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Alexandre Jardim

ALEXANDRE JARDIM
(30 anos)
Cantor

☼ 27/05/1959
┼ 04/08/1989

Alexandre jardim foi um cantor nascido no dia 27/05/1959.

Alexandre Jardim ficou conhecido como Príncipe Cantor devido ao quadro "Boa Noite Cinderela" do programa Silvio Santos que era apresentado na década de 70.

Alexandre Jardim gravou o single "É Mentira / Uma Garota e Uma Guitarra" em 1979 pela gravadora Copacabana.

Morte

Alexandre Jardim faleceu na sexta-feira, 04/08/1989, aos 30 anos, após sofrer três paradas cardíacas. Ele estava com pneumonia e era portador de AIDS, doença causada pelo vírus HIV.

#FamososQuePartiram #AlexandreJardim

Roberto Orosco

JOSÉ ROBERTO OROZCO
(43 anos)
Ator

☼ São Paulo, SP (1946)
┼ São Paulo, SP (1989)

Roberto Orosco foi um ator nascido em São Paulo, SP no ano de 1946.

Começou a trabalhar na televisão em 1964, quando fez o Visconde de Sabugosa no "Sítio do Pica-Pau Amarelo".

Em 1965 atuou na novela "O Moço Loiro", de 1965, na TV Tupi de São Paulo. Então apareceu uma grande chance de ir para a TV Globo, em 1972, quando ganhou o papel do boneco Gugu, na primeira versão de "Vila Sésamo" que foi um grande sucesso nacional. Gugu foi seu trabalho de maior sucesso.

Sônia Braga e Gugu, vivido por Roberto Orosco
Roberto Orosco ficou um tempo na TV Globo que passou a ser a maior emissora brasileira. Porém mudou algumas vezes de emissora pois começaram os contratos freelancer por novela. Então ele atuou nas emissoras SBT, TV Manchete e na própria TV Globo.

Roberto Orosco era formado em Química Industrial.

Roberto Orosco faleceu em 1989, aos 43 anos, vítima de linfoma.

Carreira

Televisão
  • 1989 - Sampa ... Manuel
  • 1987 - Carmem ... Roberto
  • 1986 - Tudo ou Nada ... Honório
  • 1986 - Dona Beija ... Afonso
  • 1985 - Um Sonho a Mais
  • 1984 - Santa Marta Fabril S.A.
  • 1983 - Sabor de Mel ... Oliveira
  • 1983 - Fernando da Gata
  • 1983 - Moinho de Vento
  • 1982 - A Força do Amor ... Álvaro
  • 1982 - Os Imigrantes: Terceira Geração ... Antenor
  • 1981 - Os Imigrantes ... Promotor
  • 1972 - Vila Sésamo ... Gugu
  • 1968 - Os Amores de Bob ... Vareta
  • 1967 - Éramos Seis ... Alfredo
  • 1967 - Águias de Fogo (Episódio: "Operação Rondon")
  • 1966 - O Ébrio
  • 1966 - Sangue Rebelde
  • 1965 - O Tirano ... Miguel
  • 1965 - Amor de Perdição ... Simão
  • 1965 - As Professorinhas ... Zé Roberto
  • 1965 - Escrava do Silêncio ... Charles
  • 1965 - O Moço Loiro
  • 1964 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Visconde de Sabugosa

Cinema
  • 1980 - Força Estranha ... Médico
  • 1978 - Pecado se Nome ... Cúmplice
  • 1974 - O Signo de Escorpião ... Clóvis, Gêmeos
  • 1973 - O Detetive Bolacha Contra o Gênio do Crime
  • 1971 - Mãos Vazias
  • 1970 - A Moreninha ... Fabrício
  • 1967 - O Corintiano ... Ricardo
  • 1966 - Três Histórias de Amor

Ney Vianna

JOSÉ DA ROCHA VIANA
(47 anos)
Cantor

* Rio de Janeiro, RJ (1942)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/10/1989)

Para uma escola se tornar grande, ela precisa de títulos ou realizar grandes carnavais. Mas antes disso tudo, uma escola de samba precisa criar ícones, figuras ilustres, bambas, estrelas. Ney Vianna foi um sambista, que contribuiu, e muito, para que sua escola se tornasse uma das maiores agremiações do carnaval carioca. Na identidade, José da Rocha Vianna. Na Avenida, Ney Vianna. Sua escola, Mocidade Independente de Padre Miguel.

Quem via aquele negro alto, magro, de bigode e com uma voz grave e levemente anasalada empunhando um microfone não tinha dúvidas de que se tratava de um dos mais talentosos intérpretes de samba enredo da história do Rio de Janeiro. Ney Vianna é daqueles que viveu a transição do "puxador de samba" para "intérprete". Ele começou a cantar no final da década de 60, na tradicional Em Cima da Hora, do bairro de Cavalcante.

Um divisor de águas aconteceu no ano de 1973, quando Ney Vianna defendeu "O Saber Poético da Literatura de Cordel", de autoria de Baianinho. A composição, elogiadíssima pela crítica e opinião pública, conquistou o Estandarte de Ouro de melhor samba, e Ney Vianna chamou a atenção da diretoria da Mocidade Independente de Padre Miguel pela sua performance na avenida.

A mudança de escola de samba não tardou a acontecer. Nos três carnavais seguintes, Ney Vianna fez dupla com Elza Soares na condução do samba da verde-e-branco de Padre Miguel. Ney Vianna só se afastou da Mocidade Independente de Padre Miguel em 1984, quando teve uma passagem relâmpago pelo Império Serrano.


Em 1987, ganhou seu o Estandarte de Ouro de melhor intérprete.

Na noite de 15/10/1989, durante a final da escolha do samba que contaria o enredo "Vira, Virou, a Mocidade Chegou", Ney Vianna teve um infarto fulminante, morrendo em plena quadra.

Os produtores do disco do carnaval de 1990 lhe renderam uma homenagem, colocando uma gravação antiga de seu grito de guerra, na abertura da faixa da escola.

No desfile, vencido pela Mocidade Independente de Padre Miguel, os carnavalescos Renato Lage e Lílian Rabello também homenagearam o grande intérprete numa alegoria que representava a Vila Vintém, com a reprodução da sua carteira de identidade com uma foto, numa alusão à música "Cartão de Identidade", que Ney Vianna cantava antes de cantar o samba-enredo. Os versos eram a sua cara:

"Mostrando a minha identidade
eu posso falar a verdade
a essa gente
como eu sou
da Mocidade Independente"

"Eu tinha dez anos na época. Eu estava numa festa de 15 anos e chegamos em casa e minha mãe me colocou para dormir com meu irmão. A única pessoa que estava na quadra era uma prima, já falecida, que contou para minha mãe!", lembra o filho Igor Vianna.

Carreira

  • Final Anos 60 - Em Cima da Hora
  • 1970 a 1973 - Em Cima da Hora
  • 1974 a 1983 - Mocidade Independente de Padre Miguel
  • 1984 - Império Serrano
  • 1985 a 1989 - Mocidade Independente de Padre Miguel


Grito de Guerra: "Alô, meu povão de Padre Miguel, Vamos lá!!!"
Gritos de Empolgação: "Em cima agora!", "Pela madrugada!", "Minha bateria!"
Samba-enredo de sua autoria: "Abram Alas Que Chegou a Mocidade" (1981, com Nezinho)

Prêmios

1987 - Estandarte de Ouro - Melhor Intérprete

Fonte: Sambario e Sidney Rezende
Indicação: Miguem Sampaio

Mário Vianna

MÁRIO GONÇALVES VIANNA
(87 anos)
Árbitro e Técnico de Futebol, Comentarista Esportivo e Radialista

* Rio de Janeiro, RJ (06/09/1902)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/10/1989)

Mário Gonçalves Vianna, conhecido como Mário Vianna, foi um árbitro e técnico de futebol, comentarista esportivo e radialista brasileiro.

