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Maria Polenta

MARIA TREVISAN TORTATO
(79 anos)
Benzedeira

* Mira, Itália (02/03/1880)
+ Curitiba, PR (22/04/1959)

Maria Trevisan Tortato, ou Maria Polenta, nasceu em 02/03/1880 em Mira, comunidade próxima à Veneza, região de Vêneto na Itália, filha do casal Giuseppe Francisco de Moretto Trevisan e Tereza de Bortoli.

O nome Maria prevaleceu durante toda vida, mas o Trevisan Tortato foi substituído por Polenta, cujo apelido veio a impor-se de maneira tão forte que até a data da sua morte, constrangendo a cidade, foi assim conhecida, tratada e benquista.

Em 12/02/1892 Giuseppe e Tereza imigram para o Brasil, à bordo do La Veloce. Chegam ao Paraná em 28/04/1892, provenientes do Rio de Janeiro. Trouxeram seus oito filhos: Giovani, Maria, Antonio, Sante, Virgínio, Domenico, Emílio e Anna. Mais tarde nasceria Luiz, já no Brasil.

Foi-lhes destinada a Colônia Alexandra, mas pelas condições inóspitas do local, mudaram-se para a Colônia Dantas, que mais tarde seria o bairro Água Verde, no local chamado Capão d'Amora. A região também era conhecida como Borghetto (que seria hoje entre a Travessa João Turin e a Av. Sete de Setembro até a Praça do Japão), onde havia a maior concentração de italianos em Curitiba.

Maria Trevisan casou-se em 12/02/1898 com Giuseppe Tortato, na Paróquia de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Em 14/01/1908, era celebrado o casamento civil, em Campo Comprido, Curitiba. Seu marido, conhecido como  Bépi Érico, era pedreiro de elite, chamado para construir igrejas, a exemplo da Imaculado Coração de Maria, no bairro Rebouças. Após o casamento,  passaram a residir na Rua Alferes Ângelo Sampaio, entre a Av. Sete de Setembro e a Av. Silva Jardim. Tiveram 10 filhos.


Antonio, irmão mais novo de Maria Trevisan, era funcionário da Todeschini e teria substituído Dona Domenica Todeschini que era a cozinheira da  fábrica. Como saiu-se bem na polenta, que era a base da comida, passou a ser chamado de Antonio Polenta, apelido que estendeu-se à família.

A própria Maria contava que tudo iniciou quando ela sonhou com seu avô e este lhe dissera que no dia seguinte iria vir à sua presença uma criança com uma fratura e que ela deveria fazer tal procedimento para curá-la. De fato, segundo ela, tal sucedeu e a criança ficou sã em pouco tempo.

Maria Moreira, benzedeira famosa, lhe transmitiu os conhecimentos, além do ancião Modesto Emiliano que teria lhe instruído como lidar com os traumatismos musculares e ósseos.

Maria Polenta exercia a medicina prática, que está associado ao passe, à reza e a certos aspectos místicos, que acabam fornecendo elementos produtores de sabor às histórias. Ela era especialista em massagens magnéticas e diziam, principalmente os jogadores de futebol, que ela voltava qualquer osso no devido lugar.

Por ser uma espécie de curandeira, não apreciava médicos. Também benzia e receitava chás. Além de recolocar articulações como ninguém, transmitia ao elemento receptor a fé daquelas aplicações. Era tamanho o êxito de seus tratamentos que a cada dia aumentava sua clientela.

Placas afixadas em uma casa na esquina das Ruas Maria Bueno com Maria Trevisan Tortato, no bairro Novo Mundo
Era extrema a bondade de Maria Polenta. Vestia-se em trajes longos, a cobrir-lhe os pés. Nada cobrava pelos serviços, cabendo a cada um deixar numa caixinha o que pudesse.

O ritual de atendimento era sempre o mesmo. Ela puxava conversa, perguntava o nome e ia passando o polegar esquerdo na região afetada. De repente, dava um puxão. Depois, passava água vegetal canforada. Se fosse o caso, improvisava uma tala. O material era comprado no Laboratório Antisardina logo em frente. Depois de tirar a tala ela ensinava o que hoje se chama de fisioterapia. Foi assim durante 50 anos. Uma vida dedicada a minorar o sofrimento humano.

Maria Polenta era popular entre os "sem-médico", mas também cortejada pela nata. Tinha como vizinhos Guido Viaro, Erasmo Piloto e João Turin. Poty Lazzarotto chegou a pintar-lhe um retrato, de memória, por sugestão do médico Luiz Carlos Sobania. Não por menos, um ano depois de sua morte, em 1960, o celebrado escultor Erbo Stenzel, fundiu o busto da "curadora de ossos", hoje instalado numa pracinha que leva o nome dela, na Avenida República Argentina com a Getúlio Vargas.

