa Hoje", ambos da dupla Haroldo LoboDavid Nasser, além de outras músicas. Gravou em dueto com a cantora Edith Falcão a canção "A Doce Canção de Natal" (Altir Gonçalves e Sivan Castelo Neto) e a valsa "O Velhinho" (Otávio Filho).

Conquistando grande popularidade, em 1955, seu programa da Rádio Nacional passou a ser apresentado no horário antes ocupado pelo de Francisco Alves, que ficou no ar por vários anos. Passou para a gravadora Copacabana, onde estreou cantando o bolero "Amor Cigano" (Mário Mascarenhas) e a canção "Separando Corações" (Francisco Alves e David Nasser).

Em 1956 homenageou o Flamengo gravando o "Hino Rubro-Negro" e a marcha "Gol do Flamengo", ambos de autoria de Paulo de Magalhães. Gravou com Ângela Maria, o sucesso "Mamãe" (Herivelto MartinsDavid Nasser).

Em 1957 gravou com sucesso o samba "Caminhando" (Ataulfo Alves).

Em 1959 gravou na Columbia a habanera "O Milagre da Volta" (Fernando César e Diva Correia), o samba "A Última Mulher" (Wilson Batista e Jorge de Castro) e a toada baião "Margarida" (Lupicínio Rodrigues).

Em 1960 relançou o samba "Eterna Capital" (Newton TeixeiraDavid Nasser), em homenagem ao Rio de Janeiro, que naquele ano, deixava de ser capital do país. Voltou a gravar na Odeon interpretando o bolero "Dia e Noite" (Fernando César e Tony Vestani) e o samba canção "As Horas de Tua Vida" (Armando Cavancanti).

Em 1961 viajou com Dalva de Oliveira por todo o país, depois de regravar o sucesso "Brasil" (Benedito Lacerda e Aldo Cabral).

Em 1962 voltou a gravar em dueto com Dalva de Oliveira, registrando a música "O Relicário" (J. PadilhaDavid Nasser). Lançou ainda os LPs "João Dias", pela Odeon e "Tangos", pela Imperial.

João Dias foi o idealizador e responsável pela Lei de Direito Conexo, que, tendo sido aprovada e regulamentada em 1968, garantiu ao intérprete receber direitos pela execução posterior de suas gravações, o que anteriormente era restrito aos autores.

Em 1975, lançou pela Odeon o LP comemorativo de seus 25 anos de carreira, com músicas de compositores atuais.

Ao todo, lançou pela Odeon seis LPs e um pela Copacabana, além de lançar em média dois a três discos por ano. Considerado o "Herdeiro de Francisco Alves", de quem foi grande amigo. João Dias ficou conhecido também com o slogan de "Príncipe da Voz".

Entre seus maiores sucessos, destacam-se, além dos já citados, a marcha do Carnaval de 1966 "É o Pau, e o Pau" (Jujuba e Rodrigues Pinto), "Quando Eu Era Pequenino" (David NasserFrancisco Alves e Felisberto Martins), "Canção dos Velhinhos" (René Bittencourt) e "Silêncio do Cantor" (Joubert de CarvalhoDavid Nasser).

No ano em que faleceu 1996, dirigia a Sociedade Brasileira de Intérpretes e Produtores Fonográficos (SOCIMPRO).

Com 45 anos de carreira, João Dias, gravou cerca de 320 músicas em 78 rpm, LPs e CDs.

Discografia


  • 1963 - É Por Ti Que Eu Choro / Deixa-me Só (Odeon, 78)
  • 1963 - O Relicário / Dias De Vinho E Rosa (Odeon, 78)
  • 1962 - O Amor É Um Só / O Beijo (Odeon, 78)
  • 1962 - Você Merece Um Tango / Porteiro Suba E Diga (Odeon, 78)
  • 1962 - Ora Pílulas / Não Vou Pela Cara Da Mulher (Orion, 78)
  • 1961 - Poema Das Mãos / Perdão Senhorita (Odeon, 78)
  • 1961 - Exodus / Brasil (Odeon, 78)
  • 1961 - Transformação / Angélica (Odeon, 78)
  • 1960 - Dia E Noite / As Horas De Tua Vida (Odeon, 78)
  • 1960 - Sino De Belém / Fim De Ano (Odeon, 78)
  • 1959 - Contigo, Comigo / Dançar Com Você (Copacabana, 78)
  • 1959 - O Milagre Da Volta / Margarida (Columbia, 78)
  • 1959 - O Homem Da Vassoura / Avental De Pastora (Columbia, 78)
  • 1959 - Eu Falei, Está Falado / A Última Mulher (Columbia, 78)
  • 1959 - Protesto / Moleque (Columbia, 78)
  • 1958 - Engole Ele, Paletó / Bicho Carpinteiro (Copacabana, 78)
  • 1958 - Volta Ao Mundo / Mais Uma Vez Escuta (Copacabana, 78)
  • 1958 - Otário / O Mundo Nos Fez Para Amar (Copacabana, 78)
  • 1958 - Eterna Capital / Vida (Copacabana, 78)
  • 1958 - Até Logo Crocodilo / Garota Enxuta (Copacabana, 78)
  • 1958 - Quem Dá Cartaz / Remador (Copacabana, 78)
  • 1958 - Noite Cheia De Estrelas / Por Causa Dessa Cabocla (Copacabana, 78)
  • 1957 - Desde Que O Mundo É Mundo / Vou Procurar Outro Bem (Copacabana, 78)
  • 1957 - Sem Dinheiro E Sem Cabelo / Andorinha (Copacabana, 78)
  • 1957 - Morena, Morena... / Todo Mundo Censurou (Copacabana, 78)
  • 1957 - Que Murmurem / Tecedeira (Copacabana, 78)
  • 1957 - Caminhando / Amarras (Copacabana, 78)
  • 1957 - Marcelino Bom Menino / O Relógio (Copacabana, 78)
  • 1957 - Geny / Arlindo (Copacabana, 78)
  • 1956 - Passarinho / Homem Que É Homem (Copacabana, 78)
  • 1956 - Margot / Mandrake (Copacabana, 78)
  • 1956 - Cego / Boneca Aventureira (Copacabana, 78)
  • 1956 - Quem Amanhece Cantando / Amar É Pecado (Copacabana, 78)
  • 1956 - História De Um Amor / Roteiro De Boêmio (Copacabana, 78)
  • 1956 - Hino Rubro-Negro / Gol Do Flamengo (Copacabana, 78)
  • 1955 - Amor Cigano / Separando Corações (Copacabana, 78)
  • 1955 - A Abelha E A Borboleta / Rainha Do Show (Copacabana, 78)
  • 1955 - Desejo / Salomé (Copacabana, 78)
  • 1955 - Divina Comédia / Fim De Romance (Copacabana, 78)
  • 1955 - Esperando Você / Revanche (Copacabana, 78)
  • 1954 - Don Juan / Botão De Rosa (Odeon, 78)
  • 1954 - Vaya Com Dios / Outono Da Vida (Odeon, 78)
  • 1954 - Um Paulista No Rio / História Paulista (Odeon, 78)
  • 1954 - Noite De São João / Ninguém Fica Em Casa Hoje (Odeon, 78)
  • 1954 - É O Amore / Falso Amigo (Odeon, 78)
  • 1954 - Mamma Mia / Sinal Dos Tempos (Odeon, 78)
  • 1954 - Meu Último Reinado / Cigana (Odeon, 78)
  • 1954 - Sinceridade / Ai, Meu Tempo (Odeon, 78)
  • 1954 - A Doce Canção De Natal / O Velhinho (Odeon, 78)
  • 1953 - Grande Caruso / Bobo (Odeon, 78)
  • 1953 - Beber Faz Bem / Meu Figurino (Odeon, 78)
  • 1953 - O Silêncio Do Cantor / Quando Eu Era Pequenino (Odeon, 78)
  • 1953 - Canção Dos Velhinhos / Orfão De Mãe (Odeon, 78)
  • 1953 - Buenos Aires / Te Odeio (Odeon, 78)
  • 1953 - Atende / Travesseiro (Odeon, 78)
  • 1953 - Luzes Da Ribalta / Padam... Padam... (Odeon, 78)
  • 1953 - Moulin Rouge / Eu Beijo A Tua Mão Madame (Odeon, 78)
  • 1952 - Eu Hei De Encontrar / Se O Mundo Acabar (Odeon, 78)
  • 1952 - Voltei, Voltei / Presença De Maria (Odeon, 78)
  • 1952 - Santa Mulher / Madrecita (Odeon, 78)
  • 1952 - Divórcio / Vestido De Noiva (Odeon, 78)
  • 1952 - Tango Valentino / Chega (Odeon, 78)
  • 1951 - Canta Maria / Guacira (Odeon, 78)
  • 1951 - Peço A Deus / Plena Manhã (Odeon, 78)
  • 1951 - Amor... Saudade / Triste Despertar (Odeon, 78)
  • 1951 - Doce Amor / Três Palavrinhas (Odeon, 78)
  • 1951 - Jingle Bells / Fim De Ano (Odeon, 78)
  •   S/D - João Dias (Odeon, LP)
  •   S/D - Tangos (Imperial, LP)