Mário Vianna trabalhou como engraxate na infância e como operário em uma fábrica de velas. Mais tarde, se juntou à Polícia Especial do Estado Novo, formada por Getúlio Vargas, onde chegou a ser oficial. Foi lá que começou a apitar partidas de futebol entre os policiais e foi então convidado a se juntar ao quadro de árbitros da Federação Carioca.

Em campo ele fazia de tudo: peitava, gritava e até agredia. Era seu jeito de se fazer respeitado por todos. Mário Vianna tinha 1.74 de altura e pesava 90 quilos de uma vitalidade que impressionava a todos que o conheceram. Ele foi de tudo um pouco: baleiro, engraxate, jornaleiro, empacotador de velas, fiscal da guarda civil, policia especial, juiz de futebol, técnico do Palmeiras, Portuguesa e São Cristovão, e finalmente, comentarista de arbitragem na Rádio Globo.

Sua excelente condição física foi adquirida na Policia Especial. E foi apitando peladas, que José Pereira Peixoto, um policial amigo, o convenceu a fazer um curso de árbitro para Liga Metropolitana onde ingressou como primeiro colocado de sua turma.

Sua estréia oficial foi na partida de juvenis entre Girão de Niterói e São Cristovão. Neste jogo ele definiu o estilo que trataria de aperfeiçoar ao longo de sua carreira até torná-la uma espécie de marca pessoal: Expulsou Mato Grosso, zagueiro do seu querido São Cristovão.

Mário Vianna foi uma das grandes figuras da arbitragem do futebol brasileiro. Na sua época era o melhor e participou dos muitos campeonatos internacionais. Depois da Copa do Mundo de 1954, quando Mário Vianna acusou a FIFA de corrupta, foi expulso da arbitragem internacional. Passou a ser comentarista de arbitragem na Rádio Globo ao lado de Waldir AmaralJorge Cury e João Saldanha. Apesar de polêmico era uma figura que tinha um bom coração.


Desde então, começou a construir sua fama de juiz rigorosíssimo, destes que não perdem as rédeas da partida, mesmo nas situações mais adversas. Como no jogo entre Botafogo x Flamengo em General Severiano. Mário Vianna expulsou jogadores do Flamengo, os torcedores não gostaram e começaram a atirar garrafas e pedras contra ele. E ele não teve dúvidas: devolveu tudo para as arquibancadas.

Mário Vianna nunca foi homem de meias medidas. Foi responsável pela única expulsão de Domingos da Guia em onze anos de carreira. Também teve uma passagem com Nilton Santos no clássico Botafogo x Vasco. Atendendo a uma denuncia do bandeirinha, expulsou Nilton Santos que era um gentleman, por ofender o auxiliar. Mário Vianna  achou estranho o caso e, nos vestiários pressionou o bandeirinha que terminou confessando que tinha mentido. Ele ficou sem graça, foi ao vestiário do Botafogo e pediu desculpas a Nilton Santos.

Segundo Mário Vianna, dois jogadores lhe deram muito trabalho: Heleno de Freitas e ZizinhoHeleno de Freitas era irreverente e malicioso. Um dia, no campo do Vasco, tentou comprometer a arbitragem perante o publico, entregando um disco de bolero que o próprio Mário Vianna tinha pedido para o atacante do Botafogo trazer do Chile. O disco foi entregue na pista do estádio e diante do publico. No jogo, Heleno de Freitas quis comandar a arbitragem e terminou expulso de campo.

Houve um jogador que, talvez, por ser estrangeiro e desconhecer a fama de valentão de Mário Vianna, teve a infeliz idéia de desafiá-lo. Foi durante o jogo Itália x Suíça na Copa do Mundo de 1954. Inconformado com uma marcação do brasileiro, Boniperti partiu para cima do juiz aos empurrões. Mário Vianna aplicou-lhe um direto no queixo. Mandou que o carregassem para os vestiários e, ironicamente, disse para o massagista - Se ele tiver condições, pode voltar para o segundo tempo. Boniperti voltou bem mansinho.

Durante a Copa do Mundo de 1954, no jogo Brasil x Hungria, chamou o juiz Mr. Ellis e os dirigentes da FIFA, de "Camarilha de Ladrões" e foi expulso do quadro de árbitros da entidade. Quando já era comentarista de arbitragem na Rádio Globo, quase perdeu o emprego por duas vezes. Na primeira, disse que o juiz Abraham Klein, além de judeu era ladrão. Os patrocinadores do programa eram, como Abraham Klein, judeus. Outra vez, numa mesa redonda na TV, sentiu-se asfixiado pela fumaça dos cigarros que os companheiros fumavam. E Mário Vianna desabafou: "Parem de fumar, isso é um veneno, polui os pulmões!". O patrocinador do programa era a Souza Cruz, fabricante de cigarros.


Como todo personagem folclórico, Mário Vianna também tinha o seu lado místico. Era espírita da linha Alan Kardec, rezava ao se deitar e se levantar. Alguns casos são conhecidos:

Na Copa de 1970, era companheiro de quarto de Luis Mendes. Certa manhã ao se levantar, virou-se para o companheiro e disse: "Mendes, liga para tua casa porque seu irmão desencarnou". Apavorado, Luis Mendes pegou o telefone, ligou para casa e ficou sabendo que seu irmão havia falecido naquela madrugada.

Waldir Amaral contou que certa vez estava embarcando com Mário Vianna para São Paulo. E ele advertiu: "Waldir esse avião vai pifar. Vamos esperar outro vôo!". - "Que nada, Mário, deixe de besteiras!" - retrucou Waldir Amaral. Os dois embarcaram e quando o avião ia decolar, o motor enguiçou e o piloto foi obrigado a dar um cavalo de pau para não cair na Baía da Guanabara.

Mário Vianna foi um homem de muitas histórias. Histórias colhidas ao longo de 38 anos de Policia Especial, 25 de árbitro e 22 de comentarista. 

Fez famosas máximas como "Mário Vianna com dois enes" e "Gol Le...gal", que bradava após a maioria dos gols narrados.

Mário Vianna faleceu aos 87 anos vítima de uma pneumonia no Rio de Janeiro no dia 16/10/1989.

Indicação: Miguel Sampaio

Mário Gennari Filho

MÁRIO GENNARI FILHO
(59 anos)
Compositor, Instrumentista e Professor

* São Paulo, SP (07/07/1929)
+ São Paulo, SP (06/1989)

Mario Gennari Filho foi um exemplo de superação pois apesar de ser um deficiente visual não o impedi-o de tornar-se um excelente instrumentista, que tocava acordeom, violão, piano, solovox, guitarra havaiana. Além disso era exímio compositor, professor de vários instrumentos, mas principalmente de acordeom. Junto com a também acordeonista Rosani M. de Barros, teve um conservatório para o ensino do acordeom em São Paulo. Mario Gennari Filho formou inúmeros instrumentistas, na sua atuação como professor.

Destacou-se como acordeonista, principalmente nas décadas de 40 e 50. Sua estréia se deu quando tinha apenas oito anos, na Rádio Bandeirantes de São Paulo, no programa de Capitão Barduíno.

