Hebe Camargo

HEBE MARIA MONTEIRO DE CAMARGO RAVAGNANI
(83 anos)
Apresentadora de TV, Atriz e Cantora

* Taubaté, SP (08/03/1929)
+ São Paulo, SP (29/09/2012)

Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani, mais conhecida como Hebe Camargo ou simplesmente Hebe, foi uma apresentadora de televisão, atriz e cantora brasileira, tida como a "Rainha da Televisão Brasileira". Ravagnani era seu sobrenome de casada.

Em mais de 60 anos de história na televisão brasileira, a apresentadora tinha um estilo próprio de entrevistar as pessoas. Ela se tornou popular com a expressão "gracinha", usada para elogiar convidados. Outra marca registrada de Hebe Camargo era dar selinhos nos entrevistados que passavam por seu famoso sofá.


Início da Carreira

Nascida em Taubaté,  a 130 km da capital, filha de Segesfredo Monteiro Camargo e Esther Magalhães Camargo, Hebe Camargo teve uma infância humilde. A Diva brasileira conviveu com a arte desde o seu nascimento. Seu pai, era violinista de cinema, já que os cinemas da época eram mudos e a trilha sonora dos filmes era feita ao vivo. Mas, em 1943, com o fim do cinema mudo,  Segesfredo ficou desempregado e a família Camargo tratou logo de ir para São Paulo em busca de melhores oportunidades. Foi ai que a então menina, Hebe Camargo, começou uma das mais fantásticas histórias artísticas do Brasil.

Logo em 1943, ano da mudança para SP, seu pai começou a trabalhar na Rádio Difusora, integrando a orquestra. No ano seguinte Hebe Camargo seguiu a veia artística de seu pai e iniciou sua participação em programas de calouros nas rádios de São Paulo, cantando e fazendo imitações de Carmem Miranda.

Já consagrada como caloura, Hebe Camargo formou o quarteto "Do-Ré-Mi-Fá" com sua irmã Estela e suas duas primas, Helena e Maria. O grupo fez sucesso, foi contratado pela Rádio Tupi, mas se extinguiu três anos depois. Hebe Camargo chegou a formar uma dupla sertaneja com sua irmã Stella Monteiro de Camargo Reis, chamada "Rosalinda e Florisbela", mas não durou muito tempo. Hebe Camargo então decidiu seguir carreira solo, lançando seu primeiro disco em 1959, chamado "Hebe e Vocês". Como cantora, a estrela ainda fez algumas participações em filmes do comediante Mazzaropi, contracenando com Agnaldo Rayol em um deles.  

Com o passar do tempo a cantora foi se transformando em apresentadora. Hebe Camargo estava junto com o grupo liderado por Assis Chateaubriand, que foi ao Porto de Santos para buscar os primeiros equipamentos de televisão da história brasileira, dando origem à primeira rede televisiva nacional, a TV Tupi. Sua estreia ocorreu na década de 50, com o programa "Calouros em Desfile". Logo após, surgiu o primeiro programa feminino da televisão, "O Mundo é das Mulheres".

Foi convidada por Assis Chateaubriand para participar da primeira transmissão ao vivo da televisão brasileira, no bairro do Sumaré, na cidade de São Paulo, em 1950. No primeiro dia de transmissões da Rede Tupi, Hebe Camargo viria a cantar no início do "TV na Taba" (que representava o início das trasmissões) o "Hino da Televisão", mas teve que faltar ao evento e sendo substituída por Lolita Rodrigues. Hebe Camargo faltou à cerimônia para acompanhar seu namorado na época em uma cerimônia na qual seria promovido.

O programa "Rancho Alegre" (1950) foi um dos primeiros programas em que Hebe Camargo participou na TV Tupi de São Paulo: sentada em um balanço de parquinho infantil Hebe Camargo fez um dueto com o cantor Ivon Curi. Tal apresentação está gravada em filme e é considerada uma relíquia da televisão brasileira, uma vez que o videotape ainda não existia e na época não se guardava a programação em acervos, como atualmente.


Estreou como apresentadora em 1955, no programa “O mundo é das mulheres”, na TV Carioca, a primeira atração voltada especialmente para mulheres. Antes disso, havia substituído Ary Barroso no programa de calouros apresentado por ele.

Em 1955 Hebe Camargo deu início ao primeiro programa feminino da TV brasileira, "O Mundo é das Mulheres",  na TV Carioca, onde chegou a apresentar cinco programas por semana. "O Mundo é das Mulheres"  foi a primeira atração voltada especialmente para mulheres. Antes disso, havia substituído Ary Barroso no programa de calouros apresentado por ele.

Em 1957,  Hebe Camargo, originalmente com os cabelos escuros passou a se apresentar com os cabelos tingidos de louro, os quais tornaram-se uma de suas marcas registradas.

Em 1960 foi contratada pela TV Continental para apresentar o programa "Hebe Comanda o Espetáculo".

Em 1964 a apresentadora casa-se com o empresário Décio Cupuano, união da qual nasceu Marcello de Camargo Capuano.

Em 10 de abril de 1966, foi ao ar pela primeira vez o seu programa dominical homônimo "Hebe Camargo", acompanhada do músico Caçulinha e seu regional TV Record. O programa a consagrou como entrevistadora e a tornou líder absoluta de audiência da época.

Durante a Jovem Guarda muitas personalidades e novos talentos passaram pelo "Sofá da Hebe", no qual eram entrevistados em um papo descontraído. Seus temas preferidos na época eram separações, erotismo, fofoca e macumba. Logo depois, a apresentadora Cidinha Campos veio ajudá-la nas entrevistas.

Para dedicar-se ao filho, Hebe Camargo ficou afastada da televisão por cerca de dez anos, quando voltou a aparecer na TV Bandeirantes. Passou por quase todas as emissoras de TV do Brasil, entre elas a Record e a Bandeirantes, nas décadas de 1970 e 1980. Na Bandeirantes, ficou até 1985, quando foi contratada pelo SBT.


Carreira Musical

 Famosa como apresentadora, ela não deixou de lado a carreira musical. Após lançar três discos entre 1959 e 1966, compilou suas canções mais conhecidas no CD "Maiores sucessos", de 1995. Depois, lançou mais quatro discos. "Pra Você" (1998), "Como é Grande Meu Amor Por Vocês" (2001), "As Mais Gostosas da Hebe" (2007) e "Hebe Mulher" (2010 - Ano em que participou do Grammy Latino).

O último álbum da carreira contou com participações de Daniel Boaventura e Roberto Carlos. Em todos os discos, o repertório foi abastecido por canções românticas.


Vida Pessoal

Foi casada duas vezes. Seu primeiro matrimônio foi com o empresário Décio Capuano. Ele foi o segundo namorado de Hebe Camargo e estavam morando juntos haviam 15 anos. Hebe Camargo se casou no civil e na igreja em 14 de julho de 1964, de vestido rosa, pois, por tradição da época, a noiva que não fosse mais virgem não poderia usar branco e Hebe Camargo também já tinha 35 anos, ela achava feio se casar como uma jovenzinha.

No mesmo ano descobriu que estava grávida. Em 20 de setembro de 1965 deu à luz um menino, a quem batizou de Marcello de Camargo Capuano. A criança nasceu de parto normal, na Maternidade São Paulo, na Cidade de São Paulo, em um parto prematuro de 8 meses. Décio era muito ciumento, não aceitava a carreira de Hebe Camargo, tanto que ela interrompeu por um ano até voltar às rádios e TVs.