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB
Indicação: Miguel Sampaio

Aldo Lotufo

ALDO LOTUFO
(89 anos)
Bailarino

☼ Cuiabá, MT (16/01/1925)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/09/2014)

Aldo Lotufo foi bailarino e professor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro por trinta anos, no período entre os anos 50 e 80. Ele nasceu em Cuiabá, em 16/01/1925, filho de Francisco Lotufo, imigrante italiano, e de Elvira, de origem espanhola. O interesse pela arte foi despertado aos 12 anos, quando assistiu a um espetáculo de fim de ano de uma escola, em Cuiabá, no qual uma de suas irmãs dançava um minueto.

Aos 19 anos, foi para o Rio de Janeiro, a fim de frequentar o curso preparatório para a carreira de arquitetura. Chegou a se formar na Faculdade Nacional de Arquitetura, em 1949, mas nos dois últimos anos do curso já dividia seu tempo com a dança.

Aldo Lotufo teria começado sua carreira aos 22 anos quando iniciou o curso no Ballet da Juventude, tendo como professor Carlos Leite e Maryla Gremo.

Em 30/08/1948 surgiu a primeira oportunidade de Aldo Lotufo se apresentar em público, atuando em "Rei-Sol", balé em homenagem a Luís XIV, com coreografia de Vaslav Veltchek.

No início de 1950 passou a fazer parte do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, iniciando sua atuação naquele mesmo ano, no dia 12/04/1950, no bailado "Noite de Walpurgis", do último ato da ópera "Fausto", durante a Temporada Lírica Nacional do Theatro Municipal.

Aldo Lotufo tornou-se famoso, no fim dos anos 1950, como partner da primeira-bailarina Bertha Rosanova. A dupla dançou os papéis principais da primeira montagem completa, no Brasil, de "O Lago dos Cisnes", em 1959. Até então, dançava-se excertos de balés, espetáculos picados. Aldo Lotufo também foi o primeiro brasileiro a dançar a integral de "Giselle" no Brasil.

Paulo Melgaço, professor de História da Dança na Escola Maria Olenewa, observa que a parceria de Aldo Lotufo com Bertha Rosanova poderia ser comparada à de duplas famosas do balé.

"Eles foram o grande casal brasileiro da dança, o que se chama de par perfeito. Se o balé daqui tivesse uma grande divulgação, como o do exterior, poderiam ser comparados a Margot Fonteyn e Rudolf Nureyev."

Paulo Melgaço nota ainda que Aldo Lotufo dançou com várias gerações de primeiras-bailarinas do Municipal, de Bertha Rosanova, nos anos 1950, passando por Eleonora Oliosi, nos anos 1960, e chegando a Nora Esteves nos anos 1970.

"Era um bailarino clássico, romântico, muito limpo, muito consciencioso e honesto. Um bailarino nobre!" - diz Tatiana Leskova, que foi sua contemporânea no Municipal, com quem dançou "Romeu e Julieta", "Les Presages", entre outros balés.

Partner, diretora e amiga, Tatiana Leskova conta que nos últimos anos, apaixonado por música e ópera, ele continuou a frequentar o teatro, "sempre na primeira fila". E lembra-se que foi o russo Léonid Massine que o alçou à categoria de primeiro-bailarino, em 1955, quando veio montar no Brasil seu balé "Les Presages" com a étoileda Ópera de Paris Yvette Chauviré.

Depois que parou de dançar, nos anos 1980, Aldo Lotufo continuou atuando como professor e coreógrafo.

Bertha Rosanova e Aldo Lotufo (1959)
Morte

Aldo Lotufo morreu na madrugada de quarta-feira, 17/09/2014, aos 89 anos, vítima de complicações causadas por uma pneumonia. O bailarino estava internado há cerca de um mês no Hospital Casa de Portugal, no Rio Comprido. O corpo foi velado na quinta-feira, 18/09/2014, no no Salão Assyrio do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e depois seguiu para Cuiabá, sua terra natal, para o sepultamento.

Fonte: O Globo
Indicação: Miguel Sampaio

João Cleofas de Oliveira

JOÃO CLEOFAS DE OLIVEIRA
(87 anos)
Engenheiro e Político

* Vitória de Santo Antão, PE (22/09/1899)
+ Rio de Janeiro, RJ (17/09/1987)

João Cleofas de Oliveira era filho de Augusto Teixeira de Oliveira e Maria Florentina de Lemos Oliveira, casado com Maria Olenka Carneiro. Ele foi um político brasileiro, ministro da Agricultura no governo Getúlio Vargas, senador por Pernambuco, de 1966 a 1975 e presidente do senado de 1970 a 1971.

Engenheiro civil, pela Escola de Engenharia de Pernambuco e pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, 1920.

Foi presidente do Senado Federal no período de 1970 a 1971, representante do Estado de Pernambuco, tendo exercido o mandato de senador no período de 1966 a 1975. Durante sua gestão o Senado Federal realizou 139 sessões ordinárias, 32 extraordinárias, duas preparatórias, 55 conjuntas, tendo sido feitos 255 pronunciamentos e apresentados 40 projetos de lei.

