Rodrigues Alves

FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES ALVES
(70 anos)
Advogado, Político, Conselheiro do Império e Presidente do Brasil

☼ Guaratinguetá, SP (07/07/1848)
┼ Rio de Janeiro, RJ (16/01/1919)

Rodrigues Alves foi um advogado, político, conselheiro do Império Brasileiro, presidente da província de São Paulo, presidente de Estado, ministro da Fazenda e 5º presidente do Brasil.

Governou São Paulo por três mandatos: 1887 - 1888, como presidente da província, e como quinto presidente do estado de 1900 a 1902 e como nono presidente do estado de 1912 a 1916.

Rodrigues Alves foi o último paulista a tomar posse como presidente do Brasil. Foi eleito duas vezes, cumpriu integralmente o primeiro mandato (1902 a 1906), mas faleceu antes de assumir o segundo mandato (que deveria se estender de 1918 a 1922).

Filho do português Domingos Rodrigues Alves e de Isabel Perpétua Marins. Estudou no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. O pai viera para o Brasil em 1832, fixando-se em Guaratinguetá.

Domingos Rodrigues Alves abandonou a vida de comércio e se dedicou à lavoura, tornando-se plantador de café. Contratou casamento com a filha de Antônio de Paula e Silva, de antiga família local, Isabel Perpétua. A outra filha de Paula e Silva, Guilhermina, casou com o filho do Visconde de Guaratinguetá, José Martiniano de Oliveira Borges. Viviam no Largo do Rosário, hoje Praça Conselheiro Rodrigues Alves, e tiveram 13 filhos. Domingos Rodrigues Alves morreu aos 94 anos.

Depois de estudos, passou para o Colégio Pedro II, e ali permaneceu sete anos no internato. Era colega de Joaquim Nabuco, que dizia nunca ter tirado o primeiro lugar por culpa de Rodrigues Alves.

Bacharelou-se em letras e diplomou-se na tradicional Academia do Largo de São Francisco, na turma de 1870. A ela, em determinado período, pertenceram também Ruy Barbosa, Aureliano Coutinho, Castro Alves e Afonso Pena. Também pertenceu a essa privilegiada turma o paranaense Brasílio Itiberê da Cunha, autor da modinha "A Sertaneja", a primeira manifestação nacionalista na música brasileira. Itiberê foi destacado diplomata, honrando seu grupo acadêmico. Segundo Afonso Arinos, foi a turma mais gloriosa que jamais cursou qualquer faculdade de direito brasileira.

Em 1875 casou-se com Ana Guilhermina de Oliveira Borges, neta de Francisco de Assis e Oliveira Borges, Visconde de Guaratinguetá, cuja propriedade principal era a Fazenda das Três Barras.

O Visconde de Guaratinguetá era de humilde extração, filho de pais pouco abonados. A fortuna veio a princípio da primeira esposa. No decorrer da sua existência, pelas suas qualidades pessoais e pelo seu amor ao trabalho, transformou-se em verdadeiro potentado. Falecido em 1879, sendo Rodrigues Alves advogado da viúva e inventariante, verificou-se que devia ser um dos homens mais ricos do Brasil no Segundo Reinado. O monte-mor partilhável foi a mais de mil contos, fortuna gigantesca pois correspondia a meio por cento de toda a circulação monetária do país.

A carreira política de Rodrigues Alves começou apoiada em dois importantes e sólidos pilares: primeiro, a influência que lhe passou o poderoso Visconde de Guaratinguetá, chefe conservador da província, escolhido justamente por representar na época a região que, em razão da enorme produção cafeeira, era a mais rica de São Paulo. Segundo, o fato de pertencer à Burschenschaft ou Bucha como chamavam os estudantes, misteriosa sociedade secreta que existiu por muitos anos no Largo de São Francisco. De seus quadros saíram um sem número de estadistas com fortíssima influência na política brasileira do final do Império e na República Velha.

Foi juiz de paz, promotor e vereador em Guaratinguetá, deputado provincial e geral pelo Partido Conservador.