Em 1943, aos 14 anos gravou o primeiro disco pela gravadora Columbia, em dupla de acordeom com Ângelo Reale interpretando ao acordeom a rancheira "Sempre Alegre" e o maxixe "Rã na Frigideira", ambos de autoria de Ângelo Reale.

Em 1944 gravou seus primeiros discos solos com um choro "Tutti-Frutti" e uma polca, "Deliciosa", de sua autoria.

Em 1945 gravou a valsa "Viajando Pela Itália" (Valenti) e "Valsa da Meia-Noite" (Domínio Público), pela Continental. Gravou mais de 35 discos em 78 RPM pelas gravadoras Columbia, Continental e Odeon.

Em 1948 gravou de sua autoria a rancheira "Sorocabana" e a polca "Saci Pererê".

Em 1950 gravou na Odeon o baião "Casinha Pequenina" (Domínio Público), com arranjos seus e que se tornou um de seus maiores sucessos. No mesmo ano gravou o choro "Brasileirinho" de Waldir Azevedo.


Em 1951 gravou o fox "Terceiro Homem" (Anton Karas), com a participação de Garoto na guitarra havaiana, e "Maringá" (Joubert de Carvalho), em ritmo de baião. No mesmo ano gravou outro de seus grandes sucessos, "Chuá-Chuá" (Sá Pereira e Ari Pavão).

Em 1952 gravou "Taí" (Joubert de Carvalho) em ritmo de baião, e o baião "A Cuíca Tá Roncando" (Raul Torres). Ainda em 1952 obteve um de seus maiores sucessos com "Baião Caçula", regravado mais quatro vezes no mesmo período.

Em 1953 gravou de Francisco Alves, David Nasser e Felisberto Martins o baião "Quando Eu Era Pequenino" e de Joubert de Carvalho o bolero "Que Bom Que Estava".

Em 1955 gravou com sucesso de sua autoria o bolero "Teu Nome Tem Cinco Letras". Trabalhou na Rádio Bandeirantes e depois integrou o elenco da Rádio Tupi paulista, onde ficou por 12 anos. Com o advento da televisão, passou a atuar em vários programas paulistas.

Em 1957 gravou de sua autoria o maxixe "Namoro Sertanejo" e o baião "A Saudade Já Chegou".

Em 1958 compôs com Celeste Novais o rock balada "Perdoa-me", gravado por Tony Campello e o calipso "Belo Rapaz", gravado por Celly Campello, em disco que lançou os irmãos Campello.

Mário Gennari Filho acompanhou os irmãos Tony CampelloCelly Campello nos seus primeiros discos pela gravadora Odeon no final dos anos 50. Nos discos constam o nome de Mario Gennari e seu Conjunto. Algumas famosas canções acompanhadas por Mário Gennari Filho foram "Banho de Lua", "Estúpido Cupido", "Lacinhos Cor de Rosa" e "Pobre de Mim".

Em 1959 gravou com seu conjunto na gravadora Odeon o samba "Canta Brasil" (David Nasser e Alcir Pires Vermelho) e "Brigas, Nunca Mais" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes).

Mário Gennari Filho fez várias excursões por todo o Brasil e recebeu várias vezes o Prêmio Roquette Pinto de melhor instrumentista.

Mário Gennari Filho faleceu em São Paulo, em junho de 1989, aos 59 anos. 


Discografia

  • 1967 - Mário Gennari Filho Revive Mário Gennari Filho (LP)
  • 1967 - Mário Gennari Filho e Seu Conjunto (LP)
  • 1965 - Sucessos - Mário Gennari Filho e Conjunto (LP)
  • 1963 - Telstar / Afrikaan Beat (Odeon, 78)
  • 1963 - Baião Caçula / Zíngara (Odeon, 78)
  • 1962 - Sucessos Que Andam Pelo Brasil (LP)
  • 1962 - Pinta Braba / Flor De Ipê (Orion, 78)
  • 1961 - Eu Danço, Tu Danças, Todos Dançam (LP)
  • 1961 - Rumbanita / Piccolina (Odeon, 78)
  • 1961 - Balanço Do Samba / Bat Masterson (Odeon, 78)
  • 1960 - O Milionário do Acordeom (LP)
  • 1960 - Cidade Maravilhosa / Casinha Pequenina (Odeon, 78)
  • 1960 - Pedacinho De Lua / Cupido Não Falhou (Odeon, 78)
  • 1959 - Mário Gennari Filho e Seus Sucessos (LP)
  • 1959 - Nativo / Canta Brasil (Odeon, 78)
  • 1959 - Brigas Nunca Mais / Hino Ao Amor (Odeon, 78)
  • 1959 - La Violetera / Quem É? (Odeon, 78)
  • 1958 - Em 4 Instrumentos (LP)
  • 1957 - Namoro Sertanejo / A Saudade Já Chegou (Odeon, 78)
  • 1957 - Razão De Um Querer / Brotolândia (Odeon, 78)
  • 1957 - Saudade Da Bahia / Que Murmurem (Odeon, 78)
  • 1957 - Cascatella / No Jardim De Um Templo Chinês (Odeon, 78)
  • 1956 - Dançando Com o Acordeonista Milionário
  • 1956 - Longe De Minha Terra / Sobre O Arco-Íris (Odeon, 78)
  • 1956 - Minha Prece / Lavadeiras De Portugal (Odeon, 78)
  • 1956 - Lisboa Antiga / Os Pobres De Paris (Odeon, 78)
  • 1956 - Mambo Do Martelo / Prece Ao Samba (Odeon, 78)
  • 1955 - Eu Tive Que Te Beijar / Teu Nome Tem Cinco Letras (Odeon, 78)
  • 1955 - Recuerdos De Ypacarai / Porque Te Quero (Odeon, 78)
  • 1954 - Ritmos Dançantes (LP)
  • 1954 - Seis Amores / Mira-me (Odeon, 78)
  • 1954 - Vaya Com Dios / Baião Do Auditório (Odeon, 78)
  • 1954 - Menina Na Janela / Bahia Com "H" (Odeon, 78)
  • 1954 - Violetas Imperiais / Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite (Odeon, 78)
  • 1953 - A Voz Do Violão / O Cigano (Odeon, 78)
  • 1953 - Quando Eu Era Pequenino / Que Bom Que Estava (Odeon, 78)
  • 1953 - Brincando De Roda / Vivo Só (Odeon, 78)
  • 1953 - Parabéns São Paulo / Lili (Odeon, 78)
  • 1952 - Taí / Velho Romance (Odeon, 78)
  • 1952 - A Cuíca Tá Roncando / Boneca (Odeon, 78)
  • 1952 - Copacabana / Índia (Odeon, 78)
  • 1952 - Coisinha Boa / Teu Nome (Odeon, 78)
  • 1952 - Garota / Cubanita (Odeon, 78)
  • 1952 - Baião Da Sorte / ABC Do Mambo (Odeon, 78)
  • 1951 - Terceiro Homem / Maringá (Odeon, 78)
  • 1951 - Chuá-Chuá / O "Eme" De Minha Mão (Odeon, 78)
  • 1951 - Odeon / Casinha Pequenina (Odeon, 78)
  • 1951 - De Papo Pro Ar / Na Baixa Do Sapateiro (Odeon, 78)
  • 1951 - Baião Caçula / Zingara (Odeon, 78)
  • 1950 - Casinha Pequenina / Aquarela Do Brasil-Rio de Janeiro (Odeon, 78)
  • 1950 - Brasileirinho / Não Me Toques (Odeon, 78)
  • 1949 - No Tempo Antigo / Arapuã (Continental, 78)
  • 1948 - Sorocabana / Saci Pererê (Continental, 78)
  • 1946 - El Novillero / Ou Vai, Ou Racha (Continental, 78)
  • 1945 - Viajando Pela Itália / Valsa Da Meia-Noite (Continental, 78)
  • 1945 - Tico-Tico No Fubá / Elci (Continental, 78)
  • 1945 - Raio De Sol / La Venzzoza (Continental, 78)
  • 1945 - Um Passeio Em Pernambuco / Granada (Continental, 78)
  • 1944 - Os Pintinhos No Terreiro / Tutti-Frutti (Continental, 78)
  • 1944 - Deliciosa (Continental, 78)
  • 1943 - Sempre Alegre / Rã Na Frigideira (Colúmbia, 78)


