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Casé

JOSÉ FERREIRA GODINHO FILHO
(46 anos)
Saxofonista, Clarinetista, Arranjador e Compositor

☼ Guaxupé, MG (03/08/1932)
┼ São Paulo, SP (30/11/1978)

José Ferreira Godinho Filho, conhecido por Casé, foi um saxofonista, clarinetista, arranjador e compositor.

Numa família de oito filhos, quase todos os irmãos tocavam algum instrumento: trombone, banjo, bateria, percussão, trompete e saxofone. Casé se interessou por trombone, mas o pai o convenceu a estudar saxofone. Passou a ter aulas com o irmão mais velho, Clóvis, que tocava saxofone e clarinete.

Aos 7 anos, Casé levava uma vida itinerante com a família, que montou o Circo Teatro Irmãos Martins.

Na década de 1940, morando em São Paulo, teve o maior aprendizado musical assistindo às apresentações do irmão Clóvis em bailes e boates com variados conjuntos e orquestras. Posteriormente, teve aulas com o clarinetista Antenor Driussi e estudou harmonia com Hans-Joachim Koellreuter.

Em 1949, ele, com 17 anos, e o irmão são destaques na Orquestra da Rádio Tupi.

Casé fez sua primeira viagem internacional em 1953. Embarcou para Bagdá, ao lado do pianista e acordeonista belga, radicado em São Paulo, Rudy Wharton, da cantora Sonia Batista e do baixista Johnny.  Depois o grupo passou por Londres e Bruxelas. Gravou um disco em 78 rpm, com as músicas "Feitiço da Vila" (Noel Rosa e Vadico) e "At Last" (Mack Gordon e Harry Warren).

Retornou ao Brasil em 1954 e conviveu, em São Paulo, com o instrumentista João Donato e o trombonista Edson Maciel.

Em 1955, mudou-se para Assis, em São Paulo, e tocou na orquestra local.

Em 1956, voltou para São Paulo e participou, no Teatro Cultura Artística, de um show que resultou no primeiro LP de 12 polegadas feito no país: "Jazz After Midnight", reeditado em 1978 com o título "Dick Farney Plays Gershwin". Em agosto desse ano, no mesmo local, tomou parte da gravação dos discos "Jazz Festival nº 1", com as faixas "Pennies From Heaven", "Blues" e "Out Of Nowhere" - e "História do Jazz em São Paulo".

Tocou na orquestra de Sylvio Mazzuca de 1957 a 1961.

Participou de discos de Walter Wanderley, Dick Farney, Claudete Soares, além de se apresentar com a cantora no programa "O Fino da Bossa". Com o conjunto Brazilian Octopus, se apresentou no show "Momento 68", com Raul Cortez, Walmor Chagas, Gilberto Gil, Caetano Veloso, texto de Millôr Fernandes e direção musical de Rogério Duprat.

Fez os arranjos e gravou algumas faixas do disco "A Onda é Boogaloo", do cantor Eduardo Araújo, em 1969.

A partir de 1970, fez diversos jingles e trilhas para filmes publicitários.

Em 1974, compôs a trilha do filme "A Virgem de Saint Tropez", de Beto Ruschel e Hareton Salvanini.

Na década de 1970, afastou-se da gravação de discos, recusando convites de orquestras e artistas renomados.

Comentário Crítico

Existem poucos registros fonográficos deixados por Casé. Hoje em dia, discos que contêm gravações suas são encontrados com dificuldade em sebos e vendidos como raridades.

Temperamental, recusava propostas de shows e cachês, mantendo-se no anonimato até o fim da vida. Exigente e perfeccionista, dispensava convites para integrar orquestras renomadas no Rio de Janeiro - local de grande efervescência musical e com mais oferta de trabalho nos anos 1960 -, mantendo uma rotina nômade pelas boates de São Paulo e em pequenas excursões pelo interior do estado.

Capaz de fazer primeiras leituras de partituras complexas, acrescentando novidades e reparando erros em relação ao original, arranjando as composições de outros autores no primeiro contato, Casé é influência para vários instrumentistas brasileiros. Considerado um dos saxofonistas mais importantes da história do Brasil, ao lado de Severino Araújo e Moacir Santos, ele se tornou referência para saxofonistas e clarinetistas como Paulo Moura e Nailor Azevedo, o Proveta, da Banda Mantiqueira.

Ele também inspirou outros instrumentistas conceituados, como João Donato, Amilton Godoy, Rubinho Barsotti e Raul de Souza.

Na biografia "Casé - Como Toca Esse Rapaz", de Fernando Licht Barros, sua habilidade é definida em trecho que cita reportagem de Zuza Homem de Mello, na época da morte do saxofonista, dimensionando as qualidades do músico:

"Era um extraordinário leitor de partituras à primeira vista. Conta-se que muitas vezes transportava a parte do sax tenor para a do sax alto na primeira leitura. Casé tinha um sopro suave, como a sua maneira de falar. [...] Mesmo os estrangeiros que o conheceram ficaram admirados de suas qualidades. [...] Era capaz de deixar, num pobre cabaré do interior, sons inesquecíveis, dignos das maiores salas de concerto."


Entre os poucos registros fonográficos de Casé merecem destaque os realizados com a orquestra de Silvio Mazzuca. Em 1958, suas principais gravações estão nos LPs "Baile de Aniversário", com a orquestra do maestro, e "Coffee And Jazz" (Columbia), com o Brazilian Jazz Quartet, editado pelo selo Gravações Tupi Associados (GTA), em 1979, com o título "Casé In Memorian", em que o saxofonista participou de um quarteto ao lado do pianista Moacyr Peixoto, do baixista Luiz Chaves e do baterista Rubinho Barsotti, tocando standards norte-americanos. Além disso, ao lado do baixista Major Holley, do baterista Jimmy Campbell e de Moacyr Peixoto, Casé impressionou com a limpidez de suas notas e com fraseados originais e velozes em "The Good Neighboors Jazz", lançado pela Columbia, em 1958, resultado de jam sessions na boate Michel.

Em 1960, o selo colombiano Hi-Fi Variety lançou o LP "Samba Irresistível", divulgado no Brasil pelo selo Beverly, com Casé e seu conjunto - um dos pouquíssimos trabalhos em que o instrumentista tem o nome assinado na capa de um álbum. No grupo, artistas como Heraldo do Monte, na guitarra, e Paulinho Preto, no piano. No repertório, "Saudade da Bahia" (Dorival Caymmi), "Esse Teu Olhar" (Tom Jobim), "Palpite Infeliz" (Noel Rosa), além de "Ensaio de Bossa", de autoria do próprio Casé.

Mesmo tendo recebido os melhores ensinamentos teóricos na juventude, Casé nunca deixou de estudar, aprimorando sua técnica e leitura. A evolução de sua concepção de arranjo e do domínio interpretativo pode ser observada com clareza no disco "A Onda é Boogaloo", de Eduardo Araújo, de 1970. O LP, com repertório de versões Tim Maia, Eduardo Araújo e Chil Deberto para canções de Ray Charles, "Come Back Baby", James Brown, "Cold Sweet", além de composições de Tim Maia, como "Você", é o embrião do primeiro disco lançado pelo cantor no ano seguinte.

Outras gravações que demonstram a versatilidade de Casé no saxofone - não apenas interpretativa, mas também de escolha de repertório - são "Copacabana" (João de Barro e Alberto Ribeiro), no disco "The Good Neighbors Jazz", de 1958, "Feitio de Oração" (Noel Rosa e Vadico) e "Ensaio de Bossa", tema que evidencia também a capacidade de composição de Casé, no disco "Samba Irresistível", de 1960, "Don't Get Around Much Anymore" (Duke Ellington e Bob Russell), do álbum "Coffee & Jazz", de 1958, e "Summertime" (George Gershwin e Ira Gershwin), em "Meu Baile Inesquecível", de 1963, com Casé e seu conjunto, mostrando toda a familiaridade e o apreço do instrumentista pelo jazz e pela música norte-americana.

Seu último trabalho foi com Oswaldo Sargentelli, no show "Oba-Oba".

Casé morreu no dia 01/121978, num quarto de um hotel situado na chamada Boca do Lixo, no Centro de São Paulo. As causas da morte nunca foram esclarecidas.

Tuca

VALENIZA ZAGNI DA SILVA
(33 anos)
Cantora e Compositora

☼ São Paulo, SP (17/10/1944)
┼ São Paulo, SP (08/05/1978)

Tuca foi uma cantora e compositora brasileira. Formou-se em música erudita, em 1957, pelo Conservatório Paulista, começando a compor nesse mesmo ano. Fez parte do Grupo de Música Popular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Em 1962 teve, pela primeira vez, uma canção de sua autoria registrada em disco, com a gravação de sua música "Homem de Verdade", pela cantora Ana Lúcia.

Sua primeira apresentação profissional foi no programa "Primeira Audição", produzido por João Leão e Horácio Berlinck para a TV Record de São Paulo.


Participou, ainda na década de 60, dos seguintes festivais:

  • Festival Nacional de Música Popular da TV Excelsior, São Paulo, interpretando com Aírto Moreira a música "Porta Estandarte", de Geraldo Vandré e Fernando Lona, classificada em 1º lugar e premiada com o Berimbau de Ouro (1966).
  • I Festival Internacional da Canção da TV Rio, Rio de Janeiro, apresentando "Cavaleiro", de sua autoria e Geraldo Vandré, classificada em 2º lugar na fase nacional do festival (1966).
  • O Brasil Canta no Rio, interpretando, com a soprano Stella Maris, a canção de sua autoria "Paixão Segundo o Amor", classificada em 3º lugar.
  • III Festival Internacional da Canção da TV Globo, apresentando a canção "Mestre Sala", de Reginaldo Bessa e Ester Bessa (1968). 

