Cassandra Rios

ODETE RIOS
(69 anos)
Escritora

* São Paulo, SP (1932)
+ São Paulo, SP (08/03/2002)

Cassandra Rios foi uma escritora brasileira, autora de dezenas de livros que há quarenta anos escandalizaram o Brasil por seu estilo pornográfico, dentre eles "A Tara", "Tessa, a Gata", "Volúpia do Pecado", "A Paranoica", "Muros Altos", "Uma Mulher Diferente", "Cabelos de Metal" e "A Borboleta Branca", entre outras dezenas de títulos. O romance "A Noite Tem Mais Luzes" atingiu a marca de 700 mil exemplares vendidos.

Nascida em 1932 com o nome de Odete Rios, Cassandra foi uma das autoras mais vendidas dos anos 60 e 70, e também das mais perseguidas pela censura, que não tolerava o forte conteúdo erótico de sua obra, considerada pornográfica pelos setores mais conservadores da cultura.

Em seus livros, Cassandra Rios falava com liberdade e muita sensualidade sobre assuntos mais que polêmicos para a época, como o homossexualidade feminina, as relações entre sexo, religião, política e cultos umbandistas, que "atentavam" contra a moral defendida pelos militares. Lésbica assumida, chegou a vender quase trezentos mil exemplares de seus livros por ano, um sucesso editorial que só seria igualado décadas mais tarde pelo escritor Paulo Coelho.

Estreou com "Volúpia do Pecado" (1948) e foi um sucesso popular com incontáveis livros, ao lado da também considerada pornógrafa Adelaide Carraro. Com a abertura, um de seus livros, "A Paranóica", foi adaptado para o cinema com o título de "Ariella", interpretado por Nicole Puzzi. Ariella era uma menina rejeitada que vivia numa mansão e que descobre que seu tio fingia ser seu pai para ficar com sua fortuna. Para se vingar, passa a usar o próprio corpo, desintegrando a família.

Aos 33 anos, em meados dos anos 1960, Cassandra Rios era uma mulher completamente diferente das da época. Porte alto, vestindo terninho e com certa altivez, destacava-se mesmo estando numa multidão. Além de escritora, nesta época foi dona de uma livraria na Avenida São João, ao lado da Galeria do Rock, em São Paulo,onde podia ser encontrada diariamente.

Em 1976, a autora tinha 33 dos 36 livros que havia publicado apreendidos e proibidos em todo o país. Desde então, desapareceu completamente do noticiário. Abandonada, editando os últimos livros por conta própria, Cassandra Rios queixava-se que sempre se sentiu incomodada pelo fato de sua vida pessoal ser confundida com as atmosferas que criava em suas obras.

Numa entrevista à revista TPM, afirmou: "O que mais me incomodou foi me encararem como personagem de livro. Então, não tenho capacidade para ser escritora?"

Cassandra Rios faleceu no Hospital Santa Helena em São Paulo, aos 69 anos, vítima de câncer, em 08/03/2002.


Contexto

Como dita os manuais da literatura comparada, para entender Cassandra Rios é preciso entender sua época e ambiente.

Não havia imagens de sexo, a não ser em livros de medicina legal. No Brasil pré-contracultura, taras individuais não eram debatidas. O estranho era considerado desvio a ser combatido pelo Estado, com a censura.

A exibição de seios só era permitida em documentários sobre índios. "Amaral Neto, o Repórter" serviu para muitos adolescentes descobrirem o que havia escondido numa mulher.

Cassandra Rios falava às claras sobre o prazer feminino. Talvez por isso tenha sido uma das personalidades mais censuradas. Tratava-se de uma mulher escrevendo sobre tesão de mulher, numa sociedade cuja predominância religiosa afirmava que a mulher apenas se deitava com um homem para gerar filhos de Deus.