João Cleofas de Oliveira e Getúlio Vargas
Foi membro das Comissões de Orçamento, de Agricultura, de Ajustes Internacionais, de Legislação sobre Energia Atômica, de Economia, de Estudos para Alienação e Concessão de Terras Públicas e Povoamento, de Comunicações e Obras Públicas, de Projetos do Executivo, presidente da Comissão de Finanças.

Foi prefeito municipal e vereador em Vitória de Santo Antão (1922 a 1924), Deputado à Assembléia Legislativa Estadual de Pernambuco (1925 a 1927), Secretário de Estado da Agricultura, Indústria e Comércio, Viação e Obras Públicas (1931 a 1934), Deputado Federal (1935 a 1937), Ministro da Agricultura (1950 a 1954), Deputado Federal (1946 a 1950; 1951 a 1954; 1958 a 1962; 1965 a 1966), Presidente do Senado (1970), Membro da Comissão de Finanças (1971 a 1972) e Presidente da Comissão de Finanças do Senado Federal ( 1973).

Foi condecorado com a Comenda da Ordem do Rio Branco, Medalha Almirante Tamandaré Medalha Ministro Fernando Costa.

João Cleofas de Oliveira faleceu no Rio de Janeiro no dia 17/09/1987.


OBRAS PUBLICADAS
  • 1933 - Estudos de Economia
  • 1946 - Desorganização Financeira do País
  • 1952 - Contribuição à Solução das Secas do Nordeste
  • 1960 - Reforma Agrária no Brasil
  • 1967 - Política do Desenvolvimento do Nordeste - I
  • 1967 - ICM na Agricultura
  • 1967 - A Desordem Orçamentária
  • 1969 - Aspectos da Reforma Agrária no Brasil
  • 1971 - Política de Desenvolvimento do Nordeste - II
  • 1971 - Orçamento, Planejamento, Revolução
  • 1972 - I Seminário Continental Sobre Reforma Agrária
  • 1972 - Defesa da Economia Açucareira de Pernambuco


Mário Vianna

MÁRIO GONÇALVES VIANNA
(87 anos)
Árbitro e Técnico de Futebol, Comentarista Esportivo e Radialista

* Rio de Janeiro, RJ (06/09/1902)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/10/1989)

Mário Gonçalves Vianna, conhecido como Mário Vianna, foi um árbitro e técnico de futebol, comentarista esportivo e radialista brasileiro.

Mário Vianna trabalhou como engraxate na infância e como operário em uma fábrica de velas. Mais tarde, se juntou à Polícia Especial do Estado Novo, formada por Getúlio Vargas, onde chegou a ser oficial. Foi lá que começou a apitar partidas de futebol entre os policiais e foi então convidado a se juntar ao quadro de árbitros da Federação Carioca.

Em campo ele fazia de tudo: peitava, gritava e até agredia. Era seu jeito de se fazer respeitado por todos. Mário Vianna tinha 1.74 de altura e pesava 90 quilos de uma vitalidade que impressionava a todos que o conheceram. Ele foi de tudo um pouco: baleiro, engraxate, jornaleiro, empacotador de velas, fiscal da guarda civil, policia especial, juiz de futebol, técnico do Palmeiras, Portuguesa e São Cristovão, e finalmente, comentarista de arbitragem na Rádio Globo.

Sua excelente condição física foi adquirida na Policia Especial. E foi apitando peladas, que José Pereira Peixoto, um policial amigo, o convenceu a fazer um curso de árbitro para Liga Metropolitana onde ingressou como primeiro colocado de sua turma.

Sua estréia oficial foi na partida de juvenis entre Girão de Niterói e São Cristovão. Neste jogo ele definiu o estilo que trataria de aperfeiçoar ao longo de sua carreira até torná-la uma espécie de marca pessoal: Expulsou Mato Grosso, zagueiro do seu querido São Cristovão.

Mário Vianna foi uma das grandes figuras da arbitragem do futebol brasileiro. Na sua época era o melhor e participou dos muitos campeonatos internacionais. Depois da Copa do Mundo de 1954, quando Mário Vianna acusou a FIFA de corrupta, foi expulso da arbitragem internacional. Passou a ser comentarista de arbitragem na Rádio Globo ao lado de Waldir AmaralJorge Cury e João Saldanha. Apesar de polêmico era uma figura que tinha um bom coração.


Desde então, começou a construir sua fama de juiz rigorosíssimo, destes que não perdem as rédeas da partida, mesmo nas situações mais adversas. Como no jogo entre Botafogo x Flamengo em General Severiano. Mário Vianna expulsou jogadores do Flamengo, os torcedores não gostaram e começaram a atirar garrafas e pedras contra ele. E ele não teve dúvidas: devolveu tudo para as arquibancadas.

Mário Vianna nunca foi homem de meias medidas. Foi responsável pela única expulsão de Domingos da Guia em onze anos de carreira. Também teve uma passagem com Nilton Santos no clássico Botafogo x Vasco. Atendendo a uma denuncia do bandeirinha, expulsou Nilton Santos que era um gentleman, por ofender o auxiliar. Mário Vianna  achou estranho o caso e, nos vestiários pressionou o bandeirinha que terminou confessando que tinha mentido. Ele ficou sem graça, foi ao vestiário do Botafogo e pediu desculpas a Nilton Santos.

Segundo Mário Vianna, dois jogadores lhe deram muito trabalho: Heleno de Freitas e ZizinhoHeleno de Freitas era irreverente e malicioso. Um dia, no campo do Vasco, tentou comprometer a arbitragem perante o publico, entregando um disco de bolero que o próprio Mário Vianna tinha pedido para o atacante do Botafogo trazer do Chile. O disco foi entregue na pista do estádio e diante do publico. No jogo, Heleno de Freitas quis comandar a arbitragem e terminou expulso de campo.

Houve um jogador que, talvez, por ser estrangeiro e desconhecer a fama de valentão de Mário Vianna, teve a infeliz idéia de desafiá-lo. Foi durante o jogo Itália x Suíça na Copa do Mundo de 1954. Inconformado com uma marcação do brasileiro, Boniperti partiu para cima do juiz aos empurrões. Mário Vianna aplicou-lhe um direto no queixo. Mandou que o carregassem para os vestiários e, ironicamente, disse para o massagista - Se ele tiver condições, pode voltar para o segundo tempo. Boniperti voltou bem mansinho.

Durante a Copa do Mundo de 1954, no jogo Brasil x Hungria, chamou o juiz Mr. Ellis e os dirigentes da FIFA, de "Camarilha de Ladrões" e foi expulso do quadro de árbitros da entidade. Quando já era comentarista de arbitragem na Rádio Globo, quase perdeu o emprego por duas vezes. Na primeira, disse que o juiz Abraham Klein, além de judeu era ladrão. Os patrocinadores do programa eram, como Abraham Klein, judeus. Outra vez, numa mesa redonda na TV, sentiu-se asfixiado pela fumaça dos cigarros que os companheiros fumavam. E Mário Vianna desabafou: "Parem de fumar, isso é um veneno, polui os pulmões!". O patrocinador do programa era a Souza Cruz, fabricante de cigarros.


