Alberto Cavalcanti

ALBERTO DE ALMEIDA CAVALCANTI
(85 anos)
Diretor, Roteirista, Cenógrafo, Engenheiro de Som, Montador e Produtor

* Rio de Janeiro, RJ (06/02/1897)
+ Paris, França (23/08/1982)

Alberto Cavalcanti foi um dos maiores cineastas brasileiros de todos os tempos. É também o diretor nacional mais conhecido no exterior. Durante 60 anos, o cineasta dirigiu e produziu mais de 120 filmes em países como França, Inglaterra, Itália e Alemanha. Trabalhou também nos Estados Unidos e em Israel. Em Paris, na década de 1920, ele viveu e participou dos Movimentos de Vanguarda que transformaram as artes para sempre.

Alberto Cavalcanti foi um dos principais precursores do Realismo e do Naturalismo no cinema. Fez uma obra política, preocupada com abordagens de cunho social. Denunciou injustiças, desigualdades, desilusões e as frustrações do ser humano. No Brasil, Alberto Cavalcanti realizou apenas seis filmes: três como diretor e três como produtor. Trabalhou nos estúdios da Vera Cruz, na segunda metade da década de 1940 e foi decisivo para a profissionalização e para o salto qualitativo que o cinema nacional deu a partir de então.

A trajetória de Alberto Cavalcanti se entrelaça com a própria história do cinema. Artista e artesão apaixonado, fez de tudo: foi cenógrafo, engenheiro de som, roteirista, montador, diretor e produtor, acompanhando as grandes rupturas representadas pela passagem do filme mudo ao sonoro e do filme em preto e branco ao colorido. Grande experimentador, utilizou sem preconceitos quase todas as tecnologias fílmicas. Trabalhou ainda na televisão e no teatro e deu aulas na Universidade da Califórnia.

Carioca de família pernambucana, Alberto Cavalcanti iniciou sua carreira em Paris, onde se especializou em cenografia, depois de estudar Belas Artes e Arquitetura na Suíça. Após trabalhar com Marcel L’Herbier e Louis Delluc, dirigiu seu primeiro filme em 1926, ao qual se seguiram dezenas de curtas-metragens.

Com o advento do cinema falado foi contratado pela Paramount e realizou versões sonoras, em francês e português, de 21 filmes produzidos em Hollywood. Suas teorias inovadoras sobre a função de ruídos e palavras na narrativa cinematográfica atraíram a atenção de produtores ingleses.


Alberto Cavalcanti mudou-se para Londres em 1934, onde ajudou a desenvolver o documentário moderno. Durante a guerra, especializou-se em longas de ficção, incluindo um clássico do horror, "Na Solidão da Noite", e uma adaptação do romance Nicholas Nickleby, de Charles Dickens. Voltou ao Brasil no final dos anos 40, após ter trabalhado em 10 países europeus durante 36 anos.

Em 1949, já no Brasil, participou da criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, SP, fundamental para que o cinema nacional desse um salto de qualidade técnica, sendo convidado a tornar-se o produtor-geral da empresa. Em novembro do mesmo ano, foi à Europa e contratou vários técnicos para virem trabalhar na companhia. Depois de supervisionar a produção de dezenas de longas, como "Caiçara" (1950) e "Terra é Sempre Terra" (1951) e produziu, até o meio, "Ângela" (1951). Ficou descontente por não poder falar como gostaria de temáticas brasileiras.

Fora dos estúdios da Vera Cruz, dedicou-se à elaboração de um anteprojeto para o Instituto Nacional de Cinema, a pedido do então presidente Getúlio Vargas.

Na Cinematográfica Maristela, em São Paulo, o cineasta dirigiu "Simão, o Caolho" (1952). No final do ano de 1952, Alberto Cavalcanti e mais um grupo de capitalistas compram a Cinematográfica Maristela, a qual muda de nome para Kino Filmes e passa a ter como diretor-geral, Alberto Cavalcanti. Ainda em 1952, escreveu o livro "Filme e Realidade". Criticado por sua ideologia de esquerda e inconformado com o marasmo da vida cultural brasileira, voltou à Europa onde dirigiu "O Senhor Puntilla e Seu Criado Matti", adaptação da peça de Bertolt Brecht.

Na Kino Filmes, ele realizou as obras "O Canto do Mar" (1953), refilmagem, no Recife, do europeu "En Rade" (1927), e "Mulher de Verdade" (1954), dois grandes fracassos. Por não ter como continuar pagando as prestações, a Kino Filmes foi devolvida aos antigos proprietários em 1954.

Com o fim da Kino Filmes, Alberto Cavalcanti foi trabalhar na TV Record e depois estreou, no Brasil, como diretor teatral. Em dezembro de 1954, Alberto Cavalcanti partiu para a Europa, contratado por um estúdio austríaco.

Alberto Cavalcanti tinha orgulho de só haver produzido filmes de cunho social. Trabalhou ainda na Itália e na Áustria, concluindo sua carreira na televisão francesa, nos anos 70. Morreu em Paris, em 1982.


