(92 anos)
Escritora, Romancista, Jornalista, Tradutora, Cronista e Dramaturga
* Fortaleza, CE (17/11/1910)
+ Rio de Janeiro, RJ (04/11/2003)
Rachel de Queiroz era filha de
Daniel de Queiroz Lima e
Clotilde Franklin de Queiroz, descendente pelo lado materno da família de
José de Alencar.
Em 1917, após uma grande seca, mudou-se com seus pais para o Rio de Janeiro e logo depois para Belém do Pará. Retornou para Fortaleza dois anos depois.
Em 1925 concluiu o curso normal no
Colégio da Imaculada Conceição. Estreou na imprensa no jornal
O Ceará, escrevendo crônicas e poemas de caráter modernista sob o pseudônimo de
Rita de Queluz. No mesmo ano lançou em forma de folhetim o primeiro romance,
"História de um Nome".
Aos vinte anos, ficou nacionalmente conhecida ao publicar
O Quinze (1930), romance que mostra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria. Demonstrando preocupação com questões sociais e hábil na análise psicológica de seus personagens, destaca‐se no desenvolvimento do romance nordestino.
Começou a se interessar em política social em 1928-1929 ao ingressar no que restava do
Bloco Operário Camponês em Fortaleza, formando o primeiro núcleo do
Partido Comunista. Em 1933, começou a dissentir da direção e se aproximou de
Lívio Xavier e de seu grupo em São Paulo, lá indo morar até 1934. Milita então com
Aristides Lobo,
Plínio Mello,
Mário Pedrosa,
Lívio Xavier, se filiando ao sindicato dos professores de ensino livre, controlado naquele tempo pelos trotskistas.
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Estátua na Praça dos Leões (Fortaleza, CE) |
Depois, viajou para o norte em 1934, lá permanecendo até 1939. Já escritora consagrada, mudou-se para o Rio de Janeiro. No mesmo ano foi agraciada com o
Prêmio Felipe d'Oliveira pelo livro
As Três Marias. Escreveu ainda
"João Miguel" (1932),
"Caminhos de Pedras" (1937) e
"O Galo de Ouro" (1950).
Foi presa em 1937, em Fortaleza, acusada de ser comunista. Exemplares de seus romances foram queimados. Em 1964, apoiou a
Ditadura Militar que se instalou no Brasil.
Lançou
"Dôra Doralina" em 1975, e depois
Memorial de Maria Moura (1992), saga de uma cangaceira nordestina adaptada para a televisão em 1994 numa minissérie apresentada pela
Rede Globo. Exibida entre maio e junho de 1994 no Brasil, foi apresentada em Angola, Bolívia, Canadá, Guatemala, Indonésia, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, sendo lançada em DVD em 2004.
Publicou um volume de memórias em 1998. Transformou a sua
Fazenda Não Me Deixes, propriedade localizada em Quixadá, estado do Ceará, em reserva particular do patrimônio natural.
Morte
Morreu em 4 de novembro de 2003, vítima de problemas cardíacos, no seu apartamento no Rio de Janeiro, dias antes de completar 93 anos.
Academia Brasileira de Letras
Sua eleição, em 4 de novembro de 1977 para a cadeira 5 da
Academia Brasileira de Letras, causou certo frisson nas feministas de então. Mas a reação da escritora ao movimento foi bastante sóbria. Numa entrevista, em meio ao grande furor que sua nomeação causou, declarou:
"Eu não entrei para a Academia por ser mulher. Entrei, porque, independentemente disso, tenho uma obra. Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os meus amigos são homens, eu não confio muito nas mulheres."
Um verdadeiro choque anafilático no movimento feminista.
Recebida por
Adonias Filho, foi a quinta ocupante da cadeira 5, que tem como patrono
Bernardo Guimarães.
Prêmios Outorgados
1930 - Prêmio Fundação Graça Aranha para "O Quinze".
1939 - Prêmio Sociedade Felipe d' Oliveira para "As Três Marias".
1954 - Prêmio Saci, de O Estado de São Paulo, para "Lampião".
1957 - Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra.
1959 - Prêmio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, para "A Beata Maria do Egito".
1969 - Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, para "O Menino Mágico".
1980 - Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra.
1981 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará.
1983 - Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar.
1985 - Medalha Rio Branco, do Itamarati.
1986 - Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador.
1989 - Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais.
1993 - Prêmio Camões, o maior da Língua Portuguesa, sendo a primeira mulher a recebê-lo.
1993 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual do Ceará - UECE.
1995 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, de Sobral.
1996 - Prêmio Moinho Santista de Literatura
2000 - Título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
2001 - Medalha Boticário Ferreira, da Câmara Municipal de Fortaleza.