Não lhe faltaram homenagens. Na década de 70, Maria Polenta virou nome de rua no Novo Mundo, via que, aliás, faz cruzamento com a Maria Bueno, a santa não-oficial da capital. Nos anos 80, seu nome batizou a unidade de saúde da Rua Carneiro Lobo, no Batel.

A "Milagreira" e o Jovem Luiz Carlos Sobania

O médico Luiz Carlos Sobania, era um menino de calças curtas quando foi arrastado por um cachorro. Teve um dedo avariado pela corrente. A mãe, que morava na frente do Hospital de Crianças, o Cezar Pernetta, preferiu andar mais umas quadras e levá-lo à casa de Maria Polenta. Foi tiro e queda. O menino ficou bom e nunca mais esqueceu do rosto da mulher que o atendeu.

"Esse fato marcou minha infância. Lembro como se fosse hoje. Ela tinha um lenço na cabeça!"

Luiz Carlos Sobania garante que não foi influenciado por Maria Polenta na escolha de sua área de atuação, a ortopedia, na qual é uma das referências da cidade: "Coincidência, nada mais!".

Ele atua na Clínica de Fraturas desde 1964. Fato mesmo é que Maria Polenta passou a fazer parte de sua biografia.

Para o médico, a grande virtude de Maria Polenta era saber de seus limites. Corre entre os homens de jaleco branco que a curadora de ossos da Água Verde remetia muita gente aos hospitais, todas as vezes que se certificava da gravidade de um problema. Médicos como Luiz Carlos Sobania, contra todas as evidências, também fazem parte dessa confraria informal.

O túmulo fica na quadra 177, lote n.º 22, no Cemitério Municipal do Água Verde
Morte

Nas cinco décadas em que Maria Polenta atuou, as filas de carroças no trecho da Ângelo Sampaio, entre a Sete de Setembro e a Silva Jardim, onde ela morava, foram substituídas por carros. A saúde da italiana ficou arisca. Tinha erisipela e uma artrose infernal. Como se negou a usar a cadeira de rodas que os filhos lhe compraram, apoiava-se numa cadeira de cozinha, com a qual andava pela casa.

Maria Polenta morreu aos 79 anos de idade, em 22/04/1959. Seu túmulo no Cemitério de Água Verde fica na quadra 177. Tem vários agradecimentos por graças recebidas. Reza a lenda, não passa dia sem que ali se coloque um ramo de flor.

Maria Polenta mereceu um dos maiores funerais que a cidade já viu. "A cidade foi pequena. Quando o corpo chegou no Cemitério da Água Verde, ainda tinha gente saindo em fila da casa dela", lembra a sobrinha Geni Tissot Massocin, sobre o cortejo de aproximados cinco quilômetros.

Heleno de Freitas

HELENO DE FREITAS
(39 anos)
Jogador de Futebol

* São João Nepomuceno, MG (12/02/1920)
+ Barbacena, MG (08/11/1959)

Heleno de Freitas foi um futebolista brasileiro, considerado o primeiro "craque problema" do futebol brasileiro.

Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, irritadiço, galã, Heleno de Freitas era homem de boa aparência, mas quase intratável. Depois de onze anos jogando futebol, entrou para a história como um dos maiores craques do futebol sul-americano.

Heleno, o craque, o artista da bola, o mito do futebol, o artista das multidões, o craque galã, o diamante branco, a elegância do futebol, são adjetivos, que perfeitamente se enquadram a figura ímpar de um gênio chamado Heleno e alguns desses fazem parte do somatório de homenagens, que ao decorrer dos anos serviram também como meio de imortalizar o grande ídolo. Foi com a bola nos pés, levando a torcida ao delírio que Heleno deixou a marca de sua genialidade, se tornando uma das mais ricas histórias do futebol brasileiro. Seu futebol encantou o mundo e lhe rendeu fantásticas expressões e frases de grande efeito, como a que se encontra na estátua em sua homenagem em Barranquilla na Colômbia "El Jogador".


Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, arrogante, galã, mas um homem nervoso, quase intratável. Depois de onze anos jogando futebol, Heleno de Freitas entrou para a história como um dos maiores craques do futebol sul-americano. Suas jogadas e gols deslumbraram os torcedores.

Começou em 1934 jogando pelo juvenil do Botafogo, clube que aprendeu a amar, e logo se tornou sócio-atleta. Ainda nos juvenis, teve um rápida passagem pelo Fluminense. Retornou ao Botafogo onde permaneceu até 1948, quando foi contratado pelo Boca Junior da Argentina, onde passou pouco tempo. Quando voltou ao Brasil, vestiu a camisa do Vasco da Gama onde conquistou seu único título de campeão carioca em 1949. Brigou com o treinador Flávio Costa e foi jogar na Liga Pirata da Colômbia. Em 1951 retornou ao Brasil e assinou com o América carioca. No clube de Campos Sales somente jogou 35 minutos e foi expulso. Foi também, seu primeiro e único jogo no Maracanã. A partida foi contra o São Cristovão e o América perdeu por 3x1.

