Octavio Frias de Oliveira

OCTAVIO FRIAS DE OLIVEIRA
(94 anos)
Jornalista, Editor e Empresário

* Rio de Janeiro, RJ (05/08/1912)
+ São Paulo, SP (29/04/2007)

O empresário Octavio Frias de Oliveira nasceu no Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana, em 5 de agosto de 1912. Frias era o penúltimo dos nove filhos do casal Luiz Torres de Oliveira e Elvira Frias de Oliveira. Na época, seu pai era juiz de direito em Queluz, no interior paulista. Pertencia, porém, a uma família com raízes tradicionais no Rio de Janeiro. O bisavô do recém-nascido fora o Barão de Itambi, político influente no Segundo Reinado.

Em 1918, Octavio Frias de Oliveira veio de Jundiaí, SP, para São Paulo, quando seu pai licenciou-se da magistratura, à qual só retornaria em 1931, para trabalhar com o industrial Jorge Street. Na capital paulista, o futuro empresário cursou o Colégio São Luís, mantido por padres jesuítas e um dos mais conceituados da cidade. Premido por sérias dificuldades financeiras que a família enfrentava, no entanto, Frias deixou o colégio aos 15 anos, para começar a trabalhar.

Seu primeiro emprego, em 1927, foi como office-boy na Companhia de Gás de São Paulo, que pertencia, como grande parte dos serviços públicos da época, a empresários ingleses. Em três meses foi promovido a mecanógrafo, ou seja, operador de máquinas de contabilidade. Em 1930, foi convidado e aceitou um posto na Secretaria da Fazenda do Governo do Estado, a fim de organizar a confecção mecânica dos tributos estaduais. Em 1940, já era diretor do Departamento Estadual do Serviço Público, respondendo pela diretoria de Contabilidade e Planejamento.

Embora adotasse, desde cedo, uma atitude algo cética em relação à política, alistou-se nas tropas da Revolução Constitucionalista, que eclodiu em julho de 1932. Permaneceu dois meses em Cunha, na região do Vale do Paraíba, onde passou o aniversário na trincheira, participou de escaramuças e viu companheiros serem mortos. Acreditava que a ação militar contra o governo central, entretanto, era uma aventura fadada ao fracasso e não alimentava simpatia pela liderança oligárquica do movimento. Nos anos seguintes, manteve-se distante tanto do comunismo como do integralismo, as duas correntes que empolgavam a juventude. Seus interesses estavam na atividade empresarial, a que passou a se dedicar a partir do início da década de 40, contrariamente aos conselhos de seu pai, que prezava a estabilidade do serviço público.


Quando menino, Octavio Frias de Oliveira assistiu a inúmeras discussões entre seu pai e seu tio-avô, o empresário Jorge Street, grande industrial do setor têxtil. Jorge Street foi um pioneiro que ergueu três impérios empresariais e foi três vezes à falência. Construiu, quinze anos antes da Revolução de 30 e do advento das leis trabalhistas, a Vila Maria Zélia, no Brás, que provia os operários de moradia, escola e assistência médica. Frequentemente, as discussões entre o juiz e o industrial, parentes por casamento, versavam sobre as vantagens e desvantagens da social-democracia escandinava, que despertava, então, grande curiosidade.

Em 1943, Octavio Frias participou, na condição de um dos acionistas-fundadores, do estabelecimento do Banco Nacional Imobiliário (BNI), mais tarde Banco Nacional Interamericano, sob a liderança de Orozimbo Roxo Loureiro. Como diretor da carteira imobiliária, lançou um programa de condomínios a preço de custo. Foi construída, assim, mais de uma dezena de prédios, entre eles o Copan, que viria a se tornar um dos símbolos de São Paulo. Convidado por Octavio Frias, de quem se tornou amigo, Oscar Niemeyer projetou ainda, além do Copan, a Galeria Califórnia, na Rua Barão de Itapetininga, um prédio na Praça da República e outro na Rua Direita, antiga sede das Indústrias Matarazzo. Um discípulo de Oscar Niemeyer, o arquiteto e pintor Carlos Lemos, projetou na mesma época, com financiamento do Banco Nacional Imobiliário (BNI), o Teatro Maria Della Costa. Cândido Portinari e Di Cavalcanti fizeram painéis para alguns desses edifícios e também se tornaram amigos de Octavio Frias. Como diretor de banco, viajou várias vezes aos Estados Unidos, onde tomou contato com a cultura empresarial norte-americana e foi fortemente influenciado por ela.

Seis meses depois de Octavio Frias deixar o banco, por divergências quanto à administração dos negócios, o Banco Nacional Imobiliário (BNI) foi adquirido pelo Bradesco, após ter entrado em liquidação. Octavio Frias fundou uma empresa própria, Transaco-Transações Comerciais, em 1953, uma das primeiras firmas especializadas na venda de ações diretamente ao público.

Traduziu para o português o livro "Do Fracasso ao Sucesso na Arte de Vender", clássico comercial do norte-americano Frank Bettger, e organizou cursos de vendas - o que era inédito no Brasil - para uma equipe que chegou a contar com 500 vendedores. Data deste período sua primeira ligação com a imprensa: a Transaco prestou serviços profissionais à Tribuna da Imprensa, o jornal carioca de Carlos Lacerda, e à Folha da Manhã, então dirigida pelo advogado José Nabantino Ramos, um dos pioneiros na introdução da psicanálise em São Paulo. José Nabantino Ramos havia transformado um diário pouco expressivo num jornal moderno. Em 1960, o advogado reuniria três títulos da empresa, o carro-chefe Folha da Manhã, a Folha da Tarde e a mais antiga Folha da Noite, fundada por Olival Costa e Pedro Cunha em 19/02/1921, num só jornal - a Folha de S.Paulo.


Em 1948, Octavio Frias se casou com sua primeira mulher, Zuleica Lara de Oliveira, que faleceu em acidente de automóvel em 1955, na Rodovia Presidente Dutra. Casou-se novamente um ano depois, com Dagmar de Arruda Camargo, que já tinha uma filha de casamento anterior, Maria Helena, e com quem teve três filhos: Otavio (1957), Maria Cristina (1960) e Luiz (1963).

Em 1954, o empresário comprou um pequeno sítio nas proximidades de São José dos Campos, no interior paulista. Mas as intenções de lazer não duraram muito tempo. Logo o sítio se transformou em granja e depois num empreendimento avícola de porte, que chegou a manter um plantel de 2 milhões de aves. Atualmente, a Granja Itambi se dedica apenas à pecuária de leite.

Associado ao empresário Carlos Caldeira Filho, Octavio Frias fundou a Estação Rodoviária de São Paulo, inaugurada em 1961. Mas o principal empreendimento dos dois sócios seria concretizado pouco depois, em 13 de agosto de 1962, com a aquisição da Folha de S.Paulo, que então disputava com o Diário de S.Paulo a posição de segundo jornal da capital paulista e que atravessava período de dificuldades financeiras. Agastado com a greve dos jornalistas de 1961, José Nabantino Ramos decidira se desfazer do controle acionário do jornal.

