Eduardo Viana

EDUARDO VIANA
(68 anos)
Dirigente Esportivo

* (1938)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/08/2006)

Mais conhecido como Caixa D'Água, foi um ex-presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) de 1984 até sua morte em 21 de agosto de 2006. Formado em História, Filosofia, Direito e Educação Física, Eduardo Viana era mestre em Antropologia pela Vanderbilt University e doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde foi professor.

Eduardo Viana estava há 20 anos no comando da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e se transformou ao longo de duas décadas num dos dirigentes mais polêmicos e contestados pela crítica esportiva. Assumiu o poder substituindo Otávio Pinto Guimarães e defendendo a modernização do calendário do futebol e da própria federação, com propostas inovadoras. Mas, a principal delas até hoje não foi cumprida: um estádio para 50 mil torcedores como alternativa ao Maracanã.

Caixa D'Água também era contrário à influência do antigo Conselho Nacional de Desportos (CND), órgão criado pelo regime militar para controlar o esporte brasileiro. Segundo ele, era uma "tutela arbitrária". Mas, na prática, o dirigente tinha como base eleitoral nos pleitos para presidência da FERJ os votos de 36 ligas esportivas sempre colocadas sob suspeita pelos seus opositores como sendo entidades fantasmas.

O dirigente também era professor, de pós-graduação na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e na Fundação Getúlio Vargas, lecionando sociologia do esporte e gestão esportiva. Porém, foi afastado da FERJ pela primeira vez em outubro de 2004 por suspeita de evasão de renda no Maracanã com outros cinco membros da entidade.

Conseguiu voltar ao poder em agosto de 2005. Em março de 2006, a justiça o tirou de novo do cargo por violação do Estatuto do Torcedor. Mas Vianna conseguiu retornar mais uma vez ao comando.

Caixa D'Água foi acusado dos crimes de formação de quadrilha, estelionato, fraude processual, falsidade ideológica e desvio de R$ 866 mil da receita da venda de ingressos no Maracanã em 2003, com a emissão de recibos e notas fiscais fraudulentas.

Morte

Caixa D'Água, de 67 anos, participava da reunião sobre a seletiva para o campeonato estadual de 2007 quando passou mal por volta de 16hs. Na semana anterior, já havia sofrido problemas respiratórios no avião que levava a Seleção Brasileira para Oslo, no primeiro amistoso de Dunga - o dirigente era o chefe da delegação nacional.

Morreu às 18:50 hs. do dia 21/08/2006 após ter sofrido quatro paradas cardíacas. Eduardo Viana foi internado após ter passado mal na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) no Maracanã. Foi levado para o Hospital Quinta D'or, em São Cristóvão, não resistiu porque já estava bastante debilitado.

Maria Quitéria

MARIA QUITÉRIA DE JESUS MEDEIROS
(61 anos)
Militar e Heroína

* Feira de Santana, BA (27/07/1792)
+ Salvador, BA (21/08/1853)

Foi uma militar brasileira, heroína da Guerra da independência do Brasil. Considerada a Joana d'Arc brasileira, é a patronesse do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro (Decreto de 28/06/1996).

Infância e Juventude

Maria Quitéria nasceu no Sítio do Licurizeiro, uma pequena propriedade no Arraial de São José das Itapororocas, na comarca de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira, atual município de Feira de Santana no estado da Bahia. Foi a filha primogênita dos brasileiros Gonçalo Alves de Almeida e Quitéria Maria de Jesus. A data mais aceita pelos pesquisadores para o seu nascimento é a de 1792.

Em 1803, tendo cerca de dez ou onze anos de idade, perdeu a mãe. Cinco meses após enviuvar, o pai casou-se em segundas núpcias com Eugênia Maria dos Santos, que veio a falecer pouco tempo depois, sem que da união nascessem filhos. A família mudou-se então para a Fazenda Serra da Agulha.

Na nova residência, Gonçalo Alves casou-se pela terceira vez, com Maria Rosa de Brito, com quem teve mais três filhos. A nova madrasta, afirma-se, nunca concordou com os modos independentes de Maria Quitéria. Embora sem uma educação formal, uma vez que à época as escolas eram poucas e restritas aos grandes centros urbanos, Maria Quitéria aprendera a montar, a caçar e a usar armas de fogo, conhecimentos essenciais à época.

As Lutas Pela Independência

Maria Quitéria encontrava-se noiva quando, entre 1821 e 1822, iniciaram-se na Província da Bahia as agitações contra o domínio de Portugal. Em Janeiro de 1822 transferiram-se para Salvador as tropas portuguesas, sob o comando do Governador das Armas Inácio Luís Madeira de Melo, registrando-se em fevereiro o martírio de Joana Angélica, no Convento da Lapa, naquela Capital.

Em 25 de junho, a Câmara Municipal da Vila de Cachoeira aclamou o Príncipe Regente Dom Pedro I como "Regente Perpétuo" do Brasil. Por essa razão, em julho, uma canhoneira portuguesa, fundeada na barra do Rio Paraguaçu, alvejou Vila de Cachoeira, reduto dos independistas baianos. A 6 de setembro, instalou-se na vila o Conselho Interino do Governo da Província, que defendia o movimento pró-independência da Bahia ativamente, enviando emissários a toda a Província em busca de adesões, recursos e voluntários para formação de um Exército Libertador.

