João Goulart

JOÃO BELCHIOR MARQUES GOULART
(57 anos)
Político e Presidente do Brasil

* São Borja, RS (01/03/1919) Nota
+ Mercedes, Província de Corrientes, Argentina (06/12/1976)

Conhecido popularmente como Jango, foi um político brasileiro e o 24° presidente do Brasil, de 1961 a 1964. Antes disso, também foi vice-presidente, de 1956 a 1961, tendo sido eleito com mais votos que o próprio presidente, Juscelino Kubitschek.

A família de Goulart era de ascendência portuguesa, sendo ele filho de Vicente Goulart, estancieiro do Rio Grande do Sul que tinha grande influência na região, ajudando em sua entrada na vida política. Formou-se em Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1939. Foi deposto pelo Golpe Militar de 1964, liderado pelo alto escalão do exército.

Infância e Adolescência

João Goulart (Estados Unidos, 1962)
João Goulart nasceu na Estância de Yguariaçá, no distrito (hoje município) de Itacurubi, em São Borja, no Rio Grande do Sul, em 01/03/1919. Seus pais eram Vicente Rodrigues Goulart, um estancieiro e coronel da Guarda Nacional que havia lutado a favor de Borges de Medeiros na Revolução de 1923, e Vicentina Marques Goulart, uma dona-de-casa.

A maioria das fontes indica seu ano de nascimento como sendo 1918, mas na verdade é 1919. Isso acontece por causa de uma segunda certidão de nascimento que seu pai mandou fazer, na qual foi acrescentado um ano na idade de Jango para que ele pudesse ingressar na Faculdade de Direito de Porto Alegre.

Seu avô materno, Belchior Rodrigues Goulart, descendia de imigrantes açorianos que chegaram no Rio Grande do Sul na segunda metade do século XVIII. No grupo dos primeiros açorianos a se estabelecerem em solo gaúcho, mais especificamente em Rio Grande, no ano de 1749, e no Porto de Viamão, em 1752, havia pelo menos três imigrantes que usavam o sobrenome de origem flamenga Govaert, que pode ter sido depois modificado para Goulart. Mas tanto os nomes Govaert ou Gouvaert, como Goulars, Goulard ou Goulart têm registro entre as famílias da Valônia e de Bruxelas, mas como duas famílias diferentes.

Quando Jango nasceu, a Estância de Yguariaçá era um ponto isolado no interior do município de São Borja. Sua mãe Vicentina, não teve, portanto, nenhuma assistência médica no momento do parto. Mas teve, entretanto, a importante ajuda de sua mãe, Maria Thomaz Vasquez Marques, que impediu a ocorrência de um infortúnio na família. De acordo com a irmã de Jango, Yolanda, "minha avó foi quem conseguiu reanimar o Janguinho que, ao nascer, já parecia estar morrendo".

Como a maioria dos descendentes de açorianos, Maria Thomaz era uma católica muito devota. Enquanto reanimava o neto, aquecendo-o junto ao corpo, ela rezava para São João Batista. Ela prometeu ao santo que se o recém-nascido sobrevivesse, receberia seu nome, e não teria seus cabelos cortados até os três anos de idade, quando, vestido de São João Batista, acompanharia a procissão de 24 de junho.

Jango era o mais velho de oito irmãos. Teve cinco irmãs – Eufrides, Maria, Yolanda, Cila e Neuza – e dois irmãos, ambos falecidos prematuramente. Rivadávia (1920) morreu seis meses após nascer, e Ivan (1925), a quem era profundamente ligado, morreu de Leucemia aos 33 anos de idade, em 1958, quando Jango já era vice-presidente da República.

