Cláudio Corrêa e Castro

CLÁUDIO LUÍS MURGEL CORRÊA E CASTRO
(77 anos)
Ator

* Rio de Janeiro, RJ (27/02/1928)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/08/2005)

Cláudio Luís Murgel Corrêa e Castro foi um ator brasileiro. Sempre foi considerado um ator notável, culto e versátil. Foi um dos recordistas de participação em telenovelas no Brasil, chegando a atuar em mais de quarenta folhetins.

Começou a carreira artística no teatro e no cinema. Mas, depois que entrou para a TV, dedicou-se a ela inteiramente. Sua primeira novela foi "A Muralha", de Ivani Ribeiro, exibida em 1968 na TV Excelsior. Depois fez "Dez Vidas", no papel do Visconde de Barbacena, "Sangue Do Meu Sangue", "A Menina Do Veleiro Azul" e "Os Estranhos".

Na TV Tupi atuou durante oito anos participando de trabalhos como "Meu Pé De Laranja Lima", "Nossa Filha Gabriela", "Signo Da Esperança", "Camomila e Bem-Me-Quer", "Mulheres De Areia", "Os Inocentes", "A Viagem", "Xeque-Mate", "O Julgamento" e "O Profeta".

No teatro, um de seus momentos mais marcantes foi fazendo "Galileu, Galilei".


Na TV Globo, onde estreou em 1978 fazendo "Dancin’Days", fez mais de uma dezena de personagens. Entre as muitas novelas das quais participou, praticamente uma após a outra, estão "A Gata Comeu", "Paraíso", "Transas e Caretas", "Hipertensão", "Bambolê", "Tieta", "O Dono do Mundo", "Deus Nos Acuda", "Pátria Minha", "Incidente Em Antares", "O Rei Do Gado", "Anjo De Mim", "A Padroeira", "O Quinto Dos Infernos", "Esperança", "O Anjo Mau", "A Casa Das Sete Mulheres", "Kubanacan" e "Chocolate com Pimenta".

Ficou marcado por tipos como o Srº Leopoldo de "Força De Um Desejo", em 1999, o Conde Klaus de "Chocolate Com Pimenta", em 2003, o Gugu de "A Gata Comeu", de 1985, o Vidal de "Eu Prometo" e o Arcanjo Gabriel de "Deus Nos Acuda", ao lado de Dercy Gonçalves.

No cinema trabalhou em "O Grande Mentecapto", de Oswaldo Caldeira, em 1985, e em "Tiradentes", também de Oswaldo Caldeira, de 1999.

Cláudio cursou Faculdade de Belas Artes na França e após formado, retornou ao Brasil, começando sua carreira de artista como pintor, mas logo o teatro entrou em sua vida. Na década de 1960, foi convidado para ser o primeiro diretor do Teatro de Comédia do Paraná (TCP) e foi quando convidou o casal Paulo Goulart e Nicette Bruno para fazerem parte da primeira composição do TCP.

Foi casado com a atriz Ileana Kwasinski, falecida em 1995, com quem teve um filho chamado Guilherme, e outros dois do segundo casamento, Gabriel e João Pedro.

Morte

Cláudio Corrêa e Castro morreu na tarde de 16/08/2005, por volta das 16:00 hs, no Hospital de Clínicas Niterói, no Rio de Janeiro. A causa da morte foi disfunção múltipla dos órgãos. Em 2005 ele esteve internado diversas vezes.

Cláudio Corrêa e Castro foi submetido no dia 26/04/2005 a uma cirurgia cardíaca, com sucesso na época, no Hospital São Lucas, tendo alta hospitalar em 06/05/2005.

No dia 24/05/2005, porém, ele foi novamente internado na Unidade Cardiointensiva, do mesmo hospital, com um quadro infeccioso decorrente da ferida operatória na perna e no antebraço esquerdo. Em 09/06/2005, o paciente teve alta do CTI para um quarto particular.

Em 20/06/2005 ele voltou para a Unidade Cardiointensiva com sinais de perda de consciência e agravamento da ferida operatória. Três dias depois, estabilizado e lúcido, Cláudio Corrêa e Castro foi transferido para o CTI do Hospital de Clínicas Niterói, a pedido da família, por questões geográficas, pois eles residem em Niterói.

Em comunicado enviado à imprensa, o hospital afirmou que, durante o período de internação, o ator apresentou graves complicações decorrentes do pós-operatório de uma cirurgia de revascularização do miocárdio, que piorou porque o paciente era portador de diabetes e de hipertensão arterial.

O corpo do ator foi velado e enterrado no Cemitério do Caju, no Rio de Janeiro e o enterro ocorreu às 14:00 hs.

Televisão

Telenovelas e Seriados:
  • 2005 - Zorra Total ... Anacreto
  • 2003 - Chocolate Com Pimenta ... Conde Klaus Von Burgo
  • 2003 - Kubanacan ... Tijon Afonso Burlamaqui
  • 2002 - Malhação ... Juiz Aristides Maia
  • 2002 - Esperança ... Agostino
  • 2001 - A Padroeira ... Dom Agostinho de Miranda
  • 2001 - Porto Dos Milagres ... Seu Babau
  • 2000 - O Cravo e a Rosa ... Normando Castor
  • 1999 - Força De Um Desejo ... Leopoldo Silveira
  • 1998 - Meu Bem Querer ... Ovídio
  • 1997 - Anjo Mau ... Augusto Machado
  • 1996 - Anjo De Mim ... Inácio
  • 1996 - O Rei Do Gado ... Toni Vendacchio
  • 1995 - História De Amor ... Rômulo Sampaio
  • 1994 - Pátria Minha ... Valdomiro
  • 1992 - Deus Nos Acuda ... Anjo Gabriel
  • 1991 - O Dono Do Mundo ... Vicente
  • 1989 - Tieta ... Padre Mariano
  • 1988 - Vale Tudo ... Bartolomeu Meirelles
  • 1987 - Bambolê ... Bambriani
  • 1986 - Sinhá Moça ... Aristides
  • 1986 - Hipertensão ... Napoleão
  • 1985 - A Gata Comeu ... Gustavo Penaforte (Gugu)
  • 1984 - Transas e Caretas ... Régis
  • 1984 - Caso Verdade, Esperança ... Farina
  • 1983 - Champagne ... Ralph
  • 1983 - Eu Prometo ... Vidal Marques
  • 1982 - Paraíso ... Coronel Eleutério
  • 1981 - Jogo Da Vida ... Etevaldo de Alencastro
  • 1980 - As Três Marias ... Jonas
  • 1980 - Chega Mais ... Belmiro
  • 1979 - Cabocla ... Coronel Boanerges
  • 1978 - Dancin' Days ... Franklin
  • 1977 - O Profeta ... Clóvis
  • 1976 - O Julgamento ... Lourenço Paixão
  • 1976 - Xeque Mate ... Raffles
  • 1975 - A Viagem ... Daniel
  • 1975 - Meu Rico Português ... Rudolph
  • 1974 - Os Inocentes ... Padre João
  • 1973 - Mulheres De Areia ... Virgílio Assunção
  • 1972 - Camomila e Bem-Me-Quer ... Romão
  • 1971 - Nossa Filha Gabriela ... Napoleão
  • 1970 - O Meu Pé De Laranja Lima ... Manuel Valadares
  • 1970 - As Bruxas ... Otto
  • 1969 - Dez Vidas ... Visconde de Barbacena
  • 1969 - Os Estranhos ... Radamés
  • 1969 - Sangue do Meu Sangue ... Dom Pedro II
  • 1968 - A Muralha ... Dom Manuel Nunes Viana

Minisséries:
  • 2003 - A Casa Das Sete Mulheres
  • 2002 - O Quinto Dos Infernos ... Dr. Vieira
  • 1995 - Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados ... Drº Arnaldo
  • 1994 - Incidente Em Antares ... Vivaldino Brazão
  • 1993 - Agosto ... Ilídio
  • 1990 - Boca Do Lixo ... Junqueira
  • 1988 - O Primo Basílio ... Ricardo
  • 1986 - Anos Dourados ... Carneiro
  • 1983 - Parabéns Pra Você ... Moreira Braga
  • 1982 - Lampião e Maria Bonita ... Euclides Fonseca