Octavio FriasCarlos Caldeira, respectivamente presidente e superintendente da empresa, voltaram-se à tarefa prioritária de recuperar o equilíbrio financeiro do jornal. Para dirigir a Redação, Octavio Frias nomeou o cientista José Reis, um dos criadores da Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC). Trouxe para integrar a equipe o responsável pela modernização do rival O Estado de S.Paulo, o jornalista Cláudio Abramo, que viria a suceder a José Reis e manter, com Octavio Frias, uma produtiva convivência profissional que se prolongou por mais de vinte anos. Em 1964, a Folha de S.Paulo apoiou a derrubada do presidente João Goulart e o estabelecimento de um regime de tutela militar - temporária, conforme se acreditava - sobre o país.

Superada a fase de adversidades econômico-financeiras, a nova gestão passou a se dedicar à modernização industrial e à montagem de uma estrutura de distribuição de exemplares que alicerçou os saltos de circulação que estavam por vir. Foram comprados novos equipamentos e impressoras nos Estados Unidos.

Em 1968, a Folha de S.Paulo se tornava o primeiro jornal latino-americano a ser impresso no sistema "off-set". Em 1971, outro pioneirismo: os moldes de chumbo passavam à história e o jornal adotava a composição "a frio". O jornal crescia em circulação e melhorava sua participação no mercado publicitário.

No final dos anos 60, Octavio Frias chegou a organizar o embrião de uma rede nacional de televisão, congregando à TV Excelsior de São Paulo, líder de audiência cujo controle adquiriu em 1967, mais três emissoras no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Por insistência de Carlos Caldeira, porém, os dois sócios abandonaram a empreitada em 1969.

Mais ágil e inovador do que o concorrente tradicional, a Folha de S.Paulo ganhava espaço junto às camadas médias que ascenderam com o "milagre econômico", fixando-se como publicação de grande presença entre jovens e mulheres. Ao mesmo tempo, dedicava-se com desenvoltura crescente a áreas do jornalismo até então pouco exploradas, como o noticiário econômico, esportivo, educacional e de serviços.

A partir do final de 1973, o jornal passou a adotar uma atitude política mais independente e afirmativa, em vez da "neutralidade" acrítica do intervalo 1968-1973. A Folha de S.Paulo apoiou a ideia da abertura política e se colocou a serviço da redemocratização, abriu suas páginas para todas as tendências de opinião e incrementou o teor crítico de suas edições.

Octavio Frias acreditava firmemente na filosofia editorial de uma publicação isenta e pluralista, capaz de oferecer o mais amplo leque de visões sobre os fatos. Encontrou um colaborador habilitado em Cláudio Abramo, responsável pela área editorial entre 1965 e 1972, sucedido por Ruy Lopes (1972/1973) e Boris Casoy (1974/1976) e reconduzido a essa função em 1976, onde permaneceu até 1977, quando Boris Casoy, em meio à crise provocada por uma articulação do regime militar contra o presidente Ernesto Geisel, foi convidado por Octavio Frias a retornar ao cargo. Cláudio Abramo reformulou o jornal, fez a primeira, em 1976, de uma série de reformas gráficas que se sucederiam, reuniu colunistas como Jânio de Freitas, Paulo Francis, Tarso de Castro, Glauber Rocha, Flávio Rangel, Alberto Dines, Mino Carta, Osvaldo Peralva, Luiz Alberto Bahia e Fernando Henrique Cardoso. A Folha se transformava num dos principais focos de debate público do país. Ao contrário das expectativas, essa linha editorial foi preservada e desenvolvida durante o período em que Boris Casoy foi editor responsável (1977-1984).

Em 1983/1984, a Folha foi o baluarte do movimento Diretas Já!, a favor de eleições populares para a Presidência da República, na imprensa. Apoiou o Plano Cruzado em 86 e fez campanhas contra o fisiologismo político durante o governo José Sarney, manifestando-se contrária à prorrogação do mandato presidencial. Manteve-se em posição crítica durante a ascensão e o apogeu de Fernando Collor. Embora apoiasse suas propostas de liberalização econômica, foi a primeira publicação a recomendar o impeachment do chefe do governo, afinal consumado em 1992. Em 1986, tornou-se o jornal de maior circulação em todo o país, liderança que mantém desde então. Em 1995, um ano depois de ultrapassar a marca de 1 milhão de exemplares aos domingos, a Folha inaugurou seu novo parque gráfico, considerado o maior e mais atualizado tecnologicamente na América Latina, um projeto orçado em US$ 120 milhões.

Atualmente, a Folha é o centro de uma série de atividades na esfera da indústria das comunicações, abrangendo jornais, banco de dados, instituto de pesquisas de opinião e de mercado, agência de notícias, serviço de informação e entretenimento em tempo real, gráfica de revistas e empresa transportadora.

Octavio Frias de Oliveira e sua esposa Dagmar Frias de Oliveira
Em 1991, Octavio FriasCarlos Caldeira decidiram dissolver a sociedade que mantinham, cabendo ao primeiro a empresa de comunicações e ao segundo os demais negócios e imóveis em comum. A partir de meados da década de 80, Octavio Frias de Oliveira transferiu a operação executiva para seus filhos Luiz e Otavio, respectivamente nas funções de presidente e diretor editorial do Grupo Folha. Continuou, porém, orientando as decisões estratégicas e participando ativamente do dia a dia do jornal,  acompanhando os números da empresa, definindo a linha dos editoriais, criticando reportagens ou recomendando pautas jornalísticas. Embora tivesse sempre afirmado não ser jornalista, mas empresário, era frequente que Octavio Frias trouxesse "furos" de reportagem, como a notícia de que o estado de saúde de Tancredo Neves era muito mais grave do que afirmavam, em janeiro de 1985, médicos e autoridades do novo governo.

Consolidado o seu papel na imprensa brasileira, o Grupo Folha passou a investir em novas tecnologias. Em 1996, lançou o Universo Online (UOL), provedor de conteúdo e de acesso à internet. Em setembro do mesmo ano, houve a fusão do Universo Online com o Brasil Online, do Grupo Abril, constituindo-se, então uma nova empresa, o Universo Online S/A, presidida por Luiz Frias, filho de Octavio Frias de Oliveira. Essa foi a primeira associação envolvendo dois dos maiores grupos de comunicação do país.

Em setembro de 1999, o Universo Online (UOL) anunciou a venda de 12,5% de sua participação acionária. O acordo garantiu a obtenção de recursos que permitiram sustentar seu crescimento no Brasil e expandir suas operações na América Latina, na península Ibérica e no mercado hispânico dos Estados Unidos. Na ocasião, a empresa passou a chamar-se UOL Inc. S/A. A partir daí, ramificou sua atuação e se consolidou também como uma empresa de tecnologia, em setores como comércio e pagamento eletrônico, jogos, sites de relacionamento, armazenamento e processamento de dados em larga escala e soluções de Tecnologia da Informação (TI).

No final de 2011, a Folhapar fechou o capital do Universo Online (UOL), ultrapassando 74% de participação acionária; o grupo de acionistas liderado pelo empresário João Alves de Queiroz Filho, controlador da Holding Hypermarcas, permaneceu no Universo Online (UOL), com 25% das ações. Por acordo de acionistas, a gestão é do Grupo Folha.

Nova associação com outro grande grupo de comunicação do país foi anunciada em outubro do mesmo ano. O Grupo Folha e a Infoglobo Comunicações, que edita o jornal O Globo, associaram-se para lançar o jornal Valor, especializado em economia. A nova publicação, de circulação nacional, estreou em 2 de maio de 2000.