Após passar a infância em Yguariaçá, Jango partiu para o município vizinho de Itaqui para estudar, como resultado da decisão de seu pai de formar uma parceria com Protásio Vargas, irmão de Getúlio Vargas, após arrendarem um pequeno frigorífico naquele município de um empresário inglês. Enquanto Vicente permaneceu à frente do negócio nos dois anos seguintes, Jango estudou no Colégio das Irmãs Teresianas, junto com suas irmãs. Apesar de ser um colégio misto durante o dia, apenas as garotas podiam passar a noite no internato. Então ele tinha que dormir na casa de amigos de seu pai. Foi em Itaqui que Jango apaixonou pelo futebol e desenvolveu gosto pela natação em um açude localizado no terreno do frigorífico.

Após retornar ao município de São Borja, com o fim de sua experiência como parceiro no frigorífico, Vicente decidiu matricular Jango no Ginásio Santana, escola pertencente a Irmãos Marista em Uruguaiana. Jango cursou as quatro primeiras séries no Internato Santana, mas, ao final de 1931, foi reprovado. Irritado com o fraco desempenho do filho naquela escola, Vicente decidiu mandá-lo estudar no Colégio Anchieta, em Porto Alegre. Embora esta fosse sua primeira vez na capital do estado, Jango não teve nenhum problema de adaptação, já que foi morar numa pensão em companhia dos amigos Almir Palmeiro e Abadé dos Santos Ayub, este último de São Borja e muito ligado a ele.

Conhecedores das habilidades excepcionais de Jango nos jogos de futebol da escola, onde atuava na posição de lateral-direito, Almir e Abadé o convenceram a fazer um teste para o time infanto-juvenil do Sport Club Internacional. Jango conseguiu ser selecionado e passou a dividir os períodos de aula no Colégio Anchieta com os treinos e jogos do Internacional. Em 1932 foi campeão estadual na categoria infanto-juvenil. O centroavante da equipe juvenil, Salvador Arísio, relatou que Jango era "um guri excepcional, meio fechado e muito, muito bom". Apesar de ser originário de uma família rica, ele nunca usou a influência do pai para conseguir qualquer coisa dentro do clube, segundo Arísio.

Ainda em 1932, Jango completou a terceira série do então curso ginasial no Colégio Anchieta, com uma atuação um tanto irregular, o que se repetiria durante os estudos na Faculdade de Direito. De volta a Uruguaiana, Jango concluiu o ensino médio no Ginásio Santana.

Carreira Política

Mandado para Porto Alegre após concluir o ensino médio, Jango cursou a Faculdade de Direito, a fim de satisfazer as necessidades do pai, que desejava ver seu primogênito com um diploma de ensino superior. Lá, ele restabeleceu contato com os amigos de infância Abadé Ayub e Salvador Arísio, ao mesmo tempo em que consolidou novas amizades através de incursões na vida noturna da capital do estado. Foi durante este período de intensa boêmia que Jango contraiu uma doença venérea que paralisou seu joelho esquerdo quase por completo. Mesmo após caros tratamentos médicos, incluindo uma viagem para São Paulo, Jango perdeu a esperança de que andaria normalmente de novo. Por causa da paralisia do joelho, Jango se formou separadamente do resto de sua turma, em 1939. Ele nunca atuaria no ramo do Direito.

Logo em seguida, Jango voltou para São Borja. Entretanto, seu abatimento em razão do problema na perna era visível. Ele se afastou do resto da cidade e passou a viver recluso no interior do município, na Estância de Yguariaçá. Arrumou novos amigos entre os peões da estância. Mas o abatimento em razão do problema do joelho não durou muito. Jango logo voltou a frequentar a cidade, tendo assumido publicamente o problema na perna ao desfilar na Ala dos Rengos do bloco carnavalesco Comigo Ninguém Pode.

Começo no PTB

João Goulart e Leonel Brizola
Vicente morreu em 1943, deixando ao filho mais velho a responsabilidade de cuidar de suas propriedades rurais. Jango logo se tornou um dos estancieiros mais influentes da região. Após a renúncia de Getúlio Vargas e seu retorno a São Borja em outubro de 1945, Jango já era um homem rico antes dos 30 anos de idade. Ele não precisava da política para subir na vida, mas os frequentes encontros com Getúlio Vargas, amigo íntimo de seu pai, influenciaram-no a escolher a carreira política.