No período que morou com Décio, antes de se casar oficialmente, Hebe Camargo engravidou duas vezes mas sofreu aborto espontâneo. O marido e ela brigavam muito, e ele a acusava de estar trabalhando demais na televisão, querendo que ela parasse de atuar, e a acusava de ser a culpada pelos dois abortos sofridos, porque trabalhava demais. Depois de casada e conseguir ter seu filho, o jeito do marido não mudou, se tornando infeliz no casamento. Não aguentando a oposição do marido a sua carreira e a crises conjugais, Hebe Camargo saiu de casa levando o filho do casal em 1971, e se divorciaram no mesmo ano.

Morando sozinha com o filho Marcello, conheceu o empresário Lélio Ravagnani. Eles começaram a namorar e em 1973 casou-se com Lélio, que ajudou-a a criar seu filho, mesmo o pai indo vê-lo as vezes. Hebe Camargo e Lélio Ravagnani viveram um casamento feliz por 29 anos, até a morte dele, em 2000.

Depois do falecimento de Lélio Ravagnani, Hebe Camargo permaneceu viúva, mas sempre com boas companhias. A amizade entre a apresentadora e as atrizes Nair Bello e Lolita Rodrigues, por exemplo, sempre foi uma referência na mídia. Sempre que vistas juntas publicamente, os resultados eram os mesmos: muitas risadas. O trio foi marcado por boas histórias, brincadeiras e gargalhadas.

Com a morte de Nair Bello em 2007, a amizade entre Hebe Camargo e Lolita Rodrigues fortaleceu-se ainda mais. A amizade que durou cerca de 65 anos, começou na adolescência quando as duas possuíam o sonho de tornarem-se cantoras. Anos mais tarde, já casadas, a amizade continuou firme. Com o nascimento de Marcello, filho de Hebe Camargo, Lolita Rodrigues passou a visitar a amiga todos os dias da semana. Posteriormente, as agendas cheias as impediram de se ver com frequência, mas a amizade era eterna.

Em uma entrevista a revista Veja, Hebe Camargo declarou que aos 18 anos, em 1947, na sua primeira relação sexual, engravidou do seu primeiro namorado, o empresário Luís Ramos, um homem mais velho e experiente em conquistas. Tomou essa decisão pelo fato que ele a traía constantemente, os dois viviam brigando, e por ser vergonhoso para os pais terem uma filha mãe solteira. A situação piorou quando Hebe Camargo foi abandonada grávida por Luís. Sem alternativas, com medo de ser expulsa de casa e com pena dos pais pelo vexame que passariam de ter uma filha sem marido e com filho, um dia, sem contar a ninguém, decidiu fazer um aborto, indo a casa afastada que fazia esse tipo de procedimento.

Hebe Camargo relatou que o aborto foi sem nenhum tipo de anestesia, a fazendo gritar de dor, por causa do corte na hora de tirar o feto. Isso a fez sofrer muito. Ao sair de lá, continuou mal e demorou por meses para se recuperar, sentindo dores e hemorragias. Ela acabou mentindo para os pais, escondendo tudo deles e dizendo que estava bem, somente com cólicas. Passou a tomar remédios e mais remédios escondida, sem orientação médica, e por milagre não faleceu ou teve sequelas, sarando sozinha. Apesar de tanto sofrimento físico e emocional, Hebe Camargo diz que não se arrependeu desse ato, que fez isso na hora certa. Não poderia ter um filho naquela época, afirmou.

Hebe Camargo (Foto: Clayton de Souza/AE)
SBT

Em 1986, Hebe Camargo foi para o SBT, onde apresentou três programas: "Hebe", no ar até 2010, "Hebe Por Elas" e "Fora do Ar", além de participar do "Teleton" e em especiais humorísticos, como um quadro do espetáculo da entrega do Troféu Roquette Pinto, "Romeu e Julieta", em que contracenou com Ronald Golias e Nair Bello, já falecidos, artistas que foram grandes amigos da apresentadora.

O programa "Hebe" entrou no ar em 4 de março de 1986. Entre 1986 a 1993, o programa foi ao ar nas terças-feiras. Em 1993, migrou para as tardes de domingo. No ano seguinte, foi para a segunda. Durante um período, foi exibido aos sábados. A apresentadora recebia convidados para pequenos debates e apresentações musicais: todos se sentavam em um confortável sofá, que é quase uma instituição da televisão brasileira.

Em 1995, a gravadora EMI lançou um CD com os maiores sucessos de Hebe Camargo. Em 1999 voltou a lançar um CD. Em 22 de abril de 2006 comemorou o milésimo programa pelo SBT.


DVD "Hebe Mulher e Amigos"

Em 2010, aos 81 anos, Hebe Camargo gravou seu primeiro DVD ao vivo, "Hebe Mulher e Amigos", com duas apresentações, uma em São Paulo, no Credicard Hall em 27 de outubro e outro no Rio de Janeiro, no Citibank Hall em 24 de novembro. No show, a apresentadora recebeu diversas personalidades da música brasileira como Fábio Jr., Daniel, Leonardo, Maria Rita, Paula Fernandes, Chitãozinho & Xororó e Bruno & Marrone, os quais entrevistou em um sofá, como se estivesse em seu programa de auditório.

SBT e RedeTV!

Por volta das 16:30 hs de 13 de dezembro de 2010, ao final da gravação do especial de Reveillon de seu programa no SBT, Hebe Camargo, pegando a todos de surpresa, leu uma carta de próprio punho para seu auditório e público informando que aquela foi a sua última atuação como funcionária do SBT. Estava ela se despedindo da emissora de Silvio Santos depois de 24 anos. O contrato dela com o SBT venceria no dia 31 de dezembro, mas diante disto Hebe Camargo confirma que não deve mais renovar com a emissora.

O último programa de Hebe Camargo no SBT foi ao ar em 27 de dezembro de 2010. Dois dias antes de anunciar a saída da emissora, no dia 11 de dezembro. Hebe Camargo, com permissão do SBT, gravou com o apresentador Fausto Silva o "Domingão do Faustão", da Rede Globo, onde recebeu uma homenagem. Este programa foi ao ar no dia 26 de dezembro de 2010.

Após sua saída do SBT, ela assinou contrato com a RedeTV! em 15 de dezembro de 2010 para receber 500 mil reais por mês mais 50% de todos os merchandisings, estreando na emissora em 16 de março de 2011, ocupando o terceiro lugar na audiência na Grande São Paulo. O programa possuia o mesmo formato do seu programa na antiga emissora sendo exibido ás terças-feiras.

Segundo a o site Radar Online da revista Veja a emissora estaria propondo aos seus funcionários uma diminuição para a renovação dos contratos pela metade do salário. Em 24 de agosto de 2012 a colunista do jornal Folha de São Paulo, Keila Jimenez, publicou que após a apresentadora ter reclamado dos atrasos de salários pela emissora a equipe de seu programa havia sido desmanchada. Após várias especulações sobre a ida da apresentadora de volta para o SBT o colunista Flávio Ricco do portal UOL intitulou a matéria de "Hebe Camargo Está de Volta ao SBT", sobre o retorno a sua antiga "casa", o que foi desmentido pelo agente da apresentadora.

A confirmação da rescisão do contrato com a RedeTV! saiu dois dias após, em 17 de setembro. A última exibição do programa Hebe Camargo na RedeTV! ocorreu no dia 25 de setembro de 2012 em uma edição especial de despedida da emissora. Dois dias após a exibição do especial o SBT anunciou a volta da apresentadora a casa.