Seu primeiro disco, "Eu, Tuca", lançado pela Chantecler, com composições de sua autoria, introduziu a viola caipira nas orquestrações.

Convidada pelo Itamaraty, participou, ao lado de Gilberto Gil e do Jongo Trio, da Semana de Arte Brasileira, realizada na África.

De volta ao Brasil, apresentou-se com Miéle e Ronaldo Bôscoli no Rui Bar Bossa, no Rio de Janeiro, com o show "Uma Noite Perdida". Ainda com Miéle, inaugurou a Boate Blow Up em São Paulo e apresentou-se na casa noturna Sucata no Rio de Janeiro.


Em 1969, viajou para a Europa, fixando residência em Paris durante seis anos. Fez turnês por vários países como Espanha, Itália e Holanda.

Voltou para o Brasil em 1975, para o lançamento de seu LP "Drácula, I Love You", gravado na França.

Em 1977, produziu um quadro com Fafá de Belém para o especial de Milton Nascimento realizado na TV Bandeirantes, em São Paulo, por Roberto de Oliveira.

Tuca morreu no ano seguinte, em 08/05/1978, aos 33 anos, em função de uma parada cardíaca provocada por sucessivos regimes de emagrecimento.

Ismael Silva

MILTON DE OLIVEIRA ISMAEL SILVA
(72 anos)
Cantor, Compositor e Instrumentista

* Niterói, RJ (14/09/1905)
* Rio de Janeiro, RJ (14/03/1978)

Mílton de Oliveira Ismael Silva, conhecido como Ismael Silva, foi um músico filho do cozinheiro Benjamim da Silva e da lavadeira Emília Corrêa Chaves, era o mais novo de um grupo de cinco irmãos.

Diante das dificuldades financeiras enfrentadas após a morte de seu pai, mudou-se com a mãe da praia de Jurujuba, Niterói, para o bairro Estácio de Sá, Rio de Janeiro, quando tinha três anos de idade.

Ismael Silva frequentou a escola primária e terminou o ginásio aos 18 anos, depois de morar em outros bairros do Rio de Janeiro como Rio Comprido e Catumbi.

Aos 15 anos fez o samba "Já Desisti", considerado como a sua primeira composição. Em 1925 teve o seu primeiro samba gravado: "Me Faz Carinhos". Essa composição promoveu a sua aproximação com Francisco Alves, o Chico Viola ou Rei da Voz. Ao lado de Nílton BastosFrancisco Alves, Ismael Silva formou o trio que ficou conhecido como Bambas do Estácio e que deu origem àquele que é considerado um dos mais bonitos sambas da história: "Se Você Jurar".

Após a morte de Nílton Bastos, teve início sua contribuição com Noel Rosa. As dezoito composições da dupla fazem de Ismael Silva o mais frequente parceiro do Poeta da Vila.

Em 1928, Ismael Silva, com um grupo de sambistas do Estácio, fundou o bloco que se tornaria o precursor da primeira escola de samba de que se tem notícia: a Deixa Falar.

A Deixa Falar desfilou nos anos de 1929, 1930 e 1931. Seu final ocorreu em função da mudança de Ismael Silva para o Centro do Rio de Janeiro, após as mortes de Nílton Bastos e Edgar Marcelino.

Ismael Silva foi condenado a cinco anos de cadeia, tendo cumprido apenas dois anos, devido a bom comportamento, após atirar em Edu Motorneiro, um frequentador da boêmia carioca. Depois deste episódio, ele se tornou recluso e só retornou à cena carioca na década de cinquenta. Sabe-se que durante esse período ele atravessou enormes dificuldades financeiras. Ainda nesta mesma década, teve o seu samba "Antonico" gravado. Foi um grande sucesso.

Seu reconhecimento como um sambista verdadeiro, lhe rendeu alguns títulos por iniciativa do jornalista e estudioso do assunto Sérgio Cabral e da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.

Fez alguns shows esporádicos, nos quais participaram Aracy de Almeida, Carmem Costa e MPB-4. Um de seus últimos shows foi no ano de 1973, produzido por Ricardo Cravo Albin e intitulado "Se Você Jurar".

Ismael Silva talvez tenha sido um dos sambista a exibir a mais alta originalidade no cenário da boêmia carioca. Suas composições mais conhecidas são: "Me Faz Carinhos""Se Você Jurar""Antonico""Para Me Livrar do Mal""Novo Amor""Ao Romper da Aurora""Tristezas Não Pagam Dívidas""Me Diga o Teu Nome", entre outras.

Ismael Silva morreu em 1978 vítima de um Ataque Cardíaco em decorrência das complicações surgidas após uma cirurgia para tratar de uma úlcera varicosa que tinha em uma das pernas.

Fonte: Wikipédia

Alcides Gerardi


JOSÉ ALCIDES GERARDI
(59 anos)
Cantor e Compositor

* Rio Grande, RS (15/05/1918)
+ Rio de Janeiro, RJ (03/01/1978)

José Alcides Gerardi nasceu na cidade gaúcha de Rio Grande, mas se mudou ainda muito jovem para Porto Alegre, onde começou seus estudos, e, logo depois, para o Rio de Janeiro, onde concluiu a escola primária e começou a trabalhar com o pai. Continuou com os estudos e seguiu trabalhando no comércio até 1935, iniciando sua carreira de cantor com uma orquestra de dancing. Na mesma época, candidatou-se como calouro na Rádio Nacional, porém sem sucesso.

Em 1939, atuou no grupo Namorados do Luar, quando começou a se destacar como cantor e fez sua primeira gravação em disco, em edição particular: o samba "Não Faça a Vontade Dela" (Nelson Cavaquinho). Dois anos depois, passou a integrar o trio Os Três Marrecos, com Marília Batista e seu irmão Henrique, porém durante um curto período.

Em 1944, sendo o vocalista da orquestra de Simon Bountman, foi convidado a atuar na Rádio Transmissora por seu diretor, Arnaldo Sampaio e, no ano seguinte, conseguiu realizar sua primeira gravação comercial, pela Odeon, cantando a valsa "Lourdes", de Mário Rossi e George Bass, o qual lhe acompanhou ao acordeão. Ainda em 1945, gravou mais dois discos, acompanhado de Antenógenes Silva, com as valsas "Sueli" e "Cada Vez Te Quero Mais", a marcha "Alegria" e o samba "Meu Defeito", todas da autoria do acordeonista e de Miguel Lima. A parceria entre Alcides GerardiAntenógenes Silva seria bastante frequente nos primeiros anos de carreira do cantor.

Em 1948, gravou o samba-canção "Pergunte a Ela", de Fernando Martins e Geraldo Pereira e, no ano seguinte foi contratado pela Rádio Tupi para qual trabalhou até 1953, quando se transferiu para a Rádio Nacional. Em 1950, gravou aquele que seria seu maior sucesso: o samba "Antonico", de Ismael Silva, levando notoriedade a este sambista então esquecido pela mídia. Em 1955, foi contratado pela Organização Victor Costa (depois extinta).

Sua primeira composição foi "A Filha do Coronel", em parceria com Irani de Oliveira, a qual ele mesmo gravou, agora pela Columbia. Era letrista e, em outras composições, teve como parceiros Ernâni Campos, Othon Russo, Antônio Soares, Lázaro Martins e Nilo Barbosa.

Nas décadas de 1950 e 1960, gravou alguns LP's que fizeram sucesso razoável, especialmente os de bolero. Seu último LP, gravado em 1976, foi uma homenagem aos quarenta anos de carreira do compositor Leonel Azevedo.

Alcides Gerardi faleceu em 03/01/1978 em decorrência de um acidente automobilístico na Via Dutra, ao voltar de um show.


Principais Sucessos

  • 1947 - Abaixo de Deus (Elpídio Viana e Geraldo Pereira)
  • 1948 - Pergunte a Ela (Fernando Martins e Geraldo Pereira)
  • 1948 - Céu Estrelado (Jamesson Araújo)
  • 1950 - Antonico (Ismael Silva)
  • 1950 - Rei dos Reis (Bibi e Fernando Martins), com Raul de Barros & Seu Conjunto
  • 1954 - Ilha da Ilusão (Isle Of Innisfree) - Dick Farrelly, versão de Juvenal Fernandes
  • 1958 - Cabecinha no Ombro (Paulo Borges)

Fonte: Wikipédia

Vicente Leporace

VICENTE FIDERICE LEPORACE
(66 anos)
Radialista, Locutor, Ator e Apresentador de TV

* São Tomas de Aquino, MG (26/01/1912)
+ São Paulo, SP (16/04/1978)

Vicente Leporace foi um radialista muito popular do Brasil.

Nascido em São Tomas de Aquino, MG em 26 de janeiro de 1912, Vicente Leporace foi sem dúvida um dos mais discutidos profissionais do rádio brasileiro.

Em 3 de setembro de 1937, a Rádio Atlântica de Santos inaugurou o Teatro de Antena apresentando um jovem rádio-ator vindo da PRB-5 Rádio Clube Hertz de Franca, SP. Surgiu então o grande Vicente Leporace.

