Mostrando postagens com marcador 1987. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 1987. Mostrar todas as postagens

Idálio Sardenberg

IDÁLIO SARDENBERG
(81 anos)
Militar

☼ Porto Alegre, RS (18/04/1906)
┼ Rio de Janeiro, RJ (30/05/1987)

Idálio Sardenberg foi um militar, general brasileiro, nascido em Porto Alegre, RS, no dia 18/04/1906. Era filho de Olinto Nunes Sardenberg, oficial do Exército, e de Etelvina Maria Sardenberg.

Fez seus estudos secundários no Colégio Militar do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e ingressou em abril de 1924 na Escola Militar do Realengo, também no Rio de Janeiro, saindo aspirante-a-oficial de arma de artilharia em janeiro de 1927.

Em julho de 1927 foi promovido a segundo-tenente e, em julho de 1929, a primeiro-tenente. Nesse mesmo ano fez parte da Aliança Liberal (AL), movimento político que lançou a candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República e promoveu a revolução que eclodiu em 03/10/1930. Idálio Sardenberg atuou ao lado das forças revolucionárias na região de Sengés, PR.

Cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais ainda como primeiro-tenente.

Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, combateu ao lado das forças legalistas atuando no quartel-general do Exército do Sul. A partir dessa atuação no Paraná tornou-se prestigiado no Estado, onde se radicou e contraiu matrimônio.

No pleito de maio de 1933, elegeu-se primeiro suplente de deputado pelo Paraná à Assembléia Nacional Constituinte na legenda do Partido Social Democrático (PSD). Assumindo o mandato em novembro de 1933, foi representante do Paraná na Comissão dos 26, encarregada de coordenar as propostas destinadas à elaboração da Constituição de 1934.

Com a aprovação da nova Carta em julho de 1934, teve, como os demais constituintes, seu mandato prorrogado até abril de 1935, quando tomaram posse os deputados eleitos em outubro do ano anterior. Ainda em outubro de 1935, chegou ao posto de capitão. Deixando a Constituinte, retornou à carreira militar fazendo o curso da Escola de Estado-Maior do Exército.


Em abril de 1943 e em março de 1948 foi promovido às patentes de major e tenente-coronel, respectivamente. No ano de 1949, foi um dos fundadores da Escola Superior de Guerra (ESG), onde exerceria as funções de adjunto da Divisão de Assuntos Militares e de chefe do Departamento de Estudos. Assessor da missão brasileira chefiada pelo general Pedro Aurélio de Góis Monteiro que negociou com os Estados Unidos o Acordo Militar assinado em 1952.

Em janeiro de 1953 atingiu a patente de coronel.

Em 11/12/1958, no governo do presidente Juscelino Kubitschek, foi nomeado presidente da Petrobras em substituição a Janari Nunes. Durante sua gestão, foram feitas várias obras de vulto, como a construção de novas unidades na refinaria Landulfo Alves, na Bahia, da refinaria Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, do terminal da Ilha d’Água, no estado da Guanabara, do terminal Madre de Deus, na Bahia, da Fábrica de Borracha Sintética, em Duque de Caxias, e do oleoduto da Ilha d’Água, na refinaria Duque de Caxias. Além disso, conseguiu a elevação ao dobro da capacidade da refinaria de Cubatão, em São Paulo, e a produção total de petróleo passou de 60 mil barris/dia em 1959 para 72 mil barris/dia em 1960. Também em 1960 a capacidade de refino atingiu trezentos mil barris diários.

Ainda como presidente da Petrobras, foi membro da missão comercial brasileira à União Soviética em dezembro de 1959.

Em março de 1960, foi promovido a general-de-brigada.

Em 02/02/1961, logo em seguida à posse de Jânio Quadros na presidência da República, deixou a presidência da Petrobras, sendo substituído pelo engenheiro Geonísio Barroso.

Em 13/03/1961, Jânio Quadros anunciou a reforma cambial, segundo a Instrução nº 204 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), que modificava a sistemática da política cambial brasileira, passando de um sistema de taxas múltiplas - fixas e variáveis - para um sistema de taxa única e flutuante, sendo que as importações passariam a ser feitas pelo sistema de taxas livres, com exceção do trigo, do petróleo e de outros poucos produtos essenciais.

Nessa oportunidade, o presidente criticou a situação financeira da Petrobras, herdada da gestão anterior. Diante disso, Idálio Sardenberg levou a público um manifesto à nação no qual declarava que o empréstimo por ele solicitado ao Banco do Brasil não fora feito para pagar compromissos atrasados e sim para cobrir um aumento do capital de giro resultante da expansão da produção de petróleo. Esse documento teve grande repercussão por se tratar de um desmentido às palavras do presidente Jânio Quadros, e foi considerado também um ato de indisciplina. Em decorrência, o general Nestor Souto de Oliveira, comandante do I Exército, sediado no Rio de Janeiro, decretou a prisão de Idálio Sardenberg em 15/04/1961, sendo ele recolhido ao Forte de Copacabana. Diante da repercussão de sua prisão, várias vozes se levantaram a seu favor, entre as quais as de alguns deputados e senadores.

Juscelino Kubitschek, o presidente da Petrobras Idálio Sardenberg e demais autoridade durante a inauguração da Refinaria Duque de Caxias em 1961
Ainda no ano de 1961, Idálio Sardenberg assumiu o comando da Artilharia Divisionária da 3ª Divisão do Exército, no Rio Grande do Sul.

Em 1964, passou ao comando da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar do Rio de Janeiro.

Promovido a general-de-divisão em março de 1966, foi diretor-geral de Ensino do Exército entre 1967 e 1968.

Em 1967 assumiu a função de presidente da Comissão Brasil-Estados Unidos, no Rio de Janeiro, e, em novembro, foi promovido a general-de-exército.

Nomeado em setembro de 1971 para a chefia do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), em substituição ao almirante Murilo do Vale e Silva, permaneceu no cargo até maio do ano seguinte, quando foi transferido para a reserva remunerada, passando a chefia do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) ao general Artur Candal Fonseca.

Em 1976 foi escolhido diretor-presidente da Delfim Crédito Imobiliário, cargo que ainda ocupava no início de 1983, quando a empresa sofreu intervenção do Banco Central.

Ao longo de sua carreira militar foi instrutor da Escola de Estado-Maior do Exército, da Escola de Estado-Maior de Fort Leavenworth, nos Estados Unidos, onde fez o curso de Estado-Maior, chefe da 3ª seção do Estado-Maior da III Região Militar, chefe de divisão do gabinete do ministro do Exército, adjunto da 2ª seção e chefe de gabinete do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), diretor do Material de Engenharia do Exército e diretor de Ensino e de Formação do Exército.

Idálio Sardenberg faleceu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 30/05/1987, aos 81 anos. Era casado com Ivone Faria Sardenberg, com quem teve um filho.

João Cleofas de Oliveira

JOÃO CLEOFAS DE OLIVEIRA
(87 anos)
Engenheiro e Político

* Vitória de Santo Antão, PE (22/09/1899)
+ Rio de Janeiro, RJ (17/09/1987)

João Cleofas de Oliveira era filho de Augusto Teixeira de Oliveira e Maria Florentina de Lemos Oliveira, casado com Maria Olenka Carneiro. Ele foi um político brasileiro, ministro da Agricultura no governo Getúlio Vargas, senador por Pernambuco, de 1966 a 1975 e presidente do senado de 1970 a 1971.

