Silvinho

SÍLVIO ALBERTO JUSTO DA SILVA
(44 anos)
Cabeleireiro

* São Paulo, SP (1945)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/10/1989)

Silvio Alberto Justo da Silva, o Silvinho, foi um cabeleireiro carioca que se tornou conhecido por seu leque de clientes famosas, entre as quais as atrizes Betty Faria e Elke Maravilha.

Silvinho foi talvez o mais importante Hair Stylist brasileiro dos anos 70, conhecido como "O Cabeleireiro das Estrelas" que participou intensamente da cena artística e fez inúmeros trabalhos para fotografia de moda, foto de beleza, publicidade, nus para as revistas masculinas, cinema e televisão.

Silvinho começou a galgar os céus do estrelato ainda na década de 60, quando já trabalhava como cabeleireiro, principalmente de moda e beleza. Mas foi na década de 70 que ele ficou famoso de vez, tornando-se referência de luxo e bom gosto nos visuais que criava.

Seu trabalho foi tão influente no mundo pop brasileiro dos anos 60, 70 e 80, que ele passou a ser visto quase como uma estrela de TV. E virou uma delas: passou a fazer parte do corpo de jurados do programa do Chacrinha na televisão, na década de 70.


Silvinho fez trabalhos na área de moda, publicidade, cinema, televisão e até penteados para as atrizes que posavam nuas nas revistas masculinas da época. Com impressionante talento e inesgotável exuberância, mesclava elementos hippies com toques underground e passou por todas as fases e modas: o tropicalismo, o black power, o desbunde dos 70, a disco, dentre outras.

Nascido em São Paulo em 1945, filho de mãe húngara e de pai descendente de imigrantes italianos, veio de uma família pobre, mas desde cedo revelou-se um virtuose no corte de cabelos. Na década de 60 já se destacava como um craque nos cortes de cabelos em um pequeno salão onde trabalhava. A atriz Renata Fronzi, que era dona de um salão de beleza chique na capital paulista, descobriu Silvinho e o carregou para trabalhar com ela.

A partir dali, todas as celebridades e elegantes queriam ser "cortadas" e penteadas pelo moço. Incluindo a modelo estrangeira Veruska, um dos ícones dos anos 60, que atuou no filme "Blow Up" no ano de 1966, de Michelangelo Antonioni, e veio ao Brasil ainda naquela década com o fotógrafo Franco Rubartelli. A top escolheu Silvinho para produzir seu visual para um editorial de moda.

O passo seguinte foi se mudar para o Rio de Janeiro, onde trabalhou no famoso salão Jambert, do espanhol Jambert Garcia, situado em Ipanema. O salão foi o mais badalado no Rio de Janeiro dos anos 70, repleto de tapetes persas e lustres de cristal. Logo Silvinho virou o preferido de mulheres famosas como Betty Faria, Sandra Bréa, Elke Maravilha, Yoná Magalhães, Zezé MottaMarina Montini e até Elis Regina. Além de cuidar do estilo capilar dessas poderosas, ele ficou muito amigo de várias delas, principalmente Betty Faria Sandra Bréa.

"As mulheres me contam tudo!"
(Silvinho em entrevista nos anos 70)

Betty Faria conta que, às vésperas de iniciar as gravações da minissérie global "Anos Dourados" (1986), que se passava na década de 50, estava em casa acompanhada do amigo e folheavam revistas antigas. Ao se depararem com uma foto da atriz italiana Gina Lollobrigida na década de 50, gritaram: "É esse cabelo!". Silvinho então fez o corte que imortalizou Betty Faria no papel da desquitada Glória.

Elke Maravilha e Silvinho
Sandra Bréa, por sua vez, só fazia cabelo com ele, inclusive nas inúmeras vezes em que posou nua para a revista Playboy. Uma delas, com os cabelos cacheados - obra de Silvinho. Segundo fonte, pouco antes de morrer, Sandra Bréa - que tinha os cabelos extremamente lisos - comentou: "Enrolar meus cabelos? Só Silvinho conseguia!".