Seus livros surpreendiam. Cassandra Rios rivalizava com uma outra autora erótica e sua contemporânea, Adelaide Carraro. Enquanto Cassandra Rios tinha um estilo mais ousado, extrovertido, Adelaide Carraro era linear, contida. Em Cassandra Rios, há empresários corruptos, que fazem despachos em terreiros de umbanda.

Cassandra Rios já no título era direta, como, por exemplo, "A Volúpia do Pecado", de 1948, seu livro de estréia, que a transformou numa das autoras mais vendidas da história da literatura brasileira. Ela o escreveu com 16 anos. Fazia uma literatura assumidamente popular. Eram livros baratos. Havia desenhos provocantes nas capas: moças oferecidas em poses sutilmente sensuais.

Nas poucas entrevistas que deu, ela dizia que, no fundo, era uma simples dona-de-casa conservadora, que suas narrativas fluíam sem controle e que ela mesma ficava enrubescida com aquelas cenas mais quentes.

Chegou a escrever um livro sério, "MezzAmaro", uma autobiografia que não fala de sexo, com 400 páginas. Chegou a ter o livro "A Paranóica" adaptado para o cinema, sobre uma filha que descobre que seu pai é falso e quer apenas roubar a grana da família. Na tela, o livro virou "Ariella", revelando a atriz Nicole Puzzi.

Em muitas faculdades brasileiras, pesquisadores deveriam estar estudando Cassandra Rios. Foi uma precursora. Sua importância não será esquecida. Nem a libido de suas personagens.


Algumas Obras

  • Volúpia do Pecado
  • Carne em Delírio
  • Nicoletta Ninfeta
  • Crime de Honra
  • Uma Mulher Diferente
  • Copacabana Posto 6 - A Madrasta
  • A Lua Escondida
  • O Gamo e a Gazela
  • A Borboleta Branca
  • As Traças
  • A Tara
  • O Prazer de Pecar
  • Tessa, a Gata
  • A Paranoica
  • Breve História de Fábia
  • Um Escorpião na Balança
  • Muros Altos



Leda Zepellin

LEDA FAIABELLO
(38 anos)
Dançarina

* Rio de Janeiro, RJ (11/01/1960)
+ (1998)

O nome verdadeiro da Leda Zepellin era Anna Maria de Angelo Ribeiro, carioca, nascida na Penha em 11/01/1960. No ano de 1979 estreou no programa do Chacrinha, na TV Bandeirantes, aos 19 anos.

Pequena em estatura, era dona de um rosto perfeito e de curvas fenomenais. Apareceu nua em várias revistas masculinas e concedeu diversas entrevistas como chacrete. Seus pais eram falecidos e Leda Zepellin fora criada pelos tios.

Ela se considerava uma mulher realista, ultra-aberta e assumida. Não se preocupava com o futuro, buscava viver intensamente o aqui e agora, pois desde pequena foi colocada de frente com a realidade da vida e, isso a marcou demais.


Gostava de ler Cassandra Rios e Vinícius de Moraes, além de ouvir Maria Bethânia, Joann Baez e principalmente Gilberto Gil. Seu maior sonho era ser mãe e, por motivo de gravidez, afastou-se do programa do Chacrinha em janeiro de 1983. Retornou em março de 1984, deixando definitivamente o programa em 14/07/1984.

Teve uma breve passagem no Clube do Bolinha, num único programa, e saiu de cena. Com toda sua beleza e carisma, Leda Zepellin marcou toda uma geração.

Faleceu em 1998, deixando inconsoláveis seus eternos fãs.

Fonte: As Chacretes

Neimar de Barros

NEIMAR MACHADO DE BARROS
(69 anos)
Produtor, Diretor e Escritor

* Corumbá, MS (08/03/1943)
+ Osasco, SP (06/05/2012)

Produtor e diretor de Silvio Santos, depois escritor de best-seller destacado pelo livro "Deus Negro" que vendeu mais de 4 milhões de exemplares em 5 países.