Empresário de sucesso do ramo do café, tornou-se a terceira maior fortuna do país. A fazenda onde morava tinha 400 cômodos e as refeições eram servidas em talheres de vermeil, prata dourada que se emprega em baixelas e artefatos vários.

Governo de São Paulo

Governou São Paulo entre 1887 e 1888 como presidente da Província e foi conselheiro do Império, título que usou até o fim da vida, sempre chamado de Conselheiro Rodrigues Alves, e pela alcunha de Chiquinho de Paula. Seu filho, Oscar Rodrigues Alves e seu irmão Virgílio Rodrigues Alves, também se destacaram na política paulista.

Com o advento da República filiou-se ao Partido Republicano Paulista (PRP) ao qual permaneceria afiliado até o fim da vida.

Em 1890 foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte e em 1891 foi nomeado ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto.

Em 1893 foi eleito senador por seu estado, renunciando em 1894 para ocupar novamente a pasta da Fazenda no governo Prudente de Moraes. Rodrigues Alves foi o negociador da consolidação dos empréstimos externos com os banqueiros ingleses da família Rothschild.

Rodrigues Alves foi presidente do estado de São Paulo em 1900, antes de assumir a presidência da República em 1901, época na qual inaugurou a primeira usina hidrelétrica da São Paulo Light, a Usina de Santana de Parnaíba, conhecida como Barragem Edgard de Souza.

Neste seu 2º governo em São Paulo, em 1901, explodiu uma revolta em Paranaíba no Sul do Mato Grosso do Sul que ameaçou o oeste de São Paulo levando Rodrigues Alves a enviar tropas estaduais para a região, e houve neste governo grandes surtos de Febre Amarela e outras doenças fatais.

Presidente da República

Rodrigues Alves foi eleito presidente da República em 01/03/1902, obtendo 592.039 votos contra 42.542 de seu principal competidor Quintino Bocaiúva. O vice-presidente eleito foi Francisco Silviano de Almeida Brandão, que faleceu, sendo substituído por Afonso Pena.

Seu governo foi destacado pela campanha de vacina obrigatória, que ocasionou a Revolta da Vacina, promovida pelo médico sanitarista e ministro da Saúde Oswaldo Cruz, e pela reforma urbana da cidade do Rio de Janeiro, realizada sob os planos do prefeito do Rio de Janeiro, o engenheiro Pereira Passos, que incluiu, além do remodelamento da cidade, a melhoria de estradas de ferro e a construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Ocorreu também em seu governo a chamada Revolta da Escola Militar. Houve também o Convênio de Taubaté, que foi a primeira política de valorização do café. Esse convenio reuniu São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os três estados decidiram que o Governo Federal compraria e estocaria as sacas de café para evitar a queda de preço. Também determinaram um imposto de três francos por saca exportada.

Sua administração financeira foi muito bem sucedida. O presidente dispunha de muito dinheiro, já que seu governo coincidiu com o auge do Ciclo da Borracha no Brasil, cabendo ao país 97% da produção mundial.

Em 1903, Rodrigues Alves comprou a região do Acre da Bolívia, pelo Tratado de Petrópolis - processo conduzido pelo então diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco. Deixou a presidência com grande prestígio, sendo chamado "O Grande Presidente".

Após Rodrigues Alves, nenhum paulista governou o Brasil, exceto por alguns dias apenas Ranieri Mazzilli, Ulysses Guimarães e Michel Temer.

O Conselheiro Rodrigues Alves e quatro de seus filhos.
O Último Governo em São Paulo e a
Reeleição Para Presidente do Brasil

Em 1912, foi novamente eleito presidente do Estado de São Paulo, ficando vários meses afastado por motivo de doença, e, em 1916, encerrado o mandato de presidente de São Paulo, voltou a ocupar uma cadeira no Senado Federal.