2001- Troféu Cidade de Camocim em 20 de Julho de 2001 (Academia Camocinense de Letras e Prefeitura Municipal de Camocim)
Principais:
- 1930 - O Quinze (Romance)
- 1932 - João Miguel (Romance)
- 1937 - Caminho de Pedras
(Romance)
- 1939 - As Três Marias
(Romance)
- 1948 - A Donzela e a Moura Torta (Crônicas)
- 1950 - O Galo de Ouro (Romance - Folhetins na revista O Cruzeiro)
- 1953 - Lampião (Peça Teatral)
- 1958 - A Beata Maria do Egito (Peça Teatral)
- 1958 - Cem Crônicas Escolhidas
- 1964 - O Brasileiro Perplexo (Crônicas)
- 1967 - O Caçador de Tatu (Crônicas)
- Um Alpendre, Uma Rede, Um Açude - 100 Crônicas Escolhidas
- O Homem e o Tempo - 74 Crônicas Escolhidas
- 1969 - O Menino Mágico (Infanto-Juvenil)
- 1975 - Dôra, Doralina (Romance)
- 1976 - As Menininhas e Outras Crônicas
- 1980 - O Jogador de Sinuca e Mais Historinhas
- 1986 - Cafute e Pena-de-Prata (Infanto-Juvenil)
- 1992 - Memorial de Maria Moura (Romance)
- 1995 - Teatro (Teatro)
- 1997 - Nosso Ceará (Relato - com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
- 1998 - Tantos Anos (Autobiografia - com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
- 2000 - Não Me Deixes: Suas Histórias e Sua Cozinha (Memórias Gastronômicas - com Maria Luiza de Queiroz Salek)
Reunidas de Ficção:
- 1948 - Três Romances
- 1960 - Quatro Romances
- 1973 - Seleta (Seleção de Paulo Rónai; notas e estudos de Renato Cordeiro Gomes)
No dia 4 de dezembro de 2003, um mês depois de sua morte, foi lançado na
Academia Brasileira de Letras o livro
Rachel de Queiroz, um perfil biográfico da escritora, fruto de uma longa pesquisa realizada pela jornalista
Socorro Acioli, publicado pelas
Edições Demócrito Rocha.
Sua biografia foi narrada no livro
No Alpendre com Rachel, de autoria de
José Luís Lira, lançado na
Academia Brasileira de Letras em 10 de julho de 2003, poucos meses antes do falecimento da escritora.
Traduções
Romances:
- 1940 - A Família Brodie (A. J. Cronin)
- 1940 - Eu Soube Amar (Edith Wharton)
- 1942 - Mansfield Park (Jane Austen)
- 1942 - Destino da Carne (Samuel Butler)
- 1942 - Náufragos (Erich Maria Remarque)
- 1943 - Tempestade d’Alma (Phyllis Bottone)
- 1943 - O Roteiro das Gaivotas (Daphne Du Maurier)
- 1946 - A Crônica dos Forsyte (John Galsworthy)
- 1944 - Helena Wilfuer (Vicki Baum)
- 1944 - Humilhados e Ofendidos (Fiódor Dostoiévski)
- 1944 - Fúria no Céu (James Hilton)
- 1945 - A Intrusa (Henry Ballamann)
- 1945 - Recordações da Casa dos Mortos (Fiódor Dostoiévski)
- 1945 - Stella Dallas (Olive Prouty)
- 1946 - A Promessa (Pearl Buck)
- 1946 - Cranford (Elisabeth Gaskell)
- 1947 - O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë)
- 1947 - Anos de Ternura (A. J. Cronin)
- 1947 - O Quarto Misterioso e Congresso de Bonecas (Mário Donal)
- 1947 - Aventuras de Carlota (M. D’Agon de La Contrie)
- 1947 - A Casa dos Cravos Brancos (Y. Loisel)
- 1948 - Os Robinsons da Montanha (André Bruyère)
- 1948 - A Mulher de Trinta Anos (Honoré de Balzac)
- 1948 - Aventuras da Maleta Negra (A. J. Cronin)
- 1948 - Os Dois Amores de Grey Manning (Forrest Rosaire)
- 1948 - A Conquista da Torre Misteriosa (Germaine Verdat)
- 1950 - A Afilhada do Imperador (Jean Rosmer)
- 1950 - A Deusa da Tribo (Suzanne Sailly)
- 1950 - A Predileta (Raphaelle Willems)
- 1951 - Os Demônios (Fiódor Dostoiévski)
- 1952 - Os Irmãos Karamazov (Fiódor Dostoiévski)
- 1963 - Os Carolinos: Crônica de Carlos XII (Verner Von Heidenstam)
- 1966 - O Deserto do Amor (François Mauriac)
- 1970 - Idade da fé (Anne Fremantle)
- 1971 - A Mulher Diabólica (Agatha Christie)
- 1972 - O Romance da Múmia (Théophile Gautier)
- 1972 - O Lobo do Mar (Jack London)
- 1972 - Miguel Strogoff (Júlio Verne)
Biografias e Memórias:
- 1935 - Eduardo VI e o Seu Tempo (André Maurois)
- 1943 - A Exilada: Retrato de Uma Mãe Americana (Pearl Buck)
- 1965 - Minha Vida - caps. 1 a 7 (Charles Chaplin)
- 1947 - Memórias de Alexandre Dumas, Pai (Alexandre Dumas)
- 1946 - Vida de Santa Teresa de Jesus (Santa Teresa de Jesus)
- 1947 - Mulher Imortal (Irwin Stone)
- 1944 - Memórias (Leon Tolstói)
- 1952 - Os Deuses Riem (A. J. Cronin)