Em sua longa carreira pelo Rádio ele atuou como redator, locutor, programador, discotecário, radioator, apresentador de televisão, apresentando com Clarice Amaral no Canal 7 a "Gincana Kibon", foi também ator de cinema atuando nos filmes "Luar Do Sertão" (1947), "A Vida É Uma Gargalhada" (1950), "Sai Da Frente" (1952), "Sinhá Moça" (1953), "Uma Pulga Na Balança" (1954), "Nadando Em Dinheiro" (1954), "Na Cena Do Crime" (1954), "É Proibido Beijar" (1954), "Carnaval Em Lá Maior" (1955) e "O Gigante, A Hora E A Vez Do Cinegrafista" (1971).

Blota Junior e Vicente Leporace
Atuou também em 1966 na novela "Redenção" com o papel de Carlo.

Em 1941 foi convidado por Blota Júnior para atuar na sua amada cidade Franca, voltando assim a ecoar sua voz à Rádio Clube Hertz de Franca. Ficou na rádio até o final de 1950, quando no dia 01/04/1951, lançou-se pela ondas da PRB-9 a Rádio Record de São Paulo, passando então a apresentar o "Jornal da Manhã" um informativo de meia e meia hora que ele mesmo produzia e apresentava.

Depois de onze anos, transferiu-se para a PRH-9 a Rádio Bandeirantes de São Paulo onde lançou a grande paixão da sua vida, o programa "O Trabuco". Alguns livros, relatam que a saída de Vicente Leporace da Rádio Record foi por questões salariais.

O programa "O Trabuco"  era um informativo diário que veiculava os fatos importantes do país e Vicente Leporace expressava sem medo seus cometários e críticas.

Vicente Leporace assumia toda a responsabilidade sobre seus ditos. Ele sem dúvida nenhuma tornou se o defensor dos menos favorecidos. Uma vez questionado porque o "Trabuco", ele explicou que não se tratava de uma alusão a uma arma de ataque e defesa e sim pela corruptela nascida na Calábria, terra de seus pais, que, estando dominada por tropas invasoras, seus habitantes ao trocarem informações utilizavam-se do método de boca a boca, originando o neologismo "trabuque" entre boca, ou o que não podia ser dito em voz alta.


Vicente Leporace muitas das vezes apresentou seu programa sob mira de fortes armas de fogo. Mas na época, vivia-se o regime militar de 64, e ele foi se dúvida nenhuma um dos maiores frequentadores da extinta Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS).

Mas toda esta pressão nunca o intimidou, a sua coragem e seu desprendimento o tornou um ícone na radiodifusão, não podendo esquecer de ressaltar seu amor à causa pública um defensor dos princípios morais e éticos.

Em 1969 apresentou pela TV Bandeirantes o jornal "Titulares da Notícia" ao lado de grandes nomes como Maurício Loureiro Gama, José Paulo de Andrade, Murilo Antunes Alves e Lourdes Rocha.

Vicente Leporace faleceu em São Paulo em 16 de abril de 1978 vítima de um Edema Pulmonar, deixando sem dúvida uma enorme brecha no rádio e na comunicação brasileira. Morreu sem concretizar seu maior sonho em editar um jornal em Santo Amaro, SP. Um jornal que circularia diariamente que chegou a ser constituído e registrado como "O Trabuco", mas infelizmente este sonho nunca chegou as bancas.

Como diria nosso grande Vicente Leporace: "Assino e Dou Fé!".

Cinema

  • 1971 - O Gigante, A Hora E A Vez Do Cinegrafista
  • 1955 - Carnaval Em Lá Maior
  • 1954 - É Proibido Beijar
  • 1954 - Na Senda Do Crime
  • 1953 - Nadando Em Dinheiro
  • 1953 - Uma Pulga Na Balança
  • 1953 - Sinhá Moça
  • 1952 - Sai Da Frente
  • 1950 - A Vida É Uma Gargalhada
  • 1947 - Luar Do Sertão

Televisão

  • 1966 - Redenção ... Carlo

Fonte: Memória do RádioWikipédia

Geysa Bôscoli

GEYSA GONZAGA DE BÔSCOLI
(71 anos)
Teatrólogo, Jornalista, Escritor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (25/01/1907)
+ Caxambu, MG (07/11/1978)

Geysa Gonzaga de Bôscoli, que ficou conhecido apenas como Geysa Bôscoli, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1907. Sobrinho da compositora Chiquinha Gonzaga, irmão de Jardel Jércolis e Héber de Boscoli e tio do compositor e produtor Ronaldo Bôscoli. Estudou nos Colégios Alfredo Gomes e Ateneu Boscoli e formou-se, em 1927, pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Mesmo ano em que estreia como autor teatral, com a revista "Pó-de-Arroz", na Companhia Trô-lô-lô.

Trabalhou como revisor no Jornal do Comércio e como repórter do jornal O Imparcial. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Autores durantes seis anos consecutivos.

 Recebeu o título de "Conselheiro Benemérito" da Casa dos Autores. Fundou as revistas "Ouro Verde" e "Show", os semanários A Comarca e Correio de Blumenau, em Santa Catarina, e trabalhou em vários órgãos da imprensa carioca. Escreveu o livro "A Pioneira Chiquinha Gonzaga", em edição particular.

Destacou-se no teatro musical como autor, produtor de revistas e compositor. Estreou em abril de 1927, com a revista em dois atos "Pó-de-Arroz", representada pela Companhia Tro-ló-ló, fundada por ele e pelo irmão Jardel, no velho Teatro Lírico do Rio de Janeiro.

Em 1928, escreveu com Nelson Abreu e Luís Iglesias a revista "O Que Eu Quero É Nota", com músicas de Paraguaçu e Sinhô, estreada no Teatro Carlos Gomes, no mesmo ano.

Considerada uma das maiores estrelas do teatro de revista em todos os tempos, a paulista Margarida Max, formou, com Augusto Aníbal e João Lins, o trio principal de atrações da revista "Onde Está O Gato", de autoria de Geysa Bôscoli e Luiz Iglesias foi montada em 1929, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.

Em 1937, estreou a revista "Maravilhosa", escrita com o irmão Jardel, que lançou o grande sucesso de Ary Barroso, "No Tabuleiro Da Baiana", interpretada no teatro por Grande Otelo e Déo Maia.

Em 1940, compôs para a sua opereta "Gandaia", com Jardel Jércolis, e em parceria com Custódio Mesquita, o fox-blue "Naná", gravado com sucesso por Orlando Silva pela RCA Victor, e "Céu E Mar", gravado por Francisco Alves, pela Columbia no mesmo ano.

Em 1945, inaugurou o Teatro Regina, hoje Teatro Dulcina, com a comédia "O Grande Barqueiro".

Fundou em 1948, com seu irmão, o Teatro Jardel, em Copacabana, primeiro teatro de bolso, tornando-se pioneiro em levar os teatros, antes restritos ao centro da cidade, a outros bairros do Rio de Janeiro.

Em 1950 e 1952, recebeu, por seu trabalho no Teatro Jardel, duas medalhas de ouro como "Melhor Produtor de Teatro Musicado".

Foi pioneiro ao escrever as duas primeiras revistas radiofônicas do Brasil, transmitidas pela Rádio Nacional: "Adão E Eva" e "Carioca Da Gema", esta em parceria com Jorge Murad. Produziu ainda muitas outras peças de teatro musicado como "Eu Quero É Rosetá" (Com Luís Peixoto); "Canta, Brasil" (Com Luís Peixoto e Paulo Orlando), em 1946; "O Brasil É Nosso" (com Luís Peixoto e música de Ary Barroso), em 1957.

Geysa Bôscoli faleceu aos 71 anos, na cidade mineira de Caxambu.

Olney São Paulo

OLNEY ALBERTO SÃO PAULO
(41 anos)
Cineasta

* Riachão do Jacuípe, BA (07/08/1936)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/02/1978)

Olney Alberto São Paulo foi um cineasta brasileiro. Casado com a também cineasta Maria Augusta, era pai dos atores Irving São Paulo e Ilya São Paulo, do poeta e músico Olney São Paulo Junior e de Maria Pilar.

Filho de Joel São Paulo Rios e Rosália Oliveira São Paulo (Zali), Olney São Paulo fez os primeiros estudos em sua cidade natal. Perdeu o pai Joel aos 7 anos de idade, e foi morar com seu avô, o tabelião Augusto Aclepíades de Oliveira, em Riachão do Jacuípe.

Em 1948, o avô levou Olney São Paulo, sua mãe, Dona Rosália, e seus irmãos Valnei, Valdenei e Walneie, para morarem em Feira de Santana, que neste período já era o entreposto comercial mais importante do sertão baiano. Ali Olney continuou seus estudos no Colégio Santanópolis.

Algum tempo depois Dona Rosália se casou novamente e Olney ganhou mais três irmãos, Carlos Antônio, Colbert Francisco e Alberto Ulysses. Olney se destacou no colégio, participando do grêmio, escrevendo sobre a cinema no jornal e afinal foi escolhido orador da turma do ginásio.

A paixão pelo cinema nasceu com a chegada a Feira de Santana, em 1954, da equipe do diretor Alex Viany para filmar o episódio "Ana" do filme "Rosa dos Ventos" (Die Windrose), com roteiro de Alberto Cavalcanti e Trigueirinho Neto. Olney engajou-se na equipe durante todo o tempo em que esteve em Feira de Santana, acompanhou as filmagens e atuou como figurante em algumas cenas. Em carta escrita a Alex Viany, em 05 de novembro de 1955, escreveu:

"Eu sou um jovem que tem inclinação invulgar para o cinema. Porém, como neste mundo aquilo que desejamos nos foge sempre da mão, eu luto com incríveis dificuldades para alcançar o meu objetivo."