Engenheiro civil, pela Escola de Engenharia de Pernambuco e pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, 1920.

Foi presidente do Senado Federal no período de 1970 a 1971, representante do Estado de Pernambuco, tendo exercido o mandato de senador no período de 1966 a 1975. Durante sua gestão o Senado Federal realizou 139 sessões ordinárias, 32 extraordinárias, duas preparatórias, 55 conjuntas, tendo sido feitos 255 pronunciamentos e apresentados 40 projetos de lei.

João Cleofas de Oliveira e Getúlio Vargas
Foi membro das Comissões de Orçamento, de Agricultura, de Ajustes Internacionais, de Legislação sobre Energia Atômica, de Economia, de Estudos para Alienação e Concessão de Terras Públicas e Povoamento, de Comunicações e Obras Públicas, de Projetos do Executivo, presidente da Comissão de Finanças.

Foi prefeito municipal e vereador em Vitória de Santo Antão (1922 a 1924), Deputado à Assembléia Legislativa Estadual de Pernambuco (1925 a 1927), Secretário de Estado da Agricultura, Indústria e Comércio, Viação e Obras Públicas (1931 a 1934), Deputado Federal (1935 a 1937), Ministro da Agricultura (1950 a 1954), Deputado Federal (1946 a 1950; 1951 a 1954; 1958 a 1962; 1965 a 1966), Presidente do Senado (1970), Membro da Comissão de Finanças (1971 a 1972) e Presidente da Comissão de Finanças do Senado Federal ( 1973).

Foi condecorado com a Comenda da Ordem do Rio Branco, Medalha Almirante Tamandaré Medalha Ministro Fernando Costa.

João Cleofas de Oliveira faleceu no Rio de Janeiro no dia 17/09/1987.


OBRAS PUBLICADAS
  • 1933 - Estudos de Economia
  • 1946 - Desorganização Financeira do País
  • 1952 - Contribuição à Solução das Secas do Nordeste
  • 1960 - Reforma Agrária no Brasil
  • 1967 - Política do Desenvolvimento do Nordeste - I
  • 1967 - ICM na Agricultura
  • 1967 - A Desordem Orçamentária
  • 1969 - Aspectos da Reforma Agrária no Brasil
  • 1971 - Política de Desenvolvimento do Nordeste - II
  • 1971 - Orçamento, Planejamento, Revolução
  • 1972 - I Seminário Continental Sobre Reforma Agrária
  • 1972 - Defesa da Economia Açucareira de Pernambuco


Cacaso

ANTÔNIO CARLOS FERREIRA DE BRITO
(43 anos)
Professor, Compositor, Poeta, Crítico e Ensaísta

* Uberaba, MG (13/03/1944)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/12/1987)

Antônio Carlos de Brito, conhecido como Cacaso, foi um professor universitário, letrista e poeta brasileiro. Filho de Carlos Ferreira de Brito e Wanda Aparecida Lóes de Brito, nasceu em Uberaba, MG, e passou a infância em Alfredo de Castilho e Barretos, interior de São Paulo.

Aos 12, chegou a ser matéria de jornal, por causa de suas caricaturas de políticos e personagens da vida pública, prática que cultivaria por toda a vida. Costumava ilustrar seus poemas, crônicas e letras de músicas com nanquim e lápis de cera.

Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós.

Estudou violão clássico, cursou Direito e formou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fez pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). Lecionou teoria literária e literatura brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi também crítico e ensaísta.


Cacaso teve dois filhos: Pedro de Brito, do primeiro casamento com a antropóloga, professora e pesquisadora Leilah Landim Assumpção de Brito, e Paula, do segundo casamento com a cantora Rosa Emília Machado Dias. Pedro de Brito, jornalista, assim como o pai, seguiu a carreira de poeta, tendo publicado alguns poemas no Jornal de Letras e Artes. Como jornalista, Pedro de Brito, especializou-se na área de música, tendo atuado em vários jornais como, Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo, Gazeta Mercantil e no jornal O Dia, assinando Pedro Landim.

Em 1967, José Álvaro Editor publicou de Cacaso, ainda usando o nome Antônio Carlos de Brito, "A Palavra Cerzida", seu primeiro livro de poemas, que já havia sido publicado nas principais antologias da nova poesia brasileira.

Publicou artigos em vários jornais, entre eles, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Jornal Movimento e Jornal Opinião.

Publicou os livros de poesias "Grupo Escolar" (1974), "Beijo Na Boca" (1975), "Segunda Classe" (1975) em parceria com Luís Olavo Fontes, "Na Corda Bamba" (1978), "3 Poetas" (1979), com Eudoro Augusto e Letícia Moreira de Souza, "Mar De Mineiro" (1982) e a coletânea "Beijo Na Boca E Outros Poemas" (1985).

Pouco antes de falecer, vitimado por um infarto do miocárdio, estava trabalhando junto com Edu Lobo e Ruy Guerra em um roteiro sobre Canudos. Anos depois, em 1997, Edu Lobo, em homenagem ao poeta, incluiu uma das parcerias de ambos, "Canudos", no filme homônimo de Sérgio Rezende.

Maurício Tapajós e Cacaso
Em 1997, foi editada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma coletânea de seus ensaios, poemas inéditos, crônicas e artigos publicados em jornais intitulada "Não Quero Prosa", com seleção e organização de Vilma Arêas e lançada na Bienal do Livro no Rio de Janeiro.

Compôs em parceria com Nelson Ângelo o musical "Táxi", ainda inédito.

No ano 2000, a Editora Sette Letras reeditou "Beijo Na Boca".

Em 2002 foi publicado pela Editora Sette Letras e Cosac & Naify, a antologia "Lero Lero", sua obra poética reunida, incluindo sete livros seus e ainda parte de um material que estava inédito entre poemas e desenhos. O livro fez parte da coleção "Às De Colete" e foi lançado na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro. Ainda em 2002, os jornalistas Renato Fagundes e Paulo Mussoi produziram o filme de animação digital "Cidadelas", baseado em poemas sobre Canudos ('Auto de Canudos') deixados pelo poeta e nunca publicados, além de desenhos sobre o mesmo tema. A trilha sonora do curta-metragem foi composta por Igor Araújo, com base nos poemas de Cacaso.

Em novembro de 2004 foi relançado o livro "Na Corda Bamba", desta vez com ilustrações do cineasta e amigo José Joaquim Salles. As ilustrações eram para ser entregues para a primeira edição em 1978, mas só ficaram prontas 26 anos mais tarde. O convite para o que Joaquim Salles ilustrasse o livro foi feito no ano de 1975, quando Cacaso, em Paris, visitou o ex-colega de faculdade de Filosofia, que por esta época encontrava-se exilado na França. Como as ilustações não ficaram prontas a tempo, o livro foi publicado com ilustrações do filho Pedro Landim, então com 7 anos. Na reedição do "Na Corda Bamba" o ilustrador José Joaquim Salles contou com a colaboração do próprio filho, o designer gráfico Tomás. Sobre as novas ilustrações José Joaquim relatou:

"Se Cacaso fosse vivo, provavelmente usaria o computador para compor e divulgar sua poesia. Tenho certeza de que estaria ao meu lado fazendo um livro com esta nova ferramenta!"

