Brandão, o Popularíssimo

JOÃO AUGUSTO SOARES BRANDÃO
(77 anos)
Ator, Teatrólogo e Poeta

* Lomba da Maia, Açores (19/06/1844)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/11/1921)

João Augusto Soares Brandão, conhecido pelo nome artístico de Brandão, o Popularíssimo, foi um poeta, teatrólogo e ator. Celebrizou-se na comédia de costumes, sendo um dos mais conhecidos e populares atores do panorama teatral brasileiro do final do século XIX e início do século XX.

Emigrou dos Açores para o Brasil em 1855, quando tinha 11 anos. Por algum tempo trabalhou no comércio do Rio de Janeiro. Iniciou a sua carreira de ator aos 16 anos, quando resolveu entrar para um grêmio teatral amador por estar empolgado com as atuações do ator brasileiro João Caetano.

Sua estreia, ainda como amador, aconteceu em um pequeno teatro particular no bairro carioca de Botafogo. Posteriormente, se apresentou em diversos teatros na cidade, incluindo o Teatro São Januário, localizado próximo ao Paço Imperial, onde participou, por volta de 1862 da montagem da peça "Caravaggio". Por esta época, foi contratado pela atriz e empresária Maria da Glória para fazer parte de sua companhia teatral itinerante.

Por cerca de 30 anos, passou a percorrer os teatros das cidades e vilas do interior brasileiro, especialmente de Minas Gerais, São Paulo e Estado do Rio de Janeiro, apresentando-se em peças de caráter burlesco e em comédia de costumes. Durante este tempo, viveu diversas aventuras, conforme foi retratado, por exemplo, na peça "O Mambembe", de Arthur Azevedo, cujo personagem Frazão, foi claramente inspirado nele, conforme garantiu o próprio autor.

Brandão estava com sua companhia teatral sediada na cidade de Sabará, em Minas Gerais, quando, em 1891, recebeu um convite para ir ao Rio de Janeiro, para atuar na peça "Viagem Ao Parnaso", de Arthur Azevedo, a ser apresentada no Teatro Apolo. Com o estrondoso sucesso que fez, mandou buscar a família que tinha ficado em Sabará e radicou-se na então capital brasileira. A partir dali, fez tanto sucesso que o jornalista Feliciano Prazeres, do Jornal do Brasil, o chamou de "Popularíssimo", apelido que acabou adotando e com ele foi conhecido em muitos lugares do Brasil e até fora dele.

Brandão contracenando com a atriz Julia Lopes.
Entre suas peças de maior sucesso, se destacam "A Pera de Satanás", de Eduardo Garrido, "Abacaxi", de Moreira Sampaio, "Tribofe", de Arthur Azevedo, onde atuou com Francisco Vasques, outro notável ator comediante, "Rio Nu", de Moreira Sampaio, "A Capital Federal", de Arthur Azevedo, "Tim Tim Por Tim Tim", de Souza Bastos, "O Esfolado", de Raul Pederneiras e Vicente Reis, "O Mambembe", de Arthur Azevedo, e "A Última do Dudu", de Raul Pederneiras.

No fim de sua carreira, foi convidado por Leopoldo Fróes para ser o ensaiador da Companhia do Teatro Trianon, que apresentava um repertório de comédias leves.

Brandão pretendia publicar um livro de suas memórias teatrais, intitulado "Último Ato", mas após sua morte, a viúva vendeu os originais e o livro acabou sendo irremediavelmente perdido.

Em 16/11/1921, quando estava na plateia do Democrata Circo, foi acometido de um forte acesso de tosse, vindo a falecer vítima de Síncope Cardíaca. Brandão deixou a viúva, Beatriz, e nove filhos, sendo dois de seu segundo casamento, um do terceiro e seis do quarto matrimônio.

O único de seus filhos que seguiria carreira de ator foi Brandão Filho, que conquistou enorme popularidade no circo, no rádio, no teatro, no cinema e na televisão, especialmente com o personagem "Primo Pobre", do programa "Balança Mas Não Cai".