No 79º aniversário da Folha, em fevereiro de 2000, Octavio Frias de Oliveira e o Grupo Folha foram homenageados pela Câmara dos Deputados em sessão solene, requerida pelos deputados Marcos Cintra (PL-SP) e Aloizio Mercadante (PT-SP). Ao encerrar a sessão, que contou com a presença de cerca de 80 deputados e senadores, o  presidente da Câmara,  Michel Temer (PMDB-SP) disse que ela foi "uma homenagem à democracia".


Morte

Em novembro de 2006, como decorrência de uma queda doméstica, o publisher da Folha foi submetido a cirurgia para remoção de hematoma craniano. Após alta hospitalar, suas condições clínicas pioraram, levando a um quadro de insuficiência renal grave.

Octavio Frias de Oliveira morreu em 29/04/2007, aos 94 anos. Após sua morte, a Prefeitura de São Paulo batizou com seu nome a ponte estaiada que liga a Avenida Jornalista Roberto Marinho à Marginal Pinheiros, na zona sul de São Paulo, aberta ao trânsito em maio de 2008. No mesmo mês, o governo do Estado inaugurou o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, o maior centro oncológico da América Latina, na zona oeste paulistana.

Octavio Frias de Oliveira foi um homem de hábitos simples, quase espartanos, obcecado pelo trabalho. Empresário de sucesso, seus traços mais marcantes eram a inteligência prática e intuitiva, o tino comercial, a informalidade no trato, a curiosidade pelos empreendimentos produtivos e seu interesse por tudo o que fosse novo. Agnóstico em religião, liberal em política e economia, praticante de esportes, sua vitalidade extraordinária foi fonte de ânimo e inspiração para quem trabalhou ou conviveu com ele. Sua maior contribuição terá sido estabelecer para a imprensa brasileira um patamar inédito em termos de independência diante do poder político e econômico, de profissionalismo nos negócios da comunicação e de pluralidade e espírito público no jornalismo.


Eduardo Mascarenhas

EDUARDO MASCARENHAS
(54 anos)
Psicanalista e Político

* Rio de Janeiro, RJ (06/07/1942)
+ Rio de Janeiro, RJ (29/04/1997)

Eduardo Mascarenhas foi um psicanalista e político brasileiro famoso na década de 1980 pela participação em vários programas de TV, como o "TV Mulher".

Eduardo Mascarenhas sofreu por ter denunciado, junto com Hélio Pellegrino, a conivência do então presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise com Amílcar Lobo e com as torturas praticadas durante o regime militar, chegando a ser expulso daquela associação.


Foi casado com a atriz Christiane Torloni e escreveu três livros sobre assuntos relativos à psicanálise: "Emoções" (1986), "Cartas a um Psicanalista" (1986) e "Alcoolismo, Drogas e Grupos Anônimos de Ajuda Mútua" (1990). Manteve, também, até sua morte, colunas em revistas femininas, como Cláudia e Contigo!.

Filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT)  em 1989, pelo qual foi eleito deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro em 1990, chegando a ser vice-líder da bancada do partido na Câmara. Mudou para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em 1993, por onde foi reeleito deputado no ano seguinte.

Eduardo Mascarenhas não conseguiu terminar o segundo mandato, por ter falecido vítima de um  câncer em 29 de abril de 1997, aos 54 anos.

Fonte: Wikipédia

Saulo Ramos

JOSÉ SAULO PEREIRA RAMOS
(83 anos)
Advogado, Jurista, Escritor e Professor

* Brodowski, SP (08/06/1929)
+ Ribeirão Preto, SP (28/04/2013)

José Saulo Pereira Ramos foi um jurista e escritor brasileiro. Professor honoris causa pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).

Saulo Ramos nasceu no dia 08/06/1929, e, após uma adolescência difícil, dedicou-se à advocacia, tendo sido inclusive Ministro da Justiça no Governo Sarney (1985-1990). Quando ocupou o Ministério da Justiça, o advogado deu formato jurídico às inovações de vários economistas para os planos Cruzado 1 e Cruzado 2. Ocupou também o cargo de Consultor Jurídico da República, foi jurista, advogado de grandes personalidades, inclusive o famoso cantor Roberto Carlos, e destacou-se como o Poeta do Café. Foi também o autor da letra do hino a Ribeirão Preto.

Saulo Ramos foi crítico contumaz de dispositivos da Constituição de 1988 e defensor de reformas na Lei de Imprensa.

Em 1992, foi advogado do Senado no processo que garantiu a cassação dos direitos políticos de Fernando Collor de Mello, atuando contra o ex-presidente.

Em 2007, publicou o livro "Código da Vida", no qual narrou episódios da vida política brasileira dos quais foi personagem ou testemunha nos últimos 40 anos, como a renúncia de Jânio Quadros, de quem foi oficial de gabinete, em 1961.

Na ditadura militar (1964-1985), Saulo Ramos defendeu políticos e intelectuais de esquerda processados pelo regime. Contou que, certa vez, chegou a furtar um processo da Justiça criminal para livrar um prefeito de Santos e seu chefe de gabinete.

"Há momentos em que o valor ético não está na dança de minuetos ou na observação de etiquetas, mas na salvação de vidas, de honras e das liberdades individuais", disse sobre o caso, em entrevista à Folha de S.Paulo, em 2007.

Foi membro da Academia Ribeirão-Pretana de Letras, Saulo Ramos lançou em 2007 o livro de memórias "O Código da Vida", onde, a partir de um polêmico caso judicial, conta sua trajetória de vida e fatos que marcaram a história do país.

O jurista, que se orgulhava de ter criado a Advocacia-Geral da União, relatou em suas memórias que recusou ser ministro e defensor de Fernando Collor de Mello após as denúncias de corrupção contra o então presidente.

Cândido Portinari, o ilustre pintor internacional, também nascido em Brodowski, SP, ao fazer o retrato do poeta, escreveu a seguinte dedicatória, como que vaticinando o que esperava Saulo Ramos em seu futuro brilhante: "Para Saulo, que honrará nossa Brodowski"

Saulo Ramos foi fundador da Academia Santista de Letras, como ele mesmo relata no livro citado.

Em nota divulgada na noite deste domingo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) lembrou que o ex-ministro teve participação "fundamental no processo de restauração da democracia".


Morte

Saulo Ramos morreu no domingo, 28/04/2013, aos 83 anos. Saulo Ramos estava com problemas cardíacos e fazia hemodiálise regularmente. O enterro será realizado na segunda-feira, 29/04/2013, em Brodowski, interior de São Paulo.

O corpo de Saulo Ramos será velado na Câmara Municipal de Brodowski a partir da 01:00 hs. de segunda-feira, 29/04/2013, com o sepultamento previsto para às 14:00 hs.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, lamentou em nota a morte do jurista. Abaixo a íntegra da nota:

Nota de Pesar - Falecimento de José Saulo Pereira Ramos
"É com tristeza que recebemos a notícia do falecimento do ex-ministro da Justiça José Saulo Pereira Ramos. Jurista refinado e exemplar, teve participação fundamental no processo de restauração da democracia e do estado de direito no país. Nossos sentimentos e orações à família".
(Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo)

Indicação: Fada Veras

Paulo Vanzolini

PAULO EMÍLIO VANZOLINI
(89 anos)
Zoólogo e Compositor

☼ São Paulo, SP (25/04/1924)
┼ São Paulo, SP (28/04/2013)

Paulo Emílio Vanzolini foi um zoólogo e compositor brasileiro, autor de famosas canções como "Ronda", "Volta Por Cima" e "Na Boca da Noite".