Em 1955, foi redator do jornal "O Coruja". Sob o pseudônimo de Conde D'Evey escreveu sátiras e críticas ao colunismo social de Feira de Santana, na coluna Causerie, para desgosto da burguesia local. Escreveu também sobre literatura e arte, e também criou e dirigiu o programa "Cinerama" na Rádio Cultura de Feira de Santana, onde comentava filmes em exibição e novidades da produção mundial. Lecionou Contabilidade Pública e a Organização Técnica Comercial na Escola Técnica de Contabilidade da cidade. No mesmo ano foi aprovado no concurso do Banco do Brasil. No ano seguinte, leitores ofendidos forçaram Olney a encerrar a coluna "Causerie". O programa de rádio também chegou ao fim.

Na impossibilidade de realizar produções cinematográficas escreveu sobre casos e fatos, alguns verídicos, outros imaginários, transformando-os em novelas e contos, escritos em estilo cinematográfico, abordando temas nordestinos - o misticismo, a magia do seu povo, personagens e histórias do sertão reconstruídas em narrativa linear, encadeada à moda do cancioneiro popular -, registrando o linguajar regional do catingueiro.

Ainda em 1955, com fotógrafo Elídio Azevedo, produziu seu primeiro curta-metragem intitulado "Um Crime na Feira". Com uma filmadora 16mm Kodak antiga e, coletando dinheiro entre os amigos, comprou os negativos. Filmou o roteiro em sequência linear, efetuando os cortes com as paradas na própria câmera, já que não dispunha de moviola. Finalizado entre 1956 e 1957, com dez minutos de duração, o filme foi exibido em clubes de Feira de Santana e outras cidades do interior da Bahia, acompanhando espetáculos teatrais que o próprio Olney organizava, pela Associação Cultural Filinto Bastos. Nessa época, Olney criou a Sociedade Cultural e Artística de Feira de Santana (SCAFS) e o Teatro de Amadores de Feira de Santana (TAFS).

Em maio de 1956, conquistou a Menção Honrosa do Concurso de Contos da revista "A Cigarra" do Rio de Janeiro, com o conto "Festim à Meia-noite". Em outubro do mesmo ano, conquistou outra Menção Honrosa, desta vez com o conto "A Última História".

Começou a se interessar pela obra de Jorge Amado. Escreveu-lhe algumas cartas, entre 1956 e 1957, pedindo informações sobre o andamento das filmagens de algumas de suas obras.

Em 1958, Olney foi baleado pelas costas pelo amigo Luiz Navarro. Ambos disputavam a jovem Maria Augusta. Luiz Navarro disse que foi acidental. O ferimento perfurou seu pulmão esquerdo.

Em 1959, durante uma viagem a Maceió, AL, adquiriu uma câmera Bell & Howeel. Escreveu o roteiro do documentário "O Bandido Negro", sobre um personagem da literatura popular, Lucas da Feira (1804-1849), chefe de um bando terrível, que assolou a região de Feira de Santana, realizando saques e assaltos e também lutou pela abolição da escravatura na Bahia. Escreveu também o roteiro do "O Vaqueiro das Caatingas", ambos os roteiros não concretizados por falta de recursos.


Encontro Com o Cinema Novo

Em 1961, o diretor Nelson Pereira dos Santos foi a Feira de Santana com a intenção de realizar as filmagem de "Vidas Secas", baseado no romance homônimo de Graciliano Ramos. Os planos foram modificados em razão das chuvas torrenciais que atingiram a região, e o diretor foi obrigado a improvisar um outro roteiro, que resultaria no filme "Mandacaru Vermelho", rodado em Juazeiro, na Bahia. Nesse filme, o jovem Olney atuou como continuísta da produção, assistente de direção, produção além de também compor o elenco. Terminada a filmagem, que se prolongou por Feira de Santana, Olney e Nelson tornam-se grandes amigos.

A experiência de "Mandacaru Vermelho" marcou de fato a integração de Olney ao grupo pioneiro de cineastas do Cinema Novo.

Na véspera do natal de 1961, casou-se com Maria Augusta Matos Santana. Ainda naquele ano, começou a escrever e dirigir a revista literária, "Sertão" (1961-1963).

Em janeiro de 1962, nasceu seu primeiro filho, Olney São Paulo Junior. No mesmo ano, Olney participou como assistente de direção de "O Caipora", de Oscar Santana, rodado em Riachão do Jacuípe, nas Zonas de Pé-de-Serra, Chapada e Beira do Rio. Também na mesma época, em Salvador, estabeleceu contato com a geração liderada por Glauber Rocha.

A formação cinematográfica de Olney São Paulo é influenciada pelo neo-realismo italiano, e por filmes de guerra e western americanos. Seus principais inspiradores foram John Ford, Vittorio de Sica, Roberto Rosselini, Giuseppe De Santis, Augusto Genina e Pietro Germi. Estudou também as idéias de Vsevolod Pudovkin, sobre montagem cinematográfica, e foi leitor dos escritos de Georges Sadoul, sobre a história do cinema.

Realizou seu primeiro longa metragem, "O Grito da Terra", em (1964), abordando a realidade do nordeste brasileiro. Entre a pré-produção do filme e o início das filmagens, nasceu seu segundo filho Ilya Flayert. Nelson Pereira do Santos e Laurita dos Santos foram os padrinhos do menino.

As filmagens iniciam-se em novembro de 1963 e para compor a cenografia do filme, Olney contou com a colaboração dos comerciantes de Feira de Santana, que emprestaram móveis, roupas de cama, utensílios e adereços. O figurino era constituído por roupas dos próprios atores ou emprestado por amigos. A pré-estreia do filme ocorreu no dia 27 de novembro de 1964, com apresentação do cineasta Orlando Senna.

Em 26 de outubro de 1964, em Feira de Santana, BA, nasceu seu filho José Irving Santana São Paulo.

Entre 1965 e 1967, "O Grito da Terra" foi exibido no Rio de Janeiro, Salvador, Aracaju e Recife. Participou do I Festival Internacional do Filme de Guanabara, do Festival do Cinema Baiano, em Fortaleza, e da Noite do Cinema Brasileiro, organizada pela embaixada dos Estados Unidos, em dezembro de 1965. No entanto sofreu cortes pela Censura Federal, pois um personagem fazia menção à volta do "Cavaleiro da Esperança", Luiz Carlos Prestes, membro do Partido Comunista Brasileiro. Por conta do corte, o produtor Ciro de Carvalho, convidado pelo Itamarati, não aceitou que o filme representasse o Brasil em festivais internacionais. Os produtores receberam prêmio do governo de Carlos Lacerda, o que lhes possibilitou saldar dívidas bancárias e confeccionar uma nova cópia do filme, sem cortes, e exibi-la nos principais cinemas do nordeste.

"Manhã Cinzenta" foi realizado entre 1968 e 1969. Junto com Fernando Coni Campos, Olney decidiu registrar alguns acontecimentos da época, com sua câmera 16mm, a partir do seu conto homônimo, escrito em 1966, e da documentação feita por José Carlos Avellar, sobre protestos de rua. Para driblar a censura, confeccionou várias cópias do filme enviando-as para cinematecas de outros países e para os festivais de Viña del Mar (Chile), Pesaro, Cannes e Mannheim.

Prisão e Censura

Na manhã do dia 8 de outubro de 1969, ocorreu o primeiro sequestro de um avião brasileiro, por membros da organização MR-8. O avião foi desviado de Cuba. Um dos sequestradores era membro da diretoria da Federação Carioca de Cineclubistas, presidida na época por Sílvio Tendler. "Manhã Cinzenta" foi exibido a bordo e Olney foi vinculado pelas autoridades brasileiras ao sequestro. Foi detido e levado para local ignorado, ficando incomunicável por doze dias. Liberado, em 5 de dezembro, foi internado com suspeita de pneumonia dupla. Em 25 de dezembro, muito debilitado psíquica e fisicamente, passou alguns dias com a família e foi internado novamente.

Os negativos e cópias de "Manhã Cinzenta" foram confiscados. Mas uma das cópias do filme foi salva por Cosme Alves Neto, então diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e ficou lá por vinte cinco anos escondida. Assim, embora proibido no país pela Censura Federal, o filme foi exibido na Itália, no Festival de Pesaro, no Festival Internacional de Cinema de Viña del Mar, na Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes, em 1970. Participou também da XIX Semana Internacional de Mannheim, conquistando o prêmio de melhor média-metragem, e foi premiado no Festival de Oberhausen, na Alemanha, em 1972.

Olney São Paulo realizou ainda, em 1970, o documentário "O Profeta de Feira de Santana", sobre o artista plástico Raimundo de Oliveira. A equipe foi formada pelo produtor Júlio Romiti e Tuna Espinheira, como assistente de direção.

Em 11 de maio de 1971, nasceu a filha de Olney São Paulo, Maria Pilar.

Em 13 de janeiro de 1972, o Superior Tribunal Militar, absolveu definitivamente o cineasta das acusações de subversão da ordem, relacionadas ao filme "Manhã Cinzenta".

Apesar da saúde debilitada, ainda realizou "O Forte", baseado no romance de Adonias Filho, longa metragem no qual se destaca a paisagem de Salvador, tendo como um dos protagonistas, o sambista e ator Monsueto Menezes, que morreu durante as filmagens. O filme teve inúmeros problemas e as filmagens sofreram várias interrupções, que prejudicaram bastante a qualidade do resultado final. Com o filme "Pinto Vem Aí", sobre o ex-deputado Francisco Pinto, ganhou o prêmio Jornal do Brasil, em 1976.

Olney São Paulo morreu cedo, vítima de Câncer no Pulmão, aos 41 anos.