Sua obra de letrista foi objeto de dissertação de mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O poeta deixou mais de 20 cadernos, muitos deles em forma de diários, com poemas, fotos e ilustrações.

Em 1987, no dia 27 de dezembro, Cacaso partiu prematuramente. Um jornal escreveu: "Poesia rápida como a vida".

Darcy Penteado

DARCY PENTEADO
(61 anos)
Desenhista, Artista Plástico, Pintor, Escritor, Cenógrafo, Figurinista, Autor Teatral e Militante do Movimento LGBTTTs

* São Roque, SP (1926)
+ São Paulo, SP (02/12/1987)

Distinguindo-se sempre pelos elegantes desenhos a bico de pena, trabalhou primeiro em publicidade e como figurinista, ilustrando revistas de moda, passando logo a trabalhar em teatro, como figurinista e cenógrafo, tendo participado, na década de 1950, do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).

Participou de inúmeras exposições, ilustrou livros e foi uma figura presente na cena cultural da cidade de São Paulo entre a década de 1950 e década de 1980. Foi reconhecido em Nova York como um dos dez melhores retratistas do mundo.


Em 1973 participou da XII Bienal com um audiovisual que propunha uma tese em termos estéticos contra a violência e a intolerância. Nesse ano foi produzido um filme documentário de curta metragem intitulado "Via Crucis Segundo Darcy Penteado".

Em 1976 publicou o seu primeiro livro de contos "A Meta" e a partir desse mesmo ano iniciou o ativismo na luta contra a discriminação aos homossexuais. Participou ativamente, durante os anos de repressão da ditadura militar, do jornal O Lampião, publicação pioneira para os gays brasileiros, ativo na defesa dos direitos dos homossexuais.


Por anos Darcy carregou sozinho a bandeira dos homossexuais no Brasil. Foi dele, ainda no início da década de 1980, a primeira tentativa de arrecadação de fundos em benefício da pesquisa sobre a AIDS no Brasil, através de um leilão. Apesar de desiludido com os resultados, participou de diversas campanhas de conscientização da doença. Gravou uma chamada para a televisão, de alerta ao público.

Na literatura, Darcy Penteado ilustrou o primeiro livro de Jorge Amado, "O País do Carnaval" e "Navegação de Cabotagem".

Darcy Penteado faleceu em dezembro de 1987, aos 61 anos vitimado pela AIDS.

Atualmente, suas obras podem ser vistas no museu mantido pelo Centro Cultural Brasital, no município de São Roque, em São Paulo.


Em frente a entrada principal do Edifício Copan, na esquina da Avenida Ipiranga com a Rua Major Sertório, centro de São Paulo, existe ali uma praça com o nome de Praça Darcy Penteado. Uma justa homenagem a este pioneiro no combate à intolerância.

Para finalizar, uma frase de Darcy Penteado escrita em uma de suas obras de 1985:

"Subsistir apenas, não basta. É preciso dignificar a vida!"
(Darcy Penteado)

Fonte: Blog Grisalhos e Wikipédia

Tenório Cavalcanti

NATALÍCIO TENÓRIO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE
(80 anos)
Político

☼ Quebrangulo, AL (27/09/1906)
┼ Duque de Caxias, RJ (05/05/1987)

"Pistoleiro? Herói? Vilão? Demagogo? Populista? Divisionista? Revoltado? Vingador dos pobres e oprimidos? Tenório Cavalcanti leva para o túmulo todas as interrogações não totalmente esclarecidas pelos que se aventuraram a estudar sua vida e obra. Mas são justamente estas contradições que fazem de Tenório um dos mais ricos exemplos do faroeste - disfarçado ou exposto - que caracterizou parte da vida política brasileira"
(Jornal do Brasil)

Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque foi um político brasileiro com base eleitoral no antigo estado do Rio de Janeiro.

Tenório possuía um estilo político agressivo, muitas vezes violento e isso lhe rendeu uma aura de mito. Foi eleito deputado estadual e deputado federal pelo Rio de Janeiro, tendo quase vencido também para governador do estado. Sua vida inspirou o filme "O Homem da Capa Preta", filmado em 1986 por Sérgio Rezende e estrelado por José Wilker no papel de Tenório Cavalcanti.

Origem e Política

Nascido em Alagoas, mudou-se já adulto para Duque de Caxias no fim dos anos vinte. Sua infância foi humilde, na maior parte passada no sertão nordestino. Na época de sua chegada no Rio de Janeiro, Duque de Caxias era apenas um gueto cruzado por ruas de terra batida, habitado na maior parte por migrantes nordestinos. A região era desprovida de qualquer infraestrutura ou saneamento básico, sendo apenas uma enorme favela horizontal de loteamentos pantanosos, infestados de mosquitos.

Seria naquele gueto, a Baixada Fluminense, que Tenório Cavalcanti garantiria seu poder político. Como deputado estadual, o Homem da Capa Preta providenciou diversas melhorias para a população local, buscando também instalar os milhares de migrantes nordestinos que vinham diariamente para o Rio de Janeiro em busca de condições melhores de vida. Suas obras políticas renderam-lhe muitos aliados e eleitores pelas favelas de Duque de Caxias, apoio este que o levaria a ser eleito deputado federal.

O Caso Imparato - "O Deputado Pistoleiro"

Pelos cabos eleitorais, Tenório Cavalcanti foi conhecido como "O Rei da Baixada". Pelos rivais, era tachado de "O Deputado Pistoleiro". Devido aos constantes riscos de morte, Tenório Cavalcanti e sua família habitavam uma fortaleza na Baixada Fluminense. No entanto, jamais se recusava em caminhar pelas ruas do gueto, andando sempre armado e acompanhado de capangas.

As aspirações e os planos políticos de Tenório Cavalcanti chocavam-se violentamente com o das elites de Duque de Caxias. Isso lhe rendeu diversos desafetos, muitos dos quais culminaram em atentados à vida dele e à de seus familiares e aliados. Em casos como estes, Tenório Cavalcanti mandava matar quem o desafiasse.

Um destes foi o delegado paulista Albino Imparato, convocado às pressas, a pedido do então presidente Getúlio Vargas, em prol da elite de Duque de Caxias, para que impedisse o escalonamento do despotismo e da agressividade do Homem da Capa Preta. Com a chegada de Albino Imparato, Tenório Cavalcanti e seus aliados foram perseguidos de forma implacável. Albino Imparato e sua família foram alvo de ameaças por parte de Tenório Cavalcanti, o delegado reagiu, a casa de Tenório Cavalcanti foi metralhada, seus familiares ameaçados e alguns de seus comparsas assassinados.

Até que, no dia 28 de agosto de 1953, o delegado Albino Imparato foi metralhado em frente a sua residência, no centro da cidade. A mãe do delegado foi uma das testemunhas e o crime despertou a atenção nacional. As investigações comprovaram a participação direta de Tenório Cavalcanti no crime. As duas residências do Homem da Capa Preta, a fortaleza de Duque de Caxias e o apartamento de Copacabana, foram cercadas por policiais fortemente armados. Com a intervenção de alguns nomes políticos de peso da época, o cerco fora desfeito. Intervieram Nereu Ramos, presidente da Câmara, Osvaldo Aranha, ex-ministro da Fazenda, e Afonso Arinos, então deputado e futuro senador, que foram a Duque de Caxias especialmente para defender o aliado.