Neimar de Barros arrastava multidões. Em 1985, o ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre, ficou abarrotado de pessoas querendo ouvi-lo. Era o mais popular pregador leigo católico daquela época.

O Início

Nascido em Corumbá, filho de militar, ainda na infância mudou-se com a família para a cidade de São Paulo. Sua adolescência foi marcada por uma forte tuberculose aos 16 anos, onde muita literatura predominou em seus 6 meses de cama, depois trabalhou como garçom, bancário, e foi ainda jovem para a Rádio Nacional como redator do programa de Renato Corte Real. Foi na rádio que conheceu Silvio Santos. Logo foram para a TV Paulista, Canal 5, das Organizações Victor Costa, comprada depois pela Rede Globo.

Ainda como TV Paulista, Silvio Santos recebeu um presente de Manuel de Nóbrega, o "Baú da Felicidade", e foi aí que junto com Neimar de Barros e Luciano Callegari caminharam para o "Programa Silvio Santos". Como o próprio Silvio Santos disse na comemoração dos 25 anos do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT): "Tudo começou comigo, Neimar de Barros e Luciano Callegari, e nunca imaginei que chegaria neste ponto…"

O Sucesso Profissional

Sua maior realização dentro da televisão foi na Rede Globo e TV Tupi, onde conseguiu sucesso e fama, chegando como diretor, produtor e redator, pois era o braço esquerdo de Silvio Santos.

Criou e produziu vários programas campeões de audiência como "Cidade Contra Cidade", "Boa Noite Cinderela", entre outros. Devido ao sucesso esteve em Brasília com o presidente do Brasil, Emílio Garrastazu Médici e Silvio Santos, solicitando concessão para um canal de televisão, por onde anos depois veio o primeiro canal de Silvio Santos, a TVS - Rio de Janeiro. Até o início da década de 1970 foi líder, companheiro, amigo e profissional de destaque dentro da equipe Silvio Santos.

A Transformação

Em 1971 foi convidado a participar de um encontro dentro da Igreja Católica, na época chamado de Cursílio. Mesmo sendo ateu, devido ao sucesso destes encontros, ele aceitou o convite, pois queria desafiar e defender sua filosofia materialista, que sempre dizia só acreditar no que seus olhos poderiam ver.

No terceiro e último dia, depois de ter questionado muito e até incomodado o encontro, foi desafiado pelo padre Jonh Drexel a entrar na capela e ajoelhar-se, pois Deus tinha algo a lhe falar. Então foi aí que uma grande comoção o tomou, e naquela hora aconteceu o início de sua conversão, ficando claro para ele, que podemos ver muitas coisas que nossos olhos não enxergam.


O Desafio Profissional

Quando retornou ao seu trabalho na TV, sentiu que como cristão não poderia continuar a ter as mesmas atitudes e aceitar muitos procedimentos dos bastidores de televisão, então, teve um grande conflito com Silvio Santos e acabou se desligando do grupo.

Depois esteve só na TV Record com seu programa próprio de entrevistas, "Meia Hora Com Neimar", e nesta época foi que se tornou famoso também como escritor de livros religiosos e seus poemas.

Suas poesias "Não Tenho Tempo" e "Deus Decepção" comoverão milhares de leitores, seu best-seller, intitulado "Deus Negro", vendeu mais de 4 milhões de exemplares, foi editado em vários países e teve suas poesias declamadas em vários meios de comunicação incluindo no programa "Fantástico" da TV Globo.

A Realização Pessoal

Em 1975 contraiu sua segunda tuberculose e foi aconselhado a se tratar na Serra da Mantiqueira onde conseguiu se recuperar em 3 meses. Escreveu o livro "Apóstolos Cansados" e decidiu mudar-se de São Paulo para Campos do Jordão, SP, onde residiu por 11 anos. Lá fundou o instituto Missionários Para Evangelização e Animação de Comunidades (MEAC), sendo o principal palestrante e pregador do grupo, onde durante 14 anos desenvolveu um incrível trabalho missionário dando cursos e palestras em mais de 3 mil cidades.