O primeiro convite que Jango recebeu para entrar em um partido político foi o de Protásio Vargas, responsável por organizar o Partido Social Democrático (PSD) em São Borja. Protásio percebeu que Jango poderia ter sucesso na carreira política, mas ele recusou o convite por intervenção de Getúlio Vargas. Alguns meses depois, entretanto, Jango aceitou o convite de Getúlio Vargas para entrar no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Ele foi o primeiro presidente do PTB local e se tornaria, mais tarde, presidente do PTB estadual e nacional.

Em 1947, Getúlio Vargas convenceu Jango a concorrer a um assento na Assembleia Legislativa. Ele foi eleito com 4.150 votos, se tornando o quinto candidato mais votado, a frente de seu cunhado Leonel Brizola (casado com sua irmã Neusa até a morte dela em 1993), outra estrela em ascensão do PTB.

Jango não era um membro ativo da Assembleia Legislativa, mas lutou em defesa de um subsídio ao mais pobres na compra de comida. Ele logo virou um confidente e protegido político de Getúlio Vargas, se tornando um dos membros do partido que mais insistiram para que ele concorresse nas eleições de 1950. Em 19 de abril de 1949, Jango lançou a candidatura presidencial de Getúlio numa festa que deu em comemoração ao aniversário do ex-presidente na Granja São Vicente, de propriedade de Jango.

Em 1950, Jango foi eleito para a Câmara dos Deputados com quase 40 mil votos, se tornando o segundo candidato mais votado do PTB no Rio Grande do Sul.

Jango assumiu o cargo de deputado federal em fevereiro de 1951, mas logo em seguida licenciou-se do mandato para exercer o cargo de Secretário de Estado de Interior e Justiça na gestão de Ernesto Dorneles, primo de Getúlio Vargas, no Rio Grande do Sul. Durante o período em que foi secretário, que durou até 24 de março de 1952, Jango se comprometeu com a reestruturação do sistema carcerário, com a intenção de melhorar as condições de vida dos presos. Mais tarde ele renunciou ao cargo a pedido de Getúlio Vargas, a fim de ajudar o presidente com um impasse político no Ministério do Trabalho, usando sua influência no movimento sindical.

Ministro do Trabalho

João Goulart e Kennedy
Em 1953, com o agravamento do impasse, Getúlio Vargas nomeia Jango o novo Ministro do Trabalho. A gestão Vargas estava numa profunda crise. Os trabalhadores, insatisfeitos com os salários baixos, promoviam greves, e a União Democrática Nacional (UDN) mobilizava um golpe de estado com a mídia, a classe média e as Forças Armadas. Assim que assumiu, Jango teve que responder às acusações de vários jornais, incluindo o New York Times, que o acusou de manipular o movimento sindical aos moldes do Peronismo.

Como Ministro do Trabalho, ele convocou o primeiro Congresso Brasileiro de Previdência Social. Assinou uma série de decretos em favor da previdência, tais como o financiamento de casas, a regulação de empréstimos pelo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB) e o reconhecimento dos funcionários do Conselho Fiscal do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários.

Em janeiro de 1954, Jango começou a estudar um aumento no salário mínimo, enfrentando dois tipos de pressão: a mobilização dos trabalhadores nas grandes cidades a favor de um reajuste de 100% e a rejeição dos empresários à revisão do salário desde o governo de Eurico Gaspar Dutra, que contribuiria para o empobrecimento de vários segmentos da sociedade brasileira. As entidades empresariais concordavam com um aumento de 42% no mínimo, uma medida que, segundo elas, igualaria os custos de vida aos de 1951. No Dia do Trabalhador, Getúlio Vargas assinou o decreto do novo salário mínimo, aumentado em 100%, como exigia a classe trabalhadora.