Como todo personagem folclórico, Mário Vianna também tinha o seu lado místico. Era espírita da linha Alan Kardec, rezava ao se deitar e se levantar. Alguns casos são conhecidos:

Na Copa de 1970, era companheiro de quarto de Luis Mendes. Certa manhã ao se levantar, virou-se para o companheiro e disse: "Mendes, liga para tua casa porque seu irmão desencarnou". Apavorado, Luis Mendes pegou o telefone, ligou para casa e ficou sabendo que seu irmão havia falecido naquela madrugada.

Waldir Amaral contou que certa vez estava embarcando com Mário Vianna para São Paulo. E ele advertiu: "Waldir esse avião vai pifar. Vamos esperar outro vôo!". - "Que nada, Mário, deixe de besteiras!" - retrucou Waldir Amaral. Os dois embarcaram e quando o avião ia decolar, o motor enguiçou e o piloto foi obrigado a dar um cavalo de pau para não cair na Baía da Guanabara.

Mário Vianna foi um homem de muitas histórias. Histórias colhidas ao longo de 38 anos de Policia Especial, 25 de árbitro e 22 de comentarista. 

Fez famosas máximas como "Mário Vianna com dois enes" e "Gol Le...gal", que bradava após a maioria dos gols narrados.

Mário Vianna faleceu aos 87 anos vítima de uma pneumonia no Rio de Janeiro no dia 16/10/1989.

Indicação: Miguel Sampaio

Everaldo

EVERALDO MARQUES DA SILVA
(30 anos)
Jogador de Futebol

* Porto Alegre, RS, (11/09/1944)
+ Cachoeira do Sul, RS (27/10/1974)

Everaldo Marques da Silva, mais conhecido apenas como Everaldo, foi um jogador de futebol que atuou como lateral-esquerdo.

Foi o primeiro atleta atuando por um clube gaúcho a ganhar uma Copa do Mundo de Futebol. Por este feito, Everaldo ganhou uma estrela dourada na bandeira do Grêmio.

Jogava na lateral-esquerda, possuindo um estilo de jogo simples, mas eficiente, com uma grande capacidade de marcação. Jogando pelo Grêmio, conquistou o tricampeonato gaúcho nos anos de 1966, 1967 e 1968.

Carreira

Everaldo ingressou no Grêmio em 1957, passando pelas categorias infanto-juvenil e juvenil.

Em 1964 foi emprestado ao Juventude de Caxias do Sul, retornando ao Olímpico Munumental dois anos depois.

Em 1967, foi convocado pela primeira vez para defender a Seleção Brasileira de Futebol. Conquistou a Copa Rio Branco no Uruguai, assegurando vaga no selecionado que, em 1969, participaria das eliminatórias que culminariam com o tricampeonato no México em 1970.

Além de todos os prêmios conquistados, foi agraciado com o Prêmio Belfort Duarte, concedido aos jogadores de defesa leais, em julho de 1972. Entretanto, três meses depois, deu um soco no árbitro José Faville Neto durante uma partida e acabou suspenso por um ano.

Para impedir que novos casos parecidos ocorressem, duas décadas depois as regras do prêmio foram mudadas, e a partir de então apenas jogadores aposentados poderiam requerê-lo.

Na noite do domingo de 27/10/1974, Everaldo morre na BR-290 em acidente com o Dodge Dart.
Morte

Everaldo faleceu vítima de um acidente automobilístico, quando viajava com sua família, no ano de 1974, na BR-290. Everaldo voltava de Cachoeira do Sul, RS, com destino a Porto Alegre com o seu Dodge Dart bege no domingo, noite de 27/10/1974. Ele fazia campanha a deputado estadual pela antiga Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e não conseguiu se livrar de um caminhão que se atravessou na pista. Morreram também sua esposa e uma filha.

Dodge Dart de Everaldo tinha uma história: Após o título do México com a Seleção Brasileira, uma concessionária de Porto Alegre fez o anúncio que daria o carro de presente ao campeão mundial. O jogador soube do mimo no México e não esqueceu. Quando retornou da Copa, na porta e no alto da escada do avião da Varig, multidões em festa tomavam o Aeroporto Salgado Filho, autoridades o aguardavam, ele olhou em volta e perguntou:

- Cadê o meu Dodge Dart?

Depois do aeroporto, Everaldo recebeu a maior carreata já conferida a um jogador de futebol em Porto Alegre. Passou pela Rua dos Andradas, no alto de um caminhão da Água Charrua com a réplica da Copa do Mundo e com uma jaqueta de couro cru com franjas tipo cowboy trazida da viagem. Milhares o homenagearam, gremistas e colorados. Só após a carreata, Everaldo recebeu o Dodge Dart.

No dia 30/06/1970, seis dias após seu retorno do México, o Conselho Deliberativo do Grêmio, em uma sessão solene, perpetuou oficialmente a figura de Everaldo na história do clube, dedicando ao atleta a famosa estrela dourada na bandeira. Na ocasião, o jogador recebeu também o título de Atleta Laureado, além de duas cadeiras quitadas no Estádio Olímpico.

Títulos

Seleção Brasileira
  • 1967 - Copa Rio Branco
  • 1970 - Copa do Mundo

Grêmio
  • 1966 - Campeonato Gaúcho
  • 1967 - Campeonato Gaúcho
  • 1968 - Campeonato Gaúcho


Prêmios

  • 1970 - Bola de Prata da Revista Placar
  • 1972 - Prêmio Belfort Duarte


Indicação: Miguel Sampaio

Miltinho

MILTON SANTOS DE ALMEIDA
(86 anos)
Cantor e Instrumentista

* Rio de Janeiro, RJ (31/01/1928)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/09/2014)

Miltinho foi um cantor e instrumentista brasileiro nascido no Rio de Janeiro. Na década de 40 participou como ritmista e vocalista de quatro importantes grupos musicais: Cancioneiros do Luar, Namorados da Lua, Anjos do Inferno, que chegou a viajar aos Estados Unidos acompanhando Carmen Miranda, e Quatro Ases e Um Coringa.

De 1950 a 1957 foi crooner da Orquestra Tabajara, de Severino Araújo, e do grupo Milionários do Ritmo, de Djalma Ferreira com quem chegou a gravar como crooner. Apesar de ter surgido como pandeirista, a imagem do cantor de voz anasalada logo se firmou em interpretações de sambas de teleco-teco e canções românticas.

Em 1960 passou a seguir carreira solo e lançou o LP "Um Novo Astro", pelo selo Sideral, que obteve grande sucesso. Nesse disco de estréia cantou entre outras, "Ri" (Luiz Antônio), "Idéias Erradas" (Ribamar e Dolores Duran), "Teimoso" (Ari Monteiro e Luiz Bandeira) e "Mulher de Trinta" (Luiz Antônio), que se constituiu no maior sucesso de sua carreira. Lançou um segundo LP, intitulado "O Diploma de Astro", que trazia "Não Emplaca 61" e "Saudade da Pobreza", de Ari Monteiro e Monsueto, entre outras.

