Chorão

ALEXANDRE MAGNO ABRÃO
(42 anos)
Cantor, Compositor, Cineasta e Empresário

* São Paulo, SP (09/04/1970)
+ São Paulo, SP (06/03/2013)


Alexandre Magno Abrão, mais conhecido pelo seu nome artístico Chorão foi um cantor, compositor, cineasta e empresário brasileiro. Chorão era primo da apresentadora de televisão Sônia Abrão e foi o vocalista, principal letrista e co-fundador da banda santista Charlie Brown Jr., formada em 1992 junto com Renato Pelado, Marcão, Champignon e Thiago Castanho.

Chorão foi o único integrante da banda a participar de todas formações, e junto com o Charlie Brown lançou dez discos que já venderam mais de cinco milhões de cópias.

O apelido de Chorão veio quando ele estava vendo os amigos andando de skate, e um deles passou por ele e, para zombar dele, dizia "Não Chora!", já que Chorão ainda não sabia andar. E nisso o apelido pegou. Teve uma infância e adolescência difíceis. A sua mãe era doméstica, fazia pastel, cozinhava pra fora e ele fazia as entregas. Chorão vivia na rua, ia mal na escola, parou de estudar na sétima série, e frequentemente tinha problemas com a polícia.

Com 21 anos, foi convidado a integrar uma banda com Champignon chamada What's Up, que acabou não dando certo. Aí então montou o Charlie Brown Jr. Em 2007, Chorão roteirizou e dirigiu o filme "O Magnata". Em 2009 lançou sua marca de roupas a DO.CE.


Início

Quando Chorão tinha 11 anos, seus pais separaram-se. Quando Chorão tinha 14 anos, sua mãe teve um derrame e quase morreu. Foi nessa época que ele começou a andar de skate, uma das suas paixões. Ele já correu vários anos nos campeonatos de skate e ainda foi vice-campeão paulista. Seu apelido Chorão foi dado pelos seus amigos de skate.

Carreira

Em 1987, com então 17 anos de idade Chorão se mudou para Santos, litoral de São Paulo, após uma infância difícil e traumática. Um dia, em um bar local, substituiu por acaso o vocalista de uma banda, quando o mesmo precisou se ausentar devido a necessidades fisiológicas.

Uma pessoa da plateia, ao vê-lo cantar, convidou-o para ser vocalista em sua banda. Quando o baixista da referida banda saiu, Chorão veio a conhecer Champignon, o novo baixista, uma criança de apenas 12 anos na época. Formaram então a banda What's Up. Tempos depois, Chorão e |Champignon decidiram convidar o baterista Renato Pelado, oriundo de bandas da cidade como Ecossistema, Jornal do Brasil, entre outros projetos. Mais tarde, Marcão e Thiago Castanho completaram a primeira formação da banda Charlie Brown Jr. A banda, ainda sem nome, continuou a se apresentar na cidade.


"Fundei e batizei a banda com esse nome em 1992. Foi uma coisa inusitada. Trombei (literalmente) com uma barraca de água de coco que tinha o desenho do Charlie Brown, aquele personagem do Charles Schulz, mais conhecido por ser o dono do Snoopy. E o Jr. é pelo fato de sermos filhos do rock", se explicou Chorão pelo fato da banda se considerar "filha" de uma geração de músicos e bandas como Raimundos (nos anos 90 Chorão considerava Rodolfo Abrantes, o vocalista dessa banda, como o melhor do brasil), Nirvana, Red Hot Chili Peppers, Nação Zumbi, e Planet Hemp. A sonoridade do grupo tinha influências de grupos como Sublime, Bad Brains, 311, misturando hardcore punk, skate e reggae.