Cinema

  • 2004 - Irmãos de Fé
  • 2001 - Minha Vida Em Suas Mãos
  • 2000 - Xuxa Popstar
  • 2000 - Duas Vezes Com Helena
  • 1999 - Mauá - O Imperador e o Rei
  • 1999 - Tiradentes
  • 1997 - O Noviço Rebelde
  • 1986 - O Grande Mentecapto
  • 1981 - Engraçadinha
  • 1980 - Os Sete Gatinhos
  • 1980 - Prova De Fogo
  • 1979 - O Caso Cláudia
  • 1977 - Elas São Do Baralho
  • 1976 - Tiradentes, o Mártir Da Independência
  • 1973 - Amante Muito Louca
  • 1967 - O Mundo Alegre De Helô
  • 1962 - Cinco Vezes Favela (Episódio "Couro De Gato")
  • 1959 - Um Caso de Polícia

Fonte: Wikipédia

Rubens Corrêa

RUBENS ALVES CORRÊA
(64 anos)
Ator e Diretor de Teatro

* Aquidauana, MS (23/01/1931)
+ Rio de Janeiro, RJ (22/01/1996)

O ator e diretor Rubens Corrêa construiu o Teatro Ipanema onde, tendo Ivan de Albuquerque como parceiro e sócio, desempenhou a maior parte dos papéis de sua carreira, sempre interpretando personagens fortes e que procuravam refletir as questões da arte e da sociedade contemporâneas.

Formou-se como ator em O Tablado em 1958, cursando, também, direção na Escola de Dulcina de Morais, na Fundação Brasileira de Teatro - FBT, ao lado de Ivan de Albuquerque, Yan Michalski e Cláudio Corrêa e Castro.

Associa-se a Ivan, com quem funda o Teatro do Rio onde, em 1959, estréia profissionalmente como ator e diretor e realiza em média três espetáculos por ano. É dirigido por Ziembinski em "Espectros" de Henrik Ibsen e "O Círculo Vicioso" de Somerset Maugham, ambos de 1961.

Tem a primeira consagração em "A Escada", de Jorge Andrade, que lhe rende Prêmio Moliére de melhor ator, em 1963. No ano seguinte, seu desempenho no monólogo "Diário de um Louco" de Nikolai Gogol, salva a companhia de uma iminente falência - sendo reprisado sempre que há crise financeira.

Entre 1964 e 1968, Rubens e Ivan se dedicam à construção de sua sede própria. Em 1967, atua em São Paulo, em "Marat-Sade", de Peter Weiss, direção de Ademar Guerra, como o Marquês de Sade, Prêmio Governador do Estado como melhor ator. Já no Teatro Ipanema, em "O Assalto", de José Vicente, dirigido por Fauzi Arap, destaca-se recebendo os prêmios Estácio de Sá e Golfinho de Ouro de melhor ator.

Em "O Arquiteto e o Imperador da Assíria", de Fernando Arrabal, em 1970, traz uma dimensão libertária, em que o primitivo e o ritual se expressam na visceralidade das ações do corpo, e ele foi preparado por Klauss Vianna. "Hoje É Dia de Rock", também de José Vicente, lhe permite criar o maior sucesso da companhia, além de render-lhe o Prêmio Molière de melhor diretor de 1971.

Suas elogiadas encenações do início da década de 70, "A China é Azul", de José Wilker, em 1972 e "Ensaio Selvagem" de José Vicente, em 1974, se caracterizam pela sofisticação plástica da linguagem e colocam em cena uma sucessão de imagens - não só visuais, como também sonoras - de apelo sensorial.

A partir de 1977, passa a trabalhar exclusivamente como ator, protagonizando todas as peças da companhia. É premiado com o Molière de melhor ator, como Molina, em "O Beijo da Mulher Aranha", de Manuel Puig, em 1981.

Em "Artaud!", coletânea de textos de Antonin Artaud, em 1986, faz um monólogo marcado pela entrega, ficando em cartaz por mais de três anos. Em 1993, com "O Futuro Dura Muito Tempo", de Louis Althusser, adaptação e direção de Márcio Vianna, tem sua última representativa atuação, ganhando o Prêmio Shell de melhor ator.

Estudioso em particular da obra de Jung (colabora, durante anos, com a doutora Nise da Silveira, no Museu do Inconsciente), extrai desse conhecimento parte da peculiaridade de seu estilo de interpretação. As personagens levam à cena o temperamento do ator expresso na sonoridade das palavras e no desenho dos gestos, imprimindo uma performance ao mesmo tempo estilizada e emotiva.

O crítico Yan Michalski, estabelecendo o perfil artístico do ator, analisa: "Figura singular, e uma das mais unanimemente admiradas dos palcos brasileiros, Rubens Corrêa é um ator diferente: talvez o último - e o único da sua geração - remanescente da estirpe dos monstros sagrados, em função da aura de magia e de sagrado que cerca a sua presença cênica e o seu conceito do ofício de ator. Mas um monstro sagrado visceralmente moderno, familiarizado com todos os desdobramentos da arte teatral na atualidade, e sempre pronto a transformar cada trabalho novo num mergulho no desconhecido. Por outro lado, um trabalhador fanático, que até hoje não passa um dia sem afiar o seu instrumental de voz e de corpo e aprofundar o seu estudo do teatro e do mundo. (...) Seu forte são as personagens de estatura acima da média dos homens comuns: os grandes loucos, os grandes desesperados, os grandes lúcidos ou místicos".

Rubens Corrêa morreu em 1996, vítima de AIDS.

Fonte: Dramaturgia Brasileira - In Memoriam

Zeni Pereira

ZENI PEREIRA
(77 anos)
Atriz

* Salvador, BA (09/12/1924)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/03/2002)

A baiana Zeni Pereira estreou em 1952, fazendo a Tia Nastácia do "Sítio do Pica-Pau Amarelo", na TV Tupi do Rio de Janeiro.

Em 1973, voltou a viver a personagem, mas no cinema, no filme "O Pica-Pau Amarelo", de Geraldo Sarno.

Sua primeira novela foi "O Doce Mundo de Guida", exibida pela TV Tupi, em 1969. No mesmo ano atuou em "Véu de Noiva", de Janete Clair, na TV Globo.

No cinema, Zeni Pereira participou de vários filmes de sucesso. Confira abaixo a relação dos filmes mas ficou conhecida nacionalmente pelo papel da cozinheira Januária da novela "Escrava Isaura", da TV Globo em 1976.

Zeni Pereira foi uma das atrizes que mais trabalhou com o novelista Gilberto Braga - atuou em seis produções escritas por ele, incluindo o grande sucesso "Escrava Isaura", no qual interpretou a cozinheira Januária. Os outros trabalhos foram: "Dona Xepa", "Corpo a Corpo", "Vale Tudo", "Anos Rebeldes" e o último, "Pátria Minha".

Assim como vários atores negros de sua geração, Zeni Pereira iniciou sua carreira no Teatro Experimental do Negro, ao lado de Ruth de Souza, Haroldo Costa, Léa Garcia, Abdias do Nascimento, entre outros.

Pelo Teatro Experimental do Negro ela atuou em peças como "Aruanda", em 1948, e viveu Clio, mãe do personagem-título de primeira montagem de "Orfeu da Conceição".

Em 1951, Zeni Pereira atuou em "Paiol Velho", de Abílio Pereira de Almeida, no Teatro Brasileiro de Comédia, ao lado de Cacilda Becker.

Zeni Pereira faleceu em 21 de março de 2002, no Rio de Janeiro, vítima de Falência Múltipla dos Órgãos, em decorrência de um derrame cerebral.