Em julho de 2012, quando  Hebe Camargo estava internada num hospital da cidade de São Paulo, ela teve a ideia de ligar para Carlos Nascimento, jornalista e apresentador do SBT. Na ligação, ela disse que queria votar para o reality show "O Maior Brasileiro de Todos os Tempos". Durante esta semana, o programa estava em uma competição do Pelé e Juscelino Kubitschek, e ela escolheu votar no rei Pelé. Durante a conversa também falou sobre o estado de saúde, afirmando que graças a Deus e à riqueza dos remédios, estava melhorando. Em sua participação, aproveitou para elogiar o ex-patrão Silvio Santos e criticou a sua antiga emissora, a RedeTV!.

"Eu queria dizer que Silvio Santos jamais atrasou os pagamentos!"
(Hebe Camargo)


Doença e Morte

A apresentadora foi diagnosticada com Câncer no Peritônio, membrana que envolve os órgãos do aparelho digestivo, em janeiro de 2010. Em sua primeira gravação após 12 dias internada para a retirada de nódulos e para o início do tratamento quimioterápico, Hebe Camargo mostrou gratidão com fãs e celebridades que a apoiaram. "Posso até morrer daqui a pouco, que vou morrer feliz da vida", comentou em março de 2010, ainda no SBT.

Na ocasião, Hebe Camargo subiu ao palco ao som de Ivete Sangalo, Ney Matogrosso, Leonardo e Maria Rita cantando juntos. "Vocês são a causa disso tudo. Me colocaram nesse pedestal que eu não mereço. É impossível encontrar palavras para descrever esse momento", disse para a plateia. Depois, entoou "Ó Nóis Aqui Traveis", samba do grupo Demônios da Garoa.

Em setembro de 2011, Hebe Camargo iniciou um novo tratamento contra o câncer, com sessões de quimioterapia preventivas. "Não estou doente, apenas continuo me tratando pra poder ficar com vocês muito tempo ainda", disse. Por conta do retorno ao tratamento, ela havia voltado a perder cabelo e, consequentemente, a usar perucas.

"Evidentemente, todo remédio forte causa algum problema. O meu problema é que eu, de novo, fiquei carequinha. Eu não estou careca, mas quase. Então, evidentemente, estou de peruca", afirmou, em comunicado enviado à imprensa. Ela ainda brincou, referindo-se ao ator Reynaldo Gianecchini, que fazia um tratamento contra um câncer no sistema linfático. "Vou sair linda, igual ao Reynaldo Gianecchini", disse.

Nos últimos dois anos, Hebe passou por várias cirurgias e tratamentos contra o câncer. Em janeiro de 2010, a apresentadora ficou 12 dias internada para retirada de nódulos na região do peritônio e iniciou tratamento quimioterápico. Em 2011, fez novas sessões de quimioterapia preventivas. Em março de 2012, passou por uma cirurgia de emergência para retirar um tumor que causava obstrução intestinal, ficando 13 dias no hospital. Em junho, realizou uma nova cirurgia de emergência para retirada da vesícula. No mês de julho, segundo o sobrinho Claudio Pessutti, ficou internada por cinco dias para a realização de exames.

Hebe Camargo morreu em 29 de setembro de 2012, em São Paulo aos 83 anos após sofrer uma Parada Cardíaca de madrugada, enquanto dormia.

O velório será realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, no Morumbi, a partir das 18:00 hs de sábado, 29/09/2012 - o carro funerário chegou à casa da apresentadora por volta das 16:15 hs. O sepultamento está marcado para as 9:30 hs de domingo, 30/09/2012, no Cemitério Gethsemani, segundo funcionários do local e o governo do Estado de São Paulo.



Televisão

  • 2011 - Hebe (RedeTV!)
  • 2009 - Elas Cantam Roberto (TV Globo)
  • 2007 - Amigas e Rivais (SBT)
  • 2005 - Fora do Ar (SBT)
  • 2003 - Romeu e Julieta Versão 3 (SBT)
  • 2002 - SBT Palace Hotel (SBT)
  • 2000 - TV Ano 50 (TV Globo)
  • 1998 - Teleton (SBT)
  • 1995 - Escolinha do Golias (SBT)
  • 1990 - Romeu e Julieta Versão 2 (SBT)
  • 1986 a 2010 - Hebe (SBT)
  • 1979 a 1985 - Hebe (Bandeirantes)
  • 1980 - Cavalo Amarelo (Bandeirantes)
  • 1978 - O Profeta (TV Tupi)
  • 1970 - As Pupilas do Senhor Reitor (TV Record)
  • 1968 - Romeu e Julieta Versão 1 (TV Record)
  • 1960 - Hebe Comanda o Espetáculo (TV Continental) 
  • 1957 - Hebe Comanda o Espetáculo (TV Record)
  • 1955 - O Mundo é das Mulheres (TV Record)
  • 1950 - TV na Taba (TV Tupi)

Cinema

  • 2009 - Xuxa e o Mistério de Feiurinha
  • 2005 - Coisa de Mulher
  • 2000 - Dinossauro (Dublagem da personagem Baylene)
  • 1960 - Zé do Periquito
  • 1951 - Liana, a Pecadora
  • 1949 - Quase no Céu

Música

  • 2010 - Hebe Mulher
  • 2007 - As Mais Gostosas da Hebe
  • 2001 - Como é Grande o Meu Amor Por Vocês
  • 1998 - Pra Você
  • 1995 - Maiores Sucessos
  • 1966 - Hebe Camargo
  • 1961 - Festa de Ritmos
  • 1959 - Hebe e Vocês

Mario Zan

MARIO GIOVANNI ZANDOMENEGHI
(86 anos)
Acordeonista e Compositor

* Roncade, Itália (09/10/1920)
+ São Paulo, SP (09/11/2006)

Mario Giovanni Zandomeneghi, mais conhecido como Mario Zan, foi um acordeonista ítalo-brasileiro, considerado um dos sanfoneiros mais importantes do Brasil, autor da música que é um hino nacional da região do Pantanal, "Chalana" (1940), em parceria com Arlindo Pinto, e do hino do 4º Centenário de São Paulo (1954), famoso por suas canções típicas das festas juninas do centro-sul do Brasil.

 Em 1924, quando ele tinha quatro anos, seus pais, Seu José, que trabalhava em olaria e vinhedo, e Dona Ema, vieram morar no Brasil e foram morar em Santa Adélia, perto de Catanduva, interior do estado de São Paulo, aonde teve como principal incentivador o primo e acordeonista Hilário Fossalussa da folclórica cidade de Olímpia.

Aos 12 anos, quando já tocava habilmente o acordeão, mudou-se para as imediações do Museu do Ipiranga. Aos 13 anos, estreou como sanfoneiro profissional e desde então, em mais de 70 anos de carreira, compôs centenas de músicas, gravadas e regravadas por cantores como Sérgio Reis, Roberto Carlos, Almir Satter e outros. Gravou 300 discos de 78 rotações, 110 LPs e mais de 50 CDs. Foi considerado um dos melhores acordeonistas do Brasil.


O primeiro meio de comunicação que conheceu sua sanfona foi Rádio Record, quando entrou na emissora, onde pediu para tocarem suas músicas e saíu de lá 33 anos depois. Nessa época, um locutor ouviu a batida inconfundível dele nos teclados e ficou encantado. Em seu programa de rádio do Rio de Janeiro, declarou existir um sanfoneiro em São Paulo que fazia verdadeira música brasileira. O nome do locutor era Ary Barroso (1903-1964), o criador de "Aquarela do Brasil".