Em 1954, fundou o jornal Luta Democrática, que usaria como ferramenta de propaganda política, especialmente para atacar desafetos e adversários, entre eles Getúlio Vargas. O jornal, de forte apelo sensacionalista, chegou a ser o terceiro maior do Rio de Janeiro nos anos 60.

A título de curiosidade, Tenório Cavalcanti andava sempre ao lado de sua "Lurdinha", uma submetralhadora MP-40 de fabricação alemã, similar àquelas utilizadas por soldados nazistas durante a segunda guerra mundial. Esta arma foi um presente do general Góis Monteiro.

Crepúsculo e Morte

Tenório Cavalcanti candidatou-se para o cargo de governador da Guanabara em 1960 pelo PST, mas perdeu as eleições para Carlos Lacerda. Candidatou-se a governador do Estado do Rio de Janeiro em 1962, perdendo para Badger da Silveira. Estes fatos, somado às pressões cada vez mais fortes das elites de Duque de Caxias, solaparam o poder de Tenório Cavalcanti, que lentamente caiu no esquecimento. Antes disso, protagonizou um dos episódios mais tensos da história política brasileira.

Na ocasião, Tenório Cavalcanti, ainda no mandato de deputado federal, discursava na Câmara dos Deputados. No discurso, acusava o então presidente do Banco do Brasil, Clemente Mariani, de desvio de verbas. Antônio Carlos Magalhães, então deputado e baiano como Clemente Mariani, defendeu o conterrâneo respondendo que "Vossa Excelência pode dizer isso e mais coisas, mas na verdade o que vossa excelência é mesmo, é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão".

Tenório Cavalcanti, então, sacou o seu revólver e berrou: "Vai morrer agora mesmo!". Alguns dos membros da Câmara Federal correram para tentar impedir o assassinato enquanto outros fugiram do plenário. Antônio Carlos Magalhães, tremendo de medo, teve uma incontinência urinária mas mesmo assim, gritava: "Atira!"

Tenório Cavalcanti, por fim, resolveu não atirar. Rindo da situação em que Antônio Carlos Magalhães se encontrava, recolheu o revólver, dizendo que "só matava homem".

O deputado Tenório Cavalcanti teve suas armas apreendidas e seus direitos políticos cassados pelo governo militar em 1964 com a interveniência direta de Antônio Carlos Magalhães.

Tenório Cavalcanti jamais recuperaria seu poder, tendo morrido vítima de Pneumonia aos 82 anos, em 05/05/1987.

O Homem da Capa Preta

A vida de Tenório Cavalcanti rendeu um filme chamado "O Homem da Capa Preta", clássico do cinema brasileiro da década de 1980. Dirigido em 1986 por Sérgio Rezende, o filme ganhou os Kikito de Melhor Filme, Melhor Música, Melhor Ator (José Wilker) e Melhor Atriz (Marieta Severo) no Festival de Gramado de 1986.

Os críticos condenaram a visão romântica apresentada pelo cineasta. Sérgio Rezende argumentou da seguinte forma:

"O que me fascinava na vida do Tenório Cavalcanti era a sua característica de aventureiro, talvez até porque eu seja uma pessoa tímida. Esses personagens que fizeram coisas que eu jamais seria capaz de fazer me geram uma tremenda admiração ou uma inveja, talvez. Tenório Cavalcanti, por exemplo, é um cara poderoso, que sai de Alagoas menino, pobre, miserável e chega ao Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense e, em vinte anos, transforma-se em um homem muito poderoso que consegue mover uma parte do mundo. E, como cineasta, eu estou procurando as coisas que deem um grande filme."

Fonte: Wikipédia

Gilberto Freyre

GILBERTO DE MELLO FREYRE
(87 anos)
Sociólogo, Antropólogo, Historiador, Escritor e Pintor

* Recife, PE (15/03/1900)
+ Recife, PE (18/07/1987)

Gilberto de Mello Freyre foi um sociólogo, antropólogo, historiador, escritor e pintor, considerado um dos mais importantes sociólogos do século XX.

Filho de Alfredo Freyre juiz e catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito do Recife e de Francisca de Mello Freyre. Gilberto Freyre é de família brasileira antiga, descendente dos primeiros colonizadores portugueses do Brasil. Em suas palavras: "um brasileiro que descende de gente quase tôda ibérica, com algum sangue ameríndio e fixada há longo tempo no país". Tem antepassados portugueses, espanhóis, indígenas e holandeses.

Gilberto Freyre iniciou seus estudos frequentando, em 1908, o jardim da infância do Colégio Americano Batista Gilreath, que seu pai havia ajudado a fundar. Teve seu primeiro contato com a literatura por meio de As Viagens de Gulliver. Todavia, apesar de seu interesse, não conseguiu aprender a escrever, fazendo-se notar pelos desenhos. Tomou aulas particulares com o pintor Telles Júnior, que reclama contra sua insistência em deformar os modelos. Começou a aprender a ler e escrever em inglês com Mr. Williams, que elogia seus desenhos.

Em 1909 faleceu sua avó materna, que vivia a mimá-lo por supor que ele tinha problemas sérios de aprendizado, pela dificuldade em aprender a escrever. Ocorreram suas primeiras experiências rurais de menino de engenho, nessa época, quando passa temporada no Engenho São Severino do Ramo, pertencente a parentes seus. Mais tarde escreveu sobre essa primeira experiência numa de suas melhores páginas, incluída em "Pessoas, Coisas & Animais".

Gilberto Freyre estudou na Universidade de Columbia nos Estados Unidos onde conheceu Franz Boas, sua principal referência intelectual. Em 1922 publicou sua tese de mestrado "Social Life In Brazil In The Middle Of The 19th Century" (Vida Social No Brasil Nos Meados Do Século XIX), dentro do periódico Hispanic American Historical Rewiew, Volume 5. Com isto obteve o título Masters Of Arts.

Seu primeiro e mais conhecido livro é Casa-Grande & Senzala, publicado no ano de 1933 e escrito em Portugal. Em 1946, Gilberto Freyre é eleito pela União Democrática Nacional para a Assembléia Constituinte e, em 1964, apoiou o golpe militar que derrubou João Goulart. A seu respeito disse Monteiro Lobato:

"O Brasil do futuro não vai ser o que os velhos historiadores disserem e os de hoje repetem. Vai ser o que Gilberto Freyre disser. Freyre é um dos gênios de palheta mais rica e iluminante que estas terras antárticas ainda produziram."

Gilberto Freyre foi também reconhecido por seu estilo literário. Foi até poeta, sendo que o seu poema "Bahia de Todos os Santos e de Quase Todos os Pecados", escrito inspirado por sua primeira visita à cidade de Salvador, impresso em reduzidíssima edição da recifense Revista do Norte, deixou Manuel Bandeira entusiasmado. Tanto que em carta de 4 de junho de 1927, Manuel Bandeira escreveu: "Teu poema, Gilberto, será a minha eterna dor de corno. Não posso me conformar com aquela galinhagem tão gozada, tão senvergonhamente lírica, trescalando a baunilha de mulata asseada. S!" (cf. Manuel Bandeira, Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958, v. II: Prosa, p. 1398).