Marcos Nanini e Zeni Pereira na novela Carinhoso
Cinema
  • 1987 - Running Out Of Luck
  • 1987 - Brasa Adormecida
  • 1985 - Femmine In Fuga
  • 1984 - Blame It On Rio
  • 1983 - Gabriela, Cravo E Canela
  • 1978 - Uma Aventura Na Floresta Encantada
  • 1975 - O Trapalhão Na Ilha Do Tesouro
  • 1975 - Os Pastores Da Noite
  • 1974 - O Comprador De Fazendas
  • 1974 - O Pica-Pau Amarelo
  • 1973 - Salve-se Quem Puder
  • 1972 - Um Marido Sem… É Como Um Jardim Sem Flores
  • 1972 - Quando O Carnaval Chegar
  • 1972 - Som Amor E Curtição
  • 1971 - Como Ganhar Na Loteria Sem Perder A Esportiva
  • 1971 - Rua Descalça
  • 1970 - Pais Quadrados… Filhos Avançados
  • 1968 - Jovens Pra Frente
  • 1965 - Samba
  • 1964 - Um Morto Ao Telefone
  • 1961 - Teus Olhos Castanhos
  • 1961 - Samba Em Brasília
  • 1959 - Orfeu Negro
Beatriz Lyra e Zeni Pereira na novela "Escrava Isaura"
Televisão
  • 1994 - Pátria Minha ... Isaura
  • 1992 - Anos Rebeldes ... Talita
  • 1989 - Kananga Do Japão ... Maria Santa
  • 1988 - Vale Tudo ... Maria José
  • 1988 - O Pagador De Promessas ... Mãe Maria
  • 1986 - Sinhá Moça ... Margarida
  • 1984 - Corpo A Corpo ... Odete Paiva Manhães
  • 1982 - Caso Verdade, Borboleta Na Cabeça ... Vovó Ana
  • 1977 - Dona Xepa ... Corina
  • 1976 - Escrava Isaura ... Januária
  • 1975 - Escalada ... Braulina
  • 1973 - Carinhoso ... Donana
  • 1972 - A Patota ... Basília
  • 1972 - Bicho Do Mato ... Dora
  • 1971 - O Homem Que Deve Morrer ... Conceição
  • 1970 - Irmãos Coragem ... Virgínia
  • 1970 - Verão Vermelho
  • 1969 - Véu De Noiva
  • 1969 - O Doce Mundo De Guida
  • 1952 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Tia Nastácia

Fonte: Wikipédia e Por Onde Anda

Thales Pan Chacon

THALES PAN CHACON
(40 anos)
Ator, Bailarino e Coreógrafo

* São Paulo, SP (23/11/1956)
+ São Paulo, SP (02/10/1997)

Estudou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, mas não terminou o curso, que abandonou em 1978. Nessa época, já se dedicava ao teatro.

Foi para a Bélgica, onde foi aluno de Maurice Béjart. Na volta, Thales Pan Chacon participou de "A Chorus Line", dirigido por Walter Clark.

No teatro, Thales Pan Chacon trabalhou ainda no musical "Gardel, uma Lembrança" (1987) e protagonizou "Theatro Musical Brazileiro" (1995). Ainda no palco, atuou em "Trilogia da Louca", "O Drácula", "Descalços no Parque", "Gilda - Um Projeto de Vida", "No Coração do Brasil" e "Fedra", na qual foi responsável também pela coreografia da peça.


Teve reconhecimento profissional do grande público ao atuar ao lado de Fernanda Torres no filme "Eu Sei Que Vou Te Amar".

A popularidade o levou às novelas, principalmente da Rede Globo.

Em 1993, foi internado com quadro grave de pneumonia, mas se restabeleceu e voltou a trabalhar após algum tempo. Seu último trabalho foi no filme "La Serva Padrona", da diretora, amiga e ex-esposa Carla Camurati, que também o tinha dirigido em "Carlota Joaquina - Princesa do Brazil" e no curta "A Mulher Fatal Encontra O Homem Ideal".

Faleceu aos 41 anos, vítima do vírus da AIDS, quando estava ensaiando a ópera "La Serva Padrona". O corpo do ator foi enterrado no Cemitério da Paz, no Morumbi.

Foi casado com a atriz e diretora Carla Camurati por seis anos.

Fonte: Dramaturgia Brasileira - In Memoriam

Norma Geraldy

IONE SARTINI
(95 anos)
Atriz

* Uberaba, MG (30/12/1907)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/12/2003)

Norma Geraldy, nome artístico de Ione Sartini, nasceu em Uberaba, em 21 de dezembro, mas o pai só a registrou no dia 30 do mesmo mês.

Quando criança, os olhos azuis da pequena Ione brilhavam toda vez que o pai, o relojoeiro italiano Dante Sartini, e os quatro irmãos se desfaziam de suas velhas meias de malha colorida. Era com aquele material que a menina confeccionava suas bonecas de pano, seus únicos brinquedos na década de 20. "Se quisesse uma boneca de porcelana, tinha que torcer para alguém trazer da Europa porque, no Brasil, não existia", lembra. Na escola, ela se destacava não só pelas notas altas como por sua performance nas peças de teatro. Com o tempo, descobriu sua vocação para a carreira artística e passou a ter aulas de canto e piano, instrumento que ela tocou até o final da vida no apartamento em que morava, em Copacabana, a um quarteirão da praia, onde costumava caminhar diariamente.

Da infância em Uberaba ela se recorda das viagens de trem para Araminas, onde moravam os tios. O maior passatempo da menina era ver o trem chegar à estação, com os vagões repletos de gente, bois, cavalos, cana e o que mais fosse preciso trazer para a população local. Quando a Primeira Guerra Mundial estourou, em 1914, ela viu a gripe espanhola invadir sua casa e contagiar os irmãos. "Ajudei a cuidar deles sem contrair a doença", recordava-se, orgulhosa de nunca ter tido problemas sérios de saúde.

O talento para representar e cantar só foi descoberto quando a atriz chegou ao Rio de Janeiro, em 1932, e passou a percorrer várias rádios em busca de emprego. Nesta época, já havia se separado do primeiro marido, o bancário Urquiza de Carvalho, pai de seu único filho, Israel. Ela se lembra bem da primeira vez em que foi à Rádio Mayrink Veiga. "Recebi um grande elogio da Carmem Miranda, que ficou encantada ao me ver tocar piano", conta ela. Carmem tornou-se uma de suas melhores amigas. "Era sempre convidada para festas em sua casa e foi lá que eu vi, pela primeira vez, uma cama de casal redonda", diverte-se. A morte de Carmem Miranda, em 1955, a deixou abalada.

Na ocasião, já usava o nome artístico de Norma Geraldy, escolhido pelo diretor de teatro Olavo de Barros em homenagem ao poeta francês Paul Geraldy. Norma pediu dispensa do Programa César de Alencar, na Rádio Nacional, para ir ao enterro.

Um ano antes, em 1954, fez o mesmo na morte do então presidente Getúlio Vargas. "Getúlio era amigo do meu segundo marido, o Procópio Ferreira, e freqüentava a minha casa", conta.

No Rio, o primeiro emprego de Norma foi na Rádio Clube do Brasil, onde cantava operetas e fazia teatro. Para trabalhar, matriculou o filho num colégio interno e só o via nos finais de semana. Anos depois, ingressou na Companhia de Teatro de Dulcina de Moraes, de onde só saiu em 1936, quando passou a ser a atriz principal da Companhia Teatral de Procópio Ferreira, com quem dividiu o palco em 75 peças durante os dez anos de casamento. "Procópio se apaixonou por mim e chegou a pagar uma multa de 60 mil contos de réis para me contratar", conta Norma, que trocou a companhia de Dulcina pela do marido antes do término do contrato. Com o ator, ela não teve filhos, mas tornou-se madrasta da também atriz Bibi Ferreira. Hoje, Norma tem dois netos - a designer Angela de Carvalho e o guitarrista Celso Blues Boy - e três bisnetas.

Norma Geraldy também brilhou na música. Gostava tanto de cantar que viajou para o Pará e para a Venezuela, em plena Segunda Guerra Mundial, para entreter os soldados. Em 1953, através de concurso, ela ingressou no Coral do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde ficou por 30 anos. No início da década de 50, costumava nadar à noite na praia de Copacabana. "Eu chegava do Municipal por volta das 20h, vestia meu maiô e ia para a praia", diz. "Certa vez, encontrei com o Sílvio Caldas dentro d'água e nadamos juntos."

Somente aos 72 anos Norma Geraldy entrou para a tevê. Sua primeira novela foi "Te Contei?" em 1979, na Rede Globo. Mas seu grande sucesso veio em seguida, com a Tia Mena, de "O Jogo da Vida". Foi nos anos 80 que ela virou funcionária da emissora. Participou do seriado "Mulher", depois de atuar em "Sol de Verão", "Vereda Tropical", "A Gata Comeu", "O Salvador da Pátria" e "Por Amor".

Na ditadura militar, ela escapou de um tiroteio na Avenida Rio Branco, onde passeava com o filho. "Corremos para o antigo Café Nice e nos escondemos debaixo das mesas", recorda a atriz.

Na TV Globo atuou em 25 produções entre humorísticos e minisséries. Seu último trabalho foi em "A Casa das Sete Mulheres".