Conhecido como o compositor do hino dos 400 anos da cidade de São Paulo que já vendeu mais de 10 milhões de cópias até hoje, foi lançado em disco em 78 rpm e, naquele ano, vendeu mais exemplares do que havia de vitrolas no Brasil. Nos 450 anos da cidade fez outro hino e, então, a prefeitura deu-lhe o título de Cidadão Honorário na virada do ano 2003 / 2004, em cerimônia na Avenida Paulista.

Casado pela terceira vez, pai de três filhos e duas filhas, e autor de sucessos nacionais e internacionais, se tornou extremamente popular pelas composições das canções das festas juninas paulistas como a "Quadrilha Completa", "Balão Bonito", "Noites de Junho" e "Pula a Fogueira".

Mario Zan e Chacrinha
Duas de suas canções ultrapassaram as fronteiras brasileiras: "Nova Flor", escrita em parceria com Palmeira e gravado em inglês como "Love Me Like a Stranger", em espanhol como "Los Hombres no Deben Llorar", em alemão como "Fremde oder Freunde", e o "Hino do Quarto Centenário de São Paulo", escrita em parceria com J. A. Alves.

Reconhecido internacionalmente, tem seu nome e retrato expostos no Museu de Artes de Frankfurt, Alemanha, ao lado de grandes instrumentistas de todos os tempos. Luís Gonzaga, o "Rei do Baião", disse uma vez que Mario Zan era o verdadeiro "Rei da Sanfona"Mario Zan  foi tema do enredo da escola de samba Rosas de Ouro em 2002. 

Depois de 15 dias internado com problemas pulmonares e sentir no estômago os efeitos colaterais das medicações, morreu aos 86 anos ainda na ativa, após uma Parada Cardiorrespiratória, no Hospital dos Sorocabanos, em São Paulo. O velório foi na Assembléia Legislativa e o sepultamento no Cemitério da Consolação, cumprindo um de seus últimos desejos que era ser enterrado em frente ao túmulo da Marquesa de Santos. Mario Zan era um grande admirador da amante de Dom Pedro I.

Ted Boy Marino

MARIO MARINO
(72 anos)
Ator e Lutador de Luta Livre

* Fuscaldo Marina, Itália (18/10/1939)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/09/2012)

Ted Boy Marino nasceu em Fuscaldo Marina, na Calábria, província italiana. Foi para Buenos Aires em 1953, no porão de um navio, aos 12 anos de idade, com os pais e mais 5 irmãos. Trabalhava como sapateiro em Buenos Aires, mas aproveitava o tempo livre para treinar luta livre e praticar halterofilismo. Em 1962 já estava participando de programas de Telecatch nos canais 9 de Buenos Aires e 12 de Montevidéu.

Em 1965, Ted Boy Marino chegou ao Brasil. Pouco tempo depois, foi contratado como lutador de Telecatch pela TV Excelsior, onde fez grande sucesso. Nos ringues de luta-livre, ao lado de lutadores como Tigre Paraguaio, Electra, Alex e outros, derrotava vilões como Aquiles, Verdugo, Rasputim Barba Vermelha, El Chasques e Múmia.

Nessa época, também participou do programa "Os Adoráveis Trapalhões", pela mesma TV Excelsior. A diretoria da emissora mandou Wilton Franco fazer um programa com ele e mais o cantor Wanderley Cardoso, ídolo da juventude. Contudo, Wilton Franco precisava de alguém para segurar o texto e escolheu para isto o cantor Ivon Curi, além de escalar Renato Aragão, para fazer o público rir.

Daí surgiu o quarteto, cujo programa atingia entre 50 e 60 pontos de ibope. Em 1968 Renato Aragão e Ted Boy Marino estrelaram o filme "Dois na Lona", no qual Ted Boy Marino vive um lutador que disputa o campeonato brasileiro e enfrenta na final o sanguinário Lobo, vivido por Roberto Guilherme, que até hoje trabalha nos programas de Renato Aragão, sendo o papel mais comum o de Sargento Pincel.

Na TV Globo, Ted Boy Marino participou de quatro programas que apareciam quase que diariamente na telinha. De segunda a sexta tinha o "Sessão Zás Trás", na parte da tarde, onde apresentava desenhos animados. De segunda a sexta, antes do "Jornal Nacional", entrava a novelinha "Orion IV x Ted Boy Marino", onde o protagonista combatia vilões. Nas terças, era a vez do "Oh, Que Delícia de Show", um programa de variedades onde Ted Boy Marino apresentava cantores e números circenses em companhia da atriz Célia Biar. Já aos sábados era exibido o Telecatch, no horário nobre das 9 às 10 da noite e também aos domingos, em São Paulo, ao vivo.


A partir da década de 1980, com o declínio do gênero Telecatch, Ted Boy Marino atuou como coadjuvante no programa "Os Trapalhões", geralmente no papel de vilão, além de fazer pontas em programas humorísticos como a "Escolinha do Professor Raimundo". Também se apresentou em clubes e teatros do interior.

Aposentado, Ted Boy Marino morava no bairro do Leme, Rio de Janeiro, e podia ser visto frequentemente na orla, na altura do Restaurante Mariu's, com seus amigos do vôlei de praia.

Em entrevista recente, Ted Boy Marino disse detestar ver o esporte que praticava comparado com o MMA. "Na verdade, sou um grande aluno dos mexicanos da lucha libre. O que eles fazem é um esporte alegre, divertido, de circo. Como muitos deles, eu não consigo bater em moscas. Se elas vêm, eu só abano. Não sou como o Anderson Silva, que movimentou o Brasil todo com aquela luta agressiva", disse. "Aquilo é coisa para bandido, pô! É matar ou morrer, cheio de violência. Eles dão soco na cara, cotovelada, joelhada... O que é isso", afirmou.

Ted Boy Marino defendia a proibição das transmissões do UFC. "Ou exibir em horário bem tarde para evitar que crianças pudessem assistir". Decepcionado com a decadência do Telecatch no Brasil, Ted Boy Marino comparava a popularidade do esporte no México: "Lá se pratica mais luta livre do que futebol. Tenho muita saudade", confessou. 


Morte

Ted Boy Marino morreu no início da noite de quinta-feira, 27/09/2012, no Rio de Janeiro. Foi submetido a uma cirurgia de urgência no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de janeiro. Aos 72 anos, após cerca de nove horas de operação, Ted Boy Marino não resistiu a uma parada cardíaca e morreu. A informação foi confirmada pela família e pelo hospital. O ator-lutador deu entrada no setor de emergência do hospital durante a manhã com um quadro de trombose e foi encaminhado para o centro cirúrguco imediatamente.

Segundo um de seus filhos, Ted Boy Marino, o ex-lutador já estava sendo submetido a sessões de hemodiálise há três anos, o que enfraqueceu seu organismo. No fim da tarde de quarta-feira, ao chegar de sua última sessão, Ted Boy Marino teria sentido uma dormência nas pernas e não sentia uma delas. Ao ser levado para o hospital, os médicos constataram que houve um entupimento das artérias. Ele foi submetido a uma cirurgia, mas não resistiu.

"Ele era um cara muito debochado, estava feliz até seus últimos dias. Enfrentava a vida da melhor forma possível" - afirmou o filho.

Ted Boy Marino será velado na sexta-feira, 28/09/2012, a partir das 9:00 hs, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio.

Filmografia

  • 1983 - Os Três Palhaços e o Menino
  • 1982 - Os Paspalhões em Pinóquio 2000
  • 1967 - Dois na Lona


Serginho Leite

SÉRGIO DE SOUZA LEITE
(55 anos)
Músico, Humorista e Radialista

* São Paulo, SP (03/09/1955)
+ São Paulo, SP (12/04/2011)

Serginho Leite sempre quis ser pianista, com dezoito anos ele se dedicava a música junto com Tom Zé, Carlinhos Vergueiro e outros, durante encontros em um bar.