Filho do engenheiro Alberto Vanzolini, aos quatro anos mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde seu pai construiu, no bairro da Tijuca, o prédio do Instituto de Educação. Durante os dois anos em que passou a infância no Rio de Janeiro, começou a tomar gosto pelos programas musicais que ouvia no rádio. Veio a Revolução de 1930 e a família voltou para São Paulo, onde seu pai foi ser professor da Escola Politécnica.

A paixão pelo samba surgiu desde que tinha dez anos de idade. Cursou o primário no Instituto Rio Branco e depois concluiu o ginásio numa escola pública estadual. Gostava de ir aos bailes na sede do Glorioso Futebol Clube, perto de sua casa, e lá se sentava ao lado da orquestra, somente para ouvir música. Na adolescência começou a frequentar rodas de malandros, cultivando desde então uma combinação peculiar entre boemia e paixão pelos estudos. O interesse por zoologia de vertebrados levou-o a cursar a Faculdade de Medicina onde se diplomou em 1947.

Em 1942 ingressou na Faculdade de Medicina. Junto com um grupo de estudantes, passou a frequentar as rodas boêmias e a compor seus primeiros sambas.


Em 1944, seu primo Henrique Lobo foi ser locutor da Rádio América e o convidou para trabalhar no programa "Consultório Sentimental", apresentado pela atriz Cacilda Becker, com quem o compositor fez amizade. Participava no programa como o Drº Edson Gama, falando aos ouvintes sobre receitas para emagrecer. Saindo da casa dos pais, pois queria ganhar a vida com seu próprio sustento, foi morar no Edifício Martinelli, onde estreitou os laços com a boemia. No prédio, havia até um táxi-dancing, que Paulo Vanzolini e os amigos frequentavam de graça, fazendo amizade com os músicos e com as dançarinas.

Entre 1944 e 1945 foi servir o exército no quartel do Ibirapuera, na Cavalaria, apesar das cicatrizes na perna em conseqüência das operações sofridas na adolescência por um grave problema nos ossos. Mas por essa época, já estava cansado de ser tratado pela família como um rapaz doente. Tornou-se professor do Colégio Bandeirantes e ingressou como pesquisador no Museu de Zoologia, da Universidade de São Paulo, onde viria a exercer o cargo de diretor cerca de 21 anos mais tarde.

Casou-se, em 1948, com Ilze, então secretária da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) e com quem teria cinco filhos, entre os quais o diretor de cinema e vídeo, e sócio da Conspiração Filmes, Tony Vanzolini.

No final da década de 1940, embarcou com a esposa para os Estados Unidos e lá tornou-se Doutor em Zoologia, pela Universidade de Harvard. Nos Estados Unidos, conviveu com músicos de jazz em New Orleans.

Diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, entre 1963 e 1993, tornou-se um dos zoólogos mais respeitados pela comunidade científica internacional. Aposentado compulsoriamente, continuou ainda a desenvolver suas pesquisas no Museu, trabalhando de segunda a sábado. No Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, organizou uma das maiores coleções de répteis do mundo. Com o próprio dinheiro montou um biblioteca sobre o mesmo tema.


Em 1951, por insistência do amigo Geraldo Vidigal, publicou pelo Clube de Poesia o livro "Lira de Paulo Vanzolini". No mesmo ano, compôs o samba "Ronda".

Em 1953, foi convidado por Raul Duarte para trabalhar na TV Record, produzindo os programas de Aracy de Almeida. Nesse ano, o cantor Bola Sete fez a primeira gravação de "Ronda", acompanhado por Garôto e Meneses, nas cordas, Mestre Chiquinho no acordeão e Abel Ferreira na clarineta.

Em 1959, o violonista José Henrique, dono da Boate Zelão, mostrou o samba "Volta Por Cima" ao cantor Noite Ilustrada, que o lançou em 1963, pela Philips, com estrondoso sucesso. Nesse mesmo ano Paulo Vanzolini foi nomeado diretor do Museu de Zoologia.

Em novembro de 1967, Luís Carlos Paraná, da Boate Jogral, e Marcus Pereira, dono de uma agência de publicidade, resolveram produzir um LP com as composições inéditas de Paulo Vanzolini, conhecidas apenas por seus amigos frequentadores das mesmas rodas de samba.

Paulo Vanzolini é um dos idealizadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e ativo colaborador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, que com seu trabalho aumentou a coleção de répteis de cerca de 1,2 mil para 230 mil exemplares.

Paulo Vanzolini adaptou a Teoria dos Refúgios a partir de estudos conjuntos com o geomorfologista Aziz Ab'Saber e com o americano Ernest Williams. Refúgio foi o nome dado ao fenômeno detectado nas expedições de Paulo Vanzolini pela Amazônia, quando o clima chega ao extremo de liquidar com uma formação vegetal, reduzindo-a a pequenas porções. Assim formam-se espaços vazios no meio da mata fechada.

Morte

Paulo Vanzolini morreu no domingo, 28/04/2013, aos 89 anos, às 23:35 hs., vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Ele estava internado desde a noite de quinta-feira, 25/04/2013, dia do seu aniversário, na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Paulo Vanzolini deixou a mulher, a cantora Ana Bernardo, e cinco filhos do primeiro casamento.

O velório, reservado a familiares e amigos, será na manhã de 29/04/2013, no Hospital Albert Einstein. O enterro deve ocorrer durante a tarde, no Cemitério da Consolação. Enterro e velório são fechados ao público.

Táxons Nomeados Em Sua Homenagem

  • Alpaida vanzolinii Levi, 1988 -- (Arachnida, Araneidae)
  • Alsodes vanzolinii (Donoso-Barros, 1974) -- (Amphibia, Cycloramphidae)
  • Amphisbaena vanzolinii Gans 1963 -- (Reptilia, Amphisbaenidae)
  • Anolis vanzolinii (Williams, Orces, Matheus, Bleiweiss 1996) -- (Reptilia, Polychrotidae)
  • Cochranella vanzolinii Taylor & Cochran 1953 -- (Amphibia, Centrolenidae)
  • Dendrobates vanzolinii Myers, 1982 -- (Amphibia, Dendrobatidae)
  • Exallostreptus vanzolinii Hoffman 1988 -- (Diplopoda, Spirostreptidae)
  • Gymnodactylus vanzolinii Cassimiro & Rodrigues 2009 -- (Reptilia, Phyllodactylidae)
  • Hylodes vanzolinii Heyer 1982 -- (Amphibia, Hylodidae)
  • Liophis vanzolinii Dixon 1985 -- (Reptilia, Colubridae)
  • Nausigaster vanzolinii Andretta & Carrera 1952 -- (Insecta, Syrphidae)
  • Phrynomedusa vanzolinii Cruz 1991 -- (Amphibia, Hylidae)
  • Psittoecus vanzolinii Guimarães 1974 -- (Insecta, Philopteridae)
  • Saimiri vanzolinii Ayres 1985 -- (Mammalia, Primates, Cebidae)
  • Vanzosaura Rodrigues 1991 -- (Reptilia, Gymnophthalmidae)

Documentários

Paulo Vanzolini filmou três documentários com o diretor Ricardo Dias, de cujo pai era amigo. Os dois primeiros sobre o seu trabalho como zoólogo e o terceiro sobre sua obra musical.