Norma Geraldy faleceu de Complicações Cardíacas. A atriz faria 96 anos naquele mês. Além da carreira, ela também se dedicava à defesa dos direitos da mulher e dos idosos.

Elza Gomes

LUÍSA DOS SANTOS GOMES
(73 anos)
Atriz

☼ Lisboa, Portugal (19/10/1910)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/05/1984)

Luísa dos Santos Gomes, mais conhecida como Elza Gomes, foi uma atriz luso-brasileira nascida em Portugal. Seus pais, João e Silvana dos Santos Gomes, eram atores de modesta companhia de comédias em Portugal. A familiaridade com o meio artístico levou ao início de sua carreira ainda na infância.

O pai de Elza Gomes morreu quando esta tinha oito anos, e sua mãe decidiu se mudar para o Brasil, mandando buscar as filhas três anos depois. Estabeleceram-se primeiramente na Cidade da Paraíba, atual João Pessoa, onde Silvana Gomes retomou sua carreira.

Em 1923, a família se mudou para o Rio de Janeiro, pois a mãe foi contratada pela Companhia Antônio de Souza de teatro de revista que se apresentava no Teatro Carlos Gomes. Neste mesmo ano, deu-se a estreia profissional de Elza Gomes, como Juquinha na peça "A Capital Federal", de Artur Azevedo, para pagar sua passagem e estadia durante as turnês.

Começou profissionalmente em 1926, na companhia de Jaime Costa, fazendo comédias, mas não se adaptou ao gênero. Em seguida, participou do elenco que inaugurou a companhia Ra-ta-plan, no Cassino Beira-Mar. Ali, reencontrou o ambiente em que gostava de trabalhar, com música e elenco numeroso, e permaneceu no conjunto até a extinção da companhia, em 1929, quando ingressou, na seqüência, na companhia de Procópio Ferreira.


Não chegou a completar um ano com Procópio Ferreira. Aceitou o convite do Teatro Recreio para atuar em "O Carnaval Português", de Marques Porto e Luiz Peixoto. Ingressou em nova companhia de musicais, a da atriz Margarida Max.

Em 1930, retornou à empresa de Procópio Ferreira, onde permaneceu até 1936 como uma das atrizes principais, assumindo o papel de protagonista frenquentemente.

Elza Gomes montou uma companhia com Cazarré e Delorges Caminha, em que, pela primeira vez, desempenhou papéis dramáticos.

Em 1940, ingressou na companhia de Eva Todor e Luís Iglesias, onde permaneceu até 1952. No mesmo ano, entrou para a Rádio Nacional.

Nos anos 60 e 70, realizou vários trabalhos representativos, destacando-se em "Tango", de Slawomir Mrozek, 1972.

Entre as cerca de 400 peças de cuja montagem participou, destacam-se: "A Dama do Camarote", "Senhora na Boca de Lixo", "My Fair Lady", "Deus Lhe Pague", "A Dama Das Camélias" e "Guerra Mais ou Menos Santa".

Na televisão participou de várias telenovelas, entre as quais "O Primeiro Amor" (1972), "Pecado Capital" (1975), "O Casarão" (1976), "Saramandaia" (1976), "Chega Mais" (1980) e "Final Feliz" (1982), sua última telenovela e seu último trabalho como atriz, na qual fez sucesso interpretando a personagem Dona Sinhá.

Elza Gomes fez quinze filmes e participou de desenove telenovelas.

Morte

Ao longo de sua vida, Elza Gomes desenvolveu problemas cardíacos os quais levaram à instalação de um marcapasso, em 1976.

Em 1983, após outra intervenção cirúrgica, constatou-se que estava padecendo de um câncer pancreático, um dos tipos mais agressivos da doença e cujos sintomas se apresentam tardiamente.

Em 9 de maio de 1984, Elza Gomes foi internada no Hospital São Lucas, situado no bairro carioca de Copacabana, onde passou seus últimos dias. Já em estado grave, recebeu a extrema-unção e na mesma cerimônia religiosa casou-se com o ator André Villon, seu companheiro de 46 anos e a quem conheceu na Companhia de Procópio Ferreira, quando estava viúva e com uma filha de quatro anos.

Elza Gomes veio a falecer na semana seguinte, no Rio de Janeiro, às 12h50 de quinta-feira, 17/05/1984. Seu corpo foi velado no Teatro Glauce Rocha e sepultado no dia seguinte, no Cemitério Santa Cruz, no Rio de Janeiro.

Televisão

  • 1982 - Final Feliz ... Dona Sinhá
  • 1981 - Terras do Sem Fim ... Dona Menininha
  • 1981 - Ciranda de Pedra ... Vó Bela
  • 1980 - Plumas e Paetês ... Dona Nina
  • 1980 - Chega Mais ... Tia Lili
  • 1979 - Pai Herói ... Mãe Tiana
  • 1978 - Sinal de Alerta ... Henriqueta
  • 1977 - Nina ... Madame Naná
  • 1977 - Duas Vidas ... Rosa
  • 1976 - O Casarão ... Irmã Lurdes
  • 1976 - Saramandaia ... Pupu (Eponina Camargo)
  • 1975 - Pecado Capital ... Bá
  • 1975 - Cuca Legal ... Dalva (Madame Zaide)
  • 1975 - Escalada ... Dona Eulália
  • 1975 - O Resgate
  • 1973 - Os Ossos do Barão ... Ismália
  • 1972 - O Primeiro Amor ... Júlia
  • 1971 - Minha Doce Namorada ... Tia Zezé
  • 1970 - Assim na Terra Como no Céu ... Dona Zu
  • 1969 - Enquanto Houver Estrelas (Tupi) ... Eduarda
  • 1969 - O Retrato de Laura (Tupi)

Fonte: Wikipédia

Thaís de Andrade

THAÍS DE ANDRADE
(39 anos)
Atriz

☼ São Paulo, SP (09/02/1957)
┼ São Paulo, SP (26/04/1996)

Traís de Andrade foi uma atriz brasileira revelada no programa "Moacyr Franco Show" de Moacyr Franco, exibido pela TV Globo na década de 70, de onde também saíram atrizes como Myrian Rios e Sílvia Salgado.

Traís de Andrade estreou na TV Globo na novela "Locomotivas" como a doce e esperta Renata, uma das filhas de Kiki Blanche, em 1977. O sucesso foi imediato e ela atuou também nas novelas "Sinhazinha Flô" (1977), "Pai Herói" (1979), "Olhai os Lírios do Campo" (1980) e "Chega Mais" (1980), todas na TV Globo.

Transferiu para o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) em 1983 e atuou em novelas como "Sombras do Passado" (1983), "Vida Roubada" (1983) e "Jogo do Amor" (1985). Também participou de vários episódios da série "Teletema", na TV Globo, e fez parte do elenco fixo de "A Praça é Nossa" do SBT, no final dos anos 80.

Traís de Andrade foi casada com o ator Cláudio Marzo.

Thaís de Andrade descobriu que estava doente em 1994. Foi vítima de um câncer linfático e na época trabalhava no programa "A Praça é Nossa", no SBT.

Elizângela, Ilka Soares, Thais de Andrade e Dênis Carvalho em "Locomotivas"
Televisão

  • 1987/1996 - A Praça É Nossa ... Várias Personagens
  • 1986 - Dona Beija
  • 1985 - Jogo do Amor ... Suzana
  • 1983 - Vida Roubada ... Nely
  • 1983 - A Justiça de Deus ... Adriana
  • 1983 - Sombras do Passado ... Isa
  • 1981 - O Amor é Nosso! ... Beatriz
  • 1981 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Tudinha
  • 1980 - Chega Mais ... Rosa
  • 1980 - Olhai os Lírios do Campo ... Eunice
  • 1979 - Pai Herói ... Odete
  • 1977 - Sinhazinha Flô ... Chiquinha
  • 1977 - Locomotivas ... Renata


Cinema


  • 1978 - A Dama do Lotação


Teatro


  • 1982 - Peer Gynt - Estreia no Teatro Ginástico, Rio de Janeiro, em março de 1982. Levada para o Teatro Guaíra, em Curitiba, em junho de 1982, foi uma produção do Grupo Engenho de Teatro, sob direção de Marcos Fayad, o elenco composto por Arnaldo Marques, Theotônio de Paiva, Rogério Lima Thaís de Andrade.


