Magro

ANTÔNIO JOSÉ WAGHABI FILHO
(68 anos)
Cantor, Instrumentista, Arranjador e Compositor.

*  Itaocara, RJ (14/11/1943) 
+  São Paulo, SP (08/08/2012)

Antônio José Waghabi Filho, mais conhecido como Magro, foi um cantor, vocalista e arranjador musical do grupo MPB-4, o qual integrava desde a sua formação.

O fascínio pela música desde criança fez com que Magro tivesse contato com vários instrumentos, como o piano, o violão, o tambor e a clarineta. Participou da Sociedade Musical Patápio Silva, famoso flautista brasileiro, também natural de Itaocara.

Iniciou seus estudos de piano com Pepita Machado, em sua cidade natal, onde fez parte, como segundo clarinetista, da banda de música Sociedade Musical Patápio Silva. Em 1959, mudou-se para Niterói, RJ. Estudou com Eumir Deodato e Guerra Peixe (teoria musical), Isaac Karabtchevsky (regência) e Vilma Graça (solfejo), além de ter recebido orientação na prática de arranjos instrumentais com o maestro Lindolpho Gaya.


Iniciou sua carreira profissional em 1960, como vibrafonista do conjunto de bailes Praia Grande, com o qual atuou durante dois anos.

Em 1963, fundou, juntamente com Milton Lima dos Santos Filho, Ruy Alexandre Faria e Aquiles Rique Reis, do grupo MPB-4, que ingressou no cenário artístico com o nome de Quarteto do CPC, alterado, no ano seguinte, para MPB-4, em função da extinção dos Centros Populares de Cultura.

Inicialmente atuando como vocalista, instrumentista e arranjador vocal, a partir do segundo LP do grupo passou a assinar, também, os arranjos instrumentais.

Os lançamentos dos primeiros LPs tiveram a direção musical do maestro Lindolpho Gaya. Posteriormente, Magro assume os arranjos das músicas produzidas nos próximos discos. Percebe-se que o grupo desenvolve técnicas vocais sofisticadas, especialmente no posicionamento das vozes em algumas músicas, como "Chão, Pó, Poeira", em que os quatro cantam em ordem inversa às posições vocais de cada um.

MPB-4
Paralelamente à sua atuação com o  MPB-4, foi responsável, também, por arranjos e orquestrações para discos de outros artistas, como Chico Buarque, "Chico Buarque de Holanda, Volume 2" e "Construção", Toquinho & Vinicius, Tunay e Simone, entre outros.

Entre seus trabalhos mais reconhecidos, destacam-se os arranjos vocais para as canções "Lamentos" (Pixinguinha e Vinicius de Moraes), com MPB-4, "Roda Viva" (Chico Buarque), classificada em 3º lugar no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, e registrada em disco pelo compositor, "Cálice" (Gilberto Gil e Chico Buarque), com Chico Buarque, Milton Nascimento e MPB-4, e "Cio da Terra" (Chico Buarque e Milton Nascimento), com MPB-4 e Quarteto em Cy.

Como compositor, é preponderantemente letrista, exceção feita a "Parceria em Marcha Lenta", para a qual compôs a música sobre letra de Luiz Fernando Veríssimo.

Morte

Magro morreu aos 68 anos, na manhã de quarta-feira, 08/08/2012, em São Paulo, onde estava internado em decorrência de um  câncer de próstata que lutava há 10 anos, já diagnosticado com metástase. O cantor estava internado desde a sexta-feira, dia 03/08/2012. A informação foi confirmada no site oficial do grupo: "Com ele vai junto uma parte considerável do vocal brasileiro".

A última apresentação do compositor e instrumentista com o grupo foi no dia 08/06/2012. O velório acontecerá na Beneficência Portuguesa de São Paulo, no bairro de Paraíso, zona sul de São Paulo, e quinta-feira, dia 09/08/2012, o corpo será cremado no Cemitério da Vila Alpina, na zona leste.

Rachel de Queiroz

RACHEL DE QUEIROZ
(92 anos)
Escritora, Romancista, Jornalista, Tradutora, Cronista e Dramaturga 

* Fortaleza, CE (17/11/1910)
+ Rio de Janeiro, RJ (04/11/2003)

Autora de destaque na ficção social nordestina. Foi primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi a primeira mulher galardoada com o Prêmio Camões, equivalente ao Nobel, na língua portuguesa. Ingressou na Academia Cearense de Letras no dia 15 de agosto de 1994 na ocasião do centenário da instituição.

Rachel de Queiroz era filha de Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz, descendente pelo lado materno da família de José de Alencar.

Em 1917, após uma grande seca, mudou-se com seus pais para o Rio de Janeiro e logo depois para Belém do Pará. Retornou para Fortaleza dois anos depois.


Em 1925 concluiu o curso normal no Colégio da Imaculada Conceição. Estreou na imprensa no jornal O Ceará, escrevendo crônicas e poemas de caráter modernista sob o pseudônimo de Rita de Queluz. No mesmo ano lançou em forma de folhetim o primeiro romance, "História de um Nome".