Em 1978, Serginho Leite foi convidado por Estevam Sangirardi para apresentar o programa "Show de Rádio", na Rádio Jovem Pan. Junto com outros três colegas, ele apresentou o programa e trouxe grandes idéias para Estevam Sangirardi. Ficou muito conhecido após apresentar um quadro que parodiava o radialista Zé Béttio.

Enquanto esteve na rádio, ele ficou conhecido por fazer imitações de celebridades, como Pelé, Maguila, Vicente Matheus, Clementina de Jesus e Paulinho da Viola, e por paródias que criava com um violão.

Outros trabalhos do artista que também se tornaram muito conhecidos, foram os jingles e comerciais para rádio e TV do personagem Bond Boca, da Cepacol, do Tigre Tony, dos Sucrilhos Kellogg's, e do elefante Jotalhão, do molho de tomate Cica.

Serginho Leite em foto de 1984 (Foto: Agencia Estado)
Serginho Leite também trabalhou na televisão, no programa "A Praça é Nossa", do SBT, onde fez imitações e na TV Globo, onde ficou 2 anos (1998-2000) no quadro "Retratos de Domingo", do "Domingão do Faustão". Em 2006, Serginho Leite deu uma entrevista ao "Programa do Jô", que foi a sua última aparição na emissora.

Segundo informações de amigos, Serginho Leite tinha elaborado um espetáculo para o teatro e só aguardava a aprovação pela Lei Rouanet para estreá-lo.

Sergio de Souza Leite morreu aos 55 anos de idade, vítima de infarto. Ele foi levado ao Hospital das Clínicas de São Paulo, onde deu entrada às 11:15 hs da manhã de 12/04/2011 e faleceu às 14:50 hs vítima de Infarto do Miocárdio, informou a assessoria de imprensa do hospital.

Serginho Leite era casado com Tânia Leite e o casal tinha dois filhos: Pedro e João.

Fonte: Wikipédia e G1

Líbero Badarò

GIOVANNI BATTISTA LIBERO BADARÒ
(32 anos)
Jornalista, Político e Médico

* Laigueglia, Itália (1798)
+ São Paulo, SP (21/11/1830)

Giovanni Battista Libero Badarò nasceu em 1798, na vila de Laigueglia, perto de Gênova. Seu pai era um médico liberal de extraordinária erudição, como atestam gravuras retratando sua imensa biblioteca. Estudou em Gênova e Bolonha, antes de se formar em Medicina, em agosto de 1825, pela Universidade de Turim. Recém-formado, decidiu ganhar o mundo. Tinha 28 anos, mas parecia mais velho. Era alto e magro, usava longas suíças e óculos de lentes redondas.

Líbero Badarò chegou ao Brasil, em 1826, atraído por uma terra que, aos olhos de muitos, já era o país do futuro e uma das poucas nações governadas por um imperador tido como liberal que aceitava livremente a submeter-se a uma Constituição. No Brasil, ele nacionalizou-se, radicou-se. Ainda no Rio de Janeiro, tornou-se amigo de outro jornalista que se destacava pelas ideias liberais, Evaristo da Veiga. Em pouco tempo, ele e seus correligionários viram suas teses perderem terreno perante o avanço das forças conservadoras, diante das quais o imperador Dom Pedro I, que num dia de glória havia sido aclamado como "Protetor Perpétuo do Brasil", se isolava e assumia atitudes autoritárias a cada dia que passava.

Líbero Badarò chegou a São Paulo no início de 1828. Nessa época, os sinais de que a reação conservadora ganhava força estavam por toda a parte e seus líderes eram cada vez mais truculentos. Mesmo assim, ele lançou, em 23 de outubro de 1829, o seu "Observador Constitucional" - um bissemanário sem anúncios, de 30 cm de altura por 20 cm de largura, quatro páginas e vendido por 80 réis, impresso na tipografia do jornal que já circulava na cidade, "O Farol Paulistano", de José da Costa Carvalho, com quem se hospedou, antes de alugar uma pequena casa na Rua São José, atual Rua Líbero Badaró.

Em São Paulo, os reacionários ocupavam os principais cargos provinciais: o de governador, exercido numa interinidade sem fim pelo vice-governador e bispo Dom Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade, o de comandante de armas, coronel Carlos Maria de Oliva, e o de chefe do Poder Judiciário, o desembargador ouvidor Candido Ladislau Japi-Assú. Este odiava especialmente Líbero Badarò, por tê-lo lançado no ridículo ao induzi-lo a revelar seu ignorante conservadorismo, censurando peças teatrais que não existiam.

Os redutos liberais eram formados por alguns cidadãos que compunham a pequena burguesia, pelos estudantes da ainda incipiente Faculdade de Direito e pela maioria da Câmara Municipal, que chegou a requerer ao governador em exercício que tomasse providências diante do "procedimento anticonstitucional, arbitrário e tirânico do ouvidor". Apreensivos, seus amigos cuidavam para que não andasse só. Mas foi só que ele voltou para casa naquela noite de 20 de novembro de 1830.

Túmulo de Líbero Badarò
O Crime Aconteceu na Rua Que Hoje Leva Seu Nome

Líbero Badaró se aproximava de sua casa entre 22:30 hs e 23:00 hs de 20 de novembro de 1830, quando viu dois homens sentados nas proximidades. Na rua escura, iluminada apenas pela lua cheia, perguntaram-lhe se era o Drº João Baptista Badaró. Diante da resposta afirmativa, disseram que vinham de parte do ouvidor. Líbero Badarò mal teve tempo de dizer que não era amigo de Candido Ladislau Japi-Assú quando sentiu no ventre o impacto do tiro de pistola. A bala causou ferimentos internos incuráveis que lhe provocaram uma agonia dolorosa por quase 24 horas, tempo suficiente para que, na presença de testemunhas respeitadas na cidade, fosse interrogado pelo juiz José da Silva Merciana, cujos "autos da devassa" detalhadamente elaborados permitiram à polícia capturar alguns suspeitos.

Ao juiz, Líbero Badarò declarou que não conhecia os atacantes, mas pelo sotaque sabia que eram alemães e, indagado se tinha suspeita de quem eram os responsáveis, não hesitou em apontar como mandante o desembargador-ouvidor Candido Ladislau Japi-Assú. Era mais do que uma suspeita, pois até o escrivão da Ouvidoria, Amaro José Vieira, em seu depoimento posterior ao crime, disse tê-lo advertido diversas vezes que escutara de seu chefe afirmações de que pretendia matá-lo. O que o jornalista não sabia era que seu assassinato foi cuidadosamente planejado e sua execução - segundo pesquisa de Argimiro da Silveira, publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo em 1890 -, começou numa chácara da Freguezia do Braz, quando ao tenente Carlos José da Costa, vindo do Rio de Janeiro para matá-lo, foi indicado o alemão Henrique Stock para acompanhá-lo, identificar e executar a vítima. Líbero Badarò faleceu em consequência de hemorragia interna, às 22:00 hs de 21 de novembro.

A notícia do atentado a Líbero Badarò se espalhou rapidamente e a pequena capital da Província de São Paulo viveu dias agitados, com grupos armados percorrendo as ruas exigindo a prisão dos autores e mandantes do crime. Henrique Stock e outro alemão logo foram presos, mas o ouvidor se refugiou na casa do comandante militar, de onde só saiu depois de uma negociação com o bispo-governador interino com a participação de outros membros do Conselho e Governo da Província, entre os quais se destacou o mais tarde regente, padre Diogo Antônio Feijó. A pretexto de protegê-lo da ira popular e sob a alegação de que o acusado gozava de foro privilegiado, foi decidido que Candido Ladislau Japi-Assú seria conduzido ao Rio de Janeiro, não preso, mas sob escolta, para lá ser julgado.