Por volta de 1993, já com esta formação da banda, eles começaram a tocar no circuito underground de Santos e São Paulo e a fazer shows em vários eventos de skate. Uma fita demo foi entregue ao Rick Bonadio, presidente da Virgin Records no Brasil e produtor dos Mamonas Assassinas, que se interessou pelo grupo e os contratou. De uma demo de três faixas surgiu o primeiro disco do Charlie Brown Jr., produzido por Tadeu Patolla e Rick Bonadio com o selo da Virgin Records. Nasceu então o álbum "Transpiração Contínua Prolongada". O álbum foi bem recebido pelas rádios com as faixas "O Coro Vai Comê!", "Proibida Pra Mim (Grazon)", "Tudo Que Ela Gosta de Escutar" e "Gimme o Anel", vendendo 500 mil cópias. Na época, o baixista Champignon era menor. Consequentemente, sempre que a banda se apresentava em casas noturnas, era necessária uma autorização judicial para que o jovem baixista acompanhasse o grupo.


Morte do Pai

Em meados de 2001, Chorão perdeu seu pai:

"Passei por várias dificuldades neste ano, desde financeiras... , eu perdi meu pai... , e você tem que tentar lidar com isso numa boa, até você aceitar rola uma mudança, uma metamorfose."

A banda, compreendendo a falta que seu pai fazia, decidiu parar e dar um tempo, até Chorão, realmente acostumar-se com a ideia de ter perdido alguém muito especial. O que levou ele a pensar em parar na banda você pode encontrar na letra de "Ouviu-se Falar" e "Talvez a Metade do Caminho".

Passaram-se seis meses até Chorão se olhar no espelho e, ver sua barba crescida, o aumento de peso por engordar 20 kg  ficando em casa sem nada fazer, sem motivação... Então ele viu que não era bem isso que ele queria. Durante o mesmo tempo os outros integrantes continuaram estudando e praticando sua música. Na verdade a banda estava pronta de novo, iria começar um novo capítulo.


Outros Negócios

Além do sucesso no mundo da música, Chorão também se aventurava em outras áreas: no dia 06/11/2006, o músico inaugurou o "Chorão Skate Park" em Santos, SP. Um espaço para skatistas e músicos que tem como destaque uma das melhores pistas de skate do Brasil, com uma distribuição de obstáculos que está em sintonia com o que há de mais atual com os parques de skate no mundo.

Em 2007, o cantor se aventurou no cinema, com o filme "O Magnata", dirigido pelo video-maker Johnny Araújo. Chorão foi escritor e roteirista, além de participar do filme junto com o Charlie Brown Jr. e integrar a trilha sonora do filme. Recentemente anunciou um novo filme, "O Cobrador", do qual ele mesmo escreveu o roteiro. Ele ainda pretendia lançar um livro contando a historia da banda desde o incio.

Em janeiro de 2009, o músico lançou sua grife de roupas, intitulada DO.CE, em festa promovida em São Paulo.


Morte

Chorão, foi encontrado morto na madrugada de quarta-feira (06/03/2013), em seu apartamento em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Segundo sua assessora de imprensa, Chorão foi encontrado por uma pessoa da equipe que trabalhava para a banda. O motorista do cantor o encontrou desacordado e telefonou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

A Polícia Militar recebeu um chamado para averiguação de morte natural na residência do cantor às 5:18 hs. O corpo foi encontrado no local e será examinado pela perícia. Inicialmente, o caso seria investigado pelo 14° DP, mas seguirá com o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

As causas da morte ainda são desconhecidas. Segundo a produtora do Charlie Brown Jr., o corpo foi levado para o IML por volta das 9:00 hs, e só será liberado à noite, o que implicará no adiamento do velório.

Discografia

  • 1997 - Transpiração Contínua Prolongada
  • 1999 - Preço Curto... Prazo Longo
  • 2000 - Nadando Com os Tubarões
  • 2001 - 100% Charlie Brown Jr. (Abalando a Sua Fábrica)
  • 2002 - Bocas Ordinárias
  • 2004 - Tâmo Aí na Atividade
  • 2005 - Imunidade Musical
  • 2007 - Ritmo, Ritual e Responsa
  • 2009 - Camisa 10 (Joga Bola Até na Chuva)
  • 2003 - Acústico MTV
  • 2012 - Música Popular Caiçara (Ao Vivo)

DVD

  • 2002 - Ao Vivo
  • 2003 - Acústico MTV
  • 2004 - Na Estrada
  • 2005 - Skate Vibration
  • 2008 - Ritmo, Ritual e Responsa
  • 2012 - Música Popular Caiçara (Ao Vivo)