Em 1961 lançou LP pela RCA Victor, com destaque para "Murmúrio" (Djalma Ferreira e Luiz Antônio), "Eu Quero Um Samba" (Janet de Almeida e Haroldo Barbosa), "Se Você Disser Que Sim" (Luiz Bandeira), "O Amor e a Rosa" (Pernambuco e Antônio Maria) e "Rosa Morena" (Dorival Caymmi). Transferiu-se para a gravadora RGE e lançou um disco em 78 rpm com o samba "A Canção Que Virou Você" e o samba canção "Poema do Adeus", ambas de Luiz Antônio.

Em 1962 lançou o LP "Poema do Adeus", que além da música título tinha "Palhaçada" (Luiz ReisHaroldo Barbosa), uma gravação marcante em sua carreira, "Estou Só" (Benil Santos e Raul Sampaio), que foi um grande sucesso, "Mulata Assanhada" (Ataulfo Alves) e "Solução" (Raul Sampaio e Ivo Santos). Fez razoável sucesso com o samba-canção "Lembranças" (Raul Sampaio e Benil Santos) e "Meu Nome é Ninguém" (Luiz ReisHaroldo Barbosa e Nazareno de Brito).

Em 1963 gravou em 78 rpm os sambas "Zé da Conceição" (João Roberto Kelly) e "E o Tempo Passou" (Herivelto Martins e David Nasser). Lançou o LP "Poema do Olhar", música título de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, que continha ainda "Samba do Balanço" (Luiz ReisHaroldo Barbosa) e "Mais Uma Lágrima" (Heitor Carrilho e Betinho). Gravou o LP "Miltinho é Samba", com "Lamento Bebop" (Luiz Reis e Haroldo Barbosa), "O Tema é Solidão" (Hianto de Almeida e Edson Borges), "Saudade, Fique Comigo" (Cyro Monteiro) e "Que Sabe Você de Mim" (Fernando César e Britinho).


Em 1964 gravou o LP "Canção do Nosso Amor", música título de Raul Sampaio e Benil Santos, que tinha ainda "Samba do Trouxa" (Luiz Reis e Haroldo Barbosa) e "O Que Fariam Vocês" (Miguel Gustavo). No mesmo ano, lançou mais dois LPs "Bossa e Balanço", com músicas como "Morro Mas Um Samba Eu Faço" (Lúcio Alves) e "Faça Como Eu" (Gilvan Chaves), "Eu, Miltinho", "Samba do Crioulo" (Miguel Gustavo) e "Caminho Perdido" (Luiz Antônio).

Em 1965 gravou "Miltinho Ao Vivo", no qual cantou sucessos como "Eu Chorarei Amanhã", "Meu Nome é Ninguém" e "Mulher de Trinta". Lançou seu último disco pela RGE, "Poema do Fim", que trazia entre outras, "Sorrisos" e "Coitadinho de Mim" (Raul Sampaio e Benil Santos), "Eu Não Sabia" (Fernando César e Britinho) e "Canção do Meu Amor Dormindo" (Jota Jr. e Alcyr Pires Vermelho).

Em 1966 transferiu-se para a gravadora Odeon e lançou o LP "Samba + Samba = Miltinho", com "E o Juiz Apitou" (Antônio Almeida e Wilson Batista), "Amuleto" e "Quase" (Herivelto Martins e Klécius Caldas) e "Exaltação Ao Sonho" (Claudionor Cruz e Pedro Caetano).

Em 1967 gravou com a cantora Elza Soares o LP "Elza, Miltinho e Samba", no qual interpretaram "Lampião Vadio" (Luiz Reis e Luiz Antônio), "Mais Um Triste Carnaval" (Raul Mascarenhas Haroldo Barbosa), "Telefone no Morro" (João Roberto Kelly), "Bicho Papão" (Catulo de Paula) e "Samba do Pingo D'água" (Raul Mascarenhas Haroldo Barbosa). Levou ao público o LP "Miltinho, Samba e Cia", no qual cantou pot-pourris como a que incluiu "Beijo na Boca" (Augusto Garcez e Cyro de Souza), "Requebre Que Eu Dou Um Doce" (Dorival Caymmi) e "Tem Que Ter Mulata" (Túlio Piva), além outros sucessos como "Mal de Amor" (Benil Santos e Raul Sampaio) e "Antonico" (Ismael Silva).

Na década de 70 passou a investir mais em shows pelo interior, ficando afastado dos palcos nas grandes cidades.

Em 1970 lançou o LP "Dóris, Miltinho e Charme", o primeiro de uma série de quatro discos com a cantora Dóris Monteiro lançados nos anos seguintes. Nesse primeiro disco da série, interpretaram "Leva e Traz" (Orlandivo e Roberto Jorge) e mais sete pot-pourris com sucessos como "A Felicidade" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) e "Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida(Paulinho da Viola). Gravou "Miltinho e a Seresta" interpretando músicas consagradas nas serestas tais como "A Deusa da Minha Rua(Jorge Faraj e Newton Teixeira), "Malandrinha" (Freire Júnior), "No Rancho Fundo(Ary Barroso e Lamartine Babo) e "Queixumes" (Henrique Brito e Noel Rosa).


Em 1971 lançou o LP "Novo Recado", com músicas de antigos e novos compositores como "Samba no Leblon" (Luiz Ayrão) e "Corrente de Aço" (João Nogueira), ambos em início de carreira. Gravou o segundo disco da série com Dóris Monteiro. Nos dois anos seguintes lançou dois discos com Dóris Monteiro.

Em 1973 foi lançado o quarto e último volume da série "Dóris, Miltinho e Charme", na mesma formulação dos anteriores, com pot-pourris e sucessos como "Manias" (Flávio Cavalcanti e Celso Cavalcanti), "Lendas do Abaeté" (Jajá, Manoel e Preto Rico), samba enredo da Portela, e "Quando eu Vim de Minas" (Xangô da Mangueira).

Em 1974 gravou "Retalhos de Cetim" (Benito di Paula).

Em 1976 voltou a gravar músicas de compositores ligados a escolas de samba como "Palavra de um Preto Velho" (Dedé da Portela e Sérgio Fonseca).

No princípio dos anos 80 deixou a Odeon.

Em 1986 lançou LP pelo selo Inverno e Verão, com antigos sucessos seus como "Mulher de Trinta" e "Poema do Adeus", ambas do compositor de Luiz Antônio, e "Lembranças" (Raul Sampaio e Benil Santos).

Em 1997 lançou pelo selo Movieplay o CD "Em Tempo de Bolero", com clássicos do gênero como "Estou Pensando Em Ti" e "Palavra de Carinho" (Raul Sampaio e Benil Santos) e "Sonhar Contigo" (Armelindo Leandro e Adilson Ramos).

Em 1998 gravou pela Columbia Records o CD "Miltinho Convida", reunindo participações especiais de Chico Buarque, Fafá de Belém, Nana Caymmy, Dóris Monteiro, Elza Soares, Martinho da Vila, MPB 4, João Bosco, Emílio Santiago, João Nogueira e Tito Madi, em dueto com ele em músicas como "Menina Moça" (Luiz Antônio), "Notícia de Jornal" (Luiz Reis e Haroldo Barbosa) e "Bolinha de Papel" (Geraldo Pereira).