Em 1940, ele foi o centroavante botafoguense na excursão ao México e no certame carioca. Pelo mundo, exibiu criatividade, valentia e técnica. Em toda parte, ainda, atiçando o mulherio, os traços das suas beleza, elegância e inteligência. Mulherengo, transava com qualquer raça e classe, alvinegra ou não. No Botafogo, obsessivo, quis incessantemente ser campeão. Mas até 1947, seu último ano no clube, o único título que obteve foi o de bacharel em direito - diploma inútil para Heleno de Freitas, sem afã de advogar, ser delegado de polícia, promotor ou juiz.

Em 1945, pela Seleção, fez o sul-americano no Chile, do qual saiu artilheiro. No ano seguinte, em Buenos Aires, deu show em outro sul-americano. E divergiu do técnico Flávio Costa no vestiário, onde o escrete se refugiara da pancadaria portenha. Apesar das hostilidades, Flávio Costa exigiu a volta ao jogo. O brigão Heleno de Freitas avisou que era temerário, pois talvez saíssem inutilizados. E essa hipótese, acresceu de Heleno de Freitas, não se aplicava a ele, que tinha do que viver, no que foi apoiado pelo ponteiro Chico. Todavia, irredutível, o técnico impôs a volta. E não deu outra: pau generalizado. Na briga, os que mais apanharam, e bateram, foram Heleno e Chico, o que ficara com a sensata tese do botafoguense no refúgio do vestiário. Assim, o Brasil perdeu no placar e no braço. E o centroavante, coitadinho, ganharia a eterna inimizade do treinador Flávio Costa.

Heleno de Freitas e Dino
Com a fúria com que se portara na Argentina, ficou claro que Heleno de Freitas estava doente. E ninguém sabia que era de Sífilis Cerebral, associada ao gênio difícil. A doença o atritava com cartolas, companheiros, adversários ou juizes, e ao clube eram prejudiciais as expulsões de campo. Pior, a torcida inimiga descobriu como irritá-lo apelidando-o de "Gilda", personagem sensual e neurótica de Rita Hayworth no cinema. Aí, só restou a proposta do Boca Juniors, em 1948: comprá-lo por um punhado de dólares. Isso magoaria o clube e o craque que, como Deus e diabo, se amavam tanto, freudiana e dialeticamente prisioneiro um do outro.

Ainda em 1948, Nilton Santos dava os primeiros passes no Botafogo,  Heleno de Freitas casou com Hilma, filha de diplomata, colega do poeta Vinícius de Moraes. Este, dedicou ao noivo "Poema dos Olhos da Amada" - obra que seria seresta na voz do cantor Sílvio Caldas. Nessa época, entristecido, o futebol do Brasil percebeu que Heleno de Freitas, tão íntimo da bola, jamais se entenderia com os homens.

Heleno de Freitas era quase perfeito em tudo. Nos gols de classe, nas jogadas de alta categoria, e nas cabeçadas maravilhosas. Entretanto, Heleno estava doente e não sabia. A sífilis corroía sua cabeça e isso lhe criava muitos problemas. Às vezes, não entendia os erros dos companheiros que lhe passava uma bola errada. Por isso, brigava com os colegas, xingava os adversários, discutia com os árbitros. Se Heleno de Freitas não fosse um craque maravilhoso, ninguém o suportaria. Foi campeão brasileiro e sul-americano defendendo por muitos anos as seleções cariocas e brasileiras.

Heleno de Freitas ganhou fama e dinheiro. Viveu sempre entre mulheres bonitas e homens inteligentes. Em Buenos Aires, quando jogou pelo Boca Junior, se tornou intimo da família do presidente Peron. No Museu do Esporte, existente na Colômbia, foi erguido um busto em sua homenagem  e as grandes jogadas que tanto encantaram os colombianos.

Rodrigo Santoro revive Heleno de Freitas no filme "Heleno"
Em Buenos Aires, o tormento psíquico afastou-o da mulher grávida. E sem ele o Botafogo ganharia o título de 48. Não aguentando,  Heleno de Freitas foi para o Vasco no início de 1949. Em São Januário, fez-se campeão pela única vez na carreira. Viveu em paz até que, num coletivo, saiu de campo esbravejando: "Estes dois (apontou Maneca e Ipojucan) não me passam a bola porque não querem. Aqueles (indicou) não passam porque não sabem. Não tenho nada a fazer aqui". Mais adiante, discutindo com Flávio Costa, apontou uma arma descarregada. Foi o bastante para que o Vasco o liberasse para o Atlético de Barranquilla, da Colômbia, onde jogavam Tim e outros astros.

Heleno de Freitas nunca quis ir ao médico para fazer um exame rigoroso e um tratamento sério da doença que o atormentava. Ele era genioso e quando abandonou o futebol, por insistência de amigos e parentes, foi examinado e constatado sífilis na cabeça em estado bastante adiantado.