"(...) Terrível liberdade de imprensa, que clama a uns não matarás, a outros não prenderás, não substituirás o teu interesse ao dos mais; não te servirás de autoridade pública para satisfazer as tuas vinganças, não sacrificarás o teu dever ao poder! Incapazes de resistir à evidência dos argumentos positivos sobre que se apoia a necessidade de imprensa, os amigos das trevas se vestem da capa da moral e do sossego público, apontam os abusos desta liberdade, a calúnia, a difamação, as provocações diárias, os axincalhes continuados, que tornam a vida um suplício. É, meu Deus! Os abusos? E do que se não abusa neste mundo? Forte raciocínio! E porque se abusa de uma qualquer cousa, já, já suprima-se? E aonde iríamos com estas supressões? Um mau juiz abusa do seu ministério: suprima-se a magistratura; um mau sacerdote abusa da religião: suprima-se a religião; um mau marido abusa do matrimônio: suprima-se o matrimônio! Forte raciocínio, dizemos outra vez! Suprimam-se os abusos que será melhor. A lei contra os abusos existe; sirvam-se dela; e se não é boa, faça-se outra; e liberdade a todos de esclarecerem os legisladores, pela imprensa livre (...)"

(Texto de autoria de Líbero Badaró, publicado no jornal Observatório Constitucional)

Última frase: "Morre um liberal, mas não morre a liberdade!"

Henrique Stock foi julgado pela Junta de Justiça de São Paulo, que o condenou a "galés perpétuas", iniciando o cumprimento da pena em Guarapuava, no Sudoeste do Paraná. O julgamento de sua apelação da sentença foi transferido para o Rio de Janeiro e entregue ao Tribunal da Relação, cujos membros, em 18 de junho de 1831, haviam absolvido seu colega Candido Ladislau Japi-Assú, decisão aplicada também ao alemão acusado de autor material do assassinato.

Líbero Badaró foi o primeiro jornalista assassinado no Brasil em virtude do ofício que exercia e o primeiro caso em que os assassinos, beneficiados por suas relações, viveram o resto de suas vidas na impunidade, apesar das provas que os incriminavam.

Cinquenta e nove anos mais tarde, alguns dias após a Proclamação da República, a urna mortuária do jornalista foi transferida da cripta da Capela do Carmo para o Cemitério da Consolação.

Fonte: Da Boca Sai

Pérola Byington

PÉROLA ELLIS BYINGTON
(83 anos)
Filantropa e Ativista Social

* Santa Bárbara, SP (03/12/1879)
+ Nova York, Estados Unidos (06/11/1963)

Filha dos americanos Mary Ellis McIntyre e Roberto D. McIntyre, descendentes de famílias que imigraram dos Estados Unidos após a Guerra Civil, Pearl Byington nasceu em 03 de dezembro de 1879, na Fazenda Barrocão, em Santa Bárbara do Oeste, SP. Além da filha Pearl, que mais tarde adotaria o nome de Pérola, o casal teve as meninas Mary e Lillian.

Em Piracicaba, SP, Pérola iniciou os estudos. Foi aluna do Jardim de Infância da Escola Americana, fundada e dirigida por Miss Watts e a professora e médica belga Maria Renotte, que além de ter sido, na última década do século XIX, a primeira e única médica na capital paulista por mais de uma década e haver se dedicado à criação de uma filial da Cruz Vermelha em São Paulo, como defensora dos direitos femininos participou da fundação da Aliança Paulista Pelo Sufrágio Feminino, tendo sido uma das vice-diretoras. Mais tarde Pérola tranferiu-se para o colégio fundado por sua mãe.

Aos catorze anos, completou os preparatórios para a Escola Normal. Contudo, como não tinha ainda a idade mínima para inscrição que era de dezesseis anos, foi impedida de matricular-se. Recebeu então aulas particulares, com exceção de latim, que aconteciam em uma escola masculina. Pérola ficava atrás de um biombo para não atrapalhar a aula do professor. Apenas em 1899 obteve o diploma de professora.

Ainda na Escola Normal, fez os preparatórios no Curso Anexo da Academia de Direito de São Paulo. Sua intenção não foi bem recebida pelos acadêmicos, então desfavoráveis à abertura do curso ao sexo feminino e Pérola não foi aprovada no exame de geografia.

Casou-se em 1901, com um dos pioneiros da indústria brasileira, Alberto Jackson Byington, com quem teve dois filhos, Alberto e Elizabeth. Em 1912 o casal partiu para os Estados Unidos, para onde haviam levado os filhos para estudar. Como consequência da Primeira Guerra Mundial a família não pode voltar ao Brasil e Pérola passou a colaborar com a Cruz Vermelha americana captando recursos.

Hospital Pérola Byington
Ao retornar ao país na década de 20, deparam-se com a cidade de São Paulo em efervescente desenvolvimento econômico e social. Encontraram também os contrastes econômicos e sociais que caracterizavam a população. Pérola então passou a trabalhar na Cruz Vermelha, ao lado de Maria Renotte, sua antiga conhecida, chegando a exercer o cargo de diretora do Departamento Feminino.

Em 1930, aos cinqüenta anos, junto à educadora sanitária Maria Antonieta de Castro, fundou a Cruzada Pró-Infância, em São Paulo, entidade voltada ao combate da mortalidade infantil, cujos índices eram assustadores então. Pérola foi eleita diretora geral e assim permaneceu por 33 anos.

O programa de ações da entidade incluía, inclusive, tentar junto aos poderes públicos a concretização obtenção de leis favoráveis à gestante e à criança, além de criar dispensários com serviços de clínica geral, higiene infantil, pré-natal, fisioterapia, dietética e odontologia. 

A criação de uma casa para abrigar mães solteiras, em uma época em que eram discriminadas, e casadas sem apoio familiar foi iniciativa pioneira. Pérola compreendia ser a maternidade função social do estado e defendia a assistência à mãe solteira como uma forma de enfrentamento dos problemas sociais. Era combativa defensora da educação sexual.

Como consequência, projetos infantis e creches com serviços de psicologia foram implantados. O hospital-infantil inaugurado em 1959 oferecia, ainda, cursos para estagiários acadêmicos. O funcionamento da Cruzada dependia da participação de todos. Pérola e seu grupo conseguiram constituir uma rede de solidariedade. Profissionais famosos atuavam voluntariamente no Ambulatório-Central, enquanto outros atendiam gratuitamente os pacientes nas residências. Laboratórios realizavam exames sem cobrar aos pacientes e algumas farmácias doavam medicamentos.

Praça Pérola Byington
Pérola foi também, uma das pioneiras na cobrança da divulgação causas da alta mortalidade no parto e pós-parto, objetivando melhorar a qualidade do pré-natal. Por uma de suas cobranças públicas, ocorrida em julho de 1938, na Semana das Mães, recebeu críticas das autoridades. Sua persistência para a institucionalização do Dia e da Semana da criança visava não motivos comerciais, mas acreditava que seria uma importante forma de chamar a atenção sobre os problemas da infância.

Colaborou ainda para ajudar a eleger Carlota Pereira de Queiroz, médica paulistana e primeira mulher eleita deputada federal no Brasil, na Constituinte de 1934.

