Joaquim Rolla

JOAQUIM ROLLA
(72 anos)
Tropeiro e Empresário

* São Tomé - Distrito de Dom Silvério, MG (15/08/1899)
+ Rio de Janeiro, RJ (29/07/1972)

Joaquim Rolla foi um tropeiro e, posteriormente, empreendedor brasileiro do ramo dos jogos e turismo.

Nascido no interior de Minas Gerais, Joaquim Rolla estudou apenas o primário e logo sua veia empreendedora atinou para que vendesse gasosa (tipo de bebida alcoólica obtida do abacaxi) aos imigrantes alemães estabelecidos desde o início do século em São Domingos do Prata, cidade onde cresceu e foi criado.

Joaquim Rolla era sobrinho do cacique político local, o coronel Francisco Leôncio Rolla, do Partido Republicano Mineiro. Ainda adolescente foi agraciado por ele com uma tropa de burros para escoar a produção de sua região e trazer de fora todo tipo de mantimento que não se produzia ali. Virou um grande tropeiro e logo suas viagens pelos sertões da região centro-leste de Minas Gerais fez que brotasse em Joaquim o sentimento pelo jogo de cartas. Perdeu e ganhou todo seu escoamento, tropa e tudo que possuía por algumas vezes, mas logo recuperava tudo, sonhava mais alto e foi seguir seu tino empreendendo prestação de serviços ao governo.

Começou a construir diversas estradas por sua região, através de contatos com o ex-presidente Artur Bernardes. No fim da década de 1920, seguiu para Belo Horizonte, onde fundou com seu irmão João Rolla o Mundo das Meias e logo declinou do negócio a favor do irmão. Em 1953 a loja passou a se denominar Casa Rolla e até os dias atuais persiste. Arriscou em Belo Horizonte como proprietário de alguns jornais.

Na Revolução de 1930, a pedido do então governador Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, liderou uma tropa de soldados a favor do vitorioso golpe para garantir a condução de Getúlio Vargas ao poder. Na Revolução Constitucionalista de 1932, apoiou os paulistas ao lado de Artur Bernardes e permaneceu preso por um período.

Logo depois dos acontecimentos políticos que abalaram o país, visitou o Rio de Janeiro com grande frequência, tendo nos cassinos o seu maior interesse. O Cassino da Urca era o seu predileto. Não era o maior da cidade, mas tinha lá o seu glamour.

Um dia sentou na mesa com alguns políticos notáveis e manifestou a eles o desejo de comprar aquele cassino. Eles ficaram admirados de um jovem com pouco mais de 30 anos querer comprar um cassino, não acreditaram muito naquela história, mas gostaram da idéia daquele mineiro visionário. Conferida a autenticidade do seu desejo em comprar o cassino, os políticos topam uma "Sociedade Anônima" com Joaquim Rolla, que na verdade era um tipo de proteção política para um negócio com tantos inimigos.

Joaquim Rolla fundou o Cassino da Urca, em 1933, e transformou a história do entretenimento nacional. Ele foi pioneiro na contratatação de artistas estrangeiros de renome para apresentações tanto no seu cassino quanto na Rádio Tupi, do amigo Assis Chateaubriand


O Cassino da Urca deu certo e o jovem empreendedor ampliou o seu leque de negócios em Belo Horizonte, no complexo da Pampulha, em Niterói com o Cassino de Icaraí, além de estâncias hidrominerais como Araxá, Poços de Caldas e Lambari, que só funcionou por uma noite.

Nos anos dourados em que o rádio reinava no Brasil, havia uma ética na propaganda, não se podia fazer uma panfletagem apenas do produto, era necessário um acompanhamento artístico ligando o jogo a cultura, de modo que no caso dos cassinos tinham em seus números musicais o seu maior filão para poder fazer publicidade nos jornais e rádios cariocas daquele tempo. Artistas internacionais do calibre de Glenn Miller faziam apresentações pelos cassinos e pelas rádios locais, descendo dos cruzeiros que passavam pela cidade maravilhosa. Como o cachê não era barato, o que fazia os artistas descerem dos luxuosos transatlânticos era uma certa sociedade entre Joaquim Rolla e Assis Chateaubriand para que as estrelas cantassem nas rádios do Grupo Diários Associados durante o dia e fizessem apresentações no cassino durante a noite.