A freguesia de Lomba da Maia, na ilha de São Miguel, nos Açores, sua terra natal, prestou-lhe homenagem em 1983, com um monumento feito por um artista local.

Brandão, o Popularíssimo
Obras Publicadas

  • 1894 - Cenas Realistas (Teatro)
  • 1895 - Lamentações De Um Porteiro: Cena Cômica
  • 1895 - O Boiadeiro (Poesia)
  • 1895 - Capenga Não Forma (Teatro)
  • 1895 - O Tio Geriva (Comédia de Costumes)
  • 1919 - O Barão Das Crioulas (Burleta-Revista)

Fonte: Wikipédia

Luíz Sérgio Person

LUIZ SÉRGIO PERSON
(39 anos)
Ator, Diretor, Roteirista e Produtor

* São Paulo, SP (12/02/1936)
+ São Paulo, SP (07/01/1976)

Luiz Sérgio Person foi um ator, diretor, roteirista e produtor brasileiro. É conhecido sobretudo por ter dirigido dois importantes filmes do cinema brasileiro dos anos 1960, "São Paulo S.A.", um contundente retrato da alienação e do desespero do cidadão médio perante a emergente e aguda industrialização iniciada no final dos anos 50, e "O Caso dos Irmãos Naves", no qual usa um episódio verídico de injustiça e abuso de poder ocorrido durante o Estado Novo para traçar um paralelo com a repressão da ditadura militar da época, de forma crua e bastante corajosa.

Em 1951, fez o curso de interpretação cinematográfica no Centro de Estudos Cinematográficos de São Paulo, como bolsista da prefeitura. Nesse mesmo ano, ele se increveu num processo de seleção de atores para a peça "O Massacre", de Manuel Robins. Ficou entre os cinco finalistas mas os pais o impediram de abandonar o curso clássico no Colégio São Bento para ser ator numa peça encenada no Rio de Janeiro.

Em 1954, ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP) onde ficou até o último ano sem contudo diplomar-se.

No ano seguinte, em 1955, junto com um grupo de jovens talentosos, como Antunes Filho, Cláudio Petraglia, Flávio Rangel e Antônio Henrique do Amaral, encenou inúmeras peças teatrais em casa de amigos, dentro do mais perfeito espírito amador.

Antes de completar 20 anos, organizou e editou uma revista de cinema e teatro, "Seqüência". Apesar do título, a revista não passou do primeiro número pelas dificuldades que Luiz Sérgio Person enfrentou em conduzir sozinho todas as tarefas indispensáveis à edição. Alguns meses mais tarde, engajou-se como ator na Companhia de Comédias de Odilon Azevedo e se apresentou no Teatro Municipal de Campinas como galã na peça "Vamos Brincar de Amor". Nesse ano, ainda escreveu um roteiro cinematográfico, inédito, com base no romance "Chão Bruto", de Hernani Donato; o argumento e roteiro de "A Lei do Mais Forte", e teve participação secundária como ator nos filmes "Cais do Vício" e "A Doutora é Muito Viva", ambos de 1956.

Em 1957, experimentou a televisão como ator de  teleteatro na TV Tupi, levado pelo amigo Antunes Filho. Na TV Tupi e TV Record, dirigiu gente consagrada como a atriz Cacilda Becker, de quem ficou amigo. Escreveu o roteiro de "Casei-me Com Um Xavante" (1957), em parceria com Alfredo Palácios, de quem foi também assistente de direção e onde apareceu ainda como ator ao lado de Pagano Sobrinho, Luely Figueiró e Lola Brah. Dirigiu o longa-metragem "Um Marido Para Três Mulheres" (1957).


Afastou-se do cinema em 1959, quando passou a se dedicar a atividades industriais, assumindo a diretoria comercial da empresa Person-Bouquet S/A, o que o levou a circular por ambientes que mais tarde surgiram em "São Paulo, Sociedade Anônima" (1965).