Dado o prestígio de Rodrigues Alves em todo o Brasil, o presidente Hermes da Fonseca não se arriscou a declarar a intervenção federal em São Paulo, como fizera com os outros estados que não apoiaram sua candidatura em 1910, na sua Política das Salvações.

Neste governo iniciou a restauração da Rodovia Caminho do Mar, chamada de Estrada do Vergueiro, construiu a ponte no Rio Tietê em Barra Bonita, que existe até hoje.

Em 1912, reorganizou o Gabinete de Investigações e Capturas criado em 1910, o que modernizou e reequipou a Polícia Civil de São Paulo.

Também em 1912, a lei 1357, implantou a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, atual Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo que as primeiras aulas foram dadas já em 1913.

Foi eleito para o segundo mandato como presidente em 1 de março de 1918 com quase a totalidade dos votos: 386.467 votos contra 1.258 votos obtidos por Nilo Peçanha.

Rodrigues Alves contraiu a Gripe Espanhola e não tomou posse na presidencia da República em 15/11/1918. O vice-presidente eleito Delfim Moreira assumiu interinamente a presidência no dia 15/11/1918.

Morte

No dia 16/01/1919, falecia, aos 70 anos, após contrair gripe espanhola, o então presidente da República eleito Francisco de Paula Rodrigues Alves.

O cronista e crítico literário Brito Broca assistiu ao cortejo fúnebre e o registrou em suas Memórias, referindo-se ao acontecimento como um dia que abalou Guaratinguetá:

"Logo depois, aquela manhã úmida e meio chuvosa, em que o sol custou muito a aparecer. Levantei-me às pressas, quando soube que o trem especial, trazendo o corpo do Conselheiro, já estava chegando à estação. Na rua, ia um grande movimento. Do largo da Matriz pude apreciar toda a grandiosidade do espetáculo fúnebre, que não parecia, no entanto, infundir nenhuma tristeza. Da estação até o largo formava a Guarda Civil de São Paulo em uniforme de gala: azul, cinto branco, luvas e o capacete semelhante ao dos guardas de trânsito ingleses, com penacho branco. O enterro aproximava-se lentamente da igreja onde devia ser rezada a missa de corpo presente. O som dos pistões, ao compasso da marcha fúnebre, feria o ar da manhã. E davam mais a impressão de um hino as notas estridentes daqueles instrumentos. Quando o povo começou a precipitar-se para dentro da igreja, reconheci o vulto de Lauro Müller, de sobrecasaca e guarda-chuva, ao lado de Rodolfo Miranda, de fraque. O grande ministro de Rodrigues Alves perguntava ao senador paulista, indicando a residência para onde se encaminhavam:
- De quem é essa casa?
- De Virgílio Rodrigues Alves – respondia Rodolfo Miranda.
E ali, no velho casarão da esquina do Largo da Matriz, desapareceram ambos, enquanto na igreja tinha início a missa.
Dentro de uns quarenta minutos, o cortejo saía em direção ao cemitério. Fomos, eu e minha mãe, à casa de Dona Madalena, assistir-lhe a passagem, da janela, com todo conforto. Muita gente, porém, querendo tirar melhor partido do espetáculo único na vida da cidade, depois de ver o enterro numa esquina, corria a vê-lo mais adiante. Ficamos longo tempo à espera de que chegasse onde nos encontrávamos, porque a urna, muito pesada e carregada à mão, impunha um ritmo excessivamente vagaroso ao desfile e constantes paradas para o revezamento dos que disputavam a honra de conduzi-la. Finalmente, penetrou na Rua Monsenhor João Filippo aquela massa enorme de gente, estacionando de dois em dois minutos. Bem atrás da urna, coberta com a bandeira nacional, o vulto ereto de Altino Arantes, então presidente do Estado e criatura de Rodrigues Alves, pelas mãos do qual subira ao posto. O rosto fino, de acentuado prognatismo, tornava-o inconfundível, no meio da multidão. Ao lado, o Núncio Apostólico, Dom Ângelo Scapardini, de solidéu vermelho, militares de dragona, figurões da política, gente célebre, que procurávamos identificar pelas lembranças dos retratos nos jornais."