O poema tem três versões: a primeira foi reproduzida por Manuel Bandeira em sua "Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos" (1946), a segunda, modificada pelo autor, foi publicada na revista carioca O Cruzeiro de 20 de janeiro de 1942, e a terceira aparece nos livros "Talvez Poesia" (1962) e "Poesia Reunida" (1980).

Portugal ocupou um lugar importante no pensamento de Gilberto Freyre. Em vários de seus livros, como em "O Mundo Que o Português Criou", "O Luso e o Trópico" demonstra o importante papel que os portugueses tiveram na criação da "primeira civilização moderna nos trópicos". Gilberto Freyre foi um dos pioneiros no estudo histórico e sociológico dos territórios de colonização portuguesa como um todo, chegando mesmo a desenvolver um ramo de pesquisa que denominou de Lusotropicologia.


Ocupou a cadeira 23 da Academia Pernambucana de Letras em 1986. Foi protestante batista, chegando a ser missionário e a frequentar igrejas batistas norte-americanas, quando jovem. Este fato costuma ser ocultado pelos biógrafos e adeptos das teorias de Gilberto Freyre que retornou ao catolicismo posteriormente.

Obras

  • 1933 - Casa-Grande & Senzala
  • 1934 - Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife
  • 1936 - Sobrados e Mucambos
  • 1937 - Nordeste: Aspectos da Influência da Cana Sobre a Vida e a Paisagem…
  • 1939 - Assucar
  • 1939 - Olinda
  • 1940 - O Mundo Que o Português Criou
  • 1941 - A História de um Engenheiro Francês no Brasil
  • 1943 - Problemas Brasileiros de Antropologia
  • 1945 - Sociologia
  • 1947 - Interpretação do Brasil
  • 1948 - Ingleses no Brasil
  • 1957 - Ordem e Progresso
  • 1960 - O Recife Sim, Recife Não
  • 1963 - Os Escravos nos Anúncios de Jornais Brasileiros do Século XIX
  • 1964 - Vida Social no Brasil nos Meados do Século XIX
  • 1968 - Brasis, Brasil e Brasília
  • 1975 - O Brasileiro Entre os Outros Hispanos
  • 1987 - Homens, Engenharias e Rumos Sociais

Prêmios e Títulos

  • 1934 - Prêmio da Sociedade Filipe d'Oliveira, Rio de Janeiro
  • 1957 - Prêmio Anisfield-Wolf, USA
  • 1961 - Prêmio de Excelência Literária, da Academia Paulista de Letras
  • 1962 - Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (conjunto de obras)
  • 1964 - Prêmio Moinho Santista de "Ciências Sociais em Geral"
  • 1967 - Prêmio Aspen, do Instituto Aspen, USA
  • 1969 - Prêmio Internacional La Madonnina, Itália
  • 1971 - Sir - "Cavaleiro Comandante do Império Britânico", distinção conferida pela Rainha da Inglaterra
  • 1972 - Medalha Joaquim Nabuco, Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco
  • 1973 - Troféu Novo Mundo, por "Obras Notáveis em Sociologia e História", São Paulo
  • 1973 - Troféu Diários Associados, por "Maior Distinção Atual em Artes Pláticas"
  • 1973 - Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro
  • 1974 - Medalha de Ouro José Vasconcelos, Frente de Afirmación Hispanista de México
  • 1974 - Educador do Ano, Sindicato dos Professores do Ensino Primário e Secundário em Pernambuco e Associação dos Professores do Ensino Oficial
  • 1974 - Medalha Massangana, Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
  • 1978 - Grã-Cruz Andrés Bello da Venezela
  • 1978 - Grã-Cruz da Ordem do Mérito dos Guararapes do Estado de Pernambuco
  • 1979 - Prêmio Brasília de Literatura para Conjunto de Obras, Fundação Cultural do Distrito Federal
  • 1980 - Prêmio Moinho Recife
  • 1980 - Medalha da Ordem do Ipiranga do Estado de São Paulo
  • 1984 - Medalha Biblioteca Nacional
  • 1983 - Grã-Cruz de D. Alfonso, El Sabio, Espanha
  • 1983 - Grã-Cruz de Santiago da Espada, Portugal
  • 1985 - Grã-Cruz da Ordem do Mérito Capibaribe da Cidade do Recife
  • 2005 - Vencedor do Prêmio Esso
  • 2008 - Grande Oficial da Legião de Honra, França

Fonte: Wikipédia

Bola Sete

DJALMA DE ANDRADE
(63 anos)
Instrumentista e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (16/07/1923)
+ Greenbrae, California (14/02/1987)

Djalma de Andrade, mais conhecido como Bola Sete, foi um músico instrumentista brasileiro. Bola Sete foi o único homem entre seis irmãs, numa família muito pobre e muito musical. Aos seis anos, começou a tocar cavaquinho e, aos nove, ganhou seu primeiro violão.

Aos 10 anos foi adotado por um casal de classe média alta, com o qual conheceu a música clássica. Quando a Segunda Guerra Mundial estourou, o casal enviou Bola Sete para uma fazenda no interior do país, na tentativa de evitar que fosse recrutado. Lá, Bola Sete travou contato, pela primeira vez, com a música folclórica brasileira, ao mesmo tempo em que continuava a tocar violão clássico.

Na adolescência, costumava participar de rodas de músicos na Praça Tiradentes. Aos 17 anos, seguiu para Marília, SP, como violonista de um conjunto do qual participava o compositor Henricão. No início da década de 1940, tocou em parques de diversão em Campinas, SP e em Niterói, RJ.

Em 1945 venceu um concurso de violonista na Rádio Transmissora. Fez apresentações como violonista em Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Voltou para a  Rádio Transmissora, apresentando-se durante três anos no programa Trem da Alegria, no Teatro João Caetano, junto com Lamartine Babo, Yara Salles e Heber de Bôscoli.

No final da década de 1940 organizou o Bola Sete e Seu Conjunto e para cantar, convidou Dolores Duran, que era crooner da Boate Beguin. Atuaram nas boates Drink e Vogue. Em 1949, lançou na gravadora Star seu primeiro disco, interpretando ao violão o bolero "Meu Sonho", e o choro "Carminho no Choro", ambos de sua autoria. Em 1952, gravou com violão elétrico os choros "Sem Compromisso" e "Tô de Sinuca", ambos de sua autoria.

Em 1953, gravou com violão elétrico o choro "Meditando", de Garôto e o "Baião da Bahia", de sua autoria. Em 1954, formou uma orquestra para atuar no Baile dos Artistas no Hotel Glória. Com este grupo excursionou pela Argentina, Uruguai e Espanha. Em 1955, fez shows em Lima no Peru e em Santiago do Chile. No mesmo ano, gravou com seu conjunto na Continental o choro "Hora Staccato" (Dinicu e Heifetz) e o baião "Czardas" (Monti). No ano seguinte, gravou ao violão o fox-trot "Accarezzame" (Pino Calvi e Nisa) e o baião "Scapriccitiello" (F. Albano e Pacífico Vento).