Representações

Indicado para integrar o grupo de trabalho encarregado de propor e acompanhar o desenvolvimento de atividades relacionadas com o conhecimento, conservação e utilização sustentável da diversidade biológica (Portaria nº 3 do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal), como Membro Titular, representante da comunidade científica - 1994.

Prêmios

  • Set/1994 - Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico - Presidente da República do Brasil.
  • Out/2004 - Prêmio Professor Emérito 2004 - Troféu Guerreiro da Educação - Centro de Integração Empresa Escola (Ciee) e Governo do Estado de São Paulo.
  • Em agosto de 2008, o cientista e compositor foi também premiado pela Fundação Guggenheim, em New York, em virtude de suas contribuições para o progresso da ciência. O mesmo prêmio foi dado a três outros cientistas brasileiros, em outras áreas além da biologia.

Títulos Honoríficos

  • Abr/2007 - Pesquisador Emérito - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Discografia

  • 1967 - Onze Sambas e Uma Capoeira (Vários Intérpretes)
  • 1974 - A Música de Paulo Vanzolini
  • 1981 - Por Ele Mesmo
  • 2003 - Acerto de Contas

Livros Publicados

  • Lira de Paulo Vanzolini
  • 1981 - Tempos de Cabo (Ilustrações de Aldemir Martins)
  • An Annotated Bibliography Of The Land And Fresh-Water Reptiles Of South America (1758-1975) - v. I - MZUSP, 1977 - 186 páginas
  • An Annotated Bibliography Of The Land And Fresh-Water Reptiles Of South America (1758-1975) - v. II - MZUSP, 1978 - 316 páginas

Augusto dos Anjos

AUGUSTO DE CARVALHO RODRIGUES DOS ANJOS
(30 anos)
Poeta

* Cruz do Espírito Santo, PB (20/04/1884)
+ Leopoldina, MG (12/11/1914)

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas.

É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários.

Um dos maiores biógrafos de Augusto dos Anjos é outro conterrâneo seu, o médico paraibano Humberto Nóbrega, trazendo à tona "A Poética Carnavalizada de Augusto dos Anjos", uma das críticas mais relevantes às contribuições à investigação científica sobre o "Eu" por meio de sua obra de longo fôlego, publicada em 1962, pela editora da primeira Universidade Federal da Paraíba, na qual o biógrafo Humberto Nóbrega foi também reitor.

Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, atualmente no município de Sapé, Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade.

Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1907. Em 1910 casou-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura, influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo.

Com a obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser humano. E da Bíblia ao qual, também, não contestava sua essência espiritualística, usando-a para contrapor, de forma poeticamente agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os ideais iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.

Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no nascimento e na morte.

Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor em vários estabelecimentos de ensino.

Augusto dos Anjos faleceu em 12/11/1914, às 4:00 hs da madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde era diretor de um grupo escolar. A causa de sua morte foi a Pneumonia.

Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos, o primeiro, "Saudade", em 1900. Em 1912, publicou seu livro único de poemas, "Eu". Após sua morte, seu amigo Órris Soares organizou uma edição chamada "Eu e Outras Poesias", incluindo poemas até então não publicados pelo autor.

Curiosidades Biográficas

  • Um personagem constante em seus poemas é um pé de tamarindo que ainda hoje existe no Engenho Pau d'Arco.
  • Seu amigo Órris Soares contou que Augusto dos Anjos costumava compor "de cabeça", enquanto gesticulava e pronunciava os versos de forma excêntrica, e só depois transcrevia o poema para o papel.
  • De acordo com Eudes Barros, quando morava no Rio de Janeiro com a irmã, Augusto dos Anjos costumava compor no quintal da casa, em voz alta, o que fazia sua irmã pensar que era doido.
  • Embora tenha morrido vítima de pneumonia, tornou-se conhecida a história de que Augusto dos Anjos morreu de tuberculose, talvez porque esta doença seja bastante mencionada em seus poemas.

Obra Poética

A poesia brasileira estava dominada por simbolismo e parnasianismo, dos quais o poeta paraibano herdou algumas características formais, mas não de conteúdo. A incapacidade do homem de expressar sua essência através da "língua paralítica" (Anjos, p. 204) e a tentativa de usar o verso para expressar da forma mais crua a realidade seriam sua apropriação do trabalho exaustivo com o verso feito pelo poeta parnasiano. A erudição usada apenas para repetir o modelo formal clássico é rompida por Augusto dos Anjos, que se preocupa em utilizar a forma clássica com um conteúdo que a subverte, através de uma tensão que repudia e é atraída pela ciência.

A obra de Augusto dos Anjos pode ser dividida, não com rigor, em três fases, a primeira sendo muito influenciada pelo simbolismo e sem a originalidade que marcaria as posteriores. A essa fase pertencem "Saudade" e "Versos Íntimos". A segunda possui o caráter de sua visão de mundo peculiar. Um exemplo dessa fase é o soneto "Psicologia de um Vencido". A última corresponde à sua produção mais complexa e madura, que inclui "Ao Luar".

Sua poesia chocou a muitos, principalmente aos poetas parnasianos, mas hoje é um dos poetas brasileiros que mais foram reeditados. Sua popularidade se deveu principalmente ao sucesso entre as camadas populares brasileiras e à divulgação feita pelos modernistas.

Hoje em dia diversas editoras brasileiras publicam edições de "Eu e Outras Poesias".



Abordagem Biográfica

O aspecto melancólico da sua poesia, que a marca profundamente, é interpretado de diversas maneiras. Uma vertente de críticos, na qual se inclui Ferreira Gullar, fundamenta a melancolia da obra na biografia do homem Augusto dos Anjos. Para Ferreira Gullar, as condições de nossa cultura dependente dificultam uma expressão literária como a de Augusto dos Anjos, em que se rompe com a imitação extemporânea da literatura européia. Essa ruptura de Augusto dos Anjos ter-se-ia dado menos por uma crítica à literatura do que por uma visão existencial, fruto de sua experiência pessoal e temperamento, que tentou expressar na forma de poesia.

A poesia de Augusto dos Anjos é caracterizada por Ferreira Gullar como apresentando aspectos da poesia moderna: vocabulário prosaico misturado a termos poéticos e científicos; demonstração dos sentimentos e dos fenômenos não através de signos abstratos, mas de objetos e ações cotidianas; a adjetivação e situações inusitadas, que transmitem uma sensação de perplexidade. Ele compara a miscigenação de vocabulário popular com termos eruditos do poeta ao mesmo uso que faz Graciliano Ramos. Descreve ainda os recursos estilísticos pelos quais Augusto dos Anjos tematiza a morte, que é personagem central de sua poesia, e o compara a João Cabral de Melo Neto, para quem a morte é apresentada de forma crua e natural.

Abordagem Psicanalítica

Outros, Como Chico Viana, procuram explicar a melancolia através dos conceitos psicanalíticos. Para Sigmund Freud, a melancolia é um sentimento parecido com o luto, mas se caracteriza pelo desconhecimento do melancólico a respeito do objeto perdido. A origem da melancolia da poesia de Augusto dos Anjos estaria, para alguns críticos, em reflexões de influências política com os problemas de sua família, e num conflito edipiano de sua infância.