Filmografia

  • 2007 - O Magnata (Escritor e Roteirista)
  • .... - O Cobrador (Escritor e Roteirista)

Fonte: Wikipédia e Terra

Pai João de Camargo

JOÃO DE CAMARGO
(84 anos)
Religioso, Médium, Curandeiro, Santo Popular, Milagreiro e Preto Velho

* Sarapuí, SP (16/05/1858)
+ Sorocaba, SP (18/09/1942)

Pai João de Camargo foi um médium, curandeiro, religioso, também considerado santo popular, milagreiro e preto-velho. Era também conhecido como médico dos pobres.

Nhô João, nasceu no dia 16 de maio de 1858, na fazenda dos Camargo Barros, bairro dos Cocaes em Sarapuí, SP. Era filho de Francisca, escrava de Luís de Camargo Barros e de pai incógnito, batizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores de Sarapuí.

Como escravo cresceu na fazenda em que nascera, herdou o sobrenome da família Camargo Barros, analfabeto não teve acesso à educação institucional, veio para Sorocaba, SP, logo após a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888.

Trabalhou em Sorocaba como cozinheiro para Manuel Lopes Monteiro, e também para a família de Inácio Pereira da Rocha. Em 1893, alistou-se como soldado voluntário, no batalhão dos Voluntários Paulistas, deu baixa em sua carreira militar em 1895, quando a Revolução Federalista terminou. Passou a trabalhar na lavoura em Pilar do Sul, lugar onde conheceu Escolástica do Espírito Santo, sua esposa.

Voltou para Sorocaba em meados de 1890, época em que Sorocaba fora atacada pela epidemia de febre amarela o que fez o casal abandonar a cidade e mudar-se para o Bairro da Ilha, em Salto de Pirapora, SP. Após cerca de cinco anos de convivência matrimonial vieram a separar-se por incompatibilidade. João de Camargo retornou à Sorocaba para recomeçar a vida, trabalhou em vários empregos para sobreviver desde o campo trabalhando na lavoura a olarias fazendo tijolos e telhas.

Recebeu influência na prática de curandeirismo e na religiosidade africana através de sua mãe, Nhá Chica, de sua sinhazinha, Ana Teresa de Camargo a iniciação ao catolicismo e do padre João Soares do Amaral os ensinamentos através de seus sermões, pois o conhecera ainda quando era adolescente e lhe tinha grande admiração. Sua religiosidade sincrética formou-se a partir do catolicismo popular, participando nas festas em devoção aos santos católicos a que se homenageavam na Casa Grande nos dias sagrados, bem como do aprendizado que adquirira com sua mãe.

Desde 1897 iniciara-se no caminho do misticismo, acendia velas, rezava ao pé da cruz e já praticava a cura em algumas pessoas. Em 1905 seguindo seu percurso pela Estrada da Água Vermelha, cumpria a sua obrigação junto a Cruz do Menino Alfredinho, em casa meditando por volta da meia-noite, percebeu que fenômenos estranhos como murmúrios, luzes, ventos entre outros sinais ocorriam a ele, fazendo-o muitas vezes a ser tomado como louco. Entre as vozes que ouvia, a mensagem para que parasse de beber era clara, uma vez que, segundo a voz que lhe falava o álcool o impedia de receber a missão designada, além de lhe estragar o corpo.

Em 1913 foi processado judicialmente acusado de praticar o curandeirismo. Absolvido e para se proteger de perseguições criou em sua Capela a Associação Espírita e Beneficente Capela do Senhor do Bonfim, reconhecida como pessoa jurídica em fevereiro de 1921.

Em 1915, fundou a Corporação Musical São Luís, composta por vinte e oito músicos, sendo muitos deles os que animavam os cordões carnavalescos da cidade, visto que apresentavam-se em festas religiosas e profanas. Seus maestros foram Francisco Dimas de Melo, Salvador Elisário, Pancrácio Inocêncio de Campos, e Avelino Soares.