Em 1957, gravou com seu conjunto as músicas "Bacará", de sua autoria, e "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso. No ano seguinte, gravou o samba rock "Mister Jimmy", e o mambo "Mambeando", de sua autoria. Em 1959, mudou-se para os Estados Unidos, onde atuou por três anos nos hotéis da rede Sheraton Hotels & Resorts, com shows quase diários. No mesmo ano lançou o LP "Bola Sete... É a bola da Vez" pela EMI/Music interpretando "Vai Que é Bom", e "Batucando Mesmo", de sua autoria, "Cadê a Jane" (Erasmo Silva e Wilson Batista), "Minha Saudade" (João Donato e João Gilberto) e "Eu Preciso de Você" (Aloísio de Oliveira e Tom Jobim).

Em 1960, gravou o samba "Batucando Mesmo", e o rock "Ma Griffe", ambos de sua autoria. Por essa mesma época, foram lançados dois LPs seus: "Bola Sete", pela Sinter, com "Um a Zero" (Pixinguinha e Benedito Lacerda) e "Império do Samba" (Zé da Zilda e Zilda do Zé), entre outras, e "Bola Sete e Quatro Trombones", pela Odeon, destacando-se "Mambeando", de sua autoria, e "The Man I Love" (Ira Gershwin e George Gershwin), entre outras.

Em 1962, participou do Festival de Monterey, na Califórnia, Estados Unidos, como integrante do conjunto de Dizzie Gillespie. Como integrante desse conjunto, gravou um disco nos Estados Unidos. Também no mesmo ano, foi lançado no Brasil o LP "O Extraordinário Bola Sete", pela Odeon, destacando-se as músicas "Menino Desce Daí" (Paulinho Nogueira), e "Fico Triste Sem Twist", de sua autoria, entre outras. Em novembro do mesmo ano, apresentou-se em Nova York, no Festival da Bossa Nova, do Carnegie Hall, ao lado da cantora Carmen Costa, festival que lançou o novo ritmo brasileiro nos Estados Unidos, apresentando-se ainda no Village Gate e no Village Vanguard. Também em 1962, organizou seu próprio trio, com Tião Neto (baixo) e Chico Batera (percussão). Lançou, ainda no mesmo ano, pelo selo Fantasy dos Estados Unidos o LP "Bola Sete Bossa Nova", interpretando "Manhã de Carnaval" (Antônio Maria e Luiz Bonfá), além de outras composições suas como "Sem Você", e "Cingadinho".


Em 1964, lançou dois LPs pelo selo norte americano Fantasy: "Tour de Force", com destaque para a música título, de Dizzy Gillespie, e "Mambeando", de sua autoria e, "From All Sides - Vince Guaraldi And Bola Sete". No ano seguinte, lançou mais dois LPs pelo selo Fantasy: "The Solo Guitar Of Bola Sete", com destaque para "Flamenco Fantasy", de sua autoria e "Brazilliance" (Laurindo Almeida) e "The Incomparable Bola Sete", com destaque para "Lamento Negro" e "Be-bossa", de sua autoria, e "Valsa de Uma Cidade" (Ismael Netto e Antônio Maria).

Em 1966, voltou a gravar com Vince Guaraldi, lançando o LP "Live At El Matador - Vince Guraldi e Bola Sete", com "Favela" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), e "Black Orpheus Suíte" (Tom Jobim e Luiz Bonfá). No mesmo ano, gravou o LP "Autentico! - Bola Sete And The New Brazilian Trio", com destaque para "Brejeiro" (Ernesto Nazareth), "Quindim de Iaiá" (Ary Barroso) e "Pau de Arara" (Luiz Gonzaga e Guio de Morais).

Em 1967, lançou pelo selo Verve o LP "Bola Sete At The Monterrey Jazz Festival" no qual interpretou um medley com "Manhã de Carnaval" (Luiz Bonfá e Antônio Maria), "A Felicidade" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), e "Samba de Orfeu" (Luiz Bonfá e Antônio Maria).

Em 1969, ao lado de Airto Moreira, Eumir Deodato e Milton Nascimento participou do Festival de Música Brasileira e Americana, no México. Em 1971 gravou o LP "Workin' On a Groovy Thing", na Paramount/RGE, com destaque para a música "With a Little Help From My Friends" (John Lennon e Paul McCartney).

Ao todo gravou cerca de dez LPs nos Estados Unidos, entre os quais, um com Vince Guaraldi, além de "Ocean I", "Ocean II" e "Jungle Suite". Atuou no regional de Claudionor Cruz. Considerado ao lado de Luiz Bonfá, Laurindo Almeida e Garôto, como um dos "mais talentosos e modernos violonistas brasileiros dos anos cinqüenta", segundo os historiadores Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello.

Ao longo de toda a sua carreira, existem relatos de uma forte dedicação ao estudo. Mesmo nos últimos anos de vida, já doente, sua mulher conta que estudava de quatro a seis horas por dia.

No final dos anos 50 mudou-se para os Estados Unidos, onde fez uma carreira de sucesso e viveu até a sua morte em 1987.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB e Wikipédia

Cláudio Abramo

CLÁUDIO ABRAMO
(64 anos)
Jornalista

* São Paulo, SP (06/04/1923)
+ São Paulo, SP (14/08/1987)

Cláudio Abramo foi um jornalista brasileiro responsável por mudanças no estilo, formatação e conteúdo dos dois maiores jornais paulistas, O Estado de São Paulo (1952-1963) e a Folha de S. Paulo (1975-1976).

Se reivindicava trotskista e sempre fez questão de frisar que compreendia e trabalhava conforme a natureza do capitalismo. Admitia que deixara de fazer tudo para fazer só o jornal, num ritmo que o forçou a abrir mão até da militância política. Dirigiu a Folha Socialista, jornal do Partido Socialista Brasileiro.

Filho de Vincenzo Abramo e Iole Scarmagnan, era neto do anarquista italiano Bortolo Scarmagnan, é parte de uma família muito influente na arte, na imprensa e na política brasileira. Irmão de Athos Abramo, Fúlvio Abramo, Beatriz Abramo, Lélia Abramo, Mário Abramo e Lívio Abramo. Foi casado com Hilde Weber, chargista, com quem teve um filho. Mais tarde casou-se com Radha Abramo com quem teve duas filhas.

Aos 22 anos foi um dos criadores do Jornal de São Paulo. Passou pelos Diários Associados, em 1948 tornou-se repórter do jornal O Estado de São Paulo.

Em 1951 Cláudio Abramo frequentou a a Escola de Altos Estudos Sociais e Políticos de Paris.


Em 1953 foi secretario de redação do jornal O Estado de São Paulo, sendo o jornalista mais jovem a conseguir essa posição.

Em 1963 transferiu-se para o jornal Folha de S. Paulo, agora como chefe de reportagem, tornando-se mais tarde membro do conselho editorial do jornal. As reformas que implantou na Folha de S. Paulo influenciaram os rumos do jornalismo brasileiro na década de 70. Nessa época foi perseguido pelo regime militar e chegou a ser preso.

Em 1979 Cláudio Abramo foi forçado a deixar a Folha de S. Paulo, por intervenção direta do regime militar, para fundar o Jornal República, com Mino Carta, tornando-se ainda correspondente internacional da Folha de S. Paulo entre 1980 e 1984.