Sobre o Cinema de Olney São Paulo

De Glauber Rocha, em seu livro "Revolução do Cinema Novo" (Rio de Janeiro. Alambra/Embrafilme: 1981, p. 364):

"Olney é a Metáfora de uma Alegorya. Retirante dos sertões para o litoral - o cineasta foi perseguido, preso e torturado. A Embrafilme não o ajudou, transformando-o no símbolo do censurado e reprimido. 'Manhã Cinzenta' é o grande filmexplosão de 1968 e supera incontestavelmente os delírios pequeno-burgueses dos histéricos udigrudistas (...) Panfleto bárbaro e sofisticado, revolucionário a ponto de provocar prisão, tortura e iniciativa mortal no corpo do artista."

De Nelson Pereira dos Santos:

"A imagem que guardo do meu compadre é uma síntese daquele documentário que ele fez sobre os sábios do tempo, os velhos sertanejos que dominam sistemas ancestrais de medição meteorológica [Sob o ditame do rude Almajesto: Sinais de Chuva (1976)]. Vejo-o de chapéu de couro, no raso da caatinga, conversando com os ventos, para saber de onde vêm e para onde vão."

Filmografia

Curtas:

  • 1955 - Um Crime na Rua (16 mm, 10 minutos, P&B)
  • 1970 - O Profeta de Feira de Santana (35 mm, 8 minutos, Cor)
  • 1973 - Cachoeira: Documento da História (35 mm, 9 minutos, Cor e P&B)
  • 1973 - Como Nasce Uma Cidade (35 mm, 10 minutos, Cor e P&B)
  • 1975 - Teatro Brasileiro I: Origem e Mudanças (35 mm, 12 minutos, Cor)
  • 1975 - Teatro Brasileiro II: Novas Tendências (35 mm, 11 minutos, Cor)
  • 1976 - Sob o Ditame do Rude Almajesto: Sinais de Chuva (16 mm, 13 minutos, Cor)
  • 1976 - A Última Feira Livre (16 mm, Cor)

Médias:

  • 1969 - Manhã Cinzenta (35 mm, 21 minutos, P&B)
  • 1976 - Pinto Vem Aí (25 minutos, P&B)
  • 1978 - Dia de Erê (16 mm, 30 minutos, Cor)

Longas:

  • 1964 - Grito da Terra (35 mm, 80 minutos, P&B)
  • 1974 - O Forte (35 mm, 90 minutos, Cor)
  • 1976 - Ciganos do Nordeste (16 mm, 70 minutos, Cor)
  • 1974 - O Amuleto de Ogum

Fonte: Wikipédia

Dodô

ADOLFO ANTÔNIO NASCIMENTO
(57 anos)
Técnico em Eletrônica, Artesão, Instrumentista e Inventor do Trio Elétrico

* Salvador, BA (10/11/1920)
+ Salvador, BA (15/06/1978)

Adolfo Antonio Nascimento, popularmente conhecido como Dodô, um dos inventores do Trio Elétrico, nasceu no dia 10 de novembro 1920, no Beco do Chinelo, no bairro de Santo Antonio em Salvador, BA.

Artesão por excelência, ele fabricou a maioria das guitarras baianas existentes na Bahia até o final dos anos 70. Sua habilidade como luthier era de intensa criatividade. Quando Osmar teve necessidade de tocar vilão tenor e guitarra baiana, ele confeccionou, em 1948, um instrumento de dois braços. A pedido de Armandinho, ele, também, construiu uma guitarra-cavaquinho a qual foi dada o nome de "Dodô & Osmar". por ser o instrumento da dupla.

Em 1923, Osmar Alvares Macedo (Osmar) é dono de uma empresa de metalurgia e Adolfo Antonio do Nascimento (Dodô) sobrevive como técnico em eletrônica. Ainda jovens se conhecem na Península de Itapagibe e começam a tocar juntos no Grupo 3 1/2. Osmar Macedo tocava cavaquinho e Dodô violão. O conjunto musical de choro fazia apresentações no Tabaris, ponto de encontro dos boêmios na Praça Castro Alves, em Salvador, BA.

Dodô era expert em eletrônica e trabalhava construindo instrumentos de som e tocava violão estridente enquanto Osmar tocava cavaquinho, bandolim e guitarra havaiana e gostava de adaptar arranjos de músicas clássicas e populares ao ritmo quente da folia.  Ele era ao lado do instrumentista paulista Poly um dos melhores tocadores de guitarra havaiana do Brasil.

Em 1933 Dodô entra no conjunto musical criado por Dorival Caymmi, que animava algumas festas e reuniões de fim de semana. O Grupo 3 1/2,  cujos integrantes eram Dorival Caymmi, Zezinho Rodrigues, Alberto Costa, e Dodô, começava a fazer sucesso na Bahia e se apresentar nas rádios.

Em 1942, Dodô e Osmar assistiram a apresentação do violonista clássico Benedito Chaves no Cinema Guarani, na Praça Castro Alves, em Salvador. Os dois ficaram ávidos e extremamente entusiasmados em conhecer o violão elétrico que  Benedito Chaves tocou durante o show. Observaram que mesmo brilhantemente tocado tinha microfonia e o violonista precisava mudar a posição do amplificador a todo momento, interrompendo a apresentação. Novidade na época, o violão elétrico era um violão comum, importado, com um captador inserido à sua boca, possuindo microfonia.

Em 1943 Dodô e Osmar inventaram o Pau Elétrico, instrumento musical de som estridente, criado num pedaço de cepo maciço. Instrumento que se transformaria no que é hoje a Guitarra Baiana. A idéia surgiu à partir do deslubramento, após assistirem um ano antes, o show do violinista Benedito Chaves. Entusiasmado com a novidade, construíram os corpos maciços das madeiras dos violões elétricos, conseguindo aperfeiçoar um corpo com cepo de jacarandá maciços. Adaptaram o captador em baixo das cordas, obtendo assim, um som alto e sem o efeito de microfonia. Ficaram com isso, popularmente conhecidos como a "Dupla Elétrica", e se apresentavam em festas e bares de Salvador.

Segundo o jornal A Tarde, "de 1944 à 1949, Dodô & Osmar levam sua graça, simpatia à inúmeros clubes, festas e bailes através de seus instrumentos elétricos, ganhando assim a popularidade".


Em 1950, Dodô & Osmar desfilaram pela primeira vez na Fobica, um Ford T 1929. O Ford foi equipado com caixas de som e pintado com confetes e serpentinas coloridas, sendo assim, a primeira réplica do Trio Elétrico que tirou o carnaval dos abafados salões de baile para as ruas. Com dificuldade de carregar toda a aparelhagem a pé, Dodô e Osmar instalaram uma bateria no Ford. A bateria alimentava o amplificador, no qual estavam plugados os dois Paus Elétricos. Com isso, Dodô & Osmar colocam fogo no comportado carnaval baiano.

Tocando frevos estridentes no novo instrumento, os dois saíram no domingo de Carnaval à rua e à Praça Castro Alves, onde desfilavam os carros alegóricos dos clubes tradicionais baianos, e democratizaram a festa. Chile, à avenida Sete de Setembro, "Toda a massa saiu atrás da Fobica", conta Osmar. Antes da Fobica, a elite reservava lugar nas ruas para assistir aos desfiles, e acabava não sobrando espaço para o resto da população. Além disso, os desfiles não eram interativos, e os espectadores só pulavam Carnaval à noite, nos bailes dos clubes.

Tamanho foi o sucesso do desfile da Fobica no carnaval de Salvador de 1950, que no ano seguinte, Dodô & Osmar convidaram o amigo e músico Temístocles Aragão para tocar um terceiro instrumento eletrizado. A Fobica foi substituída por um veículo maior equipado com alto-falantes, geradores e lâmpadas fluorescentes. Os três músicos se apresentavam em cima da carroceria de uma pick-up Chrysler, modelo Fargo, com quatro cornetas  de som (alto-falantes) e um gerador à gasolina. Assim, estava formado o trio musical, o Trio Elétrico. Osmar tocava o "cavaquinho-pau-elétrico" de som agudo, Dodô com "violão-pau-elétrico" de som grave e Temístocles com o triolim som médio (conhecido o violão tenor).
Dodô & Osmar e o seu Trio Elétrico
Em 1952, a Fobica sai sem o músico Temístocles Aragão, mas mesmo assim, Dodô & Osmar preservaram o nome de Trio Elétrico, que já tinha ganhado fama. Dodô & Osmar conseguiram patrocínio da fábrica de refrigerantes Fratelli Vita confeccionando, assim, um carro com o formato de uma garrafa de refrigerante, trazendo oito cornetas de som e luzes fluorescentes.

No ano seguinte, 1953, Dodô e Osmar construíram uma estrutura metálica em substituição à carroceria de madeira usada como base para os músicos e equipamentos. O trio elétrico ganha o gosto popular e a empresa Fratelli Vita resolve patrocinar, transformando-o assim num caminhão decorado.

A concorrência não podia deixar de existir, e surgem assim outros trios elétricos entre 1952 à 1956. Dentre os novos trios elétricos estavam: Cinco Irmãos, Ypiranga, Conjunto Atlas, Jacaré (depois Saborosa) e Tupinambás.

Em 1955, Orlando Campos era presidente do Flamenguinho, clube de futebol de Periperi, subúrbio de Salvador. Nesta época organizou uma festa-trio, mas os músicos não compareceram. Foi quando anunciou que no evento não houve "trio", mas ele mesmo faria seu próprio "trio". Assim foi feito, e Orlando Campos como não era músico, passou a procurar e recrutar músicos.