Sua fama percorreu o mundo, foram-lhe dedicadas poesias, composições musicais e desenhos. João de Camargo foi tema de várias dissertações de mestrado, biografado por inúmeros escritores, pesquisadores e historiadores entre eles Antônio Francisco Gaspar, Florestan Fernandes, Genésio Machado, Roger Bastide, José Barbosa Prado, Aluísio de Almeida, Paulo Tortello, Rogich Vieira, Prof. Bene Cleto, Alcir Guedes e Antônio Carlos Guerra da Cunha.

Também sobre João de Camargo o jornalista Plínio Cavalcante publicou reportagem na revista semanal "O Malho", Rio de Janeiro em 1934 e na Europa o "Corriere Dela Sera" publicou reportagem em 1922. Em 1995 foi publicada sua biografia e um espetáculo teatral cujos autores, Sônia Castro e Fernando Antonio Lomardo tinham como intenção principal investigar O Homem - João de Camargo.

Em 1999 os pesquisadores Carlos de Campos e Adolfo Frioli publicaram o livro "João de Camargo - O Nascimento de Uma Religião de Sorocaba", sendo o tema principal "o preto velho e bom da Água Vermelha" uma vez que, Nhô João foi uma referência de fé popular nesta cidade. No mesmo ano de 1999, o pesquisador Carlos Carvalho Cavalheiro também dedicou-lhe algumas páginas de seu trabalho sobre o "Folclore em Sorocaba - Milagres de Nhô João de Camargo".

Pai João de Camargo faleceu no dia 18 de setembro de 1942 na cidade de Sorocaba, SP. Após sua morte a Capela Bom Jesus do Bonfim ficou fechada durante cinco anos por questões judiciais, Escolástica do Espírito Santo Maduro, sua ex- mulher apareceu requerendo sua parte no espólio.

O túmulo de João de Camargo é uma réplica da Capela Bom Jesus do Bonfim, levantada sob responsabilidade de um de seus devotos, João Massa em 1948. Seu túmulo é visitado por um número incontável de devotos e simpatizantes, principalmente no dia 02 de novembro, Finados.

Sobre sua vida, foram escritas inúmeras biografias por famosos escritores brasileiros. Em 2003, foi homenageado no enredo da escola de samba paulistana Império de Casa Verde. O desfile contou com a participação do ator Paulo Betti, que é devoto de Nhô João e produziu o filme "Cafundó", sobre sua vida.


Cafundó

"Cafundó" é inspirado em um personagem real saído das senzalas do século XIX. Um tropeiro, ex-escravo, deslumbrado com o mundo em transformação e desesperado para viver nele.

Este choque leva-o ao fundo do poço. Derrotado, ele se abandona nos braços da inspiração, alucina-se, ilumina-se, é capaz de ver Deus. Uma visão em que se misturam a magia de suas raízes negras com a glória da civilização judaico-cristã.

Sua missão é ajudar o próximo. Ele se crê capaz de curar, e acaba curando. O triunfo da loucura da fé.

Sua morte, nos anos 40, transforma-o numa das lendas que formou a alma brasileira e, até hoje, nas lojas de produtos religiosos, encontramos sua imagem, O Preto Velho João de Camargo.

"Cafundó", na linguagem popular, é um lugar de difícil acesso, situado longe de centros povoados. A origem do nome é indígena e "caa" significa mato em tupi. Por extensão, o termo passou a designar locais para os quais fugiam índios e negros escravos.


Principais Prêmios e Indicações

Festival de Gramado 2005:
  • Venceu nas categorias de Melhor Ator (Lázaro Ramos), Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia.
  • Ganhou o Prêmio Especial do Júri na categoria de Melhor Longa Metragem em 35mm Brasileiro.
  • Indicado na categoria de Melhor Filme.

Los Angeles Pan African Film Festival 2006:
  • Recebeu Menção Honrosa.


Elenco
  • Lázaro Ramos ... João de Camargo
  • Leona Cavalli ... Rosário
  • Leandro Firmino ... Cirino
  • Alexandre Rodrigues ... Natalino (Adulto)
  • Ernani Moraes ... Coronel João Justino
  • Luís Melo ... Monsenhor João Soares
  • Renato Consorte ... Ministro
  • Francisco Cuoco ... Bispo
  • Abrahão Farc ... Juiz