Fonte: Wikipédia

Piolim

ABELARDO PINTO
(76 anos)
Palhaço

* Ribeirão Preto, SP (27/03/1897)
+ São Paulo, SP (04/09/1973)

Seu pai Galdino Pinto, circense brasileiro, nasceu no interior do estado de São Paulo, de pais fazendeiros. Estudou na cidade de Rezende no Rio de Janeiro, e foi nesta cidade, durante um espetáculo circense que assistiu, que se apaixonou por uma atriz. O resultado é que acabou por ir embora com o circo, tornando-se mais tarde ele próprio um homem de circo. Tornou-se proprietário do Circo Americano, onde teve início sua dinastia.

A dinastia Galdino Pinto tem como seu membro mais ilustre seu filho Abelardo Pinto, o famoso Palhaço Piolim. Nasceu em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo em 27 de março de 1897.

Abelardo Pinto viveu sua infância dentro do circo, envolvido nas mais diferentes atividades. Seu treinamento teve início desde muito cedo, e aprendeu as modalidades de ciclista, saltador, casaca de ferro, acrobata e contorcionista, tendo se destacado nesta última enquanto criança. Aos oitos anos de idade apresentava-se no circo de seu pai como "o menor contorcionista do mundo". Mesmo obtendo sucesso, o menino Abelardo não gostava de suas exibições, como revela mais tarde em seu depoimento ao Museu da Imagem e do Som: "Com oito anos fazia um contorcionismo primário, que só criança pode fazer".

Em entrevista dada ao Jornal Folha de São Paulo em 1957, diz:

"Não fui como os outros meninos, que entravam no circo por baixo do pano. Nasci dentro dele e levava uma vida que causava inveja aos outros garotos. Eu, do meu lado, tinha inveja deles. Eles tinham uma casa, tinham seus brinquedos comuns e podiam ir diariamente à escola. Eu começava a freqüentar um colégio e o circo se transferia. Lá ficava eu sem escola".

Revela ainda ao mesmo jornal que seu sonho era ser engenheiro, queria construir casas, pontes, estradas e castelos. Construiu apenas castelos de sonhos de muita gente. "Sou, de qualquer maneira, um engenheiro e estou feliz com isso".

O circo Americano estava sem seu principal numero: o palhaço havia ido embora. Então. O Sr. Galdino Pinto foi a São Paulo com o intuito de tentar conseguir um substituto. O filho Abelardo, diante dessa situação, resolveu assumir a profissão de palhaço e sobre essa decisão revela mais tarde – "Pensei: se ele fez, eu também posso fazer palhaçadas".

A partir deste momento, o Circo Americano adquire um artista que seria, mais tarde, aclamado como "O Imperador do Riso".

O "Palhaço Piolim" – apelido dado por uns artistas espanhóis que, ao verem o pequeno trabalhador Abelardo, diziam que ele parecia um "piolim" (barbante muito fino) – surgiu em 1918. Uma outra versão da história, contada pelo Jornal Folha de São Paulo, diz que o apelido foi devido a um favor que Abelardo fez ao um cômico e músico violinista espanhol que se apresentou com ele em um espetáculo beneficente da Cruz Vermelha: a corda do violino do espanhol quebrou-se em cena e Abelardo correu para o camarim e trocou a corda quebrada, substituindo-a por uma de seu próprio violino.

O dia de seu nascimento foi escolhido para a data comemorativa do Dia do Circo no Brasil. Foi pai da atriz Ana Ariel, falecida em 2004.

Fonte: http://www.iar.unicamp.br/docentes/luizmonteiro/piolim.htm e Wikipédia

Geraldo Del Rey

GERALDO DEL REY
(62 anos)
Ator

* Ilhéus, BA (29/10/1930)
+ São Paulo, SP (25/04/1993)

Formado pela Escola de Teatro da Universidade da Bahia, ingressou no Teatro Oficina no início da década de 60.

Teve importantes participações nos palcos e na televisão, onde chegou a atuar em 25 novelas e outros tantos especiais.

Consagrou-se em 1962 por sua participação em "O Pagador de Promessas", filme brasileiro premiado com a Palma de Ouro em Cannes.

Além de "O Pagador de Promessas", Del Rey foi protagonista em dois filmes clássicos brasileiros: "A Grande Feira", de 1961, e "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de 1964, dirigido por Glauber Rocha. Outros filmes importantes foram: "Menino de Engenho"; "Lampião, o Rei do Cangaço" e "Ana Terra".

Era conhecido como o "Alain Delon brasileiro", devido a sua semelhança com o ator francês.

Na metade dos anos 60, Geraldo Del Rey passou a atuar na televisão, em diversas novelas. Em 1970, atuou ao lado de Regina Duarte em "Véu de Noiva", novela de Janete Clair.

No início dos anos 70, em virtude do seu engajamento político, foi mandado embora da Rede Globo e sua carreira entrou em declínio.

Del Rey fez também, as novelas "Lua Cheia de Amor", na Globo; "Pecado de Mulher" e "Anjo Marcado", na Excelsior.

Na Tupi estrelou "Roda de Fogo", em 1978 e antes perticipou de "Rosa dos Ventos". Na Bandeirantes, ele formou um trio médico, ao lado de Jorge Dória e Sebastião Campos ao protagonizar o Dr. Cláudio, em "O Todo Poderoso".

Em 1978, Geraldo chegou a trabalhar numa loja de aluguel de smokings e longos sofisticados. O ator se sentia à vontade ajudando os fregueses a experimentar os trajes e não via nenhum prejuízo à sua carreira artística.

Nos anos 90, voltou a Rede Globo. Sua última interpretação foi o jornalista Damasceno, na minissérie "Anos Rebeldes", produzida em 1992, cujo pano de fundo era a ditadura militar instalada no Brasil nos anos 60 e 70. Ainda na Bandeirantes participou da minissérie totalmemte rodada na Bahia, "Capitães da Areia".

Geraldo Del Rey faleceu aos 62 anos, vítima de câncer no pulmão, 25 de abril de 1993.

Fonte: Dramaturgia Brasileira - In Memoriam

Ana Ariel

ANA ARIEL
(73 anos)
Atriz

* São Paulo, SP (18/05/1930)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/02/2004)

Ana Ariel foi uma atriz brasileira nascida em São Paulo, SP, no dia 18/05/1930. Criada num circo, Ana Ariel estreou não apenas com picadeiro sete anos ao lado de seu pai, o famoso palhaço Piolim. Foi equilibrista, ginasta, acrobata e atriz de dramas e comédias circenses.

Em 1960, a atriz mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou uma nova carreira.

"Fui trabalhar nas peças teatrais da TV e apesar de saberem que eu tinha uma tradição de humor, sempre fui aproveitada em papéis dramáticos. Logo depois, fui fazer, com meu primo Ankito um quadro, no programa 'Noites Cariocas'."
(Ana Ariel em entrevista)

Em 1967, fez sua estréia na TV Globo em "A Rainha Louca", no papel de uma índia, e a partir daí não parou mais.

Personagens marcantes não faltaram em sua longa carreira. Viveu Esmeralda em "Sangue e Areia" (1968), Rita em "Véu de Noiva" (1969). Em "Irmãos Coragem" (1970) foi Domingas, personagem que guardava vários mistérios da trama, além de ser uma mãe de Juca Cipó (Emiliano Queiroz). Berenice Vilhena, mãe de Cristiano Vilhena, em "Selva de Pedra" (1972). Em "Gabriela" (1975) a atriz viveu Dona Idalina, a severa mãe de Malvina (Elisabeth Savalla). Bina em "Cabocla" (1979). Viveu também Ana Raquel, mãe de Mário Fofoca (Luiz Gustavo) em "Elas Por Elas" (1982), entre outros personagens.