Suas palestras lotavam ginásios de esportes, auditórios, igrejas e teatros. Seu trabalho teve muito destaque e esteve sempre presente na mídia secular e fortemente na religiosa. Foi capa, em 1974, da revista Família Cristã, a maior publicação católica do Brasil pela Editora Paulinas.

Nestes 14 anos, visitou diversas vezes o Vaticano, palestrou em várias Universidades inclusive na Sorbonne em Paris, esteve em Israel, publicou mais de 10 livros, sendo vários em espanhol. Como leigo na Igreja Católica, conseguiu quebrar vários paradigmas, sendo uma forte referência por pregar a necessidade de mudanças em vários pontos da igreja.

A Tribulação

Sua vida deu uma grande guinada em 1986, e como um ser humano normal teve muitas desilusões com sua igreja, sua família e em seu grupo de trabalho. A falta de um alicerce deixou um forte florescer, a vontade de mudar os dogmas arbitrários da igreja católica foram sempre boicotados, e errou muito na forma reivindicada, apesar de haver boas intenções.

Assim, instalou-se uma profunda crise em sua vida, dando início a manifestação de uma doença neurológica que só foi descoberta 18 anos depois, explicando seus devaneios excessivos publicados irresponsavelmente pela revista Veja em 1986, onde concedeu uma entrevista com efeito bombástico devido a sua estória de fé dentro da igreja.

Ele declarou ter participado de uma investigação onde foi usado para se infiltrar na Igreja Católica e repassar informações sobre a conduta de religiosos a uma organização secreta. Esta declaração chocou muitos, o resultado foi que algo estranho havia com Neimar de Barros. Contudo, isto potencializou ainda mais a evolução desta oculta doença, o Mal de Alzheimer, descoberta só em 2004. A única beneficiária desta reportagem foi a revista Veja, que editou a entrevista conforme seu interesse e teve recordes de vendagem naquela semana, ultrapassando pela primeira vez o número de 900 mil exemplares. Sua família, amigos e milhares de verdadeiros admiradores sofreram muito com este impacto.


A Verdade

O mais importante é que ficou claro que quem conheceu Neimar de Barros, sabia e sentia que parte do que aconteceu depois de 1986 não foi de sua natureza. Tanto que a maioria de seus admiradores não acreditaram que a reportagem da revista Veja fosse verdade absoluta, existe essências e pontos verdadeiros, más não quando se fala em farsa e espionagem.

A  verdade esta na sua vontade de corrigir vários erros dentro da igreja. Ao invés de esconde-los, lutou muito por mudanças internas, más as desilusões foram grandes, o que teve muito peso e pouco apoio no meio católico. Contudo, sempre houve um sentimento que algo fora do racional acontecia em sua personalidade. Sabemos hoje que era o Mal de Alzheimer, o que explica seus excessos, más a sua essência sempre foi de um cristão temente a Deus, que estava revoltado com as doutrinas católicas. Nos últimos 10 anos congregou na Igreja Presbiteriana Renovada de Osasco, em São Paulo.

A Despedida

Neimar de Barros faleceu no dia 06/05/2012 e nos deixou um exemplo de que o homem é pecador, que muitas vezes erra o alvo, e que devemos perdoar sempre, pois o principal é não nos afastarmos de Deus, e sim entender que "quando somos nada, Deus é sempre tudo em nossa vida", como declarou como o apóstolo Paulo em sua poesia "Sim Eu Posso!".

Nunca recuperou a popularidade. Nos anos 90, virou protestante, trabalhou para a prefeitura de Osasco e voltou ao SBT, onde ficou até 2006.

Sofria de Alzheimer desde 2004 e morreu no domingo, 06/05/2012, aos 69, vítima de falência de órgãos. Teve cinco filhos e seis netos.

Fonte: Neimar de Barros e Folha de S.Paulo