Aos vinte anos, ficou nacionalmente conhecida ao publicar O Quinze (1930), romance que mostra a luta do povo nordestino contra a seca e a miséria. Demonstrando preocupação com questões sociais e hábil na análise psicológica de seus personagens, destaca‐se no desenvolvimento do romance nordestino.

Começou a se interessar em política social em 1928-1929 ao ingressar no que restava do Bloco Operário Camponês em Fortaleza, formando o primeiro núcleo do Partido Comunista. Em 1933, começou a dissentir da direção e se aproximou de Lívio Xavier e de seu grupo em São Paulo, lá indo morar até 1934. Milita então com Aristides Lobo, Plínio Mello, Mário Pedrosa, Lívio Xavier, se filiando ao sindicato dos professores de ensino livre, controlado naquele tempo pelos trotskistas.

Estátua na Praça dos Leões (Fortaleza, CE)
Depois, viajou para o norte em 1934, lá permanecendo até 1939. Já escritora consagrada, mudou-se para o Rio de Janeiro. No mesmo ano foi agraciada com o Prêmio Felipe d'Oliveira pelo livro As Três Marias. Escreveu ainda "João Miguel" (1932), "Caminhos de Pedras" (1937) e "O Galo de Ouro" (1950).

Foi presa em 1937, em Fortaleza, acusada de ser comunista. Exemplares de seus romances foram queimados. Em 1964, apoiou a Ditadura Militar que se instalou no Brasil.

Lançou "Dôra Doralina" em 1975, e depois Memorial de Maria Moura (1992), saga de uma cangaceira nordestina adaptada para a televisão em 1994 numa minissérie apresentada pela Rede Globo. Exibida entre maio e junho de 1994 no Brasil, foi apresentada em Angola, Bolívia, Canadá, Guatemala, Indonésia, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, sendo lançada em DVD em 2004.

Publicou um volume de memórias em 1998. Transformou a sua Fazenda Não Me Deixes, propriedade localizada em Quixadá, estado do Ceará, em reserva particular do patrimônio natural.

Morte

Morreu em 4 de novembro de 2003, vítima de problemas cardíacos, no seu apartamento no Rio de Janeiro, dias antes de completar 93 anos.

Academia Brasileira de Letras

Sua eleição, em 4 de novembro de 1977 para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras, causou certo frisson nas feministas de então. Mas a reação da escritora ao movimento foi bastante sóbria. Numa entrevista, em meio ao grande furor que sua nomeação causou, declarou:

"Eu não entrei para a Academia por ser mulher. Entrei, porque, independentemente disso, tenho uma obra. Tenho amigos queridos aqui dentro. Quase todos os meus amigos são homens, eu não confio muito nas mulheres."

Um verdadeiro choque anafilático no movimento feminista.

Recebida por Adonias Filho, foi a quinta ocupante da cadeira 5, que tem como patrono Bernardo Guimarães.

Prêmios Outorgados

1930 - Prêmio Fundação Graça Aranha para "O Quinze".
1939 - Prêmio Sociedade Felipe d' Oliveira para "As Três Marias".
1954 - Prêmio Saci, de O Estado de São Paulo, para "Lampião".
1957 - Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra.
1959 - Prêmio Teatro, do Instituto Nacional do Livro, e Prêmio Roberto Gomes, da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, para "A Beata Maria do Egito".
1969 - Prêmio Jabuti de Literatura Infantil, da Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, para "O Menino Mágico".
1980 - Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjunto de obra.
1981 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará.
1983 - Medalha Marechal Mascarenhas de Morais, em solenidade realizada no Clube Militar.
1985 - Medalha Rio Branco, do Itamarati.
1986 - Medalha do Mérito Militar no grau de Grande Comendador.
1989 - Medalha da Inconfidência do Governo de Minas Gerais.
1993 - Prêmio Camões, o maior da Língua Portuguesa, sendo a primeira mulher a recebê-lo.
1993 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual do Ceará - UECE.
1995 - Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, de Sobral.
1996 - Prêmio Moinho Santista de Literatura
2000 - Título Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
2001 - Medalha Boticário Ferreira, da Câmara Municipal de Fortaleza.
2001- Troféu Cidade de Camocim em 20 de Julho de 2001 (Academia Camocinense de Letras e Prefeitura Municipal de Camocim)