Por sua atuação essencial à história da assistência à infância, Pérola foi alvo de várias homenagens. Em 1947 recebeu o título de Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Pediatria. Até a ocasião, a única não-pediatra, a merecer tamanha distinção.

Emprestou seu nome ao antigo Hospital da Cruzada, batizado de Pérola Byington após seu falecimento, em 1963, e também à praça localizada em frente ao hospital, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, região central da cidade de São Paulo. Em 1978 seu busto foi inaugurado na praça.

A maior homenagem certamente à Pérola, contudo, é a forma como seu hospital hoje em dia é conhecido pela população: Hospital da Mulher.

Marquesa de Santos

DOMITILA DE CASTRO DO CANTO E MELO
(69 anos)
Nobre

* São Paulo, SP (27/12/1797)
+ São Paulo, SP (03/11/1867)

Domitila de Castro do Canto e Melo, primeira e única Viscondessa com grandeza e Marquesa de Santos, foi uma nobre brasileira, célebre amante de Dom Pedro I, Imperador do Brasil, que lhe conferiu o título nobiliárquico de Marquesa em 12 de outubro de 1826.

Filha de João de Castro do Canto e Melo, o primeiro Visconde de Castro, e de Escolástica Bonifácia de Oliveira Toledo Ribas, pertencia uma tradicional família paulista, era neta do coronel Carlos José Ribas, tetraneta de Simão de Toledo Piza, patriarca da família em São Paulo.

O brigadeiro João de Castro Canto e Melo nasceu na ilha Terceira, nos Açores, em 1740 e morreu no Rio de Janeiro em 1826. Era filho de João Batista do Canto e Melo e de Isabel Ricketts, e descendia de Pedro Anes do Canto, da Ilha Terceira. Passou a Portugal, assentando praça de cadete aos 15 anos em 1 de janeiro de 1768, nomeado Porta Bandeira em 17 de outubro de 1773. Tinha 21 anos quando, em 1774, foi para o Rio de Janeiro e meses depois para São Paulo. Foi transferido para o regimento de linha de Infantaria de Santos, promovido a alferes em 1775 e a tenente no mesmo ano, a ajudante em 1778. Era capitão em 1798, major no mesmo ano, em 1815 tenente-coronel. Mais tarde, depois dos amores da filha com o imperador, foi feito Gentil-Homem da Imperial Câmara e ainda recebeu o título nobiliárquico de Visconde de Castro em 12 de outubro de 1825.

Eram Irmãos de Domitila

  • João de Castro Canto e Melo, marechal-de-campo e Gentil-Homem da Imperial Câmara, que seria agraciado segundo Visconde de Castro em 1827.
  • José de Castro Canto e Melo, batizado em São Paulo em 17 de outubro de 1787, brigadeiro do exército brasileiro. Soldado aos cinco anos, em 1 de julho de 1792, porta-estandarte em 1801, alferes em 1807, tenente efetivo em 1815, comandante do esquadrão de cavalaria da Legião de São Paulo e no combate de Itupuraí, campanha de 1816. Capitão em 1818. Sargento-mor do Regimento de Cavalaria de 2.ª Linha da Vila de Curitiba, então Província de São Paulo, em 1824. Coronel do Estado-Maior do Exército em 1827. Teve licença para tratar da saúde em 1829. Brigadeiro reformado do Exercito. Gentil Homem da Imperial Câmara, dela demitido em 1842. Era Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis, 1824 e foi promovido a comendador na mesma ordem em 1827. Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro em 1827.
  • Maria Benedita de Castro Canto e Melo, batizada em 18 de dezembro de 1792, que morreu em 5 de março de 1857. Casada com Boaventura Delfim Pereira, Barão de Sorocaba, tornando-se Baronesa Consorte de Sorocaba. Deixou descendência ilegítima com Dom Pedro I, o amante de sua irmã.
Marquesa de Santos com seus netos
Primeiro Casamento

Em 13 de janeiro de 1813, Domitília, aos quinze anos de idade (completaria dezesseis em dezembro desse ano) casou-se com um oficial do segundo esquadrão do Corpo dos Dragões da cidade de Vila Rica, o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça (1789–1833), citado por diversos historiadores como um homem violento, que a espancava e violentava, e de quem se divorciou em 21 de maio de 1824.

Do casamento nasceram três filhos, Francisca, Felício e João, morto com poucos meses, pois, durante sua gravidez, Domitília foi espancada e esfaqueada pelo marido em 1819.

O Caso de Amor Com Dom Pedro I

Em 1822, Domitila a conheceu Dom Pedro de Alcântara (1798–1834) dias antes da proclamação da Independência do Brasil, em 29 de agosto de 1822. O Príncipe-Regente estaria voltando de uma visita à Santos , quando recebeu, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, duas correspondências (duas missivas da Imperatriz Leolpoldina e uma de José Bonifácio de Andrada e Silva) que o informava sobre as decisões da corte portuguesa, em que Pedro deixava de ser Regente para apenas receber e acatar as ordens vindas de Lisboa. Indignado por essa "ingerência sobre seus atos como governante", e influenciado por auxiliares que defendiam a ruptura com as Cortes, especialmente por José Bonifácio, decidiu pela separação do reino de Portugal e Algarves.

Dom Pedro tinha fama de mulherengo. Em 9 de maio de 1826 seriam legitimados passaportes para a Europa de uma francesa, Adèle Bonpland, em companhia de uma filha e de um criado índio: Ela foi amante do Príncipe. Outra francesa foi Madame Clemence Saisset, cujo marido tinha loja na Rua do Ouvidor. A Baronesa de Sorocaba, irmã de Domitila, também pertencia à lista.

Solar da Marquesa de Santos
Em 1823 o Imperador a instalou na rua Barão de Ubá, hoje bairro do Estácio, que foi a primeira residência de Domitila no Rio de Janeiro. Posteriormente em 1826 recebeu de presente a "Casa Amarela", como ficou conhecida sua mansão, no número 293 da atual Avenida Dom Pedro II, perto da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, onde hoje funciona o Museu do Primeiro Reinado. Comprou a casa do Drº Teodoro Ferreira de Aguiar e mandou contratar uma reforma em estilo neoclássico com o arquiteto Pedro José Pézerat. As pinturas murais internas são obra de Francisco Pedro do Amaral, os baixos-relevos internos e externos por Marc Ferrez e Zephérine Ferrez. Mais tarde a casa foi comprada pelo Barão de Mauá, e por volta de 1900 pelo médico Abel Parente, protagonista de um dos maiores escândalos do Rio de Janeiro em 1910. Passou a ser Museu do Primeiro Reinado no final dos anos 1980. Domitila mudou-se em 1826 e ali viveu até 1829.

Domitila foi, em 12 de outubro de 1825, feita Viscondessa de Santos e, em 12 de outubro de 1826, elevada a primeira Marquesa de Santos. Seus pais foram agraciados com benesses imperiais, seu irmão Francisco feito ajudante de campo do Imperador. Constava que seus ciúmes tinham encurtado a vida da Imperatriz Leopoldina, que sua ambição era ver o Imperador legitimar seus filhos, tornando-os príncipes de sangue e assim em pé de igualdade com os filhos legítimos.

Dom Pedro e Domitila romperam em 1829, quando segundo o comentário da época (pois nada se comprovou) ela tentou balear a sua própria irmã Maria Benedita (Baronesa de Sorocaba), ao descobrir seu relacionamento com o Imperador - que teve como fruto: Rodrigo Delfim.