Indicação: Miguel Sampaio

Silvinho

SÍLVIO ALBERTO JUSTO DA SILVA
(44 anos)
Cabeleireiro

* São Paulo, SP (1945)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/10/1989)

Silvio Alberto Justo da Silva, o Silvinho, foi um cabeleireiro carioca que se tornou conhecido por seu leque de clientes famosas, entre as quais as atrizes Betty Faria e Elke Maravilha.

Silvinho foi talvez o mais importante Hair Stylist brasileiro dos anos 70, conhecido como "O Cabeleireiro das Estrelas" que participou intensamente da cena artística e fez inúmeros trabalhos para fotografia de moda, foto de beleza, publicidade, nus para as revistas masculinas, cinema e televisão.

Silvinho começou a galgar os céus do estrelato ainda na década de 60, quando já trabalhava como cabeleireiro, principalmente de moda e beleza. Mas foi na década de 70 que ele ficou famoso de vez, tornando-se referência de luxo e bom gosto nos visuais que criava.

Seu trabalho foi tão influente no mundo pop brasileiro dos anos 60, 70 e 80, que ele passou a ser visto quase como uma estrela de TV. E virou uma delas: passou a fazer parte do corpo de jurados do programa do Chacrinha na televisão, na década de 70.


Silvinho fez trabalhos na área de moda, publicidade, cinema, televisão e até penteados para as atrizes que posavam nuas nas revistas masculinas da época. Com impressionante talento e inesgotável exuberância, mesclava elementos hippies com toques underground e passou por todas as fases e modas: o tropicalismo, o black power, o desbunde dos 70, a disco, dentre outras.

Nascido em São Paulo em 1945, filho de mãe húngara e de pai descendente de imigrantes italianos, veio de uma família pobre, mas desde cedo revelou-se um virtuose no corte de cabelos. Na década de 60 já se destacava como um craque nos cortes de cabelos em um pequeno salão onde trabalhava. A atriz Renata Fronzi, que era dona de um salão de beleza chique na capital paulista, descobriu Silvinho e o carregou para trabalhar com ela.

A partir dali, todas as celebridades e elegantes queriam ser "cortadas" e penteadas pelo moço. Incluindo a modelo estrangeira Veruska, um dos ícones dos anos 60, que atuou no filme "Blow Up" no ano de 1966, de Michelangelo Antonioni, e veio ao Brasil ainda naquela década com o fotógrafo Franco Rubartelli. A top escolheu Silvinho para produzir seu visual para um editorial de moda.

O passo seguinte foi se mudar para o Rio de Janeiro, onde trabalhou no famoso salão Jambert, do espanhol Jambert Garcia, situado em Ipanema. O salão foi o mais badalado no Rio de Janeiro dos anos 70, repleto de tapetes persas e lustres de cristal. Logo Silvinho virou o preferido de mulheres famosas como Betty Faria, Sandra Bréa, Elke Maravilha, Yoná Magalhães, Zezé MottaMarina Montini e até Elis Regina. Além de cuidar do estilo capilar dessas poderosas, ele ficou muito amigo de várias delas, principalmente Betty Faria Sandra Bréa.

"As mulheres me contam tudo!"
(Silvinho em entrevista nos anos 70)

Betty Faria conta que, às vésperas de iniciar as gravações da minissérie global "Anos Dourados" (1986), que se passava na década de 50, estava em casa acompanhada do amigo e folheavam revistas antigas. Ao se depararem com uma foto da atriz italiana Gina Lollobrigida na década de 50, gritaram: "É esse cabelo!". Silvinho então fez o corte que imortalizou Betty Faria no papel da desquitada Glória.

Elke Maravilha e Silvinho
Sandra Bréa, por sua vez, só fazia cabelo com ele, inclusive nas inúmeras vezes em que posou nua para a revista Playboy. Uma delas, com os cabelos cacheados - obra de Silvinho. Segundo fonte, pouco antes de morrer, Sandra Bréa - que tinha os cabelos extremamente lisos - comentou: "Enrolar meus cabelos? Só Silvinho conseguia!".

Além de trabalhar como louco fazendo visuais para produção de revistas e TV - e não somente o cabelo, mas também a maquiagem e a produção das roupas, criando o visual completo das panteras -, ele ainda encontrava tempo para ferver. Vivendo o auge dos 70, era inevitável que Silvinho se jogasse na noite. Saía para a vida noturna acompanhado de mulheres badaladas e famosas, montadas por ele. Virou figurinha fácil em colunas sociais e também costumava desfilar no carnaval carioca, como em 1973, quando saiu pela Portela.

Também chegou a posar, ele mesmo, como modelo em editoriais de moda criados por ele, fazendo a linha Latin Lover, ao lado de pin-ups como Marlene Silva, Marina Montini e as próprias Elke MaravilhaSandra Bréa.

Em festas e badalações, surgia com visuais incríveis, explosivos e com toques de "Dzi Croquettes", o famoso grupo performático que também marcou os anos 70. De tão representativo, Silvinho foi uma das celebridades que fez uma ponta na novela global "Dancin' Days" (1978), como ele mesmo, surgindo na inauguração da discoteca que dava título à novela.

O filme norte-americano "Shampoo" (1975), por sinal, trazia como protagonista um esfuziante cabeleireiro, interpretado por Warren Beatty, que tinha casos com as inúmeras mulheres que penteava. Silvinho pode ser considerado uma versão verdadeira de tal personagem, já que, embora visivelmente andrógino e com uma sexualidade ambígua, teria tido flertes com algumas de suas estrelas, como Sandra Bréa.

O suposto romance entre SilvinhoSandra Bréa foi novamente comentado em 1993, quando a atriz anunciou publicamente que era soropositiva. Mas o cabeleireiro já não podia comentar o assunto, pois havia falecido em 06/10/1989, aos 44 anos, no Rio de Janeiro.

Ele descobriu ser portador do vírus do HIV em 1987, quando diagnosticou um câncer no estômago. Na época, ser soropositivo era uma sentença de morte. De fato, dois anos depois ele morria, e a causa da morte divulgada foi um linfoma no estômago e no esôfago.

Vários anos após sua morte, vale lembrar a importância de Silvinho, que acreditava fazer arte com sua profissão e ficou imortalizado como o mais importante Hair Stylist brasileiro dos anos 70.


Morte

Em 1987, ao iniciar um tratamento de câncer de estômago, Silvinho descobriu que também era portador do vírus da AIDS. De fato, dois anos depois, no dia 06/10/1989, no Rio de Janeiro, ele morria, e a causa da morte divulgada foi um linfoma no estômago e no esôfago.