"Estou aposentada e não quero mais voltar à TV. Eu cansei. Tive uma crise de Labirintite que quase acabou comigo. Aí resolvi me afastar. Achava que era só por um tempo, mas depois eu vi que não dava certo mesmo. É muita responsabilidade, tonta, entrar em cena, com Labirintite. Corro o risco de ter que sair por uma porta e de repente atropelar uma câmera."
(Ana Ariel quando se afastou da carreira)

Ana Maria Magalhães (Dalva) e Ana Ariel (Santinha)
Televisão

  • 1998 - Pecado Capital ... Creusa
  • 1986 - Hipertensão ... Conceição
  • 1985 - De Quina Pra Lua ... Odila
  • 1984 - Amor Com Amor Se Paga ... Leonor
  • 1983 - Voltei Pra Você ... Nena
  • 1982 - Mário Fofoca ... Raquel
  • 1982 - Elas Por Elas ... Raquel
  • 1980 - As Três Marias ... Luiza
  • 1980 - Chega Mais ... Zoraide
  • 1979 - Cabocla ... Bina
  • 1979 - Memórias de Amor ... Bernarda
  • 1978 - Sinal de Alerta ... Constança
  • 1978 - Maria, Maria ... Rosalina
  • 1976 - Duas Vidas ... Madame Xavier
  • 1976 - Saramandaia ... Santinha
  • 1975 - A Moreninha ... Lalá
  • 1975 - Gabriela ... Idalina Tavares
  • 1974 - O Crime do Zé Bigorna ... Eulália
  • 1973 - O Semideus ... Clara
  • 1973 - O Bem-Amado ... Zora Paraguaçu
  • 1972 - Selva de Pedra ... Berenice
  • 1971 - O Homem que Deve Morrer ... Rita
  • 1970 - Irmãos Coragem ... Domingas
  • 1970 - Verão Vermelho ... Rosa
  • 1969 - Véu de Noiva ... Rita
  • 1968 - Sangue e Areia ... Esmeralda
  • 1967 - A Rainha Louca ... Joaquina

Cinema

  • 1969 - Pedro Diabo Ama Rosa Meia Noite
  • 1982 - As Aventuras de Mário Fofoca

Fonte: Wikipédia

Luiz Carlos Alborghetti

LUIZ CARLOS ALBORGHETTI
(64 anos)
Jornalista Policial, Radialista, Showman de TV e Político

* Andradina, SP (12/02/1945)
+ Curitiba, PR (09/12/2009)

Luiz Carlos Alborghetti foi deputado estadual no Paraná por dezesseis anos. Entre suas características marcantes estavam o tom inflamado, desafiador, e o discurso ácido, não raro com o uso de termos chulos para expressar sua indignação. Seu estilo e formato de apresentação pioneiros influenciaram outras personalidades do rádio e televisão policial no Brasil.

Nascido em Andradina, mudou-se para o Rio de Janeiro aos dezesseis anos para estudar. Iniciou sua carreira em 1976, numa rádio de Londrina, Paraná, com um programa policial de nome Cadeia em que relatava os crimes ocorridos na cidade. Três anos mais tarde, Alborghetti estreou um programa de televisão, também chamado Cadeia, inicialmente para a cidade de Londrina, sendo ampliado posteriormente para todo o estado do Paraná em 1982. Neste mesmo ano, Alborghetti foi eleito vereador pela cidade e, dois anos depois, deputado estadual pela primeira vez, sendo reeleito em 1990.

Em 1992, Alborghetti estreou o Cadeia Nacional, levando seu programa para todo o Brasil, através da Rede OM de Televisão (hoje Central Nacional de Televisão), que possuía em seu quadro de afiliadas, entre elas a TV Gazeta, canal 11 de São Paulo. Várias características marcaram a atuação de Alborghetti na televisão: o discurso ácido, uma toalha dependurada sobre os ombros, os óculos de leitura, uma caneta entre os dedos da mão direita e um porrete de madeira, que ele usava para descontar sua raiva batendo em qualquer objeto que visse (principalmente em sua mesa) sempre que algo o enfurecia.

Um dos seus influenciados foi o apresentador de televisão Carlos Roberto Massa, o Ratinho, que trabalhou como repórter policial para ele por doze anos, tendo sido lançado em seu programa.

Seu tom inflamado e desafiador contra os criminosos sempre foi uma característica marcante. Por exemplo, ao denunciar o tráfico no Rio de Janeiro, nos anos 1990, chamou a facção criminosa Comando Vermelho de "bando de bichas". Também, ao comentar sobre o PCC, chamou seu líder Marcos Camacho (o Marcola) de "bundeiro" e "dador de bunda". Outro fato marcante ocorreu em 1997: através do Ministério Público ele impediu que a banda Planet Hemp se apresentasse no Paraná, devido a apologia às drogas (em particular a maconha) relatada em suas composições.

Dois anos mais tarde, Alborghetti deixou, provisoriamente, o comando de seu programa para concorrer à deputado estadual. Foi eleito pela terceira vez e, ao retornar ao programa, mudou de emissora e passou a concorrer com o antigo programa, com transmissão voltada apenas para o estado do Paraná. Em 1998, deixa o comando deste para tentar a sua terceira reeleição, sendo bem-sucedido. Pouco tempo depois, retorna ao comando de seu programa, também veiculado na CNT. Em 2002 tentou novamente a reeleição, sem sucesso. Perdeu por cinco mil votos.

Em 2006, Alborghetti estreou o programa Cadeia Sem Censura, veiculado de segunda a sexta-feira na Rede Intervalo de Comunicação, uma rádio pela Internet posteriormente transformada em programa de televisão, baseada em Curitiba. Ficou seis meses no ar, até agosto do mesmo ano. Por falta de patrocinadores, o programa saiu do ar, fazendo com que Alborghetti migrasse para a Rádio Colombo, também de Curitiba.

Na mesma época, a sua relação com a Internet e as redes sociais se intensificaram. Nas mídias digitais é referenciado como "Mestre", "Mestre Dalborgha" ou mais recentemente, "Charles Dal". Alguns de vídeos acabaram se popularizando da Internet, como o episódio em que ele comenta o filme 300. Ele também passou a ser referenciado na televisão: o programa Hermes e Renato, da MTV Brasil, fez uma paródia entre 2007 a 2008 do programa de Alborghetti no quadro "Chapa Quente", em que o apresentador Bradock faz o papel de jornalista policial e mais recentemente no progama Pânico na TV da Rede TV! com vinhetas do jornalista dizendo O Capeta existe e outros vídeos clássicos de quando Alborghetti liga pra polícia e diz que só tem duas viaturas para atender toda a cidade de Curitiba(capital do estado do Paraná). Outras manifestações também ocorreram na música: a banda curitibana de ska rock Boi Mamão compôs "Vagabundo" em homenagem ao apresentador, e o músico Rogério Skylab faz uma alusão à Alborghetti na canção "Cadê meu Pau".

Em 7 de maio de 2007, passou a apresentar seu programa Cadeia Sem Censura exclusivamente pela Internet, de segunda a sexta-feira, de 10 às 12 horas, e disponibilizava os programas em sua comunidade oficial do Orkut. Estreou em 3 de março de 2008 o programa Plantão Mais, exibido de segunda a sexta-feira, das 17 às 19 horas, na Rádio Mais AM 1120. Em 4 de agosto de 2008 passou a apresentar o Cadeia Sem Censura na Fusão TV, que foi exibido de segunda a sexta-feira, de 17 às 18 horas no endereço.

Depois de meses longe do trabalho para se dedicar a tratamentos, Alborghetti morreu em Curitiba, em 9 de dezembro de 2009, vítima de câncer de pulmão

Fonte: Wikipédia

Paulo Francis

FRANZ PAUL TRANNIM DA MATTA HEILBORN
(66 anos)
Jornalista, Crítico Teatral, Editor Literário, Articulista Político, Diretor e Escritor

☼ Rio de Janeiro, RJ (02/09/1930)
┼ Nova York, Estados Unidos (04/02/1997)

Paulo Francis, pseudônimo de Franz Paul Trannin da Matta Heilborn, foi um jornalista, crítico de teatro, diretor e escritor brasileiro. Trabalhou em vários jornais, entre eles, Última Hora, O Pasquim, O Estado de S. Paulo e Folha de S.Paulo.

Neto de um comerciante luterano alemão de café, Paulo Francis cursou o primário em um internato na Ilha de Paquetá e o secundário (atual colegial) no Colégio Santo Inácio, em Botafogo. Participou do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi ator amador no grupo de estudantes mantido por Paschoal Carlos Magno e, por sugestão do diretor, passou a assinar Paulo Francis.

No início dos anos 1950, frequentou a Faculdade Nacional de Filosofia. Em 1952, recebeu o prêmio de ator-revelação pelo seu trabalho em "A Mulher de Craig". Em 1954 e 1955, fez um curso de literatura dramática na Universidade de Columbia, em Nova York onde foi aluno do renomado crítico e autor teatral Eric Bentley.

Depois dos estudos, voltou ao Brasil como diretor. Junto do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), dirigiu "O Dilema de um Médico" de Bernard Shaw, "O Telescópio" de Jorge Andrade, "Pedro Mico" de Antônio Callado e "Uma Mulher em Três Atos" de Millôr Fernandes.