Obras

Principais:
  • 1930 - O Quinze (Romance)
  • 1932 - João Miguel (Romance)
  • 1937 - Caminho de Pedras (Romance)
  • 1939 - As Três Marias (Romance)
  • 1948 - A Donzela e a Moura Torta (Crônicas)
  • 1950 - O Galo de Ouro  (Romance - Folhetins na revista O Cruzeiro)
  • 1953 - Lampião (Peça Teatral)
  • 1958 - A Beata Maria do Egito (Peça Teatral)
  • 1958 - Cem Crônicas Escolhidas
  • 1964 - O Brasileiro Perplexo (Crônicas)
  • 1967 - O Caçador de Tatu (Crônicas)
  • Um Alpendre, Uma Rede, Um Açude - 100 Crônicas Escolhidas
  • O Homem e o Tempo - 74 Crônicas Escolhidas
  • 1969 - O Menino Mágico (Infanto-Juvenil)
  • 1975 - Dôra, Doralina (Romance)
  • 1976 - As Menininhas e Outras Crônicas
  • 1980 - O Jogador de Sinuca e Mais Historinhas
  • 1986 - Cafute e Pena-de-Prata (Infanto-Juvenil)
  • 1992 - Memorial de Maria Moura (Romance)
  • 1995 - Teatro (Teatro)
  • 1997 - Nosso Ceará (Relato - com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
  • 1998 - Tantos Anos (Autobiografia - com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek)
  • 2000 - Não Me Deixes: Suas Histórias e Sua Cozinha (Memórias Gastronômicas - com Maria Luiza de Queiroz Salek)
Reunidas de Ficção:
  • 1948 - Três Romances
  • 1960 - Quatro Romances
  • 1973 - Seleta (Seleção de Paulo Rónai; notas e estudos de Renato Cordeiro Gomes)

No dia 4 de dezembro de 2003, um mês depois de sua morte, foi lançado na Academia Brasileira de Letras o livro Rachel de Queiroz, um perfil biográfico da escritora, fruto de uma longa pesquisa realizada pela jornalista Socorro Acioli, publicado pelas Edições Demócrito Rocha.

Sua biografia foi narrada no livro No Alpendre com Rachel, de autoria de José Luís Lira, lançado na Academia Brasileira de Letras em 10 de julho de 2003, poucos meses antes do falecimento da escritora.

Traduções

Romances:
  • 1940 - A Família Brodie (A. J. Cronin)
  • 1940 - Eu Soube Amar (Edith Wharton)
  • 1942 - Mansfield Park (Jane Austen)
  • 1942 - Destino da Carne (Samuel Butler)
  • 1942 - Náufragos (Erich Maria Remarque)
  • 1943 - Tempestade d’Alma (Phyllis Bottone)
  • 1943 - O Roteiro das Gaivotas (Daphne Du Maurier)
  • 1946 - A Crônica dos Forsyte (John Galsworthy)
  • 1944 - Helena Wilfuer (Vicki Baum)
  • 1944 - Humilhados e Ofendidos (Fiódor Dostoiévski)
  • 1944 - Fúria no Céu (James Hilton)
  • 1945 - A Intrusa (Henry Ballamann)
  • 1945 - Recordações da Casa dos Mortos (Fiódor Dostoiévski)
  • 1945 - Stella Dallas (Olive Prouty)
  • 1946 - A Promessa (Pearl Buck)
  • 1946 - Cranford (Elisabeth Gaskell)
  • 1947 - O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë)
  • 1947 - Anos de Ternura (A. J. Cronin)
  • 1947 - O Quarto Misterioso e Congresso de Bonecas (Mário Donal)
  • 1947 - Aventuras de Carlota (M. D’Agon de La Contrie)
  • 1947 - A Casa dos Cravos Brancos (Y. Loisel)
  • 1948 - Os Robinsons da Montanha (André Bruyère)
  • 1948 - A Mulher de Trinta Anos (Honoré de Balzac)
  • 1948 - Aventuras da Maleta Negra (A. J. Cronin)
  • 1948 - Os Dois Amores de Grey Manning (Forrest Rosaire)
  • 1948 - A Conquista da Torre Misteriosa (Germaine Verdat)
  • 1950 - A Afilhada do Imperador (Jean Rosmer)
  • 1950 - A Deusa da Tribo (Suzanne Sailly)
  • 1950 - A Predileta (Raphaelle Willems)
  • 1951 - Os Demônios (Fiódor Dostoiévski)
  • 1952 - Os Irmãos Karamazov (Fiódor Dostoiévski)
  • 1963 - Os Carolinos: Crônica de Carlos XII (Verner Von Heidenstam)
  • 1966 - O Deserto do Amor (François Mauriac)
  • 1970 - Idade da fé (Anne Fremantle)
  • 1971 - A Mulher Diabólica (Agatha Christie)
  • 1972 - O Romance da Múmia (Théophile Gautier)
  • 1972 - O Lobo do Mar (Jack London)
  • 1972 - Miguel Strogoff (Júlio Verne)
Biografias e Memórias:
  • 1935 - Eduardo VI e o Seu Tempo (André Maurois)
  • 1943 - A Exilada: Retrato de Uma Mãe Americana (Pearl Buck)
  • 1965 - Minha Vida - caps. 1 a 7 (Charles Chaplin)
  • 1947 - Memórias de Alexandre Dumas, Pai (Alexandre Dumas)
  • 1946 - Vida de Santa Teresa de Jesus (Santa Teresa de Jesus)
  • 1947 - Mulher Imortal (Irwin Stone)
  • 1944 - Memórias (Leon Tolstói)
  • 1952 - Os Deuses Riem (A. J. Cronin)

Fonte: Wikipédia