Seu estilo, à maneira concisa e imparcial do jornalismo norte-americano, presente hoje na maioria dos grandes jornais brasileiros, substitui os textos longos e opinativos.

Foi também professor de pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP).

No ano seguinte à sua morte publicou-se "A Regra do Jogo", livro que reúne artigos sobre política e um ensaio autobiográfico.

Fonte: Wikipédia

Golbery

GOLBERY DO COUTO E SILVA
(76 anos)
Militar e Geopolítico

* Rio Grande, RS (21/08/1911)
+ São Paulo, SP (18/09/1987)

Estudou no Ginásio Lemos Júnior em sua cidade natal, ingressando em abril de 1927 na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Sua formatura como aspirante a oficial foi em 22 de novembro de 1930. Serviu então no 9º Regimento de Infantaria, Pelotas. Sua promoção para segundo-tenente foi em junho de 1931.

O então segundo-tenente Golbery do Couto e Silva foi transferido para o quartel-general da 6ª Brigada de Infantaria. Foi promovido a primeiro-tenente um pouco antes do início da Revolução Constitucionalista de 1932. Durante a revolução serviu na Diretoria de Material Bélico, no Rio de Janeiro.

Em maio de 1937, Golbery foi promovido ao posto de capitão. Passou a servir na secretaria geral do Conselho de Segurança Nacional, quando foi mandado para Curitiba. Nesta capital, atuou na Infantaria Divisionária da 5ª Região Militar. Logo após, já em 1940, foi transferido para Joinville, cumprindo missão no 13º Batalhão de Caçadores.

No mês de dezembro de 1941, iniciou seus estudos na Escola de Estado-Maior do Exército. Formou-se em agosto de 1943. No mesmo ano foi servir no Rio Grande do Sul, sua terra natal. Lá atuou no Estado-Maior da 3ª Região Militar, com sede em Porto Alegre.

Em 1944, foi para os Estados Unidos estagiar na famosa escola militar Fort Leavenworth War School. Após o estágio, foi enviado para servir na Força Expedicionária Brasileira (FEB) como oficial de inteligência estratégica e informações, cargo que ocupou até o final da Segunda Guerra Mundial.

Retorno ao Brasil

Voltando ao Brasil em outubro de 1945, o então capitão Golbery do Couto e Silva foi enviado como oficial da seção de operações da 3ª Região Militar, no Rio Grande do Sul. Seu comandante era o general Salvador César Obino. Em 1946, no mês de maio, foi mandado para o Rio de Janeiro para servir no Estado-Maior do Exército. Em junho do mesmo ano foi promovido a major e transferido para o Estado-Maior Geral que logo em seguida mudaria para Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA).

Segundo literatura da época, "(sic) ...teve a finalidade de preparar as decisões estratégicas relativas a organização e emprego conjunto das Forças Armadas e os planos correspondentes, além de colaborar no preparo da mobilização total da nação para a guerra, quando for o caso".

Golbery permaneceu no Estado-Maior das Forças Armadas até março de 1947. No mesmo mês, foi ao Paraguai para atuar na Comissão Militar Brasileira de Instrução, onde ficou até outubro de 1950. Neste mês retornou ao Brasil e foi reintegrado ao Estado-Maior do Exército, servindo como "adjunto da seção de informações".

Em outubro de 1951, o então major Golbery foi promovido para tenente-coronel.

Em 1952, no mês de março, passou a trabalhar no Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra (ESG) como adjunto.

O Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra foi criado em 1948, segundo a literatura das Forças Armadas, e "...sua finalidade era desenvolver e consolidar os conhecimentos necessários para o exercício das funções de direção e para o planejamento da segurança nacional e suas estratégias".

O comandante Escola Superior de Guerra na época era o general Juarez Távora. Em suas novas funções, Golbery pôs em prática o início do estudo da tese que condicionava a associação do Estado à iniciativa privada mediante o apoio tecnocrático de forma a fortalecer a Segurança Nacional. Desta forma, deveria ser criada uma "...elite tecnocrática, civil e militar, ideologicamente comprometida com um conjunto de objetivos nacionais permanentes".

Futuramente a doutrina de Segurança Nacional de Golbery seria absorvida pela Escola Superior de Guerra. Ela punha o Brasil alinhado ao bloco ocidental, sob a liderança dos Estados Unidos, e em oposição ao bloco comunista liderado pela União Soviética. Propugnava que, para promover o desenvolvimento nacional, seria necessária a centralização do poder com a "...supressão de alguns valores definidores da ordem democrática". Ou seja: para desenvolver o Brasil de seu atraso tecnológico, era necessário um regime de força alinhado com os Estados Unidos.

Golbery do Couto e Silva e Ernesto Geilsel
Nesta época a oposição contra o governo de Getúlio Vargas era observada tanto entre elites civis quanto no meio militar. Simultaneamente crescia dentro da Escola Superior de Guerra o aperfeiçoamento da doutrina iniciada por Golbery. Em fevereiro de 1954, 82 tenente-coronéis e coronéis do Rio de Janeiro remeteram para o general Ciro do Espírito Santo Cardoso, Ministro da Guerra, um documento criticando a política salarial do governo central para com a classe militar. O nome dado ao documento, escrito por Golbery, foi Manifesto dos Coronéis.

A síntese do manifesto era um "...desagrado em face do aumento de 100% no salário mínimo, sugerido em fevereiro pelo ministro do Trabalho, João Goulart, e confirmado por Getúlio Vargas em 1º de maio daquele ano". A preocupação era com os efeitos de tal medida sobre a taxa de inflação, dada a fragilidade dos fundamentos da economia naquele momento. A consequência imediata do memorial foi a demissão de João Goulart do Ministério do Trabalho, bem como o afastamento do general Ciro do Espírito Santo Cardoso do Ministério da Guerra. A pasta do trabalho foi assumida por Hugo de Faria e o Ministério da Guerra foi assumido pelo general Euclides Zenóbio da Costa.

Em 24 de agosto de 1954, quando Getúlio Vargas cometeu suicídio, Golbery do Couto e Silva era adjunto do Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra. Em fevereiro de 1955, Juscelino Kubitschek foi lançado pelo Partido Social Democrático (PSD) como candidato a presidente da República, tendo como candidato a vice-presidente João Goulart. O grupo militar da Escola Superior de Guerra liderado por Golbery não apoiou Juscelino Kubitschek e, quando ele foi eleito, tentaram impedir sua posse com um golpe. Suas aspirações foram barradas no Movimento de 11 de Novembro, chefiado pelo Ministro da Guerra de João Café Filho, general Henrique Lott, que assegurou a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Como consequência da tentativa de golpe frustrada Golbery foi preso e assim permaneceu por oito dias. Após ser solto, foi transferido para Belo Horizonte onde ficou prestando serviço no quartel-general da Infantaria Divisionária da 4ª Região Militar.

Em março de 1956, Golbery foi promovido a coronel, e transferido novamente para o Estado-Maior do Exército, onde ficou prestando serviço até setembro de 1960. No mesmo mês, foi convocado a chefiar a seção de operações do Estado-Maior das Forças Armadas.