Abordagem Bloomiana

Há ainda aqueles que tentam analisar a poesia de Augusto dos Anjos baseada em sua criatividade como artista, de acordo com o conceito da melancolia da criatividade do crítico literário norte-americano Harold Bloom. O artista seria plenamente consciente de sua capacidade como poeta e de seu potencial para realizar uma grande obra, manifestando, assim, o fenômeno da "maldição do tardio". Sua melancolia viria da dificuldade de superar os "mestres" e realizar algo novo. Sandra Erickson publicou um livro sobre a melancolia da criatividade na obra de Augusto dos Anjos, no qual chama especial atenção para a natureza sublime da poética do poeta e sua genial apropriação da tradição ocidental. Segundo a autora, o soneto é a égide do poeta e, munido dele, Augusto dos Anjos consegue se inserir entre os grandes da tradição ocidental.

Unanimidades

De forma geral, no entanto, sua poesia é reconhecidamente original. Para Álvaro Lins e para Carlos Burlamaqui Kopke, sua singularidade está ligada à solidão, que também caracteriza sua angústia. Eudes Barros, em seu livro "A Poesia de Augusto dos Anjos: Uma Análise de Psicologia e Estilo", nota o uso inusitado dos adjetivos por Augusto dos Anjos, e qualifica seus substantivos como extremamente sinestésicos, criando dimensões desconhecidas para a adjetivação convencional. Manuel Bandeira destaca o uso das sinéreses como forma de representar a impossibilidade da língua, ou da matéria, para expressar os ideais do espírito. Portanto, os recursos estilísticos de Augusto dos Anjos se reconhecem como geniais.

As imagens da obra poética de Augusto dos Anjos se caracterizam pela teratologia exacerbada, por imagens de dor, horror e morte. O uso da racionalidade, e assim da ciência, seria uma forma de superar a angústia da materialidade e dos sentimentos. Mas a ciência, que marca fortemente sua poesia, seja como valorizada ou através de termos e conceitos científicos, também lhe traz sofrimento, como nota Carlos Burlamaqui Kopke. É marcante também a repetição de temas nessa poesia, e um sentimento de solidariedade universal, ligado à desumanização da natureza e até do próprio humano, o que reduziria todos os seres a uma só condição.

Os contrastes peculiarizam seus temas. Idealismo e materialismo, dualismo e monismo, heterogeneidade e homogeneidade, amor e dor, morte e vida, "Tudo convém para o homem ser completo", como diz o próprio poeta em "Contrastes".

Curiosidades da Obra Literária


  • Um exemplar do "Eu" faz parte da biblioteca da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por causa dos termos científicos que Augusto dos Anjos utilizava em suas composições.
  • "Eu e Outras Poesias" é a reunião do livro "Eu" (publicado em vida) a outras poesias que foram acrescentadas postumamente à obra.


Academias de Letras

Augusto dos Anjos é patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras, que teve como fundador o jurista e ensaísta José Flóscolo da Nóbrega e como primeiro ocupante o seu biógrafo Humberto Nóbrega, sendo ocupada, atualmente, por José Neumanne Pinto.

Augusto dos Anjos também é o patrono da Academia Leopoldinense de Letras e Artes.

Fonte: Wikipédia

Dayse Tenório

DAYSE TENÓRIO PENNA
(33 anos)
Atriz

* Rio de Janeiro, RJ (1960)
+ Rio de Janeiro, RJ (1993)

Dayse Tenório Penna se destacou mais no teatro, onde montou um grupo com Melise Maya. No cinema interpretou pequenos papéis, como no filme "Romance da Empregada" (1988). Na televisão, participou de pequenos, mas marcantes trabalhos em "Bebê a Bordo" (1988), "O Sexo dos Anjos" (1989), "Barriga de Aluguel" (1990).

Dayse Tenório faleceu prematuramente, aos 33 anos em um acidente automobilístico no ano de 1993 no Rio de Janeiro.


José Mendes

JOSÉ MENDES
(34 anos)
Cantor, Compositor e Ator

☼ Lagoa Vermelha, RS (20/04/1939)
┼ Pelotas, RS (15/02/1974)

José Mendes foi um cantor e compositor brasileiro de música regional gaúcha. Nasceu na localidade de Machadinho, no município gaúcho de Lagoa Vermelha, RS. Com a separação dos pais, mudou-se para a cidade de Santa Terezinha, no distrito de Esmeralda, em 1944, passando a residir com pais adotivos.

Viveu em Santa Terezinha, RS, durante 14 anos, período no qual trabalhou como peão de estância e começou a fazer suas primeiras serenatas. Começou a se interessar pela música aos 14 anos, formando pouco depois, com um amigo, uma dupla amadora chamada Os Irmãos Teixeira.

Em 1958, foi prestar o serviço militar e mudou então para a cidade de Vacaria, onde se fixou depois do serviço militar, decidindo, então, seguir a carreira artística.

Iniciou a carreira artística em 1960, quando se mudou para a cidade de Júlio de Castilhos, onde formou o trio Os Seresteiros do Pampa.

Em 1962, depois de excursionar pelo nordeste do Rio Grande do Sul e por algumas cidades de Santa Catarina, decidiu que era hora de gravar um disco, ou abandonar a carreira. Pediu dinheiro emprestado ao fazendeiro Irineu Nery da Luz, que lhe cedeu a quantia de 20 mil cruzeiros, para viajar até São Paulo. Na capital paulista, dormiu vários dias em bancos da rodoviária, alimentando-se de pão e banana. Conheceu então os radialistas Zé Tomé da Rádio Tupi, e Teixeira Filho da Rádio Cultura, e os artistas Pedro Bento & Zé da Estrada, Zilo & Zalo, Palmeira, então diretor artístico da gravadora Continental, Biá, além do acordeonista Alberto Calçada, que tocou acordeom em seu primeiro disco.


Apresentou suas composições a Palmeira que o levou para gravar o disco pela Continental, aconselhando-o a colocar as músicas que eram todas dele em parceria com radialistas de São Paulo e Rio de Janeiro, para que tivessem divulgação. Utilizando o nome artístico de Gaúcho Seresteiro, gravou o LP "Passeando de Pago em Pago", uma autêntica crônica de suas viagens pelo Rio Grande do Sul. Nesse disco, gravou doze composições, todas de sua autoria, mas que acabaram aparecendo com diferentes parceiros, todos radialistas.

Depois da gravação do disco, retornou para a cidade gaúcha de Vacaria e, logo em seguida, mudou-se para a cidade de Porto Alegre, onde chegou a dormir dentro de carros em uma garagem na qual trabalhava um amigo. Começou a fazer apresentações em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, a fim de divulgar o disco, fazendo isso por cinco anos.

Em Porto Alegre, apresentou-se em diversos programas de rádio, entre os quais, "Festa na Roça" apresentado por Nelson Souza na Rádio Itay, e "Programa Grande Rodeio Coringa", na Rádio Farroupilha, no qual conheceu Darcy Fagundes e Luiz Menezes que se tornaram grandes amigos seus. Nesse período, participou de várias caravanas artísticas ao lado de nomes como Aírton Pimentel, Os Araganos, Velho Mirongueiro, Os MirinsLuís Müller, Portela Delavy, e as duplas Milton e Almerinda e Xará e Timbaúva, entre outros.

Numa dessas viagens, em companhia de Portela Delavy e Luís Müller, ocorreu um episódio que mudaria sua vida. Viajavam de Kombi para a realização de um show, quando o carro quebrou e tiveram que pegar um ônibus. A certa altura dois peões começaram a discutir até que um deles, para terminar o assunto falou: "Pára Pedro", e tornou a repetir "Pedro, Pára". Estava dado o mote para ele e Portela Delavy comporem o xote "Pára, Pedro". A música foi apresentada primeiramente no programa radiofônico "Grande Rodeio Coringa" causando grande impacto, recebendo o incentivo de todos para que a gravasse.