Em 1956, Orlando Campos, inventou a Carroceria Elétrica, estrutura de chapa metálica e madeira, o que deixou seu nome gravado na trajetória do carnaval baiano. "Tirei o modelo de uma revista de aeronaves que li no avião. Fui ao banheiro, rasguei a página e escondi no sapato.", disse Orlando Campos em entrevista à mídia baiana.

Em 1957, Dodô e Osmar inovam sua invenção, o Trio Elétrico, revestindo-o por uma nova estrutura metálica.

Em 1959 o Trio Elétrico de Dodô & Osmar fecha o contrato de patrocínio da Coca-Cola. A convite do governador de Pernambuco, levaram o Trio Elétrico pela primeira vez ao Carnaval do Recife.

Em 1960, Dodô & Osmar expandem os negócios e vendem um das estruturas metálicas do trio elétrico para Orlando Campos, popularmente conhecido como Orlando Tapajós por ser fundador da Carroceria Elétrica Tapajós. Mais tarde, Orlando Campos foi fundador dos banheiros em Trios Elétricos.

Dodô & Osmar não desfilaram no Carnaval de Salvador em 1961, devido ao falecimento de Srº Armando Costa, sogro de Osmar. Os inventores do Trio Eelétrico guardaram luto e não sairam pelas ladeiras de Salvador levando alegria e animação. Srº Armando era um dos grandes incentivadores da dupla, desde a idéia à construção e desfile.

Mais uma vez, em 1962, Dodô & Osmar não desfilaram no Carnaval de Salvador, e desta vez o motivo foi a falta de patrocínio.

Em 1963 Dodô & Osmar não podiam deixar para trás, e no carnaval daquele ano vieram com tudo na avenida. Como não podia deixar de ser, venceram o concurso de trios elétricos, promovido pela Prefeitura Municipal de Salvador. Neste Carnaval, Dodô & Osmar desfilaram em um carro alegórico, montado sobre uma carreta. A estrutura da carreta foi patrocinada pela Refinaria Mataripe, levando a bordo o filho de Osmar, Armandinho, com nove anos de idade, fazendo solo com bandolim.

Em 1969, Caetano Veloso prestou uma homenagem a Dodô & Osmar, e sua fantástica invenção com a composição da música "Atrás do Trio Elétrico", e popularizou a canção "Frevo Baiano" em todo país.

Em 1970, Dodô e Osmar são convidados para serem os diretores e supervisores do Trio Elétrico Marajós, patrocinado pela Carlsberg.


Em 1974 o Trio Elétrico de Dodô & Osmar voltou às ruas à pedido dos filhos que já tocavam profissionalmente em outros trios. Eram 12 cornetas de som e luzes fluorescentes em cada lateral, com seis músicos fazendo a percussão. O Trio Elétrico de Dodô & Osmar voltou às avenidas e ladeiras de Salvador, após 14 anos de ausência e se apresentou novamente no carnaval de 1974.

Em 1976 o Trio Elétrico Dodô & Osmar lançou o LP "É Massa" e Gilberto Gil foi o responsável pelo texto apresentado no disco:

"A eletricidade é, ao que parece, a forma de energia que possibilitou ao homem conhecer o átomo e o espaço e perceber a curiosa aproximação de uma luz que vai iluminando gradativamente, todas as cavidades ainda escuras da mente e do coração... Agora olhe pro céu agora olhe pro chão agora repare a luz que vem lá do caminhão... 

Osmar, você me ensinou o que o elétrico é, e, a partir daí a gente tem o direito de sonhar o que elétrico será. Caetano me ensinou a ver nos rollingstones a luz além do elétrico aquela que já era no rosto dos pierrôs e colombinas antes do trio.

Armandinho é elétrico antes, enquanto, depois que o trio. Moreira sonha com a luz da caetanave sobre os telhados de Nova York onde se dê ao mesmo tempo Ituaçu.

Eu sonho com a mesma luz, nos olhos de Nelson Ferreira onde se dê ao mesmo tempo o rock'n roll, e que mais, se Deus é mais que toda luz?

No carnaval, pelo menos we can get. Satisfation."

Em 1977 o álbum "Pombo Correio" é considerado o melhor da carreira do Trio Elétrico Dodô & Osmar e vem com um belíssímo choro instrumental em arranjo trioletrizado "Frevo da Lira", composição do mestre Waldir Azevedo e Luiz Lira. Os temas das letras de Moraes Moreira se relacionavam com a ambiência romântica que envolvia o Carnaval como manifestação popular, lembrando a ambiência de antigas canções carnavalescas como "Colombina" e "Jardineira".

Morte de Dodô

Em 15 de junho de 1978, aos 57 anos, Adolfo Antonio Nascimento, popularmente conhecido como Dodô, morreu e deixou só o seu parceiro Osmar que desde 1938 faziam música juntos. Dodô se despediu da avenida e viajou para além de horizontes, deixando saudades nos 11 filhos e nos foliões que tanto o admiravam.  

Adhemar Gonzaga

ADHEMAR DE ALMEIDA GONZAGA
(76 anos)
Diretor, Produtor, Roteirista, Montador e Ator

* Rio de Janeiro, RJ (26/08/1901)
+ (1978)

O desenho, em especial a caricatura, foi o primeiro talento manifestado pelo menino Adhemar de Almeida Gonzaga a apontar o rumo de sua vida no futuro. Em 1912, ele criou o jornal O Colombo, feito à mão, semanal, com os acontecimentos da Rua Silva Manoel (onde morava então). Muitos exemplares encontram-se no Arquivo Cinédia e através deles podem-se notar os adiantamentos do menino na caricatura e no jornalismo. Segundo Adhemar Gonzaga, o jornalzinho fez bastante sucesso e chegou até a ter fotografias, tiradas por ele mesmo com uma máquina tipo caixão que ganhara de presente. Um número, o de 14 de fevereiro de 1913, chama a atenção por apresentar caricaturas calcadas em personagens de filmes das companhias Ambrosio (italiana) e Nordisk Film (dinamarquesa).

A paixão pelo cinema se intensificou e Adhemar Gonzaga criou, nas páginas de O Colombo, o "Grande Cinematographo Nordisk, da Empresa Adhemar", imitando os anúncios que já começavam a aparecer nos jornais da cidade com os programas da Ambrosio, Nordisk Film e Gaumont Film Company.

Em 2 de novembro, o "Cinematographo Nordisk" anuncia em destaque um filme brasileiro Batalha das Flores. Adhemar Gonzaga apontou com orgulho este anúncio como evidenciador de seu apoio precoce ao cinema brasileiro. Nesta época, Adhemar Gonzaga começou a enviar caricaturas para as revistas O Tico-Tico e O Malho. Ele considerava essa fase de intensa produção de caricaturas como o começo de sua formação cinematográfica. Os desenhos publicados no O Tico-Tico eram recortados por ele e dispostos em seqüências numa caixa.

Logo ganhou de um tio uma lanterna-mágica, que não o entusiasmou. Conta ele que um dia descobriu, no antigo Bazar Francês, uma maquininha movida à manivela, com a qual assistiu  a muitos filmes, dados por João Cruz Jr., dono do Cinema Íris e amigo de seu pai. As amizades do pai de certa forma também influíram na inclinação de Adhemar Gonzaga para o cinema. João Antônio, pai de Adhemar, financiou alguns filmes de Labanca, era amigo de Paschoal Segreto, dono da primeira sala fixa de cinema no Rio de Janeiro, e ajudou a sustentar anonimamente durante anos o cinema de João Cruz Jr., com generosos influxos de capital. Para completar esta proximidade, por algum tempo, no começo da década de 20, Adhemar Gonzaga trabalhou como publicista do Cinema Íris, isto é, era o responsável pelos anúncios com os programas exibidos naquele cinema. Os pais, entretanto, não viam com bons olhos este interesse absorvente pelo cinema e, para fazê-lo esquecer esta obsessão, destruíram tudo o que havia colecionado sobre o assunto e o matricularam num colégio interno. 

Em março de 1914, Adhemar Gonzaga ingressa no Ginásio Pio Americano, em São Cristóvão. Figuras ilustres passaram pelo Pio Americano, como os irmãos Ciro e Luiz Aranha, o pintor Di Cavalcanti, Armando, neto de Ruy Barbosa, e Pedro Lima, com quem Adhemar Gonzaga empreenderia, nos anos 20, uma campanha apaixonada em defesa do cinema brasileiro. A passagem pelo Pio Americano, que se prolongou até 1919, contribuiu para consolidar a paixão de Adhemar Gonzaga pelo cinema. Ele e os amigos Álvaro Rocha, Pedro Lima, Paulo Vanderley, Luiz Aranha e Hercolino Cascardo, constituíram por volta de 1917 uma espécie de clube de fãs de cinema. Freqüentavam regularmente os cinemas Íris e Pátria e comentavam demoradamente os filmes exibidos. Reuniam-se na casa de Álvaro Rocha, que tinha uma pequena coleção de filmes, e lá os assistiam.

Certo dia, Adhemar Gonzaga descobriu que seu vizinho na Rua Silva Manoel, João Stamato, era também entusiasta de cinema e tinha até máquina de filmar. Passou então a freqüentar assiduamente a sua casa, onde aprendeu certas coisas de cinema.

Em 1919, Adhemar Gonzaga começou a escrever cartas para a revista Palcos e Telas. Acabou sendo chamado para escrever para a revista, iniciando a sua colaboração em fevereiro de 1920. Procurava, segundo ele, "fazer crítica declarada em vez de um pequeno resumo informativo de filmes", a que se limitavam as publicações nacionais de um modo geral. Colaborou também em Para Todos, inicialmente mandando comentários, fornecendo informações e formulando algumas questões sobre cinema para a seção de cartas.