Golbery do Couto e Silva (Foto: Arquivo AE)
Devido ao incidente ocorrido em novembro de 1955, Golbery passou a fazer parte de um grupo frontalmente anti-Lott, cujos líderes eram os generais Juarez Távora e Osvaldo Cordeiro de Farias. Ao mesmo tempo liderou um grupo de militares que apoiou Jânio Quadros na eleição para a Presidência da República em 3 de outubro de 1960. Jânio Quadros foi empossado em 31 de janeiro de 1961 e em fevereiro, Golbery foi nomeado chefe do gabinete da Secretaria Geral do Conselho de Segurança Nacional.

Em março de 1961, na Guiana Inglesa, Cheddi Jagan, líder do Partido Progressista do Povo, venceu as eleições. Jânio da Silva Quadros determinou ao Estado-Maior das Forças Armadas, que tinha como comandante Osvaldo Cordeiro de Farias, o estudo da situação. Aconselhado por sua assessoria militar mandou tomar providências para evitar que a segurança das fronteiras do país fosse afetada, pois o líder guianense era de tendência comunista. Cordeiro de Farias pediu para Golbery iniciar estudos estratégicos para a criação de escolas brasileiras na fronteira, permitindo a frequência de crianças guianenses. Foram enviadas missões econômicas a Georgetown com a finalidade de investir e ajudar economicamente o surgimento de projetos específicos de mineração.

Segundo a literatura da época "...foi sugerido o oferecimento de missões militares brasileiras para adestramento de tropas guianenses em técnicas de guerra moderna e, especialmente, de desempenho de operações na selva. Porém, comentou-se muito, na época, que Jânio tinha planos de ocupação militar das três Guianas, ao norte do Brasil, embora a versão oficial fosse diferente."

Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou. De acordo com a Constituição Brasileira, assumiu o governo do Brasil, interinamente, o deputado Pascoal Ranieri Mazzilli (PSD), presidente da Câmara dos Deputados, pois o vice-presidente João Goulart encontrava-se em viagem diplomática na República Popular da China. Militantes de direita acusaram Jango, como era conhecido, de ser comunista e o impediram de assumir à presidência no regime presidencialista. Fez-se um acordo político e o parlamento brasileiro criou o regime parlamentarista, com João Goulart sendo chefe-de-Estado.

Do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola conclamou o povo a ir às ruas defender a normalidade constitucional e exigir a posse do vice-presidente. O governador gaúcho fazia discursos diários desde os porões do Palácio Piratini, transmitidos por várias emissoras de rádio do sul do país, numa campanha que ficou conhecida como Rede Radiofônica da Legalidade - ou Campanha da Legalidade. No restante do Brasil, além de grande parte da população, a maioria do pessoal de baixa patente das forças armadas era a favor da posse do vice-presidente. Os ministros militares aceitaram a posse mediante alteração da Constituição de 1946 por uma emenda instituindo o regime parlamentarista, com a redução dos poderes do presidente. Assim, em 7 de setembro João Goulart tomou posse.

Quando João Goulart retornou, os ministros militares de Jânio Quadros, Odílio Denys (Guerra), Gabriel Grün Moss (Aeronáutica) e Sílvio Heck (Marinha) divulgaram um manifesto, redigido por Golbery, vetando a posse do vice-presidente. Houve então grande mobilização popular pró-Constituição em favor de João Goulart. Em 1963, em plebiscito, o povo brasileiro votou pela volta do regime presidencialista, e João Goulart finalmente assumiu a Presidência da República com amplos poderes.

Após passar para a reserva (seu último posto na ativa foi o de coronel, mas como na época a passagem para a reserva rendia duas promoções, atingiu então o posto de general), Golbery iniciou estudos para fazer frente ao avanço do comunismo no cenário político brasileiro, desenvolvendo idéias delineadas na sua obra Planejamento Estratégico (1955). Respeitado e apoiado pelo general Humberto de Alencar Castelo Branco, que se tornaria o primeiro presidente da Ditadura Militar, em abril de 1964, Golbery criou, em 1962, um ano depois de passar à reserva, e dirigiu o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), que teve papel de destaque na preparação do movimento que depôs o Presidente da República João Goulart.

Financiado pelo governo e por empresas privadas, o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais montou uma extensa rede de informações. Os arquivos, gravações telefônicas e documentos levantados nessa época formaram dossiês posteriormente transferidos para o Serviço Nacional de Informações (SNI), criado em 1964 e também idealizado e dirigido pelo general Golbery. O SNI teve grande influência em todo o regime militar, tanto do lado estratégico quanto da manipulação da sociedade mediante instrumentos de controle dos veículos de comunicação.

Golbery em entrevista no ano de 1981 (Foto: Folhapress )
O Anti-"Linha-Dura" na Ditadura

O general Golbery, segundo as Forças Armadas, destacou-se como um grande teórico do Movimento Político-Militar de 1964. Por ser de formação acadêmica intelectual, nunca concordou com os métodos de ação da "linha dura", sendo por ela odiado, enfrentando diversos panfletos que circularam nos quartéis que o atacavam, tachando-o de "entreguista" e até mesmo comunista (durante a crise com o ministro do Exército Sylvio Frota, esse expediente foi comum).

Em 1966 o general escreveu uma obra intitulada Geopolítica do Brasil, de grande destaque entre a comunidade de informações nacional e internacional.

Em 1967, Golbery do Couto e Silva assumiu uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União e, em 1974, no governo Ernesto Geisel, tornou-se Chefe da Casa Civil da Presidência da República, cargo que manteve com a posse do novo presidente, João Batista de Oliveira Figueiredo.

Ali teve influência no nascimento dos novos partidos. Foi ele quem excogitou e conduziu a reforma partidária de 1979. Nasceram ali, além do PDS que sucedeu à Arena, o PMDB liderado por Ulysses Guimarães, o PT por Lula, o PP por Tancredo Neves, o PTB, previamente entregue a Ivete Vargas pelo próprio chefe da Casa Civil, e o PDT de Leonel Brizola.

O propósito era dividir a oposição, unida debaixo da sigla do MDB. De saída, Golbery conseguiu seu propósito. Demitiu-se, porém, depois das bombas do Atentado do Riocentro no Rio de Janeiro, atentado este que fracassou mas pôs em risco a vida de milhares de civis além de representar retrocesso em relação à postura que defendeu e tentou implementar desde Ernesto Geisel, por saber da participação de militares comandados pela "linha dura". Não teve influência suficiente sobre Figueiredo para alijar de vez os membros da "linha dura". No entanto permaneceu como condutor de conversas com a "oposição responsável", principalmente Tancredo Neves e Thales Ramalho, para o complemento da transição para volta à democracia.

Foi apelidado de O Bruxo por sua notável capacidade de articulação e inteligência, sendo denominado pelo jornalista Elio Gaspari como O Feiticeiro em sua obra As Ilusões Armadas.

Era também chamado por integrantes de grupos esquerdistas de Henry Kissinger brasileiro.

Morte

Depois de quatro dias de agonia, o general Golbery do Couto e Silva, 76 anos, não resistiu a um Câncer no Pulmão e morreu no início da tarde de 18/09/1987 (sexta-feira) no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Fonte: Wikipédia e Jornal do Brasil