Seus maiores sucessos foram composições de Luís Antônio como "Mulher de Trinta", "Eu e o Rio", "Poema das Mãos", "Menina Moça", "Poema do Adeus", "Ri", "A Canção Que Virou Você", "Volta", "Devaneio", "Recado", "Lamento" e "Murmúrio", e também uma parceria de Luís Antônio com Djalma Ferreira intitulada "Cheiro de Saudade".

Gravou também com sucesso a dupla Luíz Reis e Haroldo Barbosa como os já clássicos "Canção da Manhã Feliz", "Palhaçada", "Notícia de Jornal", "Meu Nome é Ninguém", "Só Vou de Mulher", "Convencionemos" e "Momentos".

Da dupla Raul Sampaio e Benil Santos registrou com igual êxito "Lembranças" e "Estou Só". Fez também sucesso com "Poema do Olhar" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia) e "Mulata Assanhada" (Ataulfo Alves). Gravou alguns discos em espanhol que lhe renderam fama em países da América Latina.

Em 2003, apresentou-se com Dóris Monteiro no Centro Cultural Banco do Brasil no show "Estamos Aí".

"Eu não sou astro de coisa nenhuma. Sou apenas um mero cantor de samba. O que me honra muito!"
(Miltinho)

Morte

Miltinho morreu no domingo, 07/09/2014, no Rio de Janeiro, aos 86 anos. Segundo uma de suas filhas, Sandra Vergara, o cantor foi vítima de uma parada cardíaca no Hospital do Amparo, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde estava internado havia dois meses em tratamento de um problema pulmonar.

O velório será realizado das 09:00 hs às 17:00 hs de segunda-feira, 08/09/2014, na Capela 3 do Memorial do Carmo, Zona Portuária do Rio de Janeiro.

Miltinho deixou três filhos e cinco netos.

De acordo com a filha de Miltinho, ele havia parado de fazer shows há quatro anos, desde quando foi diagnosticado com princípio do mal de Alzheimer.

Discografia


  • 1998 - Miltinho Convida (Globo Columbia, CD)
  • 1997 - Em Tempo de Bolero (Movieplay, CD)
  • 1986 - Miltinho (Inverno e Verão, LP)
  • 1976 - Miltinho (Odeon, LP)
  • 1974 - Miltinho (Odeon, LP)
  • 1973 - Dóris, Miltinho e Charme Vol. 4 (Odeon, LP)
  • 1972 - Dóris, Miltinho e Charme Vol. 3 (Odeon, LP)
  • 1971 - Novo Recado (Odeon, LP)
  • 1971 - Dóris, Miltinho e Charme Vol. 2 (Odeon, LP)
  • 1970 - Dóris, Miltinho e Charme (Odeon, LP)
  • 1970 - Miltinho e a Seresta (Odeon, LP)
  • 1969 - Miltinho, Samba & Cia (LP)
  • 1969 - Elza, Miltinho e Samba Vol. 3 (LP)
  • 1968 - As Mulheres de Miltinho (LP)
  • 1968 - Elza, Miltinho e Samba Vol. 2 (LP)
  • 1967 - Elza, Miltinho e Samba (Odeon, LP)
  • 1967 - Miltinho, Samba e Cia (Odeon, LP)
  • 1966 - Samba + Samba = Miltinho (Odeon, LP)
  • 1965 - Miltinho ao Vivo (RGE, LP)
  • 1965 - Poema do Fim (RGE, LP)
  • 1964 - Canção do Nosso Amor (RGE, LP)
  • 1964 - Bossa & Balanço (RGE, LP)
  • 1964 - Eu... Miltinho (RGE, LP)
  • 1963 - Zé da Conceição / E o Tempo Passou (RGE, 78)
  • 1963 - Distância / E Amanhã... (RGE, 78)
  • 1963 - Poema do Olhar (RGE, LP)
  • 1963 - Miltinho é Samba (RGE, LP)
  • 1963 - Os Grandes Sucessos de Miltinho (RGE, LP)
  • 1962 - Meu Nome é Ninguém / Lembranças (RGE, 78)
  • 1962 - Saudade Ferida / Dezessete e Setecentes (RGE, 78)
  • 1962 - Confidência / Chorando, Chorando (RGE, 78)
  • 1962 - Poema do Olhar / Fio de Canção (RGE, 78)
  • 1962 - Canção da Mamãe Feliz / Falso (RGE, 78)
  • 1962 - Poema do Adeus (RGE, LP)
  • 1961 - Volta / Murmúrio (RCA Victor, 78)
  • 1961 - Miltinho (RCA Victor, LP)
  • 1961 - Poema do Adeus / A Canção Que Virou Você (RGE, 78)
  • 1961 - Poema das Mãos / Só Vou de Mulher (RGE, 78)
  • 1960 - Um Novo Astro (Sideral, LP)
  • 1960 - O Diploma do Astro (Sideral, LP)
  • 1960 - Ri / Mulher de Trinta (Sideral, 78)
  • 1960 - Menina Moça / Eu e o Rio (Sideral, 78)

Indicação: Miguel Sampaio

Gilda de Barros

Gilda de Barros
(82 anos)
Cantora e Atriz

* Teresópolis, RJ (28/06/1927)
+ Rio de Janeiro, RJ (05/03/2010)

Gilda de Barros foi uma cantora brasileira casada com o trombonista Raul de Barros.

Em 1953, gravou o baião "Remador" (Osvaldo Silva Melo e Hélio Sindô) e o bolero "Aquelas Frases Lindas", com Raul de Barros e Sua Orquestra. Gravou o samba-canção "Eu Sou a Outra" (Ricardo Galeno) e o fox "Peço Desculpas" (Hoffman, Goodhart e Lourival Faissal).

Em 1954 gravou "Ave-Maria no Morro" (Herivelto Martins), o baião "Leva Saudade" (Castro Perret e Osvaldo Silva) e o maracatu "Maracatucá" (Geraldo Medeiros e Jorge Tavares), com a orquestra de Raul de Barros.

É de 1955 as gravações dos sambas "Não Pode Ser" (Ricardo Galeno e Maria Lopez) e "A Felicidade Vem Depois" (Raul de Barros e Zé Kéti).

Em 1956, gravou pela Odeon o fox "Lavadeiras de Portugal" (Popp, Lucchesi e Joubert de Carvalho) e o samba-canção "Vem Viver Ao Meu Lado" (Alcides Fernandes e Tom Jobim), com acompanhamento da orquestra de Antônio Carlos Jobim.

Em 1957, passou para a gravadora Todamérica, onde estreou gravando o samba-canção "Domínio" (Jota Jr. e Oldemar Magalhães) e o bolero "Meu Xodó" (Oscar Bellandi e Cícero Nunes).

Seguiriam, em 1958, as gravações do samba-canção "Beijos Mentirosos" (Osmar Safeti e Jaime Florence) e do mambo "Covarde" (Getúlio Macedo e Lourival Faissal). Gravou pela Sinter a marcha "Tentação de Momo" e o samba "Sei Que Voltarás" (Alcebíades Nogueira e Luiz de França).