Fonte: A Capa e Veja (11 de outubro, 1989 - Edição n° 1100 - Datas - Pág. 111)

Arnaldo Weiss

ARNALDO WEISS
(58 anos)
Ator

* Presidente Prudente, SP (05/07/1930)
+ São Paulo, SP (02/04/1989)

Arnaldo Weiss foi um ator brasileiro que atuou em novelas como "Irmãos Coragem" (1970), "Selva de Pedra" (1972) e "O Bem Amado" (1973).

Arnaldo Weiss começou a carreira no Teatro de Arena de São Paulo, junto a Augusto Boal e Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha.

Sempre atuou como coadjuvante e por muitas vezes foi o pai das principais heroínas e dos galãs das novelas.

Trabalhou em praticamente todas as emissoras, TV Tupi, TV Excelsior, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Record e SBT, e era uma presença constante na TV, tendo feito em 32 anos de carreira, mais de 40 trabalhos entre novelas, minisséries e especiais.

Na TV Tupi, Arnaldo Weiss fez o "TV de Comédia", "TV de Vanguarda" e novelas como "O Segredo de Laura" (1964), "Hospital", "Divinas e Maravilhosas", "A Barba-Azul" (1974), "A Viagem" (1975) e "Os Apóstolos de Judas" (1976).

Na TV Globo, Arnaldo Weiss esteve presente em "Irmãos Coragem" (1970), "O Homem que Deve Morrer" (1971), "Selva de Pedra" (1972), "O Bem Amado" (1973), "Supermanoela" (1974) e na minissérie "Grande Sertão Veredas" (1985).

Na TV Bandeirantes foi destaque em "Pé de Vento" (1980), "Um Homem Muito Especial" (1980) e "Os Imigrantes" (1981). Participou, ainda, de "O Espantalho" (1977) na TV Record, de "Meus Filhos, Minha Vida" (1984) e "Jerônimo, O Herói do Sertão" (1984) no SBT.

A estréia de Arnaldo Weiss no cinema nacional aconteceu em 1955, no filme "Carnaval Em Lá Maior". Ainda no cinema fez "Eva no Brasil", "O Vigilante E OS Cinco Valentes", "O Donzelo" (1971), "Cléo e Daniel" (1970), "O Sexualista" e "Verde Vinho".

Arnaldo Weiss morreu em 02/04/1989, mas essa informação passou despercebida pela imprensa. Ele deixou esposa e filha.

Fonte: Filmow

Chico Landi

FRANCISCO SACCO LANDI
(81 anos)
Piloto Automobilístico

* São Paulo, SP (11/07/1907)
+ São Paulo, SP (07/06/1989)

Nascido em São Paulo no dia 11/07/1907, filho de uma próspera família, seu pai, Paschoal Landi, era um comerciante italiano que se dera muito bem quando estes vieram para o Brasil e sua mãe já era de uma segunda geração, sendo uma ítalo-brasileira. Chico Landi, foi um garoto que teve a oportunidade rara de estudar, pois naquela época, isto era privilégio de poucos. Pequeno, acompanhava o pai nas corridas dos carroceiros de Santana, que era disputada neste bairro paulistano.

Após o falecimento do pai, a vida de Chico Landi deu uma reviravolta e o então garoto, teve de começar a trabalhar. Sua vida mudaria completamente e o sonho de conseguir um diploma universitário e um título acabou tendo que ser deixado de lado.

Algum tempo depois, junto com o irmão QuirinoChico Landi começou a se interessar pelo automobilismo, disputando rachas pelas então vazias ruas de São Paulo. Em 1928, Chico Landi comprou um Chevrolet 28, conhecido como "Cabeça de Cavalo": Por anos a fio - décadas, na verdade - Chico Landi repetia:

"Aprendi a correr naquele Chevrolet 28. No início tirava rachas que valiam 5 mil réis ao vencedor, numa época em que a lata de gasolina com 18 litros, custava 2 mil réis"
(Chico Landi)

Esta chamada do ter aprendido a correr em um Chevrolet rendeu-lhe, décadas depois, o convite para ser garoto propaganda da marca para promoção do Opala.

Foi um passo para começar a disputar corridas em São Paulo e no Rio de Janeiro, incluindo-se também, o temível circuito da Gávea, apelidado de "trampolim do diabo". A sua primeira corrida importante foi na Gávea, no ano de 1934, quando abandonou a prova. O abandono da estreia oficial em 1934 não foi um desalento, mas um estímulo. A primeira vitória foi em 1935, na corrida do "Chapadão". A pista tinha mais buracos que asfalto, em vez de guard-rails, usavam fardos de alfafa, a roupa protetora era uma camisa de mangas curtas, um blusão de couro e um par de óculos escuros. Nesta prova, Chico Landi venceu com uma média de 135 km/h.

Os anos 40 foram o auge da forma para Chico Landi. O seu grande azar foi a II Guerra Mundial, que paralisou as competições na Europa e esvaziou as competições nacionais, que deixaram de ter a vinda dos pilotos estrangeiros para o Grande Prêmio do Brasil, que era disputado no circuito da Gávea. Foi justamente neste período da guerra que ele conquistou a primeira de suas três vitórias neta prova, em 1941.

Mas para que ninguém diga que ele não venceu os europeus, ele conquistou também as provas nos anos de 1947 e 1948. A mais bela e emocionante dessas vitórias foi em 1947, quando venceu os italianos Luigi Villoresi e Achille Varzi, que competiam com carros Maserati, iguais ao seu.

No período da guerra, numa época que o Brasil importava todo o combustível que consumia, os apaixonados pelo automobilismo encontraram um jeito de não ficar parados: com o início do uso do gasogênio nos veículos, logo se passou a realizar corridas, especialmente em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Chico Landi sagrou-se campeão correndo com estes carros também.


O automobilismo mundial começava a se reestruturar e era a hora de lançar-se no desafio de enfrentar os melhores do mundo na casa deles. Ainda em 1947, Chico Landi resolveu ir para a Europa, para assistir ao I Grande Prêmio de Bari. Com o auxílio do amigo Achille Varzi, conseguiu uma Maserati e participou da prova. Com a belíssima atuação, foi convidado pelo Automóvel Clube de Bari para correr no ano seguinte.

Recebeu uma Ferrari, com o número de fabricação 004. De forma magnífica, conquistou a prova e recebeu uma taça enorme, com a base toda em mármore de carrara. Na alfândega italiana, porém, quase ficou sem a taça, pois os italianos disseram que a mesma era uma relíquia. Todavia, o governo brasileiro interveio e Chico Landi trouxe seu prêmio. Como curiosidade dessa prova, pelo fato dos organizadores da prova de Bari, não terem o hino nacional brasileiro, no pódio, Chico Landi teve de ouvir "O Guarani" de Carlos Gomes. Este dia entrava para a história do automobilismo brasileiro e o Brasil, para a história do automobilismo internacional.

Nesse mesmo ano, disputou uma prova em Silverstone. O brasileiro liderava a prova, quando teve de parar nos boxes para trocar seus pneus. De volta a pista, com muito tempo perdido, recuperou-se espetacularmente e ainda conseguiu o segundo lugar. Nesta época, convenceu o "Comendatore" Enzo Ferrari a lhe vender uma de suas "Macchinas"... contudo, teve um enorme desgosto ao abrir o capô e constatar tratar-se de uma Ferrari já usada. Ele chorava e as pessoas pensavam que era emoção. Baixinho, confidenciou a um amigo sua triste constatação. Amigo que é amigo, não se faz de rogado: "Não fala nada... ninguém precisa ficar sabendo". Esta Ferrari foi pintada com as cores nacionais, com o amarelo predominando.