Jango foi forçado a renunciar ao cargo em 23 de fevereiro de 1954, após conceder o aumento do mínimo, que causou forte reação entre empresários e imprensa. Presidente nacional do PTB, tornou-se o principal nome trabalhista do país, após o suicídio de Getúlio.

Vice-Presidente

João Goulart e Kennedy
Em 1955 foi eleito vice-presidente do Brasil, na chapa PTB/PSD. Na ocasião, obteve mais votos que o presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Naquela época, as votações para presidente e vice eram separadas. No ano seguinte, casou-se com a jovem Maria Teresa Fontela Goulart, com quem veio a ter dois filhos: Denise e João Vicente.

Na eleição de 1960, foi novamente eleito vice-presidente, concorrendo pela chapa de oposição ao candidato Jânio Quadros, do Partido Democrata Cristão (PDC) e apoiado pela União Democrática Nacional (UDN), que venceu o pleito.

Em 25 de agosto de 1961, enquanto João Goulart realizava uma missão diplomática na República Popular da China, Jânio Quadros renunciou ao cargo de Presidente da República. Os ministros militares Odílio Denys (Exército), Gabriel Grün Moss (Aeronáutica) e Sílvio Heck (Marinha) tentaram impedir a posse de Jango, e o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, foi empossado presidente.

Presidente da República

A renúncia de Jânio Quadros criou uma grave situação de instabilidade política. Jango estava na China e a Constituição Brasileira era clara: o vice-presidente deveria assumir o governo. Porém, os ministros militares se opuseram à sua posse, pois viam nele uma ameaça ao país, por seus vínculos com políticos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Apesar disso, não havia unanimidade nas altas esferas militares sobre o veto a Jango.

Liderada por Leonel Brizola, cunhado de Jango e governador do Rio Grande do Sul, teve início o que ficou conhecido como Campanha da Legalidade. Leonel Brizola e o general Machado Lopes, comandante do III Exército, baseado no Rio Grande do Sul, mobilizaram o estado em defesa da posse de Jango. Usando uma cadeia de mais de cem emissoras de rádio, o governador gaúcho conclamava a população a sair às ruas e defender a legalidade. A Campanha da Legalidade logo recebeu o apoio dos governadores Mauro Borges Teixeira, de Goiás, e Ney Aminthas de Barros Braga, do Paraná.

No Congresso Nacional, os parlamentares também se opuseram ao impedimento da posse de Jango. Na volta da China, Goulart aguardou em Montevidéu, capital do Uruguai, a solução da crise político-militar desencadeada após da renúncia de Jânio Quadros. Como os militares não retrocediam, o Congresso Nacional fez uma proposta conciliatória: a adoção do parlamentarismo. O presidente tomaria posse, preservando a ordem constitucional, mas parte de seu poder seria deslocada para um primeiro-ministro, que chefiaria o governo.

No dia 2 de setembro de 1961, o sistema parlamentarista foi aprovado pelo Congresso Nacional. No dia 8, Jango assumiu a Presidência da República. Tancredo Neves, do PSD de Minas Gerais, ministro do Governo Vargas, tornou-se primeiro-ministro.

Tancredo Neves demitiu-se do cargo em julho de 1962 para concorrer às eleições de outubro do mesmo ano, que iriam renovar o Congresso Nacional e eleger os governadores. Goulart articulou a retomada do Regime Presidencialista. Após a saída de Tancredo Neves, tornou-se primeiro-ministro o gaúcho Francisco de Paula Brochado da Rocha, também do PSD, que deixou o cargo em setembro do mesmo ano, sendo sucedido por Hermes Lima.

Em 1962 o governo divulgou o Plano Trienal, elaborado pelo economista Celso Furtado, para combater a inflação e promover o desenvolvimento econômico. O Plano Trienal falhou, após enfrentar forte oposição, e o governo brasileiro se viu obrigado a negociar empréstimos com o Fundo Monetário Internacional, o que exigiu cortes significativos nos investimentos.