Em 1961, retornou à atividade cinematográfica. Foi para a Itália fazer curso de direção no Centro Sperimentale di Cinematografia (CSC), em Roma, onde ficou por dois anos. Junto com vários colegas do curso, realizou, como produtor, argumentista e diretor, o curta-metragem "Al Ladro" (1962). O filme recebeu o prêmio de qualidade do governo italiano e representou o país no Festival de Veneza em 1962 e, em seguida, no Festival de Bilbao. Como explicou o próprio Luiz Sérgio Person:

"O filme foi inteirinho rodado com a câmera na mão, a pouca distância e mesmo debaixo do nariz de transeuntes e pessoas completamente desprevenidas. Como preparação, de modo geral, o método consistiu em ensaiarmos os atores sem nos preocuparmos com os curiosos que iam se amontoando à nossa volta. Depois de estabelecida a posição da câmera, a objetiva, o diafragma, etc., nos retirávamos fingindo que o trabalho estava terminado; íamos tomar um café ou bater um papo distante do local escolhido, fazendo desaparecer a máquina, a fim de que ninguém nos seguisse. Em seguida, quando o grupo já havia se dispersado, voltávamos e, rapidamente, sem dar tempo ao público de perceber exatamente o que estava sucedendo diante dele, rodávamos a cena."

No mesmo ano, 1962, foi assistente de direção de Luigi Zampa no filme "Anni Ruggenti".

Em 1963, realizou o curta-metragem "L'ottimista Sorridente" em 16mm, seu trabalho de formatura no Centro Sperimentale di Cinematografia. Dirigiu também o documentário "Il Palazzo Doria Pamphili" sobre a sede da representação diplomática brasileira em Roma. Escreveu a primeira versão do argumento de "São Paulo, Sociedade Anônima", ainda com o título de "Agonia". Em Paris, tentou comprar os direitos de "Irma la Dulce" para o cinema.

De volta ao Brasil, em 1964, iniciou os preparativos para a produção de "São Paulo, Sociedade Anônima", em regime de quotas, com Renato Magalhães Gouvêa e Nelson Mattos Penteado.

No ano seguinte, o filme recebeu o Prêmio de Público na I Mostra Internacional do Novo Cinema realizada em Pesaro na Itália; Prêmio Cabeza de Palenque no VIII Festival Internacional do Filme de Acapulco, México; Prêmio Governador do Estado, da Comissão Estadual de Cinema de São Paulo; diversos Prêmios Cidade de São Paulo; os Prêmios Saci do jornal O Estado de S. Paulo para melhor filme, direção e montagem. Nesse mesmo ano, trabalhou na produção do documentário "Esportes no Brasil" para o Ministério das Relações Exteriores.


"São Paulo, Sociedade Anônima" é um marco no cinema paulista e foi a obra de Luiz Sérgio Person mais bem-sucedida, mostrando uma temática profundamente urbana tratada de um modo único dentro do movimento do Cinema Novo. Além de ser pioneiro no aprofundamento da problemática do jovem de classe média, é de se destacar a ausência do povo no filme, que era uma das características cinema-novistas. A forma narrativa assemelha-se ao questionamento da linguagem clássica feita pelo Cinema Novo e, com isso, Luiz Sérgio Person foi considerado um dos poucos participantes paulistas do movimento.

Em 1966, convidou Jean-Claude Bernadet para fazer a pesquisa e roteirizar o episódio do erro judiciário ocorrido em Araguari, MG, em que dois irmãos foram condenados sem terem cometido crime algum. Surgiu, entretanto, a possibilidade de dirigir um filme tendo Roberto Carlos e a Jovem Guarda no elenco, e Luiz Sérgio Person decidiu adiar o projeto sobre os Irmãos Naves. Tendo como parceiros Jean-Claude Bernadet e Jô Soares, escreveu o argumento e roteiro de "SSS Contra Jovem Guarda", mas o filme não chegou a ser rodado. Escreveu então o roteiro, a primeira versão, de "Panca de Valente" (1968).

Viajou inúmeras vezes até Araguari, MG, em companhia de Jean-Claude Bernadet para entrevistar testemunhas da época em que ocorreu o julgamento dos Irmãos Naves e levantar as locações para a realização do filme sobre o assunto. Antes das filmagens, organizou uma produtora com o amigo Glauco Mirko Laurelli, a Lauper Filmes. Em novembro começam as filmagens de "O Caso dos Irmãos Naves" (1967).