Com início da Fórmula 1, em 1950, a categoria, feita para reunir os melhores carros e pilotos do mundo passava a ser a grande ambição de todo piloto. Contudo, Chico Landi só começou a disputar provas da Fórmula 1 em 1951. Foram seis corridas no seu currículo. Conquistou um excelente 4º lugar, no Grande Prêmio da Argentina de 1956, dividindo a condução do carro com o italiano Gerino Gerini, num Maserati 250 F.

Chico Lando (Esquerda) e Tony Bianco (Direita)
Em 1951, a Fórmula 1

Chico Landi ficou na Europa por oito anos. Disputou provas contra todos os grandes pilotos da época e é notório o fato, de que se tivesse um incentivo maior, como por exemplo, o que Juan Manuel Fangio recebeu do governo argentino, poderia ter conquistado, possivelmente, várias façanhas. Chico Landi voltou a vencer o Grande Prêmio de Bari em 1952, mas este não fazia parte do calendário da Fórmula 1, apesar de contar com a maioria dos pilotos que a disputavam.

As vitórias de Juan Manuel Fangio foram muito importantes como propaganda do seu país. Enquanto o argentino tinha apoio oficial, Chico Landi é quem carregava a bandeira brasileira na mala para ser hasteada nos autódromos, passando pelo absurdo de ter que explicar que aquela não era a bandeira da Argentina, mas sim do Brasil.

Chico Landi afirmava que para um piloto vencer, era necessário sorte, não apenas sua capacidade de pilotar ou o fato de ter um bom carro. Certa vez, reunido em um bar com Juan Manuel Fangio, Luigi Villoresi, Alberto Ascari, Tazio Nuvolari e outros, conversava quando um jornalista italiano perguntou a cada um o que era preciso para vencer uma corrida. Quase todos afirmaram que era preciso 50% do carro e 50% do piloto. Chico Landi foi o último a responder, e disse que eram preciso três coisas: "Sorte, depois mais sorte, e finalmente, muita sorte!".

No começo dos anos 50, os Alfa Romeo eram os grandes carros do automobilismo mundial, só que Chico Landi nunca aceitou fazer testes com os Alfetta: Apesar da "sacanagem" de vender um carro usado pra ele, Chico Landi gostava muito do Enzo Ferrari, que, na Europa, o orientou e confiou nele como piloto, dando toda a assistência possível. Por isso preferia correr com os carros Ferrari e Maserati, mesmo sabendo que não tinha nenhuma chance contra os Alfetta.

Em seis corridas válidas pelo Campeonato Mundial de Fórmula 1, teve como seu melhor resultado uma quarta colocação no Grande Prêmio da Argentina de 1956, quando dividiu a Maserati com Gerino Gerini.

Sem ter condições de disputar temporadas completas na Fórmula 1, Chico Landi continuou correndo no Brasil nos anos 50, tanto em Interlagos como no recém criado circuito da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Chico Landi foi um dos grandes precursores das categorias "Mecânica Nacional" e "Mecânica Continental".

Nos anos 60, fez aquela que ele considerou sua maior corrida: "Em 1960, com um Oldsmobile de passeio, fiz outra das corridas mais emocionantes da minha vida: levei minha mulher às pressas para a maternidade, onde nasceu minha filha", contou ele por décadas. Esta pode ter sido para ele. Para os seus fãs e fãs do automobilismo, foi a conquista das Mil Milhas Brasileiras, ao lado do jovem e promissor Christian Heins, ao volante de um JK com motor de 2 litros.


O Primeiro Fórmula 1 Brasileiro

Logo após, inspirado numa Ferrari Shark Nose de 1961, Chico Landi e Tony Bianco criaram no início da década de 60, o primeiro Fórmula 1 brasileiro. Era o "Landi-Bianco F1", um Fórmula Jr, um dos primeiros "monopostos modernos" no Brasil, mas com motor Alfa Romeo 2000 ou Simca V8 2600, dentro das especificações da Fórmula 1 daquela época. Este bólido teve uma vida curta: Fez sua estreia em 1962, nos 500 km de Interlagos. Infelizmente, foi pilotando este carro que faleceu Celso Lara Barberis, nos 500 km de Interlagos de 1963. Chico Landi e Tony Bianco desmontaram o que sobrou do carro.

Foram construídos dois carros Landi F1. Um com motor Alfa Romeo do JK 2000 e outro com motor do Simca Chambord 2600. Embora a Fórmula 1 fosse 1,5 litro na época, aqui eram chamados de Fórmula 1, embora tivessem motores maiores.

Nos anos 60, talvez de uma forma não intencional, Chico Landi acabou sendo responsável - de alguma forma - pelo 'empurrão' que talvez faltasse para que surgissem uma das grandes equipes de competição do Brasil: a Dacon.

Foi com um Karmann Ghia, equipado com um motor Porsche de 1,6 litros, preparado por Paulo Goulart, que veio a ser o grande comandante da equipe, que Chico Landi venceu as 100 milhas da Guanabara de 1964.

Como o DNA da família era forte, um digníssimo herdeiro já estava fazendo sucesso nas pistas, mesmo sem usar seu sobrenome. Camilo Christófaro, o Lobo do Canindé honrou o sangue da família e, em alguns momentos, deu ao tio a alegria de pilotar um dos seus carros. Contudo, talvez alguns historiadores possam vir a imputar sobre seus ombros a responsabilidade - mesmo que indireta - da trágica corrida de Petrópolis de 1968. Quando viu o traçado e a direção do circuito (no sentido horário), Chico Landi afirmou que "de acordo com as normas da FIA, os circuitos de rua deveriam ser no sentido anti-horário". De onde ele tirou isso, ninguém sabe, afinal, Mônaco e Pau, que recebiam corridas na época, eram e são no sentido horário!

Nos anos 70, mesmo com mais de 60 anos, Chico Landi ainda corria, eventualmente. Sua última prova foi em 1974, quando disputou a prova 25 Horas de Interlagos, com um Maverick V8 Quadrijet nº. 4. Foi 3º colocado, junto com o filho Luiz Landi e Antônio Castro Prado. "Resolvi. Não entro num carro nem para experimentar. Quero completar um ano sem correr e, se isso acontecer, será a primeira vez, desde que comecei. Então posso ter certeza que parei", disse Chico Landi após a prova.

Chico Landi ainda falaria:

"Corri de 1934 a 1974, dando mais importância ao esporte do que à vitória. Na época da guerra, faltava gasolina, mas não faltava vontade. Peguei um Chevrolet 41, coloquei um gasogênio e fui campeão três anos seguidos: ganhei a Niterói-Campos, a Rio-Petropólis e a corrida da Pampulha!" 

Porém, a paixão pela velocidade não conseguiu fazer com que Chico Landi ficasse longe das pistas. Nos anos 80 do século passado, foi administrador do autódromo de Interlagos. Foi um dos responsáveis pela volta da Fórmula 1 a essa pista, mas no entanto, não conseguiu ver a prova de 1990.


Morte

Chico Landi faleceu no dia 07/06/1989, aos 81 anos, vítima de Insuficiência Cardíaca. Seu corpo foi cremado e suas cinzas, espalhadas pelo autódromo de Interlagos.

Fonte: Nobres do Grid

Mauro Celso

MAURO CELSO
(38 anos)
Cantor e Compositor

☼ São José do Rio Pardo, SP (10/11/1951)
┼ Iguape, SP (15/04/1989)

Mauro Celso foi um conhecido cantor brasileiro, um marco importante da história da Música Popular Brasileira, com músicas como "Farofa-fá" (1975, num festival da canção) e "Bilu-Tetéia", nessa época residia em Osasco, na grande São Paulo.