Em 1953, a família o internou na mineira cidade de Barbacena, onde um amigo dele era médico numa casa de saúde. No início, o sifilítico embrenhou-se nas trevas insondáveis da loucura. Depois, uma revista o mostraria de pijama, obeso e triste. Por fim, só como um navio sem porto e sem condição mental de pedir um padre, ele morreu em 8 de novembro de 1959 e a imprensa brasileira noticiava a morte Heleno de Freitas.

O enterro aconteceu na sua cidade natal, São João do Nepomuceno, MG. Morreu longe da torcida, dos dirigentes e com companheiros. Entretanto, a cidade chorou a perda do seu filho mais ilustre.

"O futebol, fonte das minhas angústias e alegrias, revelou-me Heleno de Freitas, a personalidade mais dramática que conheci nos estádios deste mundo."
(Armando Nogueira)

Fonte: Botafogo Paixão
Indicação: Lia

Cícero Pompeu de Toledo

CÍCERO POMPEU DE TOLEDO
(49 anos)
Dirigente Esportivo

* São Paulo, SP (07/01/1910)
+ São Paulo, SP (08/09/1959)

Cícero Pompeu de Toledo, foi um dirigente esportivo brasileiro das décadas de 40 e 50 e ingressou no São Paulo Futebol Clube em 1939.

De 1944 a 1946, assumiu o cargo de secretário da diretoria e sua gestão foi marcada por um significativo aumento do quadro social do clube. Em 1947 foi eleito pela primeira vez presidente do clube, sendo consecutivamente reeleito até 1957, ano em que se afastou por motivos de saúde.

Em suas últimas gestões à frente do tricolor, incentivou a formulação do projeto de construção do Estádio do Morumbi, dando início à construção da praça de esportes que hoje leva o seu nome. Mas não teve a felicidade de ver a obra concluída.

Cícero Pompeu de Toledo é considerado o presidente de honra do São Paulo Futebol Clube - portanto, eterno presidente do clube - como reconhecimento à sua imensa contribuição para que o sonho de construção de um estádio particular se tornasse realidade.

Em sua homenagem, o nome oficial do Estádio do Morumbi é Estádio Cícero Pompeu de Toledo.

Fonte: Ex-SPFCpédia, Wikipédia e Projeto VIP

Bernardo Sayão

BERNARDO SAYÃO CARVALHO DE ARAÚJO
(57 anos)
Engenheiro e Político

☼ Rio de Janeiro, RJ (18/06/1901)
┼ Açailândia, MA (15/01/1959)

Bernardo Sayão nasceu em 18/06/1901, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Fez o ginásio no Colégio Anchieta de Nova Friburgo, cursou a Escola de Agronomia de Piracicaba em São Paulo e a Escola de Agronomia de Viçosa em Minas Gerais, em 1929.

Em 1939, aparecia Bernardo Sayão em Goiás pela primeira vez, atraído pela obra de Pedro Ludovico, que constituía Goiânia, abrindo novas perspectivas para todo o estado de Goiás. Na década de 30, já acreditava nas vantagens da interiorização do desenvolvimento brasileiro.

Foi em 1941, que Getúlio Vargas escolheu Bernardo Sayão para dirigir a implantação de uma Colônia Agrícola no interior de Goiás. Fundou a Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG) que deu origem à cidade de Ceres, GO.

Encontrava-se em foco a tão falada e famosa "Marcha para o Oeste". No entanto, em 1950, devido a burocracias, Bernardo Sayão foi exonerado do cargo em comissão, de Administrador da Colônia Agrícola Nacional de Goiás. Quatro anos depois, era eleito Vice-Governador do Estado de Goiás, com votação superior à do próprio governador eleito. Por ter sido muito bem votado, era o homem mais indicado para iniciar as construções primárias de Brasília.


No ano de 1955, o Governo Federal providenciou e nomeou uma comissão, presidida por Altamiro Pacheco, e depois por Segismundo Melo, com a participação de Bernardo Sayão e Jofre Parada, para desapropriar, em nome de Goiás, as fazendas que ficavam situadas no Quadrilátero Cruls. Era proprietário da Fazenda do Gama, o Srº Algostinho da Silva.

Um dos primeiros encargos a serem executados no Distrito Federal, foi a construção de dois campos de pouso para aeronaves pequenas, sob a chefia de Bernardo Sayão. Um na Fazenda do Gama, próximo ao local onde existe hoje o Catetinho e outro, a que deu o nome de Vera Cruz, próximo ao Córrego Acampamento, nome dado por ter sido onde acampara a Comissão Cruls, em 1892 e onde Bernardo Sayão armara sua primeira barraca em 1955.

Com a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Bernardo Sayão foi um de seus primeiros diretores, juntamente com Israel Pinheiro, Ernesto Silva e Iris Meinberg. Foi nomeado Diretor Executivo.

Pela sua própria figura, atitude e audácia, ninguém seria capaz de contradizê-lo em abrir o picadão da estrada Belém-Brasília em tão pouco tempo, como exigia o presidente Juscelino Kubitschek.