Em outubro de 1920, recebeu um valioso presente de seu cunhado: uma câmera tipo caixão, marca Ernemann, de 35mm, e um projetor Ica, trazidos da Alemanha. Com esta câmera, Adhemar Gonzaga filmou todos os arredores de sua casa e fez uma experiência de ficção, usando o copeiro Castorino e a empregada Celeste.

Atendendo o desejo dos pais, Adhemar Gonzaga fez os estudos para a Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Não tinha porém a menor vocação para a Engenharia e desistiu logo no começo. A aversão aos estudos formais pode ser atribuída, em parte pelo menos, à paixão de Adhemar Gonzaga pelo cinema. Ele assinava várias revistas especializadas estrangeiras. Comprava por correspondência todos os livros sobre cinema de que tomava conhecimento. A biblioteca de Adhemar Gonzaga, hoje no Arquivo Cinédia, ostenta vários livros sobre a arte do 'photoplay' ou 'screenplay', publicados nos anos 10 e logo adquiridos por ele. Esses livros revelam sua intenção em aprender cinema - sobretudo, em aprender a "fazer cinema".
Graças a intercessão de seu padrinho, o comendador Rosário, em 1923, Adhemar Gonzaga ingressou na redação do semanário ilustrado Para Todos. Adhemar Gonzaga foi submeter-se à chancela de Mário Behring, um dos diretores da revista e redator da seção cinematográfica, trinta e tantos anos mais velho do que ele e com sólida carreira no jornalismo carioca.

Mário Behring e Adhemar Gonzaga logo se afinaram e o resultado foi o crescimento da cobertura cinematográfica, sobretudo em relação ao cinema nacional, a respeito do qual Adhemar Gonzaga tinha interesse especial, ao contrário de Mário Behring, inicialmente cético quanto às possibilidades locais. As inúmeras ocupações de Mário Behring fizeram com que a revista ficasse praticamente nas mão de Adhemar Gonzaga. Ao lado de seu colega Pedro Lima, que trabalhava em Selecta, iniciou uma campanha sistemática de divulgação e valorização da produção nacional, sem precedentes.

O crescimento do espaço dedicado ao cinema foi tal que Adhemar Gonzaga, com o apoio dos editores de Para Todos, idealizou transformar a seção Cinema Para Todos em revista autônoma. Após cogitar alguns nomes, Adhemar Gonzaga encontrou o nome definitivo, Cinearte. A revista começou a circular em 3 de março de 1926 e, em pouco tempo, tornou-se uma campeã de vendas. Cinearte ajudou a implantar no país uma mentalidade cinematográfica que não existia. Em relação à produção nacional, Cinearte exerceu o importante papel de divulgação sistemática dos filmes e figuras atuantes no setor, ao mesmo tempo em que procurou melhorar a qualidade de nossos filmes, apontando suas falhas e indicando o caminho para o seu aperfeiçoamento.

Cinearte é sem dúvida uma ilustração evidente da determinação de Adhemar Gonzaga em influir na prática cinematográfica nacional. Embora o jornalismo cinematográfico fosse motivo de satisfação pessoal e profissional, faltava-lhe consumar o sonho que acalentava desde menino: Dirigir filmes. Curiosamente ele não tinha pressa. Sua relutância se devia sobretudo à consciência da precariedade técnica do filme nacional. Estúdios, câmeras, material de laboratório, pessoal técnico qualificado - tudo era incipiente.

Foi com a dominante preocupação de superar esses entraves ao desenvolvimento do cinema nacional que Adhemar Gonzaga visitou os estúdios americanos, de Nova York e de Hollywood, em 1927. Apresentando-se como jornalista em busca de entrevistas e notícias exclusivas, Adhemar Gonzaga aproveitou a viagem para visitar todos os estúdios que o tempo permitiu, prestando a máxima atenção na estrutura arquitetônica dos palcos de filmagem, nos procedimentos técnicos, no trabalho dos técnicos, no comportamento dos diretores. Esta temporada nos estúdios americanos representou para Adhemar Gonzaga um verdadeiro "curso básico" de prática cinematográfica. Ao visitar o modesto estúdio da Tec-Art, de  Nova York, ficou confiante quanto às possibilidades do cinema brasileiro.

Adhemar Gonzaga retornou dos EUA em 1927 convencido de que fazer cinema não era um bicho-de-sete-cabeças. Com engenho e arte se poderia superar as limitações do meio. Mas a estréia de  Adhemar Gonzaga na realização cinematográfica não foi planejada. Foi de certa forma circunstancial e improvisada. Mas a experiência foi tão decisiva que assinalou o começo de um gradual reecontro com o seu ideal juvenil de fazer filmes.

A história começa em 1926, quando é fundado no Rio de Janeiro o Circuito Nacional dos Exibidores, por iniciativa do italiano Vittorio Verga, que há pouco mais de dez anos havia emigrado para o Brasil e trabalhado por longo tempo numa agência de distribuição de filmes estrangeiros. Trabalhando com seu compatriota Paulo Benedetti, Vittorio Verga havia dirigidos dois filmes, A Gigolete (1924) e Dever de Amar (1925), severamente recriminados pelos críticos Adhemar Gonzaga, de Para Todos, e Pedro Lima, de Selecta.

O Circuito Nacional dos Exibidores era uma associação constituída pelos proprietários de cinemas por assim dizer "independentes", isto é, que não integravam as cadeias que monopolizavam a exibição dos melhores programas. Uma das finalidades do Circuito era, através de um fundo constituído pela contribuição financeira dos cinemas afiliados, produzir seus próprios filmes.

Cinearte apoiou calorosamente a iniciativa, tentando inclusive orientar Vittorio Verga e os outros diretores do Circuito a respeito da organização e racionalização da produção, no que Adhemar Gonzaga, Pedro Lima e os outros redatores eram considerados "doutores". Um certo compromisso foi assumido entre Cinearte e o Circuito Nacional dos Exibidores. Diante da imobilidade de Vittorio Verga, Adhemar Gonzaga e seus amigos se comprometeram a apresentar um argumento para servir de base para o primeiro filme do Circuito, que seria dirigido por Vittorio Verga, ficando os trabalhos técnicos a cargo de Paulo Benedetti. As coisas, porém, não ocorreram como o previsto. Vittorio Verga não gostou muito da ingerência do grupo de Cinearte e quis dar um rumo ao Circuito Nacional dos Exibidores que atendesse interesses pessoais. Numa acalorada reunião da diretoria do Circuito, a que compareceram os redatores da Cinearte, Vittorio Verga deu por assim dizer "um golpe de estado", negando-se a filmar o argumento proposto por Cinearte. Profundamente desapontado, Paulo Benedetti deixou a reunião decidido a afastar-se da produção cinematográfica.

Os redatores de Cinearte não se conformaram e trataram de procurar o velho fotógrafo, propondo a ele uma produção conjunta. Paulo Benedetti entraria com seu trabalho e o laboratório, e eles com a realização artística. Acordo firmado, começaram a preparar a produção de Barro Humano, em clima de grande euforia. Nascido sob o nome de Mocidade, o filme teve seu roteiro básico escrito por Paulo Vanderley, mas sofreu muitas modificações a partir de sugestões coletivas, partidas principalmente de Adhemar Gonzaga. Cinearte deu ao projeto atenção primordial: tudo passa a girar em torno de Barro Humano a partir do final de 1927.

De um modo muito natural, Adhemar Gonzaga escalou-se e foi escalado para dirigir o filme, respaldado em seu estágio recente nos Estados Unidos. O caráter de filme coletivo de Barro Humano não impede que se identifique bem o papel que Adhemar Gonzaga exerceu em sua realização. Suas convicções cinematográficas estão expressas muito nitidamente na forma quase didática com que o filme apresentava os recursos estéticos e estilísticos que todos admiravam na arte silenciosa. Sua realização foi uma lição e um exemplo. Uma lição de cinema, literalmente, e um exemplo a ser seguido, já que tornava um fato concreto o modelo de cinema que Cinearte defendia.

Sua filmagem demorou muito, cerca de um ano e meio, porque era feita apenas nos domingos e feriados, dias de folga da equipe e de alguns integrantes do elenco. Lançado em meados de 1929, Barro Humano fez um estrondoso sucesso, que surpreedeu Adhemar Gonzaga: este se encontrava novamente nos Estados Unidos na época da estréia e achou que fosse piada a notícia, transmitida a ele por Álvaro Rocha.

O sucesso de Barro Humano encheu Adhemar Gonzaga de confiança. No segundo semestre de 1929, começou a dirigir um outro filme, com roteiro seu, Lábios Sem Beijos, produzido e estrelado por Carmen Santos. A equipe de Cinearte começou a preparar ao mesmo tempo seu próximo filme, Saudade, que repetiria o esquema adotado em Barro Humano: roteiro de Paulo Vanderley, direção de Adhemar Gonzaga, produção de Pedro Lima e assistência total de Álvaro Rocha. A filmagem de Lábios Sem Beijos foi interrompida em janeiro de 1930, após longa paralisação devida a um tombo que sofrera Carmen Santos semanas antes. O motivo principal foi que Carmen Santos se descobriu grávida de seu segundo filho.

Saudade também teve vários percalços. As principais atrizes de Barro Humano, Gracia Morena e Eva Schnoor, se recusaram a participar do novo filme. A dificuldade para montar o elenco para o filme fez com que Adhemar Gonzaga e seus amigos de Cinearte se decidisem a lançar uma nova atriz, sem experiência anterior em cinema. No arquivo fotográfico de Cinearte, que recebia centenas de cartas com fotos de rapazes e moças oferecendo-se para trabalhar no cinema, encontraram o que precisavam. Era Didi Viana, fotogênica mocinha do interior paulista.