Mauro Celso nasceu em 1951 na cidade de São José do Rio Pardo, em São Paulo. O cantor ficou famoso em 1975 após participar da segunda eliminatória do Festival Abertura, da TV Globo.

Enquanto cantava "Farofa-fá", o público do festival delirava com o ritmo alegre e cantavam simultaneamente a música despretensiosa de Mauro Celso. Os jurados não gostaram da letra de Mauro Celso, preferiram Carlinhos Vergueiro, com "Como Um Ladrão" e a música "Muito Tudo", de Walter Franco. O público que naquela noite de janeiro de 1975, lotou o Teatro Municipal de São Paulo, não sentiu nas músicas dos outros participantes, a mesma empolgação clara e vibrante de "Farofa-fá".

Mauro Celso foi lançado pela RCA Victor no mercado fonográfico cantando duas músicas de sua autoria em compacto simples. De um lado do disco a comestível "Farofa-fá", acompanhada por "Coceira" do Lado B, ambas com arranjos do maestro Daniel Salinas. Com a música "Farofa-fá", o cantor conquistou posição privilegiada dentre as dez músicas mais tocadas do Brasil, público de todas as idades e principalmente o público infantil. Ganhou as paradas do rádio e tornou-se famoso nacionalmente da noite para o dia, com uma letra que ele mesmo considerava simples e portanto popular. 

A gravadora RCA Victor, que já havia engordado com tanta farofa, lançou no mesmo ano, o LP de Mauro Celso. A nova música faria tanto sucesso quanto a primeira. As poucas pessoas que não gostaram de "Farofa-fá", se renderam ao sucesso contagiante de "Bilu-Tetéia", dançando alegremente nos bailes de carnaval.

"Bilu-Tetéia" foi lançada no segundo compacto (duplo) de Mauro Celso, contendo além de "Bilu-Tetéia", "Coisa Com Coisa" (Mauro Celso e João Barata), "Fumaçá" e "Coceira", que tentava pela segunda vez entrar no gosto do povo, mas foi rejeitada por se parecer tanto com a original "Farofa-fá".

O LP "Mauro Celso Para Crianças Até 80 Anos", veio envolto em alegria com 12 letras criativas e músicas contagiantes. Com direção artística de Osmar Zan e regências de Daniel Salinas, o LP trouxe ainda outros compositores além de Mauro Celso, que assinou a maioria. Gabino Correa, pai da cantora Júlia Graciela, assinou "Mikitila" e o compositor Joca de Castro participou como autor da música "Olhar de Jacaré". O disco foi bem sucedido em vendagens e execução. Além de "Bilu-Tetéia", a música "Coró-Cocó", narrando a história do galo carijó, caiu no gosto da criançada e conquistou as rádios do país. Pelo sucesso que fazia com suas músicas, recebia convites de todos os estados do Brasil para fazer apresentações

Morte

O autor de músicas alegres e que conquistou todos os públicos, em especial o público infantil da década de 70, morreu em 15/04/1989 amassado dentro dos destroços do carro que lhe conduzia ao encontro da mulher e do filho René.

Mauro Celso estava em São Paulo fazendo shows e trabalhando muito, quando interrompeu as atividades para matar a saudade da família que morava em Iguape, cidade do litoral paulista. Na companhia de um amigo, ele dirigia seu carro quando perdeu a direção na velha rodovia de Iguape. O carro de Mauro Celso capotou diversas vezes e ele teve morte instantânea. Assim, aos 38 anos de idade, morria o cantor e autor de hits como "Farofa-fá" e "Bilu-tetéia", músicas que ganharam as paradas do sucesso e estão cristalizadas na memória do povo brasileiro.

Na semana em que morreu, os amigos foram unânimes em afirmarem o caráter integro do cantor e sua fidelidade às amizades e à família. A música lhe proporcionou fama e dinheiro, mas não alterou a personalidade do artista alegre que sempre foi.

Indicação: Simone Cristina

Alda Verona

CELESTE COELHO BRANDÃO
(91 anos)
Cantora e Radioatriz

* Rio de Janeiro, RJ (10/10/1898)
+ Rio de Janeiro, RJ (1989)

Alda Verona era o nome artístico de Celeste Coelho Brandão. Foi uma cantora e radioatriz brasileira. Nasceu no bairro da Tijuca, tendo sido educada nos melhores colégios cariocas. Destacava-se nas festas escolares e mostrava grande desejo de ser artista, tendo aulas de canto.

Em 1925, mudou-se com a família para o Recife, PE, onde teve a oportunidade de cantar pela primeira vez uma opereta: "Berenice", de Nelson Paixão e Valdemar de Oliveira. Voltando ao Rio de Janeiro, começou a se apresentar na Rádio Sociedade, cantando música de câmara, sua especialidade.

Gravou o primeiro disco em agosto de 1929, na Odeon, cantando "Caboca Cheirosa" (Valdemar de Oliveira e Raimundo Brito) e "Maracatu" (Valdemar de Oliveira e Ascenso Ferreira), acompanhada de Nelson Ferreira ao piano. Ambas as canções são da opereta supracitada. Gravou outros discos até o ano seguinte, adquirindo certo prestígio com sua voz de soprano e dicção primorosa.

Voltou a gravar dois anos depois, agora na RCA Victor, estreando com a versão de um sucesso internacional, a valsa "Canção de Amor Cubano" (Dorothy Fields, Jimmy McHugh e Herbert Stothart, versão de Ari Kerner), do filme "Melodia Cubana", acompanhada de Harry Kosarin e Seus Almirantes. Foi sua interpretação mais famosa.

Em 1933, gravou a "Canção do Abandono" (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano) em duo com César Pereira Braga e, no ano seguinte, encerrou sua carreira fonográfica ao lançar seus dois últimos discos, com a valsa "Teus Lábios Fugiram dos Meus" (Sivan Castelo Neto) e as canções "Diga-me Uma Vez" (Willy Schmidt Gentner, versão de Sivan Castelo Neto), "Tão Fácil a Felicidade" (Valdemar de Oliveira) e "Exaltação" (Valdemar Henrique e Valentina Biosca), que lhe rendeu uma premiação da gravadora RCA Victor.

Iniciou sua carreira de radioatriz por acaso, no "Programa Casé", substituindo uma intérprete que havia faltado. Atuou como atriz nos filmes "Cisne Branco", de Luís de Barros, em 1940, e "O Dia É Nosso", de Milton Rodrigues, em 1941. No ano seguinte, foi contratada pela Rádio Nacional para o seu radioteatro, lá permanecendo por exatos trinta anos, interpretando diversos papéis.

Fonte: Wikipédia

Bispo do Rosário

ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO
(80 anos)
Artista Plástico

* Japaratuba, SE (14/05/1909)
+ Rio de Janeiro, RJ (05/07/1989)

Arthur Bispo do Rosário foi um artista plástico brasileiro que viveu por meio século recluso em um hospital psiquiátrico. Transitando entre a realidade e o delírio, acreditava estar encarregado de uma missão divina e utilizava materiais dispensados no hospital para produzir peças que mapeavam sua realidade. Valendo-se da palavra como elemento pulsante, manipulou signos e brincou com a construção e desconstrução de discursos para criar bordados, assemblages, estandartes e objetos que seriam, posteriormente, consagrados como obras referenciais da arte contemporânea brasileira.