Nesse período foi convocado um plebiscito sobre a manutenção do parlamentarismo ou o retorno ao presidencialismo, para janeiro de 1963. O parlamentarismo foi amplamente rejeitado, graças, em parte, a uma forte campanha publicitária promovida pelo governo.

Um Governo Reformista

A economia continuava com uma taxa inflacionária elevada e, com San Tiago Dantas como Ministro da Fazenda e Celso Furtado Ministro do Planejamento, lançou-se o Plano Trienal, um programa que incluía uma série de reformas institucionais visando atuar sobre os problemas estruturais do país. Entre as medidas, previa-se o controle do déficit público e, ao mesmo tempo, a manutenção da política desenvolvimentista com captação de recursos externos para a realização das chamadas reformas de base, que eram medidas econômicas e sociais de caráter nacionalista que previam uma maior intervenção do Estado na economia.

Nessa ampla denominação de reformas de base, incluíam-se as reformas bancária, fiscal, urbana, eleitoral, agrária e educacional. Defendia-se também o direito de voto para os analfabetos e para os militares de patentes subalternas. Além disso, eram propostas medidas de corte nacionalista, com maior intervenção do Estado na vida econômica e maior controle dos investimentos estrangeiros no país, mediante a regulamentação das remessas de lucros para o exterior. No que se refere a essas reformas, destacaram-se no governo João Goulart as seguintes medidas:

  • Reforma Agrária: Consistia em promover a democratização da terra, paralelamente à promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural, estendendo ao campo os principais direitos dos trabalhadores urbanos. Nessa área, havia um decreto que previa a desapropriação das áreas rurais inexploradas ou exploradas contrariamente à função social da propriedade, situadas às margens dos eixos rodoviários e ferroviários federais e as terras beneficiadas ou recuperadas por investimentos da União em obras de irrigação, drenagem e açudagem. No entanto, a implementação da reforma agrária exigia mudança constitucional, já que o governo pretendia que as indenizações aos proprietários fossem pagas com títulos da dívida pública, enquanto que a Constituição Brasileira previa indenização paga previamente e em dinheiro.
  • Reforma Educacional: Visava a valorização do magistério e do ensino público em todos os níveis, o combate o analfabetismo com a multiplicação nacional das pioneiras experiências do Método Paulo Freire. O governo também se propunha a realizar uma reforma universitária, com abolição da cátedra vitalícia.
  • Reforma Fiscal: Tinha como objetivo promover a justiça fiscal e aumentar a capacidade de arrecadação do Estado. Além disso, pretendia-se limitar a remessa de lucros para o exterior, sobretudo por parte das empresas multinacionais, o que foi feito através do decreto nº 53451/64.
  • Reforma Eleitoral: Consistia basicamente na extensão do direito de voto aos analfabetos e aos militares de baixa patente. Previa-se também a legalização do Partido Comunista Brasileiro.
  • Reforma Urbana: Entendida como conjunto de medidas do Estado, "visando à justa utilização do solo urbano, à ordenação e ao equipamento das aglomerações urbanas e ao fornecimento de habitação condigna a todas as famílias". O projeto foi elaborado principalmente por urbanistas ligados ao Instituto de Arquitetos do Brasil.
  • Reforma Bancária: Com o objetivo de ampliar o acesso ao crédito pelos produtores.

As reformas também incluíam a nacionalização de vários setores industriais - energia elétrica, refino de petróleo, químico-farmacêutico. Os congressistas não aprovaram a proposta, o que impediu que o Plano Trienal obtivesse sucesso.

Jango e os Militares

Ao longo do ano de 1963, cresceu a politização entre os setores da baixa hierarquia das Forças Armadas (sargentos, cabos, soldados e marinheiro).

Em 12 de setembro de 1963 irrompeu em Brasília uma rebelião de sargentos da Aeronáutica e da Marinha, inconformados com a decisão do Supremo Tribunal Federal, baseada na Constituição vigente, de não reconhecer a elegibilidade dos sargentos para o Legislativo.