Em virtude do falecimento de Rodrigues Alves, ocorrido em janeiro de 16/01/1919, Delfim Moreira assumiu, em definitivo a presidência. De sua posse em 15 de novembro até o falecimento de Rodrigues Alves, Delfim Moreira sempre o visitava para pedir sua orientação e conselhos.

Rodrigues Alves foi sepultado no Cemitério da Consolação, em São Paulo.

É homenageado dando seu nome ao município de Presidente Alves, no Estado de São Paulo. É considerado hoje o presidente que mais se preocupou com a população da República Velha.

Fonte: Wikipédia

Sólon Salles

SÓLON HANSER SALLES
(71 anos)
Cantor

☼ Sorocaba, SP (05/12/1923)
┼ São Paulo, SP (15/01/1995)

Sólon Salles era filho de Antonio Marcelo de Salles e Rosa Hanser. Desde garoto foi ligado às artes. Logo aos três anos de idade, fazia acrobacias, trapézio e mágicas num circo da cidade. E ainda cantava pequenas músicas para agradar o público. Fazia sucesso, tão pequeno era. Começou logo a dedilhar um violãozinho de madeira, e mostrava mesmo que era artista.

Assim passou a primeira infância, mas aos 14 anos mudou-se com a família para a capital paulista e teve que trabalhar para ajudar em casa. Foi ser datilógrafo de um sindicato, embora seu pensamento estivesse sempre em arte.

Em 1943 apareceu na Rádio Cultura de São Paulo e foi aprovado em um teste. Nascia aí o profissional, pois assinou contrato como cantor. Nessa emissora, que era chamada de O Palácio do Rádio, pois possuía um grande auditório e os artistas se apresentavam em traje de gala, Sólon Salles cantou por vários anos. Cantava na "Novelinha Sertaneja" e ali fez sucesso, embora seu nome nem aparecesse.

Cantava marcando os personagens dos atores Laura Cardoso e Fernando Baleroni, que logo vieram a se casar e foram sucesso de mídia. Começaram a surgir cartas perguntando de quem era aquela voz tão melodiosa. Aí Sólon Salles ganhou seu programa musical e em seguida seu primeiro disco.

Em 1948 lançou "Segue Teu Caminho" (Mário Zan).


Da Rádio Cultura, Sólon Salles passou pela a Rádio Record, Rádio Bandeirantes, Rádio Excelsior e Rádio Nacional, e depois para a TV Paulista.

O tempo foi passando e o moço cantor fazendo sucesso e gravando discos. Cantava em todas as emissoras de rádio e televisão, mas principalmente na TV Record e TV Cultura.

Mas aí houve um fato trágico em sua vida. Ele que era casado e apaixonado por sua esposa Diva e veio a perdê-la. Isso muito o abateu. Ele passou a cantar menos, entristecido que estava. Era um casamento de 34 anos, do qual nasceram as duas filhas Regina Luzia e Teresinha de FátimaRegina Luzia falecera aos onze dias de vida, mas Sólon Salles seguira em frente, com o apoio de sua esposa. Já com o falecimento desta, ele começou a se afastar, entrando em depressão. Existe uma terceira pessoa de que Sólon Salles gostava muito e considerava como um filho. É Henrique Garutti, seu genro, casado com Teresinha de Fátima.

Deve-se frisar que foram mais de 40 anos de uma carreira belíssima, tendo Sólon Salles cantado, por exemplo, no Vale do Anhangabaú, na festa de comemoração dos quatrocentos anos da cidade de São Paulo. E também que ele foi um dos principais cantores da caravana artística que era organizada por Sílvio Santos, que se chamava "Caravana do Peru Que Fala".

Sólon Salles, um grande cantor paulista, veio a falecer em 15/01/1995. Deixou a filha Teresinha de Fátima e dois netos, Alexandra e Arthur Henrique. Deixou também muita saudade no coração de seus colegas e admiradores.