Além de trabalhar como louco fazendo visuais para produção de revistas e TV - e não somente o cabelo, mas também a maquiagem e a produção das roupas, criando o visual completo das panteras -, ele ainda encontrava tempo para ferver. Vivendo o auge dos 70, era inevitável que Silvinho se jogasse na noite. Saía para a vida noturna acompanhado de mulheres badaladas e famosas, montadas por ele. Virou figurinha fácil em colunas sociais e também costumava desfilar no carnaval carioca, como em 1973, quando saiu pela Portela.

Também chegou a posar, ele mesmo, como modelo em editoriais de moda criados por ele, fazendo a linha Latin Lover, ao lado de pin-ups como Marlene Silva, Marina Montini e as próprias Elke MaravilhaSandra Bréa.

Em festas e badalações, surgia com visuais incríveis, explosivos e com toques de "Dzi Croquettes", o famoso grupo performático que também marcou os anos 70. De tão representativo, Silvinho foi uma das celebridades que fez uma ponta na novela global "Dancin' Days" (1978), como ele mesmo, surgindo na inauguração da discoteca que dava título à novela.

O filme norte-americano "Shampoo" (1975), por sinal, trazia como protagonista um esfuziante cabeleireiro, interpretado por Warren Beatty, que tinha casos com as inúmeras mulheres que penteava. Silvinho pode ser considerado uma versão verdadeira de tal personagem, já que, embora visivelmente andrógino e com uma sexualidade ambígua, teria tido flertes com algumas de suas estrelas, como Sandra Bréa.

O suposto romance entre SilvinhoSandra Bréa foi novamente comentado em 1993, quando a atriz anunciou publicamente que era soropositiva. Mas o cabeleireiro já não podia comentar o assunto, pois havia falecido em 06/10/1989, aos 44 anos, no Rio de Janeiro.

Ele descobriu ser portador do vírus do HIV em 1987, quando diagnosticou um câncer no estômago. Na época, ser soropositivo era uma sentença de morte. De fato, dois anos depois ele morria, e a causa da morte divulgada foi um linfoma no estômago e no esôfago.

Vários anos após sua morte, vale lembrar a importância de Silvinho, que acreditava fazer arte com sua profissão e ficou imortalizado como o mais importante Hair Stylist brasileiro dos anos 70.


Morte

Em 1987, ao iniciar um tratamento de câncer de estômago, Silvinho descobriu que também era portador do vírus da AIDS. De fato, dois anos depois, no dia 06/10/1989, no Rio de Janeiro, ele morria, e a causa da morte divulgada foi um linfoma no estômago e no esôfago.

Fonte: A Capa e Veja (11 de outubro, 1989 - Edição n° 1100 - Datas - Pág. 111)

Silvinho da Portela

SÍLVIO PEREIRA DA SILVA
(66 anos)
Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (1935)
+ Rio de Janeiro, RJ (08/02/2001)

Sílvio Pereira da Silva foi um cantor e compositor brasileiro. Desde os 16 anos, desfilava pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, que viria a lhe emprestar o nome, tornando-o mais conhecido como Silvinho da Portela. No mundo do samba também era conhecido como Silvinho do Pandeiro. Fez parte do bloco carnavalesco Boêmios de Irajá, no qual atuava como ritmista e compositor.

Apesar de as escolas de samba sempre terem contado com pessoas responsáveis por puxar o canto, foi só muito mais tarde que surgiu a figura do intérprete oficial. Silvinho foi o primeiro a ocupar tal posto na Portela, entre 1969 e 1986. Em seguida foi cantor oficial da Viradouro, quando ainda desfilava em Niterói, e também do Império Serrano, além de ser Cidadão Samba em 1970.