Em 26 de janeiro de 1930, foram iniciadas as filmagens de Saudade, com algumas tomadas nos terrenos onde seriam construídos os estúdios da Cinédia, em São Cristóvão, Rio de Janeiro. A expectativa em torno de Saudade era grande. Adhemar Gonzaga havia adquirido em sua segunda viagem aos EUA uma moderna câmera Mitchell, símbolo de suas intenções agora profissionais. Depois de um início bastante animado, a produção começou a apresentar problemas. Paulo Benedetti não se adaptou à nova câmara e abandonou o posto. Além disso, as obras de construção do futuro estúdio da Cinédia e a produção de seu primeiro filme, Lábios Sem Beijos, retomada do mesmo roteiro esrcrito para Carmen Santos mas agora com outro elenco e sob a direção de Humberto Mauro, tomavam todo o tempo de Adhemar Gonzaga.

Com todos estes percalços, as filmagens se prolongaram por três meses, até abril. Neste mês, Adhemar Gonzaga demitiu Pedro Lima de Cinearte provocando a dissolução do grupo e determinando o fim do projeto de Saudade. Como compensação, Didi Viana foi incluída no elenco de Lábios Sem Beijos, assumindo o segundo papel. Para dar a Didi Viana o estrelato definitivo, que lhe fora prometido com Saudade, Adhemar Gonzaga providenciou um novo argumento, O Preço de Um Prazer, que ele dirigiria paralelamete à realização do filme de Humberto Mauro. As filmagens se prolongaram até o início de 1931 e foram interrompidas por razões sentimentais. Tendo se enamorado desde o primeiro encontro, Adhemar Gonzaga e Didi Viana decidiram se casar. A família do primeiro condicionou a sua aprovação ao imediato abandono da carreira artística por Didi Viana, o que ela aceitou. Após alguns anos, o casal se separou.

A fundação da Cinédia decorre naturalmente do êxito de Barro Humano. Ela é, portanto, o "point of no return" de uma sucessão de acontecimentos e decisões originadas na trincheira jornalística, crítica e rematada sem maiores saltos numa espécie de tomada de poder na cena cinematográfica nacional, empreendida pelo grupo de Cinearte. A Cinédia é a evidência de um desejo: o desejo de criar no Brasil uma indústria de cinema espelhada no modelo hegemônico hollywoodiano e de uma circunstância histórica favorável. O som, que pôs em risco o domínio americano do mercado nacional, o nacionalismo empreendedor da juventude visionária e idealista - muita coisa se deve ter em conta para entender o surgimento da Cinédia em 1930.

Em seu primeiro momento, a Cinédia é a concretização do projeto industrial do grupo de Cinearte. Graças ao adiantamento de sua parte na herança do pai, Adhemar Gonzaga adquiriu, em dezembro de 1929, um tereno de 9.000 metros quadrados na Rua Abílio, atual General Almério de Moura, em São Cristóvão. Em 16 de março de 1930, alguns jornais estamparam a notícia da fundação da Produções Cinearte, nome que recebeu o braço produtor do grupo. O estúdio em construção se chamaria Cinearte Studio. O rompimento com Pedro Lima levou a dissolução da Produções Cinearte, ocorrida em maio.

A construção da Cinédia, que significa "Cinema em Dia", foi obra de muitos anos e sua história é longa e complexa demais para ser resumida. De qualquer maneira, pode-se adiantar que seu objetivo maior - ser um complexo produtor permanetemente ativo e destinado a realizar filmes de qualidade e comercialmente rentáveis - só foi parcialmente alcançado. Para transformar o estúdio num centro de produção auto-suficiente e bem-equipado, foram necessários mais de dez anos, devidos sobretudo às dificuldades de importação dos equipamentos e insumos básicos para a atividade cinematográfica. Por outro lado, a Cinédia surge no delicado período de transição para o cinema sonoro, que trouxe profundas modificações na produção, na exibição e na própria linguagem dos filmes. Não se pode exigir muito dos filmes da Cinédia realizados neste período - década de 30 - em relação ao aspecto técnico, já que a política cambial e a lei de remessa de lucros praticadas pelo governo oneravam pesadamente os produtores.

Por ter nascido para sustentar um projeto industrial, a Cinédia se tornou vulnerável aos imperativos econômicos. Em seus primeiros anos, apenas três filmes foram completados: Lábios Sem Beijos (1930), Mulher (1931) e Ganga Bruta (1933). Este último, mal recebido por público e crítica, serviu para Adhemar Gonzaga como uma espécie de lição: para viabilizar um negócio tão caro como o cinema é preciso conquistar o mercado. Conquistar o mercado é conhecer as aspirações do público e fornecer-lhes o que ele anseia assistir. Esta constatação levou Adhemar Gonzaga a se desviar um pouco da sua estratégia inicial de filmes grandiosos, artisticamente ambiciosos, e associar-se ao produtor norte-americano Wallace Downey, que havia forjado em São Paulo a fórmula ideal para que o cinema feito no Brasil conquistasse seu próprio público: a comédia musical ou chanchada. Num mecado dominado pelo filme americano, a única chance de ter um lugar ao sol era oferecer um produto de que este não dispunha: nossos cantores, verdadeiros ídolos nacionais.

A parceria com Wallace Downey resultou em três filmes: Alô, Alô, Brasil e Estudantes (ambos de 1935), e Alô, Alô, Carnaval (1936), o primeiro grande sucesso da Cinédia, os dois primeiros dirigidos por Wallace Downey e o terceiro por Adhemar Gonzaga. Até o fim da primeira fase da Cinédia, Adhemar Gonzaga procurou conciliar as necessidades de mercado aos anseios estéticos que sempre o nortearam. Curiosamente, Adhemar Gonzaga só realizou um único projeto pessoal em toda a primeira fase da Cinédia - é verdade que tentou vários, mas sempre desistia de levá-los a termo pelos mais diversos motivos. Trata-se de Romance Proibido, de longuíssima e acidentada realização: iniciado em 1939, só foi concluído e lançado cinco anos depois.

Romance Proibido é um reencontro com Barro Humano, para sempre o paradigma de cinema que nortearia a imaginação criadora de Adhemar Gonzaga. Sua origem de certa forma se liga a um certo clima de euforia vivido por Adhemar Gonzaga, com reflexos na Cinédia e em Cinearte, no ano de 1938. A primeira década de Barro Humano foi efusivamente comemorada e sua evocação dá a Adhemar Gonzaga a esperança de retomar o ímpeto realizador que tinha quando dirigiu o filme. A confiança em um novo começo leva Adhemar Gonzaga a convidar o galã de Barro Humano, Carlos Modesto, e sua esposa, Eva Schnoor, para protagonizarem o novo filme. Adhemar Gonzaga acreditou piamente na anuência de Carlos Modesto. Mas o ator enviou a Adhemar uma carta polida recusando o convite.

Em Romance Proibido se reflete também, de forma muito nítida, a adesão de Adhemar Gonzaga a alguns ideais getulistas, especialmente o nacionalismo cívico. Imaginou, por exemplo, uma cena em que uma professorinha de interior, em vez de giz e quadro negro, usa um projetor para dar aula. Era sua confiança no progresso do país e no papel que o cinema tinha a exercer neste sentido. Romance Proibido sofreu duramente os efeitos da recessão que atingiu o país durante a Segunda Guerra Mundial. A escassez de material químico para a revelação de filmes durou de 1942 a 1945 e contribuiu decisivamente para a prolongada filmagem. No começo da década de 40, a Cinédia atravessou grave crise financeira: o mercado se retraíra, os custos de produção aumentaram, os mecanismos de distribuição ergueram mais resistência ao filme brasileiro e as agências regionais e proprietários de cinemas fraudavam abertamente borderôs e livros-caixa. A crise chegou ao auge em 1941, quando Adhemar Gonzaga foi aobrigado a paralisar as atividades da Cinédia.

Em 1946, Adhemar Gonzaga produziu O Ébrio, dirigido por Gilda de Abreu, que se tornou o maior sucesso da história da Cinédia. Um panorama promissor se abriu para a Cinédia, mas o filme seguinte de Gilda de Abreu, Um Pinguinho de Gente (1949), produção caríssima que não conseguiu conquistar o público, acabou acirrando a crise financeira da Cinédia. Em 1951, Adhemar Gonzaga foi obrigado a fechar os estúdios de São Cristóvão.

Em 1952, mudou-se para São Paulo, onde permaneceu até 1955. Chegou a examinar alguns terrenos, pensando em transferir a Cinédia para a cidade. Mas os insucessos da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, Multifilmes e Maristela o desanimaram e ele decidiu retornar ao Rio de Janeiro. Em São Paulo, realizou um filme, Carnaval em Lá Maior (1955), na Companhia Cinematográfica Maristela.

Em 1956, adquiriu um terreno em Jacarepaguá e começou a construir os novos estúdios da Cinédia, destinados à locação para terceiros. A produção própria cessa pois a nova Cinédia não dispunha de laboratório, equipamentos e pessoal destinados à produção cinematográfica.

Em 1969, dirigiu seu último filme de longa-metragem, Salário Mínimo, lançado no ano seguinte. Dedicou-se então a outras atividades: organização de seus arquivos, recuperação e restauração de seus filmes, algumas pesquisas sobre a história do cinema brasileiro e ao jornalismo, área em que assinou uma coluna no jornal O Dia.

Fonte: Filmescópio