Integrou a Comissão Estadual de Cinema, onde ficou até 1971.

Em 1967, "O Caso dos Irmãos Naves" recebeu o Prêmio Governador do Estado para argumento e roteiro; Prêmio INC e Coruja de Ouro de melhor fotografia, cenografia e figurino. No III Festival de Brasília do Cinema Brasileiro recebeu os prêmios para melhor roteiro, diálogo e atriz coadjuvante. No final de 1968, o filme, considerado o melhor do ano, recebeu em Marília, SP, do Clube de Cinema da cidade, o Troféu Curumim

Iniciou um outro projeto, com Jean-Claude Bernadet: o roteiro de "A Hora dos Ruminantes", que não chegou a ser filmado.

Foi lançado "Marido Barra Limpa", o antigo "Um Marido Para Tês Mulheres", de 1957, com cenas adicionais filmadas por Renato Grecchi, que assinou o filme. Luiz Sérgio Person escreveu o roteiro de "Os Sete Pecados Capitalistas", não realizado, e deu aulas na cadeira de linguagem cienematográfica na Escola Superior de Cinema São Luiz, em São Paulo.

Luis Sérgio Person e sua filha Marina Person.
Participou de vários filmes paulistas como ator, em "O Quarto" (1968), dirigido por Rubem Biáfora, "Anuska, Manequim e Mulher", de Francisco Ramalho Jr. A amizade com José Mojica Marins, o Zé do Caixão, o levou mais uma vez a desempenhar a função de ator em "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", no episódio "O Fabricante de Bonecas". Com o mesmo José Mojica Marins e Ozualdo Candeias, fez o longa "Trilogia do Terror", cabendo-lhe o episódio "A Procissão dos Mortos" (1968).

Luiz Sérgio Person liderou a criação da Reunião de Produtores Independentes (RPI), empresa de distribuição de filmes, revelando sua preocupações com a comercialização insatisfatória da produção nacional e dirigiu mais um longa metragem, "Panca de Valente" (1968).

Em 1969, já dedicado ao cinema publicitário, Luiz Sérgio Person recebeu o prêmio de melhor comercial de cinema, "Casa Zacharias", daquele ano, oferecido pelos cronistas publicitários de São Paulo. Continuou dirigindo comerciais - centenas, entre 1969 e 1971 - na G. Smith do Brasil e na sua empresa, a Lauper Filmes.

Voltou a interpretar, em 1970, em papel secundário no filme "Audácia!", de Antônio Lima e Carlos Reichenbach, seu antigo aluno na Escola Superior de Cinema.

"O Caso dos Irmãos Naves" impressionou a crítica americana e fez grande sucesso em Nova York, em 1972. Luíz Sérgio Person seguiu para lá, na tentativa de montar algum esquema de produção para "A Hora dos Ruminantes". Tentou comprar os direitos para montagem no Brasil da peça musical "Chorus Line".

Voltando ao Brasil, dirigiu no Rio de Janeiro a pornochanchada "Cassy Jones, o Magnífico Sedutor" (1973), com o qual ganhou, em 1973, o Kikito de melhor diretor no Festival de Gramado e também prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) que considerou seu filme o melhor do ano. O filme recebeu o Prêmio INC e Carlos Imperial foi premiado com o Troféu Coruja de Ouro de melhor autor das partituras musicais.

Associação Paulista de Críticos de Arte lhe conferiu uma menção especial pela abertura do Auditório Augusta, um velho cinema agora transformado em teatro que ele dirigiu com Glauco Mirko Laurelli e onde encenou inúmeras peças de muito sucesso.

Depois de uma famosa e controvertida entrevista dada a O Pasquim, em que criticou os cinema-novistas e fez afirmações contundentes ("Ipanema Não Existe!"), Luíz Sérgio Person foi convidado a colaborar no semanário enviando suas crônicas semanalmente de São Paulo.

Em 1975, concluiu o curta "Vicente do Rego Monteiro".