Ao lado dos ritmistas Elizeu e Jorginho Pessanha, fez parte da delegação brasileira que se apresentou no "I Festival de Arte Negra", em Dakar, no Senegal, em 1966. Na ocasião, integrou o grupo de músicos que acompanhava Clementina de Jesus, Elton Medeiros, Ataulfo Alves, Heitor dos Prazeres, Paulinho da Viola, entre outros.

Silvinho da Portela estreou como puxador oficial da Portela em 1969, com "Treze Naus" (Ary do Cavaco). Vivenciou uma época áurea de sambas antológicos não só na história da Portela como na da própria MPB. Entre os sambas, cantou "Lendas e Mistérios da Amazônia" (Catoni, Jabolô e Waltenir), "Lapa Em Três Tempos" (Ary do Cavaco e Rubens), "Ilu-Ayê" (Cabana Norival Reis), "O Mundo Melhor de Pixinguinha" (Evaldo GouvêaJair Amorim e Velha), "Macunaíma" (David Corrêa e Norival Reis), "A Ressurreição das Coroas" e "Contos de Areia" (Dedé da PortelaNorival Reis).

Entre os sambas-enredos que interpretou, marcando época não só na Portela, mas na MPB como um todo, destacam-se "Lapa Em Três Tempos" (Ary do Cavaco e Rubens Alves de Sousa), com o qual a escola se classificou em 2º lugar do Grupo 1, em 1971. No ano seguinte, a Portela classificou-se em 3º lugar do Grupo 1 com o samba-enredo "Ilu Ayê" (Norival Reis e Cabana).

Em 1973, ao lado de Martinho da Vila, Darcy da Mangueira, Noel Rosa de Oliveira e Walter Rosa, participou do disco "A Voz do Samba", no qual interpretou de sua autoria "Amor de Raiz" (Silvinho e Jorge Barbosa) e "Escrevi" (Silvinho e Jorge José), além de "Caso de Amor" (Luiz Carlos e Miro).

Silvinho da Portela participou de um momento único, em 1975, ao interpretar "Macunaíma, Herói da Nossa Gente", de Norival Reis e Davi Corrêa, ao lado deste, Candeia e Clara Nunes, dois portelenses históricos. Com sua interpretação deu à escola o 5º lugar do Grupo 1.

No ano de 1978, lançou o seu único disco solo, "Silvinho e Suas Cabrochas".

No ano de 1999, participou de um show coletivo na casa noturna Rio Sampa, em Nova Iguaçu.

Na década de 80, Silvinho do Pandeiro também integrou a ala de compositores da Unidos da Viradouro. Venceu vários carnavais puxando o samba no tempo em que a escola vermelha e branco desfilava em Niterói. Na Portela, conquistou três vezes o Estandarte de Ouro, prêmio concedido pelo jornal O Globo, de Melhor Intérprete.

Em 1982, Neguinho da Beija-Flor, no disco "É Melhor Sorrir", pela gravadora Top Tape, interpretou "Um Grande Amor Se Acaba" (Silvinho da Portela, Xavier e Onofre do Catete).

Em 1983 conquistou o Estandarte de Ouro com o samba-enredo "A Ressurreição da Coroa, Reisado, Reino e Reinado" e que conseguiu o 3º lugar do Grupo 1 para a escola de samba.

Pouco antes de falecer, Silvinho da Portela participou do concurso de samba-enredo da Viradouro para o carnaval de 2001.

Silvinho da Portela faleceu vítima de um câncer na próstata, aos 66 anos, às vésperas do carnaval, em 08/02/2001, e foi sepultado no Cemitério de Inhaúma, no subúrbio do Rio de Janeiro. Ele deixou cinco filhos, 16 netos e quatro bisnetos.

Discografia

  • 1978 - Silvinho e Suas Cabrochas (LP)
  • 1973 - A Voz do Samba (LP)

Indicação: Miguel Sampaio