Filmografia

  • 1925 - Le Train Sans Yeux
  • 1926 - Rien Que Les Heures
  • 1927 - En Rade
  • 1927 - Yvette
  • 1929 - La Jalousie Du Barbouille (Curta-Metragem)
  • 1929 - La P'tite Lilie (Curta-Metragem)
  • 1929 - Le Capitaine Fracasse
  • 1929 - Le Petit Chaperon Rouge
  • 1929 - Vous Verrez La Semaine Prochaine
  • 1930 - Toute Sa Vie
  • 1930 - A Canção do Berço (Portugal)
  • 1931 - Dans Une Ile Perdue
  • 1931 - Les Vacances Du Diable
  • 1931 - A Mi-Chemin Du Ciel
  • 1932 - En Lisant Le Journal (Curta-Metragem)
  • 1932 - Le Jour Du Frotteur (Curta-Metragem)
  • 1932 - Nous Ne Ferons Jamais Le Cinema (Curta-Metragem)
  • 1932 - Revue Montmartroise (Curta-Metragem)
  • 1932 - Tour De Chant (Curta-Metragem)
  • 1933 - Coralie Et Cie
  • 1933 - Le Mari Garçon
  • 1933 - Plaisirs Defendus (Curta-Metragem)
  • 1934 - New Rates (Curta-Metragem)
  • 1934 - Pett And Pott (Curta-Metragem)
  • 1934 - SOS Radio Service (Curta-Metragem)
  • 1935 - Coal Face (Curta-Metragem)
  • 1936 - Message From Geneva (Curta-Metragem)
  • 1937 - The Line To Tschierva Hut
  • 1937 - We Live in Two Worlds (Curta-Metragem)
  • 1937 - Who Writes To Switzerland
  • 1938 - Four Barriers (Curta-Metragem)
  • 1939 - The First Days (documentário)
  • 1939 - Men Of The Alps (Curta-Metragem)
  • 1939 - Midsummer Day's Work (Curta-Metragem)
  • 1941 - Yellow Caesar (Curta-Metragem)
  • 1941 - Young Veteran (Curta-Metragem)
  • 1942 - Went The Day Well?
  • 1942 - 48 Hours
  • 1942 - Alice In Switzerland (Curta-Metragem)
  • 1942 - Film And Reality
  • 1943 - Watertight (Curta-Metragem)
  • 1944 - Champagne Charlie
  • 1945 - Dead Of Night
  • 1947 - Nicholas Nickleby
  • 1947 - They Made Me A Fugitive
  • 1948 - Affairs Of A Rogue
  • 1949 - For Them That Trespass
  • 1952 - Simão, O Caolho
  • 1953 - O Canto Do Mar
  • 1954 - Mulher De Verdade
  • 1955 - Herr Puntila Und Sein Knecht Matti
  • 1957 - Castle In The Carpathians
  • 1958 - La Prima Notte
  • 1960 - The Monster Of Highgate Pond
  • 1967 - Thus Spake Theodor Herzl


Afonso Arinos


AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO
(47 anos)
Jornalista, Escritor e Jurista

* Paracatu, MG (01/05/1868)
+ Barcelona, Espanha (19/02/1916)

Professor de história e famoso literato mineiro nascido em Paracatu, que teve papel de pioneiro nas tendências regionalistas na literatura brasileira, pela orientação que prevaleceu em seus contos, decorrentes de vivências em contato com o meio.

Monarquista, em 1897, na época da Guerra de Canudos, assumiu a direção do Jornal Comércio de São Paulo, no qual fez a campanha pela restauração da monarquia. Membro da Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira 40. Foi filho de Virgílio de Melo Franco e de Ana Leopoldina de Melo Franco. Morou no fim da vida em Paris, mas sem desligar-se das raízes interioranas brasileiras.

Casa onde nasceu Afonso Arinos de Melo Franco em Paracatu, MG
Iniciou o curso de direito em 1885 em São Paulo. Concluído os estudos quatro anos mais tarde. Mudou-se com a família para Ouro Preto, na ocasião capital do Estado de Minas Gerais, onde lecionou história do Brasil no Liceu Mineiro. Tornou-se um dos fundadores da Faculdade de Direito de Minas Gerais, passando a lecionar Direito Criminal.

Teve vários trabalhos publicados na Revista do Brasil e na Revista Brasileira durante a década de 1890. Adoeceu durante uma viagem de navio à Europa, vindo a falecer na Espanha.

Foi tio do outro famoso Afonso Arinos.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito para a cadeira 40 da Academia Brasileira de Letras em 31 de dezembro de 1901, sendo recebido em 18 de setembro de 1903 pelas mãos do acadêmico Olavo Bilac.

Obras Publicadas

  • 1898 - Pelo Sertão (Contos)
  • 1898 - Os Jagunços (Contos)
  • 1900 - Notas do Dia
  • 1917 - O Contratador de Diamantes (Drama - Póstumo)
  • 1917 - A Unidade da Pátria (Póstumo)
  • 1917 - Lendas e Tradições Brasileiras (Póstumo)
  • 1918 - O Mestre de Campo (Drama - Póstumo)
  • 1921 - Histórias e Paisagens (Póstumo)
  • Ouro, Ouro (Inacabado)


Fonte: Wikipédia