Luis Sérgio Person fotografado na região da Boca do Lixo, em São Paulo.
Morte

Luiz Sérgio Person faleceu vítima de um acidente automobilístico em 07/01/1976, deixando duas filhas pequenas, Marina Person e Domingas Person, que futuramente se tornariam bem-sucedidas apresentadoras de televisão, sobretudo de programas musicais.

Ele recebeu inúmeros prêmios póstumos, entre eles o Grande Prêmio da Crítica (APCA) e o prêmio do XI Festival de Brasília, por seu filme "Vicente do Rego Monteiro".


Filmografia

  • 1974 - Vicente do Rego Monteiro
  • 1972 - Cassy Jones, o Magnífico Sedutor
  • 1968 - Panca de Valente
  • 1968 - Trilogia do Terror (Episódio: A Procissão dos Mortos)
  • 1967 - O Caso dos Irmãos Naves
  • 1965 - São Paulo, Sociedade Anônima
  • 1963 - II Palazzo Doria Pamphil
  • 1963 - L'ottimista Sorridente (Curta-Metragem)
  • 1962 - Al Ladro (Curta-Metragem)
  • 1957 - Um Marido Barra-Limpa (Não Creditado)

Fonte: Filmescópio

Marco Antônio Araújo

MARCO ANTÔNIO ARAÚJO
(36 anos)
Compositor e Instrumentista

* Belo Horizonte, MG (28/08/1949)
+ Belo Horizonte, MG (06/01/1986)

Ele era um dos maiores músicos instrumentais quando teve a vida ceifada por um aneurisma cerebral, com apenas 36 anos. Uma perda imensa, não apenas para o rock progressivo brasileiro, mas para uma legião de fãs que aprendeu a amar as belas composições desse mineiro, que atravessava o melhor momento de sua carreira. Marco Antonio Araújo é um nome hoje pouco lembrado, mas quem conhece sua obra não se esquece jamais.

Poucos comentam a obra e vida de Marco Antonio Araújo, um dos maiores representantes da música mineira dos anos 80 e que ganhou o epíteto de Egberto Gismonti da década de 80.

Marco Antonio Araújo nasceu em Belo Horizonte, MG, no dia 28/08/1949. Como todo adolescente nos anos 60 se apaixonou pelos Beatles e pelos Rolling Stones e resolveu, em 1968, ingressar no grupo Vox Populi, que contava com Tavito e Fredera, que depois formariam o Som Imaginário. Ficou um ano no grupo, que lançou um compacto, "Pai-Son", em parceria com Zé Rodrix, pela gravadora Bemol.

Marco já estava absolutamente apaixonado pela música e resolveu abandonar o curso de economia e o emprego em um banco para se dedicar a ela. Em 1970, resolveu morar em Londres, onde ficou dois anos "tietando" (expressão do próprio músico) grupos como Led Zeppelin, Deep Purple, Pink Floyd, Rolling Stones etc. Cansado de correr atrás dos grupos, viu que deveria voltar ao Brasil e começar a carreira de músico.

Assim, retornou ao Brasil e foi morar no Rio de Janeiro, onde foi estudar composição com Esther Sciar e aprendeu violão clássico e violoncelo com Eugen Ranewsky e Jacques Morelenbaum, na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Começou a compor trilhas sonoras para cinema, teatro e balé, entre elas a peça "Rudá", de José Wilker e "Cantares", um balé apresentado pelo Grupo Corpo, que é uma companhia de dança contemporânea brasileira de renome internacional criada em 1975 em Belo Horizonte. Marco acabou se apaixonando e casando com uma das bailarinas, Déa Marcia de Souza.

Marco mostrou-se um músico brilhante e voltou a Belo Horizonte, em 1977, e passou a integrar a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde ficou até o fim da vida. Ele fez pequenos shows no ano seguinte, onde era acompanhado pelo Grupo Mantra. As composições instrumentais mesclavam o rock progressivo com a mais pura tradição mineira de quadrilhas, modinhas e serestas.