O movimento foi facilmente debelado, mas a posição de neutralidade adotada por Jango diante do movimento desagradou grande parte da oficialidade militar, preocupada com a quebra dos princípios de hierarquia e disciplina das Forças Armadas. Intensificaram-se suspeitas de que estivesse em preparação um Golpe de Estado, de orientação esquerdista, apoiado por cabos e sargentos. Ao mesmo tempo, fortalecia-se a posição dos oficiais generais que, em 1961, haviam sido contra a posse de João Goulart como Presidente da República.

Mesmo os chamados legalistas estavam inquietos: ainda em setembro, o general Peri Bevilaqua, comandante do II Exército, que fora um dos apoiadores da Campanha da Legalidade, divulgou ordem-do-dia contra a rebelião dos sargentos, denunciando a infiltração esquerdista e a atuação política do Comando Geral dos Trabalhadores nos quartéis. Na seqüência, o general foi exonerado do comando.

Em outubro, uma entrevista concedida pelo governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda, ao jornal Los Angeles Times tem forte repercussão.

Na entrevista, Carlos Lacerda atacava violentamente o presidente da República e criticava também os chefes militares. A situação política do país é tensa. Os ministros militares solicitam ao presidente a decretação de Estado de Sítio. O pedido, encaminhado ao Congresso Nacional, não encontra receptividade diante da maioria dos parlamentares, sendo então retirado. Diante disso, oficiais até então neutros passam a apoiar a conspiração golpista.

Em 20 de março de 1964, o general Humberto de Alencar Castelo Branco, chefe do Estado-Maior do Exército, envia uma circular reservada aos oficiais do Exército, advertindo contra os perigos do Comunismo.

No dia 28 de março, irrompe a revolta dos marinheiros e fuzileiros Navais no Rio de Janeiro. João Goulart recusou-se a punir os insubmissos, concentrados na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, o que provocou a indignação dos oficiais da Marinha.

No dia 30 de março, Jango compareceu, como convidado de honra, a uma festa promovida pela Associação dos Sargentos e Suboficiais da Polícia Militar, na sede do Automóvel Clube do Brasil. Na ocasião, pronuncia um discurso no qual denuncia a existência de uma poderosa campanha contra o governo. De fato, o golpe já estava em curso. Na madrugada de 31 de março, em Minas Gerais, o general Olímpio Mourão Filho inicia a movimentação de tropas. No final da tarde, o general Peri Bevilaqua alerta o Presidente para a necessidade de ele optar imediatamente entre as Forças Armadas e os Sindicatos. No mesmo dia, o governo é derrubado.

O Golpe de 1964

Desgastado com a crise econômica e com a oposição de militares, o presidente procurou fortalecer-se, participando de manifestações e comícios que defendiam suas propostas. O comício mais importante ocorreu no dia 13 de março de 1964, em frente ao Edifício Central do Brasil, sede da Estrada de Ferro Central do Brasil. O Comício da Central, como ficou conhecido, reuniu cerca de 150 mil pessoas, incluindo sindicatos, associações de servidores públicos e estudantes. Os discursos pregavam o fim da política conciliadora do presidente com apoio de setores conservadores que, naquele momento, bloqueavam as reformas no Congresso Nacional. O presidente, em seu discurso, anunciou uma série de medidas, que estavam no embrião das reformas de base. Defendeu a reforma da Constituição para ampliar o direito de voto a analfabetos e militares de baixa patente e criticou seus opositores que, segundo ele, sob a máscara de democratas, estariam a serviço de grandes companhias internacionais e contra o povo e as reformas de base. João Goulart anunciou que tinha assinado um decreto encampando as refinarias de petróleo privadas e outro desapropriando terras às margens de ferrovias e rodovias federais.