Em 1967, voltou a São Paulo, a fim de gravar seu segundo disco. Foi recusado pela Continental e pela Chantecler, até que a gravadora Copacabana resolveu lançar "Pára Pedro" em compacto simples. O disco tornou-se rapidamente um grande sucesso nacional e internacional, sendo regravado em diversos gêneros, por diferentes cantores na América Latina. O compacto vendeu mais de 600 mil cópias e se tornou o disco mais vendido do ano, o que lhe valeu da TV Gaúcha o "Troféu de Consagração Popular". Na época, uma reportagem da revista O Cruzeiro dava conta da enorme popularidade alcançada por ele. No mesmo ano, lançou o LP "Pára Pedro". Nessa época, assim referiu-se a revista Contigo sobre ele:

"Surge um vaqueiro sulino com melodias regionais, de chimarrão e bombacha, largando uma tremenda lenha em todo mundo, fazendo cair por terra as previsões de preferência popular. No bar, no cabeleireiro  em casa, no escritório ou à saída da missa, todos assobiam e cantarolam a história do Pedro que entrou numa festa lá na fazenda da Ramada. Todos querem imitar a velha apaixonada, no Pára Pedro! Pedro, Pára!"

Em 1968, lançou, também pela Copacabana, o LP "Não Aperta, Aparício". Visitou o Rio de Janeiro e apresentou-se no Programa do Chacrinha. Participou da coletânea "Carnaval Copacabana", que contou as presenças de diversos artistas como Ângela Maria, Gilberto Alves, Carequinha, e Roberto Silva, interpretando "Pedro no Carnaval", de sua autoria e "Maria Antonieta", em parceria com Paulo Finger.

José Mendes e Otávio Rodrigues
Em 1969, atuou no filme "Pára, Pedro!", baseado em sua música, filmado pela produtora Leopoldis-Som, com roteiro de Antônio Augusto Fagundes e direção de Pereira Dias, sendo esse, o primeiro longa metragem colorido produzido no Rio Grande do Sul. O filme foi um grande sucesso, permanecendo em cartaz por 23 semanas no Rio Grande do Sul, antes de se lançado no Rio de Janeiro. Ainda em 1969, lançou pela Copacabana seu quarto LP, "Andarengo". Atuou no filme "Não Aperta Aparício", baseado na sua música homônima, filme com direção de Pereira Dias e que contou, entre outros, com as participações de Grande Otelo e José Lewgoy, sendo também um grande sucesso.

Em 1970, desfrutando de intensa popularidade, fez shows em quase todas as cidades gaúchas, além de se apresentar em Santa Catarina, Paraná, Amazonas, São Paulo e Rio de Janeiro. Nesse ano, tornou-se, juntamente com o cantor Altemar Dutra, o artista brasileiro com disco mais tocado em Portugal. Foi convidado para desfilar na Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, saindo como destaque ao lado de Martinho da Vila no enredo "Glórias Gaúchas". Ainda nesse ano, lançou o LP "Mocinho do Cinema Gaúcho".

Uma outra comprovação do sucesso da música "Pára, Pedro" foi o lançamento, na época, dos bonecos com o nome "Pára, Pedro". Além disso, polícia carioca desencadeou a "Operação Pára, Pedro!" nos morros cariocas, e o cantor Wilson Simonal, que gravou a música, chegou a comprar um carro da marca Mustang com os rendimentos obtidos com a gravação. Suas músicas foram tocadas a partir de Portugal, na Áustria, Suécia, Suíça e Bélgica.

Em 1971, gravou o LP "Gauchadas" com sete composições de sua autoria.

Em 1972, fez seu terceiro filme, "A Morte Não Marca Tempo", tendo como música de abertura a "Balada da Solidão", parceria com Pereira Dias. O filme foi lançado em abril de 1973.

Em 1973, lançou, pela Continental, o LP "Isto é Integração".

Morte

José Mendes faleceu em 1974, no auge do sucesso, quando a camionete Veraneio na qual viajava com mais três pessoas, voltando do show em um circo na cidade de Pelotas, colidiu de frente com um ônibus na altura de Porto Novo na rodovia Rio Grande-Pelotas.

Nesse ano de 1974, foi editado o LP "Adeus Pampa Querido", uma cópia do seu primeiro disco "Passeando de Pago em Pago" com as substituições das músicas "Passeando de Pago em Pago", por "Adeus Pampa Querido", versão sua, para música de F. Canaro, M. Mores e Pelay, e "Excursão Catarinense", substituída pela "Balada da Solidão".

Em 1979, suas músicas "Carancho" e "Baile de Campanha" foram incluídas no LP "Gauchíssimo - Vol. 4", da Musicolor/Continental, que contou com participações de diversos artistas gaúchos entre os quais, Os Milongueiros, Gildo de Freitas, e Berenice Azambuja.

Em 2002, José Mendes foi homenageado com a publicação do livro "Pára, Pedro - José Mendes - Vida e Obra", de Ajadil Costa. Nesse livro, o autor afirma que:

"Passados quase 30 anos é firme a devoção ao mito José Mendes. Existem hoje diversos louvores em todo o Rio Grande, em sua lembrança: nome de ruas em diversas cidades espalhadas pelo Estado. Homenagens em diversos programas de rádio e festividades em muitas cidades exaltando sua memória."

Em 2004, em sua homenagem, foi feita a cavalgada "José Mendes de Volta a Querência", uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Esmeralda e da Universidade de Caxias do Sul, com coordenação de Nilson Hoffmann. A cavalgada destinou-se a transladar os restos mortais do cantor e compositor enterrado em Porto Alegre, para a cidade de Santa Tereza, seu berço natal.

Em 2006, o "Memorial José Mendes", localizado no município de Esmeralda, foi transformado em patrimônio cultural do Estado do Rio Grande do Sul.

Discografia

  • 1974 - Adeus Pampa Querido (LP, Continental)
  • 1973 - Isto é Integração (LP, Continental)
  • 1971 - Gauchadas (LP, Continental)
  • 1970 - Mocinho do Cinema Gaúcho (LP, Continental)
  • 1969 - Andarengo (LP, Continental)
  • 1968 - Não Aperta, Aparício (LP, Continental)
  • 1967 - Pá...ra Pedro (LP, Continental)
  • 1962 - Passeando de Pago em Pago (LP, Continental)

Filmografia

  • 1969 - Para Pedro
  • 1969 - Não Aperta Aparício
  • 1972 - A Morte Não Marca Tempo

Indicação: Miguel Sampaio

Aparecida

MARIA APARECIDA MARTINS
(45 anos)
Cantora e Compositora

* Caxambu, MG (04/12/1939)
+ Rio de Janeiro, RJ (1985)

Maria Aparecida Martins foi uma cantora e compositora brasileira, de carreira dedicada principalmente ao samba e a ritmos africanos. Ainda criança, interessou-se por música, aprendendo com os mais velhos da família os ritmos africanos.

Em 1949, a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Por essa época, trabalhou como passadeira em casas de família no bairro de Vila Isabel.

Em 1952, já compunha suas primeiras músicas. Pouco tempo depois, Salvador Batista a levou para o programa "A Voz do Morro", incluindo-a em seu grupo como passista, conjunto no qual atuou por dez anos.