Em 1962, gravou pela Mocambo a marcha "Você Dá Sopa Demais" (Gracia, Tevê e J. Fonseca) e o samba "Mais Um Amor" (Buci Moreira, Arnô Canegal e Jorge Gonçalves).

São de 1964 as gravações, também pela Mocambo, da marcha "A Bola do Maracanã" (Gracia e Chavito) e do samba "O Outro Lado da Vida" (J. Piedade e Moacir Vieira).

Nos anos 60, gravou ainda pela pequena gravadora Agems os sambas "Do Leblon a Cascadura" (Elias Ramos, Nelinho e Arnaldo Morais) e "Resignação" (Elias Ramos e Nelinho).

Gilda de Barros faleceu no Rio de Janeiro, no dia 05/03/2010, aos 82 anos de idade após três meses de enfermidade.

Primeira apresentação de Gilda de Barros em sua carreira artística aos 17 anos.
Na foto aparecem Iara Sales e Lamartine Babo.
Discografia

  • S/D - Do Leblon a Cascadura / Resignação (Agemsa, 78)
  • S/D - Tem Caroço no Angu / Zumba-ê (Folia, 78)
  • 1964 - A Bola do Maracanã / O Outro Lado da Vida (Mocambo, 78)
  • 1962 - Você Dá Sopa Demais / Mais Um Amor (Mocambo, 78)
  • 1958 - Beijos Mentirosos / Covarde (Todamérica, 78)
  • 1958 - Tentação de Momo / Nunca é Tarde (Sinter, 78)
  • 1958 - Trágica Mentira / Sabes Fingir (Sinter, 78)
  • 1957 - Domínio / Meu Xodó (Todamérica, 78)
  • 1957 - Quem Está Com Mágoa... / Mamãe Já Vem Aí (Todamérica, 78)
  • 1956 - Lavadeiras de Portugal / Vem Viver a Meu Lado (Odeon, 78)
  • 1956 - Noite Feiticeira / Eu Sem Você (Odeon, 78)
  • 1955 - Não Pode Ser / A Felicidade Vem Depois (Odeon, 78)
  • 1955 - Conversa de Sofá / Mais Uma Noite (Odeon, 78)
  • 1955 - Empregada de Aliança / Menina-moça (Odeon, 78)
  • 1954 - Ave-Maria no Morro / Leva Saudade (Odeon, 78)
  • 1954 - Noite Sem Lua / Traço N'água (Odeon, 78)
  • 1953 - Remador (Odeon, 78)
  • 1953 - Eu Sou a Outra / Peço Desculpa (Odeon, 78)


Indicação: Miguel Sampaio

Lotta de Macedo Soares

MARIA CARLOTA COSTALLAT DE MACEDO SOARES
(57 anos)
Paisagista, Urbanista e Aristocrata

* Paris, França (16/03/1910)
+ New York, Estados Unidos (25/09/1967)

Maria Carlota Costallat de Macedo Soares foi uma paisagista, urbanista autodidata e aristocrata brasileira, à convite de Carlos Lacerda foi umas das responsáveis pelo projeto do Parque do Flamengo, localizado na cidade do Rio de Janeiro, o maior aterro urbano do mundo.

Uma personagem marcante da vida carioca nos anos 50 e 60, que mudou a paisagem do Rio de Janeiro, desconhecida das novas gerações, e de um monumento da poesia americana, Elizabeth Bishop, uma mulher muito discreta.

Nasceu em Paris, no dia 16/03/1910, seu pai José Eduardo, então primeiro-tenente da Marinha baseado na Europa, sua mãe Adélia de Carvalho Costallat, irmã do famoso jornalista e cronista carioca Benjamin Costallat, teve mais uma filha em Paris, Maria Elvira, conhecida por Marieta.

José Eduardo deixou a armada em 1912, voltando ao Brasil com sua família, chegando ao Rio de Janeiro fundou o jornal O Imparcial, precursor do Diário Carioca.

No fim de 1915, José Eduardo, comprou a Fazenda Samambaia, incluindo a Casa Grande, vinda de meados do século XVIII e demais benfeitorias. Lotta, aos 5 anos, chegou onde o destino teria reservado o melhor para sua vida: Samambaia.

Com O Imparcial, José Eduardo, insuflava o pensamento crítico, desde a campanha civilista com os discursos inflamados de Ruy Barbosa ao surto modernista do início dos anos 20 e a dura oposição ao governo de Epitácio Pessoa e suas fraudes.

A vitória contumaz de Arthur Bernardes, fruto da "eleição a bico de pena", do "voto de cabresto" e dos "currais eleitorais" envolvia o pleito em aura de suspeição, abalando a credibilidade e deflagrando a Revolta Tenentista em 05/07/1922, tendo como marco o episódio dos "Dezoito do Forte".

Assumindo o governo em 15/11/1922, Arthur Bernardes, decreta estado de sítio no país, O Imparcial é fechado definitivamente, José Eduardo é preso em sua propriedade em Maricá e transferido com outros presos políticos para instalações na Ilha Rasa.

Com o auxílio de sua brilhante imaginação e de seu irmão José Roberto, José Eduardo consegue fugir do seu cárcere e do país, exilando-se com sua família na Europa.

Lotta, então com 13 anos, passou a frequentar um dos melhores colégios internos da Suíça até os seus 18 anos, em 1928, quando voltou com a família ao Brasil.

Adélia de Carvalho Costallat e José Eduardo se separam em 1929, na partilha dos bens a Fazenda da Samambaia fica com Adélia.

Dois anos de governo de Getúlio Vargas bastaram para transformar o ídolo de José Eduardo em um ditador imperdoável. Na oposição mais uma vez o Diário Carioca é empastelado por forças getulistas.

Temendo por sua vida e pelo confisco de seus bens pelo governo, José Eduardo transferiu todas as suas propriedades, incluindo as terras de Maricá, Saquarema e o próprio Diário Carioca, para Horácio de Carvalho Junior, por quem tinha grande afeto, admiração e confiança. Horácio passou a ser o administrador dos negócios, enquanto José Eduardo se dedicava ao jornalismo e a política, tornando-se senador da República em 1934.

No princípio da década de 40, Lotta residiu em New York, onde faz cursos no Museu de Arte Contemporânea.

Lotta e Marieta com isso ficaram sem a herança oriunda da família Macedo Soares. Lotta não concordou com a transferência do controle dos bens para Horácio, ficou magoada com o pai, mas respeitou sua decisão. Marieta ao contrário, inconformada, lutou na justiça pela anulação da doação e brigou com Lotta por não acompanhá-la na empreitada.

Em 1940, Adélia vendeu a Casa Grande da Fazenda Samambaia e as terras circunjacentes para a família Leite Garcia, reservando no entanto cerca de um milhão de metros quadrados da propriedade que foram transmitidos em partes iguais as suas filhas Lotta e Marieta.

A Casa Grande da Fazenda Samambaia, parada obrigatória de tropeiros no caminho do ouro no século XVIII, foi restaurada em 1942 pelo arquiteto Wladimir Alves de Souza e atualmente é sede do Instituto Samambaia de Ciência Ambiental (ISCA).