Entre 1978 e 1979 apresentou os shows "Fantasia" e "Devaneios", tendo a companhia de Carlos Bosticco (Flauta), Hannah Goodwin (Violoncelo), seu irmão Alexandre Araújo (Guitarra), Gregory Olson (Contrabaixo), Benoir Clerk (Trompa) e Sérgio Matos (Percussão).

Aos poucos foi formando um grupo de músicos que o acompanharia: Alexandre Araújo (Guitarra), Ivan Correia (Contrabaixo), Mario Castelo (Bateria), Eduardo Delgado (Flauta), Antonio Viola (Violoncelo), Max Magalhães (Piano) e Lincoln Cheib (Bateria).

Em 1980 editou, de forma independente, o primeiro LP, "Influências", que recebeu grandes elogios da crítica especializada e foi divulgado com 74 shows. O disco ganhou boa receptividade fora de Minas Gerais e Marco montou uma produtora independente, Strawberry Fields, a canção dos Beatles que o fez amar o quarteto.


Mais maduro, Marco lançou outro disco, em 1982, o belo "Quando a Sorte Te Solta Um Cisne Na Noite" e viajou pelo interior de Minas Gerais, através do projeto Acorde Minas, em parceria com a Rede Globo Minas, a Coordenadoria de Cultura do Estado e de sua produtora, Strawberry Fields.

O disco foi novamente elogiado pela crítica, mas Marco sentia que precisava expandir seu público e atingir outros estados, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo.

Incansável, Marco não parava de trabalhar nem um segundo e resolveu inovar no terceiro LP, "Entre Um Silêncio e Outro", de 1983. Para isso, convidou o violoncelista Jacques Morelenbaum, o flautista Paulo Guimarães e o violoncelista Márcio Mallard, e formaram um grupo de câmara que gravou apenas duas "Fantasias Nº 2" e "Fantasias Nº 3". Ao ser editado em CD, trazia ainda as faixas "Abertura I", "Abertura II" e "Cantares II".

A capa trazia uma tela do artista Carlos Scliar"Vinil Encerado Sobre Tela", feita especialmente para Marco e inspirada em sua música. Dentro do disco, um bela capa dupla colorida, havia um texto do próprio Marco falando de sua obra.

No mesmo ano, 1983, nasceu seu primeiro filho, Lucas, no dia 02 de agosto. Inspirado pela paternidade, Marco partiu para gravar um novo disco, para muitos sua obra-prima: "Lucas". Um disco maduro e que mostrava um homem mais esperançoso e preocupado com o futuro.

Em 1984 foi editado uma coletânea, "Animal Racional", e Marco chegava ao auge da carreira, com shows pelo Brasil inteiro, ao lado do Grupo Mantra.


Morte

Marco havia regressado a Belo Horizonte, onde iria receber, no dia 07/01/1986, um prêmio da revista Veja como o melhor músico instrumentista do país.

Subitamente, sofreu uma hemorragia cerebral e entrou em coma profundo, vindo a falecer no dia 06/01/1986, véspera da premiação, vítima de um aneurisma cerebral, após ficar cinco dias internado na UTI do Prontocor, em Belo Horizonte.

Marco tinha uma viagem agendada para Nova York na semana seguinte.

A perda devastadora jamais foi completamente absorvida e entre os dias 07 e 09 de agosto foi realizado o show "Lembranças", para celebrar o 37º aniversário de Marco. Participaram dele Alexandre Araújo, Ivan Correia, Lincoln Cheib, Mauro Rodrigues, Antonio Viola, José Marcosa, Max Magalhães, além de convidados como André Geraissati, Egberto Gismonti, Toninho Horta, entre outros.

Aquele mineiro de técnica refinada e que amava tanto a música pop bem como a mineira e a clássica deixou um legado jamais esquecido pelos fãs e por quem acabaria descobrindo sua obra apenas após sua morte.


Discografia

  • 1980 - Influências
  • 1982 - Quando a Sorte Te Solta Um Cisne Na Noite
  • 1983 - Entre Um Silêncio e Outro
  • 1984 - Lucas
  • 1985 - Animal Racional (Coletânea)