A luta tinha apenas iniciado e o entusiasmo renasceu. Conseguiu cinco equipes de máquinas e partiu para a arrancada, a que seria, talvez, o maior desafio de sua vida e fonte de riqueza e progresso de uma região considerada intransponível.

Morte

No dia 15/01/1959, uma árvore derrubada, na abertura da Belém-Brasília, caíra sobre a barraca onde estava Bernardo Sayão e outro companheiro. Bernardo Sayão foi gravemente ferido.

Ao fim da tarde, depois de muitas dificuldades, chegava ao local o helicóptero usado pelo presidente e pilotado pelo major Tomaz, que dirigiu-se para Açailândia, a localidade mais próxima. Devido à gravidade de seus ferimentos, Bernardo Sayão morreu a caminho, dentro do helicóptero.

No dia 16/01/1959, à noite, trazido de avião, o corpo de Bernardo Sayão chegava a Brasília, onde já o aguardava o presidente Juscelino Kubitschek. Por ironia do destino, Bernardo Sayão também foi o pioneiro do Cemitério da Cidade, hoje Campo da Esperança, que ajudou a construir.

Fonte: WikipédiaInterlegis

Villa-Lobos

HEITOR VILLA-LOBOS
(72 anos)
Maestro e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (05/03/1887)
+ Rio de Janeiro, RJ (17/11/1959)

Destaca-se por ter sido o principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente brasileira em música, sendo considerado o maior expoente da música do modernismo no Brasil, compondo obras que enaltecem o espírito nacionalista onde incorpora elementos das canções folclóricas, populares e indígenas.

Filho de Noêmia Monteiro Villa-Lobos e Raul Villa-Lobos, foi desde cedo incentivado aos estudos, pois sua mãe queria vê-lo médico. No entanto, Raul Villa-Lobos, pai do compositor, funcionário da Biblioteca Nacional e músico amador, deu-lhe instrução musical e adaptou uma viola para que o pequeno Heitor iniciasse seus estudos de violoncelo.

Aos 12 anos, órfão de pai, Villa-Lobos passou a tocar violoncelo em teatros, cafés e bailes. Paralelamente, interessou-se pela intensa musicalidade dos "chorões", representantes da melhor música popular do Rio de Janeiro, e, neste contexto, desenvolveu-se também no violão.

De temperamento inquieto, empreendeu desde cedo escapadas pelo interior do Brasil, primeiras etapas de um processo de absorção de todo o universo musical brasileiro. Em 1913 Villa-Lobos casou-se com a pianista Lucília Guimarães, indo viver no Rio de Janeiro.

Em 1922 Villa-Lobos participa da Semana da Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo. No ano seguinte embarca para Europa, regressando ao Brasil em 1924. Viaja novamente para a Europa em 1927, financiado pelo milionário carioca Arnaldo Guinle. Desta segunda viagem retorna em 1930, quando realiza turnê por sessenta e seis cidades. Realiza também nesse ano a "Cruzada do Canto Orfeônico" no Rio de Janeiro. Seu casamento com Lucília termina na década de 1930.

Depois de operar-se de Câncer em 1948, casa-se com Arminda Neves d'Almeida a Mindinha, uma ex-aluna, que depois de sua morte se encarrega da divulgação de uma obra monumental. O impacto internacional dessa obra fez-se sentir especialmente na França e EUA, como se verifica pelo editorial que o The New York Times dedicou-lhe no dia seguinte a sua morte. Villa-Lobos nunca teve filhos.

Obra

As primeiras composições de Villa-Lobos trazem a marca dos estilos europeus da virada do século XIX para o século XX, sendo influenciado principalmente por Wagner, Puccini, pelo alto romantismo francês da escola de Frank e logo depois pelos impressionistas. Teve aulas com Frederico Nascimento e Francisco Braga.

Nas Danças características africanas (1914), entretanto, começou a repudiar os moldes europeus e a descobrir uma linguagem própria, que viria a se firmar nos bailados Amazonas e Uirapuru (1917). O compositor chega à década de 1920 perfeitamente senhor de seus recursos artísticos, revelados em obras como a "Prole do Bebê", para piano, ou "O Noneto" (1923). Violentamente atacado pela crítica especializada da época, viajou para a Europa em 1923 com o apoio do Mecenas Carlos Guinle e, em Paris, tomou contato com toda a vanguarda musical da época. Depois de uma segunda permanência na capital francesa (1927-1930), voltou ao Brasil a tempo de engajar-se nas novas realidades produzidas pela Revolução de 1930.

Apoiado pelo Estado Novo, Villa-Lobos desenvolveu amplo projeto educacional, em que teve papel de destaque o Canto Orfeônico, e que resultou na compilação do Guia prático (temas populares harmonizados).