No início da década de 1960, foi convidada a participar do filme "Benito Sereno e o Navio Negreiro", por cuja atuação recebeu de prêmio uma viagem a França, onde se apresentou em uma boite interpretando, pela primeira vez, suas próprias composições.

Em 1965, voltou para o Brasil e venceu o Concurso de Música de Carnaval do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro. No mesmo ano, seu samba "Zumbi, Zumbi" venceu o III Festival de Música de Favela, representando a favela da Cafúa, de Coelho Neto.

Em 1968, compôs o samba-enredo "A Sonata das Matas" para a escola de samba Caprichosos de Pilares. Foi a segunda mulher a vencer uma disputa de samba-enredo numa escola, depois de Dona Ivone Lara.

Ao lado de Darci da Mangueira, Sidney da Conceição, Sabrina, Chico Bondade, entre outros, participou do LP "Roda de Samba" em 1974. Foi a primeira vez em que gravou uma composição de sua autoria, "Boa-noite". No mesmo ano, saiu o disco "Roda de Samba nº 2", com Nelson Cavaquinho, Sabrina, Roque do Plá, Rubens da Mangueira e Dida. Desta vez, Aparecida interpretou "Proteção" (David Lima e Pinga) e "Rosas Para Iansã" (Josefina de Lima).

Seu primeiro disco solo, "Aparecida", foi gravado em 1966. O repertório incluía suas músicas "Talundê", "Nanã Boroquê" e "Segredos do Mar" (todas em parceria com Jair Paulo), "Tereza Aragão", "Meu São Benedito" e "Inferno Verde". Também adaptou a canção folclórica "A Maria Começa a Beber".

Demorou mais 10 anos para lançar seu segundo LP, "Foram 17 Anos", no qual voltou a gravar suas composições, entre elas "17 Anos", "Grongoiô, Propoiô" (parceria com João R. Xavier e Mariozinho de Acari) e "Diongo, Mundiongo".

Em 1977, lançou o disco "Grandes Sucessos" e nos anos seguintes gravou pela RCA Victor os LPs "Cantigas de Fé" (1978) e "13 de Maio" (1979), no qual interpretou, além da canção título, "Aleluia Dom Miguel", "Mussy Gatana", "Ceará" e "Indeuá Matamba", todas de sua autoria.

Em 1980, lançou o disco "Os Deuses Afros", que incluiu as músicas "Se Segura Zé" (Aparecida e Kacik) e outras composições suas gravadas em LPs anteriores.

Em 1985, Aparecida morre no Rio do Janeiro.

No ano de 1996, a gravadora CID lhe prestou homenagem relançando em CD o disco "Aparecida, Samba, Afro, Axé".


Discografia

  • 1974 - Roda de Samba (CID)
  • 1974 - Roda de Samba nº 2 (CID)
  • 1975 - Aparecida (CID)
  • 1976 - Foram 17 Anos (CID)
  • 1977 - Grandes Sucessos (CID)
  • 1978 - Cantigas de Fé (RCA Victor)
  • 1979 - 13 de Maio (RCA Victor)
  • 1980 - Os Deuses Afros (CID)
  • 1983 - A Rosa do Mar (CID)
  • 1996 - Aparecida, Samba, Afro, Axé (CID)


Eliana Macedo

ELY MACEDO DE SOUSA
(63 anos)
Cantora e Atriz

☼ Itaocara, RJ (21/09/1926)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/06/1990)

Eliana Macedo foi uma atriz e cantora brasileira. Nasceu em Portela, terceiro distrito do município de Itaocara, RJ. Seu avô incentivou filhos e netos a tocarem algum instrumento musical, formando a banda XV de Novembro e tendo Eliana Macedo como intérprete da banda.

Sua primeira atuação em filmes foi no "E o Mundo Se Diverte", em 1948, sendo dirigida por Watson Macedo, seu tio, ao lado de Carlos Manga, que foi responsável pela época áurea da Atlântida CinematográficaWatson Macedo dirigiu Eliana Macedo por quase toda a sua vida artística. Nos filmes, em vários números musicais, Eliana Macedo imitou por diversas vezes os trejeitos de Carmen Miranda.

Seu grande momento como atriz foi no filme "Carnaval de Fogo" de 1949, em que ela fez dois papéis. Watson Macedo tinha preferência pelas atrizes Maria Della Costa e Cacilda Becker, mas os diretores da Atlântida impuseram Eliana Macedo e foi um sucesso.


Estrela das chanchada da Atlântida fez cerca de 26 filmes. Contracenou com artistas que marcaram época tais como Oscarito, Anselmo Duarte, Cyll Farney, Trio Irakitan, José Lewgoy, Grande Otelo, entre muitos outros.

Cantou, gravou e interpretou seus filmes com a Adelaide Chiozzo e seu acordeão, sobressaindo os sucessos "Pedalando" (Anselmo Duarte e Bené Nunes), "Bate o Bombo Sinfrônio", "Encosta Sua Cabecinha" e "Vem Cá Sabiá".

Eliana Macedo casou-se com o pioneiro do rádio no Brasil, o radialista da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, atual CBN, Renato Murce, em 1950, causando muitos comentários devido a grande diferença de idade.

Em 1954 foi agraciada com o Prêmio Saci de melhor atriz, com o filme "A Outra Face do Homem". Participou também do filme "Malandros em Quarta Dimensão", de Luiz de Barros.

Eliana Macedo faleceu aos 63 anos no Rio de Janeiro vitima de um Infarto.

Participação Especial

Na telenovela "Feijão Maravilha" (1979), contracenou com a sua amiga de chanchadas Adelaide Chiozzo, e cantaram alguns sucessos dos musicais dos filmes da Atlântida Cinematográfica.

Discografia
  • 1953 - Queria Ser Patrona / Com Pandeiro na Mão (Copacabana, 78 rpm)
  • 1954 - Beijinho Doce / Cabeça Inchada (Copacabana, 78 rpm)
  • 1955 - Ele... Ela... e o Outro / Procura do Samba (Continental, 78 rpm)

Filmografia
  • 1948 - E o Mundo Se Diverte
  • 1949 - Carnaval no Fogo ... Marina
  • 1950 - A Sombra da Outra
  • 1950 - Aviso Aos Navegantes ... Cléia
  • 1951 - Aí Vem o Barão ... Norma
  • 1952 - Carnaval Atlântida ... Regina
  • 1953 - Amei um Bicheiro ... Laura
  • 1954 - A Outra Face do Homem
  • 1954 - Malandros em Quarta Dimensão
  • 1954 - Nem Sansão Nem Dalila ... Dalila
  • 1955 - Sinfonia Carioca ... Susana
  • 1955 - Guerra ao Samba ... Sônia
  • 1956 - Vamos Com Calma ... Sandra
  • 1956 - Depois Eu Conto
  • 1957 - Doutora é Muito Viva
  • 1957 - Rio Fantasia
  • 1957 - O Barbeiro Que se Vira ... Rosinha
  • 1958 - E o Espetáculo Continua ... Celinha
  • 1958 - Alegria de Viver ... Elizabeth
  • 1959 - Titio Não é Sopa
  • 1960 - Maria 38 ... Maria
  • 1960 - Samba em Brasília ... Teresa
  • 1961 - Três Colegas de Batina ... Celina
  • 1964 - Um Morto ao Telefone ... Helena
  • 1974 - Assim Era a Atlântida
  • 1978 - Mulheres de Cinema

Fonte: Wikipédia