Com sua experiência como diretor, Paulo Francis notabilizou-se, em primeiro lugar, como crítico de teatro do Diário Carioca entre 1957 e 1963, quando intentou realizar uma crítica de teatro que, longe de simplesmente fazer a promoção pessoal das estrelas do momento, buscasse entender os textos teatrais do repertório clássico para realizar montagens que fossem não apenas espetáculos, mas atos culturais - nas suas próprias palavras:

"[buscar] em cena um equivalente da unidade e totalidade de expressão que um texto, idealmente, nos dá em leitura […] a unidade e totalidade de expressões literárias."

Seu papel como crítico, à época, foi extremamente importante.

Após o Golpe de 1964 e durante toda a ditadura militar, Paulo Francis trabalharia sobretudo no semanário O Pasquim. Paralelamente, na Tribuna da Imprensa de Hélio Fernandes, de 1969 a 1976, refinou seu estilo num sentido mais coloquial, tendo sido uma parte importante da resistência cultural, comentando sobre assuntos internacionais e divulgando ideias de como simpatizante trotskista.

Em 1968, passou a editar também a Diners, revista oferecida gratuitamente aos portadores do cartão de crédito e que lançou jornalistas como Ruy Castro. Em dezembro de 1968, logo após a decretação do AI-5, Paulo Francis foi preso ao desembarcar no aeroporto do Rio de Janeiro. Deixou a prisão em janeiro de 1969. Sem emprego, o jornalista viajou pela Europa fazendo matérias como freelancer. Nessa época, entrevistou o filósofo Bertrand Russell na Inglaterra.

Em 1971, foi viver definitivamente em Nova York, subsidiado por uma bolsa da Fundação Ford conseguida por intermédio de Fernando Gasparian. Lá passou a escrever artigos para diversas revistas.

Em 1975, casou-se com a jornalista Sônia Nolasco e passou a ser correspondente da Folha de S.Paulo.

O Polemista

Paulo Francis foi também centro de diversas polêmicas e desavenças. Dizia que a ferocidade que seria a marca registrada de seus textos nasceu na infância: "Aos 7 anos fui arrancado dos braços da minha mãe e atirado às feras de um internato na ilha de Paquetá. Atribuo todo meu sarcasmo e agressividade a essa brutal separação", contou ao jornalista José Castello.

Ficou famoso o ataque - que ele mesmo classificaria mais tarde de "mesquinho, deliberadamente cruel", à atriz Tônia Carrero, que, por havê-lo acusado de "sofrer do fígado" e ser "sexy" - na gíria da época, homossexual - foi por ele acusada de haver-se prostituído e de mercadejar fotos de si mesma despida. Foi por isso agredido fisicamente duas vezes - pelo então marido da atriz, Adolfo Celi, e pelo colega de Tônia Carrero no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), Paulo Autran.

Em 1963, Paulo Francis foi convidado por Samuel Wainer a assumir uma coluna política no jornal Última Hora. Como comentarista, apoiou o esquerdismo trabalhista de Leonel Brizola, a ponto de anunciar publicamente que ter-se-ia incorporado a um dos "grupos de onze" de resistência armada antigolpista, que Leonel Brizola organizava na época. Levou a tal ponto este radicalismo que chegou a ser demitido por Samuel Wainer, que no entanto recontratou-o, paradoxalmente, após protestos de um grupo de membros da burguesia carioca que tinham em Paulo Francis uma espécie de "guru".

Tomou posição contra a intervenção americana no Vietnã e contra a ocupação israelense de territórios disputados na Palestina que afrontaram o consenso pró-americano e israelense da grande imprensa brasileira da época. A presença norte-americana no Vietnã era, por si só, um massacre, diria Paulo Francis, que dedicou várias páginas de revistas sobre o tema.

Paulo Francis também se notabilizou pelo grande número de citações de autores, livros, filmes e peças teatrais que apresentava, bem como por suas afirmações categóricas. Em artigo escrito em 1971 para O Pasquim, recentemente republicado numa antologia de artigos do jornal, Paulo Francis admitiu, por exemplo, que uma vez havia redigido "de improviso" um artigo sobre Shakespeare, cujos erros factuais lhe teriam sido apontados por sua colega, a crítica teatral Barbara Heliodora, mas que ele teria mantido todos os erros, por não estar interessado na realidade dos fatos, mas numa "análise".

Em 1983, a sexualidade de Paulo Francis foi, mais uma vez, alvo de ataques e de insinuações. Paulo Francis criticou a entrevista que Caetano Veloso fizera com Mick Jagger, alegando que o roqueiro inglês zombou do entrevistador. Caetano Veloso respondeu, dizendo que Francis era uma "bicha amarga" e uma "boneca travada".

Incursões na Literatura

No final da década de 1970, Paulo Francis lançou-se como romancista, tentando fazer uma crítica geral da sociedade brasileira através dos seus romances "Cabeça de Papel" (1977) e "Cabeça de Negro" (1979). Para essa crítica por meio da literatura, Paulo Francis aproveitou suas experiências pessoais dentro da elite cultural e social do Brasil e principalmente do Rio de Janeiro.

Os dois romances são uma tentativa de retratar os meios jornalísticos e da boemia carioca dos anos 1960 e 1970, através do uso de um alter ego, que atua como narrador em primeira pessoa, num estilo subjetivo, à maneira já consagrada na ficção moderna por James Joyce e Marcel Proust. Por outro lado, esta representação subjetiva, própria da literatura de elite, busca uma concessão ao interesse do leitor médio, ajustando-se (no entender de muitos, como o amigo de Paulo Francis, o cartunista Ziraldo) mal a um enredo de thriller de espionagem sofisticado, à maneira de Graham Greene e John Le Carré.

Paulo Francis engajou-se na literatura de ficção com sua costumeira autossuficiência. Ele declarou, em entrevista ao Jornal do Brasil, que no Brasil só se fariam dois tipos de literatura: o registro de sensações e as reflexões existenciais de uma mulher intelectualizada (e.g. Clarice Lispector) ou as desventuras do povo oprimido pela elite (e.g. o regionalismo de Jorge Amado), e que a ele caberia a tarefa de produzir uma literatura romanesca centrada não nos oprimidos de classe ou gênero, mas nas elites.

Mas Paulo Francis, paradoxalmente, não reconhecia a existência de toda uma vertente conservadora na literatura brasileira moderna que havia adotado exatamente este ponto de vista, tal como os romances de Otávio de Faria e Lúcio Cardoso, muito embora certamente conhecesse e respeitasse estes autores, além destes, o pernambucano Hermilo Borba Filho estava na época tentando realizar um projeto literário semelhante.

Os romances de Paulo Francis, apesar de conterem os recursos estilísticos habituais (frases telegráficas, coloquialismo, uso de estrangeirismos) que haviam feito a celebridade de Paulo Francis como jornalista, não foram apreciados pela crítica literária - a esta altura já concentrada nas universidades - que censuraram-lhe o caráter indeciso de sua ficção entre a literatura de elite e a popular, a ligeireza da discussão de ideias e o recurso frequente ao puramente escandaloso ("retórica da esculhambação"), o grosseiro e o sexual. Seus críticos reconheceram, no entanto que o uso de tais recursos poderia explicar-se, seja pela influência de autores como Nelson Rodrigues e Henry Miller, seja pelo desejo, próprio de todo o modernismo brasileiro, de contrapor-se à retórica pomposa e vazia do senso comum dominante.

Estes romances, apesar de interpretados como fracassos pelo autor, tiveram relativo sucesso de público, tendo sido reimpressos várias vezes durante a década de 1970, muito em função do prestígio de Paulo Francis. O escritor se consolava por seus livros terem sido ao menos discutidos como coisa séria por alguns críticos sérios. José Guilherme Merquior e Wilson Martins teceram pesadas críticas às obras.

O editor Ênio Silveira, que havia publicado "Cabeça de Papel", organizou um número especial de sua Revista da Civilização Brasileira para que a obra de Paulo Francis fosse debatida por dois professores universitários, abrindo espaço para que Paulo Francis replicasse a cada um individualmente - o que ele fez da costumeira forma ácida, chegando a dizer a um dos críticos que, para que ele chegasse a conhecer o que era realmente a "boa sociedade", garantiria pessoalmente sua entrada no então templo da boemia carioca, o restaurante Antonio's.