À audácia criativa dos anos 1920 (que produziram as Serestas, os Choros, os Estudos para violão e as Cirandas para piano) seguiu-se um período "Neobarroco", cujo carro-chefe foi a série de nove Bachianas Brasileiras (1930-1945), para diversas formações instrumentais. Em sua obra prolífera, o maestro combinou indiferentemente todos os estilos e todos os gêneros, introduzindo sem hesitação materiais musicais tipicamente brasileiros em formas tomadas de empréstimo à música erudita ocidental. Procedimento que o levou a aproximar, numa mesma obra, Johann Sebastian Bach e os instrumentos mais exóticos.

Em 1960, o governo do Brasil criou o Museu Villa-Lobos no Rio de Janeiro.

Estilo

É possível encontrar na obra de Villa-Lobos preferências por alguns recursos estilísticos: combinações inusitadas de instrumentos, arcadas bem puxadas nas cordas, uso de percussão popular e imitação do cantos de pássaros. O maestro não defendeu nem se enquadrou em nenhum movimento, e continuou por muito tempo desconhecido do público no Brasil e atacado pelos críticos, dentre os quais Oscar Guanabarino. Também se encontra em sua obra uma forte presença de referências a temas do folclore brasileiro.

Reconhecimento

Não obstante as severas críticas, Villa-Lobos alcançou grande reconhecimento em nível nacional e internacional. Entre os títulos mais importantes que recebeu, está o de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova Iorque e o de fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Música. O maestro foi retratado nos filmes Bachianas Brasileiras: "Meu Nome É Villa-Lobos" (1979), "O Mandarim" (1995) e "Villa-Lobos - Uma Vida de Paixão" (2000), além de aparecer pessoalmente no filme da Disney, "Alô, Amigos" (1940), ao lado do próprio Walt Disney. Em 1986, Heitor Villa-Lobos teve sua efígie impressa nas notas de quinhentos cruzados.

Villa-Lobos faleceu aos 72 anos, no dia 17/11/1959, no Rio de Janeiro, vítima de câncer.

Fonte: Wikipédia

Dolores Duran

ADILÉIA SILVA DA ROCHA
(29 anos)
Cantora e Compositora

* Rio de Janeiro, RJ (07/06/1930)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/10/1959)

Dolores Duran nasceu numa vila na Rua do Propósito, no Centro do Rio de Janeiro, onde morou por alguns anos. Teve uma infância pobre e não conheceu o pai. Se mudou para um cortiço no bairro da Piedade, subúrbio carioca, com a mãe, o padrasto e as irmãs Denise, Solange e Leila. Desde criança gostava de cantar e sonhava em ser cantora famosa. Aos 8 anos de idade contraiu a febre reumática que quase a levou a morte, e que deixou como sequela um sopro cardíaco gravíssimo. Por pouco ela não resiste, para desespero de sua mãe.

Aos 12 anos de idade, influenciada pelos amigos, resolveu, com a permissão da mãe, se inscrever num concurso de cantores, mas ela tinha dúvidas se iria se sair bem. Surpreendentemente, ela cantou muito bem, como uma profissional e conquistou o primeiro prêmio no programa "Calouros Em Desfile", de Ary Barroso. As apresentações no programa tornaram-se frequentes, fixando-a na carreira artística.

Quando tinha 12 anos, teve que abandonar os estudos, parando no ensino primário, para ajudar a mãe com despesas de casa. Arranjou um emprego e passou a trabalhar como atriz nas rádio Cruzeiro do Sul, nos programas da Tupi e no teatro, além de cantar em programas de TV. Mas todos esses empregos eram temporários, o que não garantiam dinheiro certo.


Tentou terminar os estudos, ingressando no ginásio, pagando uma escola, mas como o dinheiro era pouco e as mensalidades da escola estavam atrasadas, ela foi expulsa do colégio. Como ela tinha que se dedicar muito a música e ao teatro, decidiu de vez parar de estudar. Sua mãe não gostou desta atitude e mesmo muito discutirem, a mãe, a contra gosto, tentou aceitar a vocação de cantora da filha. Sua mãe dizia que artistas também estudavam e que a fama acabaria um dia. Adiléia tinha uma personalidade muito forte e não levava desaforos para casa, respondia a quem quer que fosse, sabia se defender bem.

No final dos anos 40, ela conheceu um casal rico e influente: Lauro e Heloísa Paes de Andrade, que já a tinham ouvido cantar. Eles passaram a ajudá-la a se tornar realmente uma cantora e a levavam em diversos lugares chiques e reconhecidos, frequentado por famosos.

Lauro passou a chamá-la de Dolores Duran, por ser um nome fino na época. Esse nome é espanhol e dramático que significa Dores. Ele é muito forte e traz uma carga de dor e sofrimento intenso, e o sobrenome Duran, que quer dizer durante, sempre, intensifica ainda mais, como se não tivesse fim essa dor.

Sem nunca ter estudado línguas, aprendeu sozinha a cantar em inglês, francês, italiano, espanhol e até em esperanto. Ella Fitzgerald durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, nos anos 1950, foi à boate Baccarat especialmente para ouvir Dolores Duran e entusiasmou-se com a sua interpretação para "My Funny Valentine" - a melhor que já ouvira, declarou Ella Fitzgerald.