Praça da Soledade - Bairro da Liberdade, Salvador, BA
O "Soldado Medeiros"

Tendo o velho Gonçalo, viúvo, sem filho varão, se escusado a colaborar, para a sua surpresa, a filha Maria Quitéria, pediu-lhe autorização para se alistar. Tendo o pedido negado pelo pai, fugiu, dirigindo-se a casa de sua meia-irmã Teresa Maria, casada com José Cordeiro de Medeiros e, com o auxílio de ambos, cortou os cabelos. Vestindo-se como um homem, dirigiu-se à Vila de Cachoeira, onde se alistou sob o nome de Medeiros, no Regimento de Artilharia, onde permaneceu até ser descoberta pelo pai, duas semanas mais tarde.

Defendida pelo major José Antônio da Silva Castro (avô do poeta Castro Alves), comandante do Batalhão dos Voluntários do Príncipe (popularmente apelidado de Batalhão dos Periquitos, devido aos punhos e gola de cor verde de seu uniforme), foi incorporada a esta tropa, em virtude de sua facilidade no manejo das armas e de sua reconhecida disciplina militar. Aqui, ao seu uniforme, foi acrescentado um saiote à escocesa.

A 29 de outubro seguiu com o seu batalhão para participar da defesa da Ilha de Maré e, logo depois, para Conceição, Pituba e Itapuã, integrando a Primeira Divisão de Direita. Em fevereiro de 1823, participou com bravura do combate da Pituba, quando atacou uma trincheira inimiga, onde fez vários prisioneiros portugueses (dois, segundo alguns autores), escoltando-os, sozinha, ao acampamento.

Em 31 de março, no posto de cadete, recebeu, por ordem do Conselho Interino da Província, uma espada e seus acessórios.

Finalmente, a 2 de julho de 1823, quando o Exército Libertador entrou em triunfo na cidade do Salvador, Maria Quitéria foi saudada e homenageada pela população em festa. O governo da Província dera-lhe o direito de portar espada. Na condição de cadete, envergava uniforme de cor azul, com saiote por ela elaborado, além de capacete com penacho.

A Heroína da Independência

Por seus atos de bravura em combate, o general Pedro Labatut, enviado por Dom Pedro I para o comando geral da resistência, conferiu-lhe as honras de 1º Cadete.

No dia 20 de agosto foi recebida no Rio de Janeiro pelo Imperador em pessoa, que a condecorou com a Imperial Ordem do Cruzeiro, no grau de Cavaleiro, com seguinte pronunciamento:

"Querendo conceder a Dona Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro."

Além da comenda, foi promovida a Alferes de Linha, posto em que se reformou, tendo aproveitado a ocasião para pedir ao Imperador uma carta solicitando ao pai que a perdoasse por sua desobediência.

Os Últimos Anos

Perdoada pelo pai, Maria Quitéria casou-se com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, o antigo namorado, com quem teve uma filha, Luísa Maria da Conceição.

Viúva, mudou-se para Feira de Santana em 1835, onde tentou receber a parte que lhe cabia na herança pelo falecimento do pai no ano anterior. Desistindo do inventário, devido à morosidade da justiça, mudou-se com a filha para Salvador, nas imediações de onde veio a falecer aos 61 anos de idade, quase cega e no anonimato.

Os seus restos mortais estão sepultados na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento e Sant'Ana, no bairro de Nazaré em Salvador.

Testemunhos

O pesquisador Aristides Milton, nas Efemérides Cachoeiranas, considera Maria Quitéria "tão valente quanto honesta senhora".

A inglesa Maria Graham, por sua vez, deixou registrado:

"Maria de Jesus é iletrada, mas viva. Tem inteligência clara e percepção aguda. Penso que, se a educassem, ela se tornaria uma personalidade notável. Nada se observa de masculino nos seus modos, antes os possui gentis e amáveis." (Journal Of a Voyage To Brazil)

Homenagens

Maria Quitéria é homenageada por uma medalha militar e por uma comenda com o seu nome, na Câmara Municipal de Salvador. Do mesmo modo, a Câmara Municipal de Feira de Santana instituiu a Comenda Maria Quitéria, para distinguir personalidades com reconhecida contribuição à municipalidade, e ergueu-lhe um monumento na cidade, no cruzamento da avenida Maria Quitéria com a Getúlio Vargas.

A sua iconografia mais conhecida é um retrato de corpo inteiro, pintado por Domenico Failutti (1920). Presenteado pela Câmara Municipal de Cachoeira, integra atualmente o acervo do Museu Paulista, em São Paulo.

Por decreto da Presidência da República, datado de 28 de junho de 1996, Maria Quitéria foi reconhecida como Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. A sua imagem encontra-se em todos os quartéis, estabelecimentos e repartições militares da Força, por determinação ministerial.

Fonte: Wikipédia