Lotta, herdeira de fazendas e imóveis no Estado do Rio de Janeiro, tinha ideias mais interessantes com que ocupar o tempo. No Brasil, donas de casa milionárias, quando resolvem trabalhar, costumam montar butiques ou se dedicar a obras filantrópicas.

Lotta realmente teve uma ideia. Uma delas: convenceu seu amigo Carlos Lacerda, recém-eleito governador do Estado da Guanabara em 1960, a fazer no Aterro do Flamengo o mais espetacular parque urbano do lado de baixo do Equador. "Deve ser um Central Park para os cariocas", dizia Lotta. Para tocar o projeto, sugeriu seu próprio nome.

Quando, nas eleições seguintes, Carlos Lacerda perdeu o governo, Lotta retirou-se da construção do Aterro do Flamengo.

Lotta não era mesmo uma milionária comum. Ela dividia o mesmo teto com Elizabeth Bishop, uma das maiores poetas americanas do século 20. Durante quinze dos quase vinte anos em que Elizabeth Bishop permaneceu no Brasil, elas mantiveram uma relação marcada pela paixão e pela tragédia.

Elizabeth Bishop

Antes mesmo de enfrentar a tarefa de erguer o Parque do Flamengo, Lotta já agitava a vida do Rio de Janeiro. Era a ovelha negra de uma família tradicional que em plenos anos dourados só usava calças compridas e camisas masculinas. Era culta e simpática, conhecia as pessoas certas e tinha energia. À frente do parque, cuja execução se arrastou por anos a fio, tornou-se um galo de briga, capaz de passar pitos inesquecíveis em Carlos Lacerda e ir ao presidente Castelo Branco, para afirmar suas ideias.

Lotta de Macedo SoaresElizabeth Bishop nunca fizeram segredo de sua união. Lotta aparece em qualquer perfil biográfico da poeta, morta em 1979. Há diálogos inteiros travados entre as duas protagonistas na intimidade. Trata-se de "Uma Arte", coletânea de mais de 300 cartas pessoais escritas pela poeta no decorrer da vida. "Uma Arte" também é um livro surpreendente.

Robert Lowell (1917-1977), um dos grandes poetas americanos, disse certa vez que, quando as cartas de Elizabeth Bishop fossem publicadas, ela seria considerada não apenas uma escritora excepcional mas também uma das mais prolíficas de seu tempo. Tinha razão. As cartas de Elizabeth Bishop são deliciosas de ler. Nelas, a poeta de versos econômicos e personalidade introvertida dá lugar a uma escritora cativante, cheia de imaginação. Sob sua visão, fatos rotineiros ganham vida. As cartas mais reveladoras são as enviadas à sua médica de New York, Anny Baumann. E os quinze anos que Elizabeth Bishop passou no Brasil são os cenários das passagens mais marcantes de sua correspondência.

Das cartas emerge uma Elizabeth Bishop muito mais comunicativa e franca do que ela jamais foi em seus poemas. A poesia de Elizabeth Bishop, feita de pequenos e sutis observações do cotidiano, é muito econômica nas palavras e rigorosa nas formas, uma poesia contida, às vezes ríspida.

No trato pessoal, Elizabeth Bishop não era diferente. Basta lembrar que, em seus quinze anos de Brasil, se conta nos dedos de uma mão os amigos que fez. De modo geral, para os amigos de Lotta, sua companheira era taxada de chata e antipática.

Nas cartas, Elizabeth Bishop deixa aparecer a pessoa por trás da poeta. Quando escreve a Marianne Moore, transparece sua angústia por ser praticante órfã - seu pai morreu quando ela tinha 8 meses e pouco depois sua mãe foi internada num hospício. A vida inteira andou em busca de substitutos para o pai e a mãe.

Em sua correspondência, comenta livremente o romance com Lotta. Descreve também os anos que passou em Ouro Preto, antes e depois da morte da companheira, de onde saiu convencida de que jamais deveria ter posto os pés no Brasil.

Baixinha e Atrevida

As passagens no entanto, são aquelas que mostram Lotta em contato com políticos e burocratas na construção do Parque do Flamengo. Ela não era arquiteta ou paisagista e nem sequer tinha diploma universitário. Mas era uma mulher viajada, lida, educada, culta e de bom gosto. Seduzido, Carlos Lacerda entusiasmou-se pela ideia do parque e criou para ela o cargo - não remunerado - de "Assessora Especial do Departamento de Parques e Jardins".

Os engenheiros e arquitetos do órgão, desde o início, a viam como um corpo estranho, uma baixinha atrevida. Sua primeira providência: cortar o número de pistas para carros, de quatro para duas. Segunda: chamar uma comissão de notáveis, como o arquiteto Afonso Reidy e o paisagista Roberto Burle Marx, para criar o parque, engavetando as ideias dos chefões do departamento. O tempo fechou.

Ao defender suas ideias, entre elas a instalação dos imensos postes que até hoje estão no parque, Lotta conseguiu brigar tanto com os burocratas quanto com a maioria dos notáveis. Sua discussão com Burle Marx, outro temperamental de carteirinha, iniciada por causa de um playground infantil, é engraçadíssima.

A cada dificuldade que surgia no projeto do parque, Lotta recorria ao governador Carlos Lacerda, que àquela altura da vida política do país, com a Revolução de 1964 iminente, tinha pouco tempo para a amiga. Ela não tinha dúvidas: cruzava os portões do Palácio Laranjeiras e brandia o dedo na direção do governador. Nessas conversas, ouviam-se insultos.

O governador Carlos Lacerda aguentava porque acreditava nas ideias de Lotta, e também achava que ela era um tipo inteligente e interessante. Certa vez, com o parque quase pronto, a Marinha cismou de instalar ali uma estátua do Almirante Barroso, o herói da Batalha do Riachuelo, na Guerra do Paraguai, alegando que ela se encontrava muito longe do mar, no centro da cidade.

"Por que diabos Barroso sentiria saudades do mar se ele foi herói de uma batalha fluvial?", devolveu Lotta, encerrando o assunto. Uma tirada típica de uma personagem que mudou a paisagem do Rio de Janeiro, e esquecida pela História.

Morte

Todas essas questões políticas em que estava envolvida e mais o afastamento de sua companheira Elizabeth Bishop, que a esta altura já estava em New York, levaram-na à depressão. Elizabeth Bishop era uma das poetisas mais famosas da época.

Lotta e Elisabeth viveram juntas de 1951 a 1965.

Em 1967, quando já separadas, Lotta resolveu viajar para New York a fim de encontrar Elizabeth Bishop. No mesmo dia em que chegou, Elizabeth Bishop encontrou-a caída na cozinha, com um vidro de antidepressivo nas mãos. Lotta entrou em coma, falecendo poucos dias depois.

No Cinema

A vida de Lotta de Macedo Soares com Elizabeth Bishop e seu envolvimento com o governo de Carlos Lacerda, bem como seu apoio ao Golpe Militar de 1964, são o tema do filme de Bruno Barreto "Flores Raras". No papel de Lotta está atriz Glória Pires.

Fonte: Wikipédia,  Instituto Lotta, Veja, 29/11/1995, 1420 e Super Interessante, 09/2001, 168