O jornalista Antônio Maria foi um dos melhores amigos da cantora, e escrevia publicações sobre ela.

Suas músicas se tornaram estrondoso sucesso. Eram dramáticas, belas e românticas, e expressavam os sentimentos mais puros de um coração. Prova disso é que Antônio Maria publicou: "Dolores Duran falou de sentimentos como ninguém, em todas as línguas. Seu idioma era o amor!"

Cantava em diversas boates no Rio de Janeiro. Sua fama se espalhou e ela foi contratada pela Rádio Nacional, que na época só escolhia os melhores cantores. Era a rádio mais disputada. Ela jamais estudou canto e música, sua voz não precisava de correção através de aulas. Parecia mesmo que ela nasceu para cantar. Nessa época seu padrasto morreu e sua família enfrentou grandes dificuldades.

Passou a cantar músicas internacionais no programa "Pescando Estrelas", onde só havia cantoras jovens e conceituadas. Lá ela conheceu e se tornou melhor amiga da cantora da Rádio Guanabara e da Rádio Nacional, Julie Joy.

Dolores Duran teve muitos namorados. O primeiro que teve foi um garçom da boate Vogue. O apelido dele era Serra Negra e namoraram por poucos meses. Ele pediu para voltar, mas como ela era mulher de uma palavra só, não voltou. Viu que não deu certo na primeira vez, na segunda sairia brigas novamente.

Depois dele namorou por 6 meses Billy Blanco, de quem também gravou músicas, já que ele também era compositor. Nessa época compôs junto com Tom Jobim o samba "O Negócio é Amar", que fez grande sucesso. Nara Leão interpretou a canção.


Nesse período já estava famosa, distribuía autógrafos pela rua, onde ia a entrevistavam e tiravam fotos suas. Gostava de futebol e frequentava o Maracanã, onde assistiu a Copa de 1950. Também ia muito nas praias e cinemas.

A década de 1950 se iniciou marcante para Dolores Duran, que passou a cantar nas sofisticadas boates do Hotel Glória.

Em 1951, conheceu um músico do Acre, tocador de acordeão, chamado João Donato. Eles se encontravam em frente ao Hotel Glória todas as noites. Dolores DuranJoão Donato e Julie Joy eram grandes amigos, sempre saíam juntos e passeavam. Só não se casaram devido à oposição da família do rapaz e do preconceito da sociedade. João Donato tinha 17 anos, enquanto Dolores Duran tinha 21 anos, e uma mulher mais velha não era bem vista com um homem mais novo. Ela lutou muito para tê-lo ao seu lado, mas ele preferiu ouvir sua família. O namoro chegou ao fim quando João Donato foi morar no México. João Donato e Dolores Duran não aguentavam mais brigas e cobranças de suas famílias. Isso a fez sofrer, mas ela superou e seu sucesso na música aumentou.

A estreia de Dolores Duran em disco foi em 1952, chamado "Músicas Para o Carnaval", gravando dois sambas para o carnaval do ano seguinte: "Que Bom Será" (Alice Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marquez) e "Já Não Interessa" (Domício Costa e Roberto Faissal).

Em 1953, gravou "Outono" (Billy Blanco), e "Lama" (Paulo Marquez e Alice Chaves). Dois anos depois, vieram as músicas "Canção Da Volta" (Antônio Maria e Ismael Neto), "Bom Querer Bem" (Fernando Lobo), "Praça Mauá" (Billy Blanco) e "Carioca" (Antônio Maria e Ismael Neto).


Muitas vezes, nas madrugadas, ela criava suas letras na mesa dos bares, bebendo e fumando, ouvindo músicas de bolero, salsa e samba. Se inspirava em seus casos amorosos e na sua vida em geral, suas alegrias, tristezas, dores, anseios e mágoas, para compor suas inesquecíveis letras.

Em 1955 foi vítima de um infarto, tendo passado trinta dias internada no Hospital Miguel Couto. Dolores Duran resolveu não seguir as restrições que os médicos lhe determinaram, agravando os problemas cardíacos que trazia desde a infância, problemas que só se agravaram com o tempo, pois abusava do cigarro (fumava mais de três carteiras por dia) e da bebida, principalmente a vodca e o whisky. Com isso, a depressão passou a marcar sua vida. Mesmo famosa e amada por milhares de fãs se sentia triste, um vazio lhe tomava conta e com isso, buscava refúgio na bebida e no cigarro.

Nesse mesmo ano, conheceu o cantor e compositor Macedo Neto, de quem gravou diversos sambas. Os dois se conheceram nos estúdios da gravadora Copacabana e rapidamente foram morar juntos. Antes de se casarem no papel, porém, Dolores Duran engravidou e passou por uma gravidez tubária (gravidez de alto risco que acarreta esterilidade materna e perda do feto), interrompendo seu sonho de ser mãe, o que arruinou sua vida e a levou a piora do vício em cigarro e bebidas.