Pouco se conhece de sua infância e adolescência. O que se sabe é que nasceu na cidade de Jarapatuba, em Sergipe. Uns dizem que em julho de 1909. Outros, em março de 1911. A data mais aceita é 14 de maio de 1909. Aos 16 anos, foi inscrito pelo pai na Escola de Aprendizes de Marinheiros de Sergipe e embarcou num navio como ajudante-geral. Ficou na instituição até 1933, viajando pelo País e colecionando advertências por comportamentos inadequados. Mas também se tornou um bom boxeador. Foi campeão sul-americano na categoria peso-leve.

Quando foi afastado da instituição, estava no litoral do Rio de Janeiro. Sua rotina era perambular pela cidade, fazendo pequenos bicos. Até ser aceito como lavador de bondes da Light. Um dia sofreu um acidente de trabalho e ao levar o caso à Justiça, conheceu o advogado  Humberto Magalhães Leoni, que, sensibilizado, convidou Bispo do Rosário para morar num quartinho em sua casa. O sergipano tornou-se ajudante geral da família. Tudo ia bem até que vozes mudaram seu destino.


Considerado louco por alguns e gênio por outros, a sua figura insere-se no debate sobre o pensamento eugênico, o preconceito e os limites entre a insanidade e a arte, no Brasil. A sua história liga-se também à da Colônia Juliano Moreira, instituição criada no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX, destinada a abrigar aqueles classificados como anormais ou indesejáveis - doentes psiquiátricos, alcoólatras e desviantes das mais diversas espécies.

Na noite 22 de dezembro de 1938, despertou com alucinações que o conduziram ao patrão, o advogado Humberto Magalhães Leoni, a quem disse que iria se apresentar à Igreja da Candelária. Saiu da casa e começou uma peregrinação por igrejas cariocas. Depois de peregrinar pela Rua Primeiro de Março e por várias igrejas do então Distrito Federal, terminou subindo ao Mosteiro de São Bento, onde anunciou a um grupo de monges que era um enviado de Deus, encarregado de julgar os vivos e os mortos. Dois dias depois foi detido e fichado pela polícia como "negro, sem documentos e indigente", e conduzido ao Hospício Pedro II, o hospício da Praia Vermelha, primeira instituição oficial desse tipo no país, inaugurada em 1852, onde anos antes havia sido internado o escritor Lima Barreto.

Um mês após a sua internação, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, localizada no subúrbio de Jacarepaguá, sob o diagnóstico de "esquizofrênico-paranoico". Na Colônia Juliano Moreira recebeu o número de paciente 01662, e permaneceu por mais de 50 anos e, dentro de um quartinho apertado, produziu um dos mais fantásticos conjuntos de obras do País. Tudo alheio ao que acontecia além dos limites do hospício. De forma absolutamente intuitiva, sem frequentar escolas de arte ou ler livros, Arthur Bispo do Rosário deixou acadêmicos abobados com sua expressividade e originalidade.

Na Colônia Juliano Moreira, Bispo do Rosário repetia a história para quem quisesse ouvir: "Vozes dizem para me trancar num quarto e começar a reconstruir o mundo". E assim fez.

Produzia sem parar, mesmo sob forte medicação e choques elétricos. Os companheiros de manicômio o ajudavam na missão, buscando entulhos e papelões que serviriam para seu trabalho. Às vezes ficava meses sem sair do quarto, numa jornada de 16, 18 horas por dia. Sete anos depois, a voz reapareceu: "A obra está concluída".

Em determinado momento, Bispo do Rosário passou a produzir objetos com diversos tipos de materiais oriundos do lixo e da sucata que, após a sua descoberta, seriam classificados como arte vanguardista e comparados à obra de Marcel Duchamp, o francês que criou o conceito de que objetos do cotidiano poderiam ser levados para o campo das artes. Entre os temas, destacam-se navios (tema recorrente devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de misses e objetos domésticos. Tudo com beleza, ineditismo, múltiplos significados. Seguia uma linha convergente ao que se discutia sobre arte contemporânea mundial, mesmo sem ter nenhum contato com influências exteriores.

Os objetos recolhidos dos restos da sociedade de consumo foram reutilizados como forma de registrar o cotidiano dos indivíduos, preparados com preocupações estéticas, onde se percebem características dos conceitos das vanguardas artísticas e das produções elaboradas a partir de 1960.

Utilizava a palavra como elemento pulsante. Ao recorrer a essa linguagem manipula signos e brinca com a construção de discursos, fragmenta a comunicação em códigos privados.

Inserido em um contexto excludente, Bispo do Rosário driblava as instituições todo tempo. A instituição manicomial se recusando a receber tratamentos médicos e dela retirando subsídios para elaborar sua obra, e museus, quando sendo marginalizado e excluído, é consagrado como referência da Arte Contemporânea brasileira.


Cavalheiro e Solitário

A fama de Bispo do Rosário se alastrou pela cidade e, depois, pelo país. Bispo do Rosário recebia visitas de estudiosos, artistas, curiosos. Aos que queriam conhecer seu ateliê improvisado, fazia uma intrigante pergunta: "Qual é a cor do meu semblante?". Se não gostasse da resposta, encerrava a visita.

Para quem o chamava de artista, rebatia: "Não sou artista. Sou orientado pelas vozes para fazer desta maneira".

Tornou-se uma lenda, estudado por várias correntes do conhecimento. "É possível analisá-lo pela Psicanálise, pela Sociologia, pela História da Arte, pela Semiótica e pela Antropologia", avalia Jorge Anthonio e Silva, autor de "Arthur Bispo do Rosário – Arte e loucura" (Quaisquer, 2003).

Manto da Apresentação

Entre as suas obras de maior impacto, está o "Manto da Apresentação", que Bispo do Rosário deveria vestir no dia do Juízo Final. Com eles, Bispo do Rosário pretendia marcar a passagem de Deus na Terra. O "Manto da Apresentação" é uma veste com um emaranhado de pequenos símbolos e figuras, como tabuleiros de xadrez, mesas de pingue-pongue, ringues de boxe, crucifixos. Destaca-se também uma espécie de Arca de Noé, construída com papelão e pano, destinada a salvar o mundo. Além de uma nave que o levaria para o céu. Suas obras foram expostas em galerias de arte da cidade. Mas Bispo do Rosário não era muito favorável a que elas saíssem do ateliê. As tratava como filhas, perguntava até se estavam bem.

Bispo do Rosário era um homem sério, de poucas palavras. Um cavalheiro com as mulheres. Gostava de andar limpo e ficava semanas sem se alimentar. Sentia-se um enviado de Deus, uma espécie de Cristo. Gostava de concurso de misses e quase nunca era violento. Mas sempre solitário.

"Os doentes mentais são como beija-flores: nunca pousam, ficam sempre a dois metros do chão", costumava dizer.

Estátua de Bispo do Rosário em sua cidade natal, Japaratuba, Sergipe
Morte

Em 5 de junho de 1989, se sentiu mal e foi atendido no setor médico. Estava muito magro pelos jejuns. Morreu horas depois, vítima de infarto, aos 80 anos.

"Ele morreu na solidão de sua cela, sem ver seu império classificado como obra de arte, percorrendo o mundo",  disse a escritora Luciana Hidalgo, autora de "Arthur Bispo do Rosário - O Senhor do Labirinto" (Rocco, 1997). "Mas, aos olhos da crítica e do público, já era um artista".

Após várias exposições pelo país, a obra de Bispo do Rosário representou o Brasil na prestigiada Bienal de Veneza, na Itália, em 1995.

Hoje a Colônia Juliano Moreira não funciona mais como manicômio. O espaço abriga o Museu  Bispo do Rosário de Arte Contemporânea.