Porém, o maior motivo para a separação foi devido as segundas núpcias de Dom Pedro I com Amélia de Leuchtenberg. Ele procurava desde 1827 uma noiva nobre de sangue e seu relacionamento com Domitila e os sofrimentos causados a Leopoldina por este, eram vistos com horror pelas cortes européias e várias princesas recusaram-se a casar-se com Dom Pedro. Uma das cláusulas do contrato nupcial de Amélia de Leuchtenberg e Dom Pedro dizia que ele deveria afastar-se para sempre de Domitila e bani-la do império.

Posteridade Ilegítima de Dom Pedro I

Nasceram-lhes cinco filhos:

  • Um menino natimorto (1823);
  • Isabel Maria de Alcântara Brasileira (1824-1898), Duquesa de Goiás;
  • Pedro de Alcântara Brasileiro (1825-1826), falecido antes de completar um ano;
  • Maria Isabel de Alcântara Brasileira (1827), Duquesa do Ceará, que morreu com meses de idade, antes de lhe ser lavrado o título;
  • Maria Isabel II de Alcântara Brasileira (1830-1896), Condessa Consorte de Iguaçu.

Marquesa de Santos
Títulos

Em 4 de abril de 1825 foi nomeada Dama Camarista da Imperatriz, recebeu o título de Viscondessa de Santos em 12 de outubro do mesmo ano. Em 12 de outubro de 1826 tem seu título elevado à Marquesa de Santos. A referência a Santos era uma clara afronta aos irmãos Andradas, naturais dessa cidade e então exilados na França.

Domitila ainda recebeu em 4 de abril de 1827 a Ordem de Santa Isabel de Portugal. As datas 4 de abril e 12 de outubro são referentes ao nascimento da Rainha de Portugal, Dona Maria da Glória e de seu pai, Dom Pedro I, respectivamente. Nesses natalícios, comendas, títulos e anistias eram distribuídas como parte das comemorações.

Relacionamento

O amor ardente do casal, descrito em obras diversas do Brasil, abalou profundamente o prestígio de Dom Pedro I na corte e as interferências políticas de Domitila prejudicaram seu governo. A história do Primeiro Reinado mostra que, graças a gestos impulsivos, demitiu e perseguiu vários ministros, tomou decisões temerárias, cometeu erros difíceis de perdoar.

Em junho de 1829, quando estava já acertado o casamento de Dom Pedro I com Princesa de Leuchtenberg, Amélia de Beauharnais, o embaixador da Áustria no Rio de Janeiro, escreveu a Viena:

"O Imperador Dom Pedro acabou por se convencer de que a presença da Senhora de Santos seria sempre inoportuna e que uma simples mudança de residência não satisfaria ninguém; ele insistiu na venda de suas propriedades, o que segundo soube já foi providenciado e na sua partida para São Paulo em oito ou dez dias."

O Imperador acabou comprando os prédios de São Cristóvão por 240 contos (240 apólices da Divida Pública 'da Caixa d Amortização' de 1 conto de réis), devolvendo a Domitila "em bilhetes de São Paulo" 14 contos de réis, dois contos pelo camarote com que a tinha presenteado, mesada de um conto de réis por mês posto à sua ordem, "ao par ou em bilhetes". Falando do palacete, disse o embaixador:

"Servirá à jovem Rainha e sua corte."

Tratava-se de Dona Maria da Glória, futura Rainha Dona Maria II de Portugal. Por isso ficaria depois conhecido como Palacete da Rainha, já que efetivamente Dona Maria da Glória ali se instalou, embora por curto período.

O Segundo Casamento

A Marquesa de Santos conheceu o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar (1794–1857), com quem se uniu em 1833, tendo casado em segundas núpcias em 14 de junho de 1842. Dessa união, nasceram seis filhos: Rafael Tobias de Aguiar e Castro, João Tobias de Aguiar e Castro, Antônio Francisco de Aguiar e Castro, Brasílico de Aguiar e Castro, Gertrudes de Aguiar e Castro e Heitor de Aguiar e Castro, esses dois últimos falecidos na infância.

Velhice

Em sua velhice, a Marquesa de Santos tornou-se uma senhora devota e caridosa, procurando socorrer os desamparados, protegendo os miseráveis e famintos, cuidando de doentes e de estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco no centro da cidade de São Paulo.

A casa da Marquesa tornou-se o centro da sociedade paulistana, animada com bailes de máscaras e saraus literários.

A Marquesa de Santos (cidade onde nunca residiu) faleceu vítima de Enterocolite (inflamação do intestino delgado e do cólon) no seu palacete na Rua do Carmo, atual Roberto Simonsen, próximo ao Pátio do Colégio, em 3 de Novembro de 1867, sendo sepultada no Cemitério da Consolação. A capela original foi construída com uma doação feita por Domitila de 2 contos de réis.

Apesar de circularem informações dizendo que o terreno do cemitério foi doado pela Marquesa de Santos, esta versão é incorreta. Segundo a mesma fonte, o cemitério foi construído, parte em terras de domínio público e parte em terras adquiridas de Marciano Pires de Oliveira por 200.000 réis, o qual doou outra parte.

Após a inauguração, a área foi aumentada com terras desapropriadas do conselheiro Ramalho e de Joaquim Floriano Wanderley.

Sua sepultura no Cemitério da Consolação foi recuperada no início da década de oitenta pelo sanfoneiro Mario Zan. Mario Zan, um dos mais famosos devotos de Domitila, cuidou do jazigo durante anos e foi sepultado em um túmulo diante do da Marquesa.

O túmulo de Domitila recebe sempre flores frescas de pessoas que continuam a considerá-la uma santa popular. Entre as lendas está que ela protege as prostitutas da cidade e, devido ter conseguido um bom casamento e reestruturar dignamente a sua vida após o relacionamento com Dom Pedro I, passou a ser uma inspiração às moças que queriam se casar com um bom partido. Na sua lápide existe uma placa agradecendo uma graça alcançada.

Representações na Cultura

A Marquesa de Santos já foi retratada como personagem no cinema e na televisão.
  • No filme mudo "O Grito do Ipiranga" (1917), ela foi vivida por Luíza Lambertini;
  • No filme "Independência ou Morte" (1972), a Marquesa foi interpretada por Glória Menezes;
  • Na telenovela "Helena" (1987), por Norma Suely;
  • Na minissérie "Marquesa de Santos" (1984), o papel-título foi de Maitê Proença;
  • Na minissérie "Entre o Amor e a Espada" (2001), a marquesa foi Rejane Santos;
  • No documentário "A Marquesa de Santos, Uma História Real" (2001), a marquesa foi, novamente, representada por Rejane Santos;
  • Na minissérie "O Quinto dos Infernos" (2002), o papel da marquesa coube a Luana Piovani.

Túmulo da Marquesa de Santos
Ópera

Em 2000, estreou no Rio de Janeiro a ópera de câmara "Domitila", com música e libreto do compositor carioca João Guilherme Ripper. O espetáculo para soprano e três músicos (clarineta, violoncelo e piano) trata das cartas de amor entre Dom Pedro I e a Marquesa de Santos. A ópera foi apresentada em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Petrópolis.

Em 2010 foi reencenada, por meio do Prêmio Funarte Circuito de Música Clássica em Porto Alegre, Joinville, Cuiabá, Campo Grande e Dourados. No papel de Domitila a Soprano Maíra Lautert. O grupo de músicos foi formado por Priscila Bomfim, piano; Thiago Tavares, clarineta e Mateus Ceccato, violoncelo. A direção musical ficou a cargo de Priscila Bomfim e a direção cênica a cargo de Luiz Kleber Queiroz.

Fonte: Wikipédia