Um fato que a marcou foi que após ter perdido seu filho, ter entrado em depressão e resolvido se casar oficialmente com Macedo Neto, ele proibiu de sua mãe comparecer ao casamento deles, por a mãe dela ser negra, fato que a deixou perplexa e enfurecida. A única que foi ao seu casamento foi a irmã Denise, pois sua mãe e suas outras irmãs não conseguiram ir tamanha ofensa. Dolores Duran só se casou para não se sentir tão só, pois nunca perdoou o marido por não ter deixado sua mãe ir ao seu casório.

Em 1958, após muitas discussões e brigas violentas, desquitou-se de Macedo Neto e passou meses na Europa cantando e se apresentando com seu conjunto musical, fazendo muito sucesso. Lá encontrou e viveu novos e intensos amores.


Em 1956, fez sucesso com a música "Filha De Chico Brito" (Chico Anysio). No ano seguinte, um jovem compositor apresentou a Dolores Duran uma composição dele e de Vinicius de Moraes. Tratava-se de Antônio Carlos Jobim em início da carreira. Em três minutos, Dolores Duran pegou um lápis e compôs a letra da música "Por Causa De Você"Vinicius de Moraes ficou encantado com a letra e gentilmente cedeu o espaço a Dolores Duran. Foi revelado, a partir daí, o talento dela para a composição e grandes sucessos, como "Estrada Do Sol", "Idéias Erradas", "Minha Toada""A Noite Do Meu Bem", entre outras.

Cantou no Uruguai, na União Soviética e na China, na companhia de músicos brasileiros, mas por desentendimento dela com o grupo, mudou de planos e realizou seu grande sonho, viajando da China sozinha para Paris. Ficou um bom tempo passeando e conhecendo as maravilhas da cidade-luz, a bela e encantadora Paris.

De volta ao Brasil algum tempo depois, pegou para criar uma recém-nascida, pobre e negra, a quem deu nome de Maria Fernanda da Rocha Macedo, que foi registrada por Macedo Neto, mesmo estando ele separado de Dolores Duran e a menina não ter com ele qualquer parentesco.

A mãe biológica de Maria Fernanda era viúva e havia falecido após o parto pois não aguentou a emoção de ter perdido o marido, padrasto da menina, que foi uma das vítimas da pior tragédia em trens suburbanos do Rio de Janeiro. A criança iria ficar com a empregada de Dolores Duran, amiga da mãe da criança, mas por ela ser muito pobre, acabou entregando a neném para Dolores, que se encantou perdidamente pela criança e deu todo amor e carinho possíveis. Passeava com a menina e lhe deu tudo de bom que o dinheiro e o amor podiam proporcionar.

A partir daí, durante os dois últimos anos de vida, compôs algumas das mais marcantes músicas da MPB, como "Castigo""Olha o Tempo Passando", entre tantas outras.


Morte

Na madrugada de 23/10/1959, depois de um show na boate Little Club, a cantora saiu com seu último namorado, chamado Nonato Pinheiro e com seus amigos para uma festa no Clube da Aeronáutica. Ao sair da festa, resolveram fechar a noite bebendo e ouvindo músicas no Kit Club.

A cantora chegou em casa às 07:00 hs do dia 24/10/1959. Brincou e beijou muito a filha, já com 3 anos, na banheira. Em seguida, passou os últimos cuidados à empregada Rita"Não me acorde. Estou cansada. Vou dormir até morrer!", disse brincando. No quarto, sofreu um infarto fulminante - que, à época, foi associado a uma dose excessiva de barbitúricos, cigarros e álcool.

A morte prematura de Dolores Duran, aos 29 anos, interrompeu uma trajetória vivida intensamente. A amiga Marisa Gata Mansa levou os últimos versos de Dolores Duran para Ribamar musicá-los. Carlos Lyra fez o mesmo sobre os versos inéditos. O ex-marido criou a filha adotiva deles.

Samba-Canção

Dolores Duran foi um grande expoente, como cantora e compositora, do gênero samba-canção, surgido na década de 1930. Além dela, destacam-se nesse gênero Maysa Matarazzo, Nora Ney, Dalva de Oliveira e Ângela Maria.

O gênero samba-canção, pode ser comparado ao bolero pela exaltação do amor-romântico ou pelo sofrimento por um amor não realizado. O samba-canção antecedeu o movimento da bossa nova, surgido ao final da década de 1950. Mas este último, um amálgama do jazz norte-americano com o samba do Rio de Janeiro, representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações, que substituíram o drama pessoal e as melodias melancólicas.

Discografia

  • 1955 - Dolores Duran Viaja
  • 1957 - Dolores Duran Canta Para Você Dançar
  • 1958 - Dolores Duran Canta Para Você Dançar Nº 2
  • 1959 - Êsse Norte é Minha Sorte

Fonte: Wikipédia