Seja como for, Paulo Francis admitiria logo depois, em seu livro de memórias, "O Afeto Que Se Encerra" (1980), que contava que o sucesso como escritor lhe garantisse recursos materiais suficientes para abandonar o jornalismo diário, mas vergou-se ao fracasso comercial dos livros, incluindo as duas novelas reunidas no volume "Filhas do Segundo Sexo" (1982), em que havia feito uma tentativa de tematizar a emancipação da mulher de classe média no Brasil da época, através de uma ficção sem muitos recursos formais, semelhante à do cronista José Carlos Oliveira, muito popular na época.

Pós-Ditadura: Mudança Ideológica

Para marcar a virada de Paulo Francis, a melhor referência é o economista Roberto Campos, seu alvo por dez anos, não faltando sequer insultos. Até que, em fevereiro de 1985, tudo mudou, na coluna "O Guerreiro Roberto Campos". Dizendo que o economista "melhorara horrores, em pessoa", ele se desculpou: "Escrevi coisas brutais sobre Campos. São erradas. Retiro-as". E acrescentou: "Cheguei à conclusão de que capitalismo num país rico é opcional. Num país pobre, no tipo de economia inter-relacionada de hoje, a suposta saída que se propõe no Brasil de o Estado assumir e administrar leva à perpetuação do atraso."

Paulo Francis era ainda um ferrenho crítico do que chamava de marxismo cultural bem como do gramscismo. Ele achava estupidificante as comparações com o que chamava de "a turma do samba-e-pandeiro" com Wolfgang Amadeus Mozart. Definia a motivação da esquerda como uma "masturbação ideológica" do populismo para lisonjear as massas, elevando-a à posição de prestígio da chamada alta cultura. Chamava essa nova elite cultural de adeptos ao "comunismo fantasia", dizendo que para a esquerda brasileira, tudo é sempre relativo.

Paulo Francis, como trotskista, não havia sido jamais um admirador do regime político então vigente na União Soviética e nos seus satélites do Leste Europeu, e a queda do Muro de Berlim não o afetava diretamente em suas ideias políticas - Trotsky havia previsto a queda do stalinismo em seu "A Revolução Traída". No entanto, no mundo da década de 1960 e no Brasil da Ditadura Militar, uma postura esquerdista puramente literária e verbal - do tipo que o jornalista americano Tom Wolfe apelidaria radical chic - era muito bem vista em meios literários e jornalísticos.

O fim do regime militar, em 1985, colocou Paulo Francis numa situação similar a outros membros da elite intelectual brasileira que haviam militado na "resistência" à ditadura: Se o fim do regime ditatorial atendia às suas aspirações políticas e intelectuais, ao mesmo tempo sentiam-se dominados por um desencanto com o um crescente plebeísmo dos costumes políticos brasileiros, combinado a uma consciência cada vez mais clara da incompetência e a corrupção dos governantes na Nova República. Tal desencanto tomaria a forma de rejeição especialmente com o Partido dos Trabalhadores (PT).

Relação Com Os Partidos e Políticos Brasileiros

Essa rejeição suscitaria um de seus artigos atacando o Partido dos Trabalhadores (PT) que teve grande repercussão e provocou, entre várias reações, uma resposta de Caio Túlio Costa, então ombudsman da Folha de S.Paulo. A tréplica gerou grande polêmica, sendo a possível causa de sua mudança da Folha de S.Paulo para o jornal O Estado de S. Paulo.

Paulo Francis foi grande opositor do governo José Sarney e crítico da imprensa brasileira, que para ele tratava José Sarney com excessivo e imerecido respeito. Para ele, José Sarney era um "símbolo da jequice brasileira, filha da esperteza dos que mandam e da ignorância dos que obedecem".

Na eleição presidencial de 1994 Paulo Francis apoiou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso, que tinha como seu amigo pessoal, embora com o tempo tenha passado a repudiá-lo, dizendo não ver nele "uma pessoa séria".

Leonel Brizola era seu ídolo. Apesar de renegar a esquerda brasileira, manteve sua admiração por Leonel Brizola. "Eu acredito na grandeza das amizades", disse sobre o político.

Trabalhos na Televisão

Na televisão, Paulo Francis inventou um personagem, misto do panfletarismo erudito-ligeiro dos anos 50 com o deboche do Pasquim dos anos 70 e o marketing da mídia dos anos 80. Celebrizou-se pelas suas aparições histriônicas no ar, onde exagerava na voz arrastada e grave, sua marca registrada, que lhe rendeu inumeráveis imitações.

Em 1981, tornou-se comentarista televisivo das Organizações Globo - uma virada emblemática para quem havia acusado Roberto Marinho em 1971 de ter provocado o seu banimento do país durante uma de suas prisões, em um artigo do O Pasquim, intitulado "Um Homem Chamado Porcaria", no qual dizia ser "caso de polícia que [seu poder] continue e em expansão". Estreou em 1981, como comentarista de política internacional. No mesmo ano, também foi o comentarista do Jornal da Globo, falando sobre política e atualidades. De Nova York, Paulo Francis também entrava no Jornal Nacional, emitindo opiniões sobre política internacional e cultura.

A partir de 1993, ao lado de Lucas Mendes, Caio Blinder e Nelson Motta, fez parte do programa "Manhattan Connection", então transmitido pelo canal pago GNT.

Em 1995, dividiu com Joelmir Beting e Arnaldo Jabor uma coluna de opinião.

A partir de junho de 1996, passou a trabalhar na Globo News entrevistando personalidades internacionais como o economista John Kenneth Galbraith.[17]

O Processo de Joel Rennó

No início de 1997, durante o programa "Manhattan Connection", Paulo Francis propôs a privatização da Petrobras, então presidida por Joel Rennó, e acusou os diretores da estatal de possuírem US$ 50 milhões em contas na Suíça, acusação pela qual foi processado na justiça norte-americana, sob alegação da Petrobrás de que o programa seria transmitido nos Estados Unidos para assinantes brasileiros de TV por assinatura.

Amigos fizeram o possível para livrar o jornalista da guerra judicial. Chegaram a apelar ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, que tentou, em vão, convencer os diretores da Petrobras a desistir da ação.

Na época, o comentarista da Globo estaria abalado emocionalmente por ser réu do processo cuja indenização exigida era de 100 milhões de dólares. Segundo seu amigo pessoal, o escritor Elio Gaspari, o processo ocupou um espaço surpreendente na alma de Paulo Francis. Tomou o lugar não apenas do sono, mas também dos seus prazeres da música e da leitura.

Diogo Mainardi, pupilo de Paulo Francis, foi mais enfático: sugeriu que a pressão psicológica do processo pode ter contribuído para o futuro infarto fulminante do jornalista.

Morte

Lucas Mendes, que dividia bancada com Paulo Francis na TV foi um dos primeiros a chegar a seu apartamento e encontrá-lo morto. Paulo Francis acabou por morrer vítima de um ataque cardíaco, diagnosticado, em seus primeiros sintomas como uma simples bursite.

Paulo Francis era casado com a jornalista e escritora Sônia Nolasco, com quem viveu por mais de 20 anos. Seu corpo embalsamado foi trasladado de Nova York para o Rio de Janeiro e enterrado no jazigo familiar do Cemitério de São João Batista.

Segundo seu companheiro Lucas Mendes, os diretores da Petrobras ainda foram atrás do espólio e da viúva Sônia Nolasco, mas, em parte, por intervenção do então presidente Fernando Henrique Cardoso e do advogado de Paulo Francis, desistiram do processo.

Livros e Artigos

  • 1966 - Opinião Pessoal (Cultura e Política - Artigos)
  • 1970 - Certezas da Dúvida (Artigos)
  • 1972 - Nixon x McGovern - As Duas Américas (Artigos)
  • 1976 - Nu e Cru
  • 1977 - Cabeça de Papel
  • 1978 - Uma Coletânea de Seus Melhores Textos Já Publicados
  • 1979 - Cabeça de Negro
  • 1980 - O Afeto Que Se Encerra
  • 1982 - Filhas do Segundo Sexo
  • 1985 - O Brasil No Mundo
  • 1994 - Trinta Anos Esta Noite - 1964: O Que Vi e Vivi
  • 1996 - Waaal - O Dicionário da Corte de Paulo Francis
  • 2008 - Carne Viva

Fonte: Wikipédia