Com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, as viagens de artistas internacionais começaram a escassear gradativamente com o medo de bombardeios navais cada vez mais frequentes e os voos cada vez mais perigosos. Os cassinos então passaram a investir na carreira de artistas nacionais para poder continuar com suas campanhas publicitárias de grande apelo. Carmem Miranda e Grande Otelo são alguns dos símbolos dessa época de ouro. Agências de publicidade foram fundadas por Joaquim Rolla no intuito único e exclusivo de ampliar o leque publicitário de seus cassinos.

Palácio Quitandinha
Palácio Quitandinha e o Edifício JK

E foi em 1941 que Joaquim Rolla começou a realização de seu maior sonho: o Cassino Quitandinha, na cidade de Petrópolis. Nas dependências deste luxuoso cassino ocorreu a assinatura da declaração de guerra dos países americanos as Potências do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial. Caso estivesse funcionando como local de jogo hoje, ainda seria o maior cassino da América Latina. O lago em toda a extensão de sua imponente fachada possui o formato do mapa do Brasil e foi construído como único suporte viável no caso de um inesperado incêndio. 


O cassino teve suas atividades suspensas em 30 de abril de 1946, com a proibição do jogo no Brasil pelo presidente Eurico Gaspar Dutra. A partir de então, passou a ser hotel, conhecido como Palácio Quitandinha. Mas o Quitandinha não conseguiu sobreviver apenas como hotel por muito tempo. Funciona como local para congressos, eventos, shows e feiras.

Em 1952, começou a ser projetado em Belo Horizonte, um novo empreendimento de Joaquim Rolla. O Edifício JK, ainda hoje o maior prédio da capital mineira, foi encomendado ao arquiteto Oscar Niemeyer para realçar o nome daquele que seria o próximo presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira. São dois edifícios um de 23 e outro com 36 andares totalizando 1086 apartamentos. A população do Edifício JK são cerca de 5.000 moradores.

No fim da década de 1950, encomendou ao arquiteto Sérgio Bernardes o projeto do Pavilhão de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, como espaço permanente de Exposição Internacional ligando as Indústrias Cariocas com o comércio. O vão protegido com uma cobertura circular semi-rígida com dupla curvatura cobria o maior vão livre do mundo. Com a falência das indústrias cariocas e a falta de conservação desse pavilhão, o telhado "em forma de uma sela de cavalo" veio a tombar sendo que no local restou só as ruínas onde anos depois, aproveitando as paredes, instalou-se  um reduto nordestino em terras cariocas em homenagem ao artista Luiz Gonzaga.

Joaquim Rolla faleceu em 29 de julho de 1972 no seu apartamento em Ipanema, Rio de Janeiro, logo após uma partida de peteca.


A Biografia de Joaquim Rolla

Baseado em fatos verídicos, o livro "O Rei da Roleta: A Incrível Vida de Joaquim Rolla" (Casa da Palavra). João Perdigão, sobrinho-bisneto do biografado, dividiu os créditos da criação com Euler Corradi, depois de mais de seis anos de pesquisa, com direito a entrevistas e a arquivos revirados. Trata-se de um relato sobre a trajetória pessoal e profissional do personagem mineiro, que teve sorte e azar em momentos importantes para a cultura e a história do Brasil.

Preso três vezes e auto-exilado no Rio de Janeiro por motivos políticos, Joaquim Rolla fundou o Cassino da Urca, em 1933. Ele foi pioneiro na contratatação de artistas estrangeiros de renome para apresentações tanto no seu cassino quanto na Rádio Tupi, do amigo Assis Chateaubriand. Entre as celebridades que o cercaram pode-se destacar Josephine Baker e Bing Crosby.

Também foi em seu estabelecimento que Carmen Miranda se consagrou como a artista mais bem paga do país e que Orson Welles rodou parte do filme "It's All True".

Joaquim Rolla foi responsável ainda por outras construções importantes em território brasileiro, em parceria com arquitetos famosos do quilate de Oscar Niemeyer.

Fonte: Wikipédia