A oposição acusava o presidente de desrespeito á ordem constitucional, pois o Congresso Nacional não havia aprovado a proposta do governo de alteração na forma de pagamento das indenizações aos proprietários. Carlos Lacerda, então governador da Guanabara, disse que o presidente era um "subversivo".

O decreto da Superintendência de Política Agrária (SUPRA) assinado no Comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964, provocou forte reação nos setores mais conservadores e contribuiu para a derrubada de João Goulart. O decreto nº 53.700, de 13 de março de 1964 (revogado por Ranieri Mazzilli, em 9 de abril de 1964), dizia:

"Declara de interesse social para fins de desapropriação as áreas rurais que ladeiam os eixos rodoviários federais, os leitos das ferrovias nacionais, e as terras beneficiadas ou recuperadas por investimentos exclusivos da União em obras de irrigação, drenagem e açudagem, atualmente inexploradas ou exploradas contrariamente à função social da propriedade, e dá outras providências."

Em 19 de março, em São Paulo, foi organizada a Marcha da Família Com Deus Pela Liberdade, cujo objetivo era mobilizar a opinião pública contra o governo de Jango e a política que, segundo eles, culminaria com a implantação de um regime totalitário comunista no Brasil.

Após a revolta dos marinheiros - que, para os militares, representou uma quebra da hierarquia - e o forte discurso no Automóvel Clube do Brasil, na reunião da Associação dos Sargentos e Suboficiais da Polícia Militar, o general Olímpio Mourão Filho iniciou, em 31 de março de 1964, a movimentação de tropas de Juiz de Fora, em direção ao Rio de Janeiro. Este foi o início da Revolução Redentora, um dos nomes dados pelos militares ao golpe de estado, que derrubou o governo de João Goulart .

No dia 1º de abril de 1964, Jango retornou a Brasília e, de lá, para o Rio Grande do Sul. Leonel Brizola sugeriu um novo movimento de resistência, mas João Goulart não acatou, para evitar "derramamento de sangue" (uma guerra civil).

Jango exilou-se no Uruguai e mais tarde na Argentina, onde veio a falecer em 1976.

No dia 2 de abril de 1964, o Congresso Nacional declarou a vacância de João Goulart no cargo de Presidente da República, entregando o cargo de chefe da nação novamente ao presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli.

No dia 10 de abril de 1964, João Goulart teve seus direitos políticos cassados por 10 anos, após a publicação do Ato Institucional Número Um (AI-1).

Documentos recentemente "desclassificados" fornecem indicações sobre o papel do governo dos Estados Unidos no golpe contra Jango. Em arquivo sonoro de cinco minutos, obtido na Biblioteca Lyndon Baines Johnson, há uma conversa entre o Subsecretário de Estado, George Ball, o Secretário Assistente para a América Latina, Thomas Mann, e o presidente Lyndon Johnson em que este mostra claramente seu apoio à derrubada de Jango: "Penso que devemos tomar todas as medidas que pudermos e estar preparados para fazer tudo o que for preciso."

Entre os documentos altamente secretos há telegramas enviados pelo embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, que pressionavam Washington a se envolver diretamente no apoio na conspiração em curso. O embaixador envia telegramas a altos funcionários do governo americano, incluindo o diretor da CIA John McCone e aos Secretários de Defesa e de Estado, Robert McNamara e Dean Rusk.

Gordon informa que Jango está trabalhando com o Partido Comunista Brasileiro para instaurar uma ditadura e pede apoio dos Estados Unidos para o então general Humberto de Alencar Castelo Branco. Lincoln Gordon recomenda "uma remessa clandestina de armas", bem como gasolina e petróleo para os apoiadores de Castelo Branco, e sugere que esse apoio seja suplementado por operações secretas da CIA, sugerindo que o governo americano se prepare rapidamente para a possibilidade de intervenção aberta, em um segundo estágio.

Morte

João Goulart morreu, oficialmente, vítima de um Ataque Cardíaco, no município argentino de Mercedes, Corrientes em 6 de dezembro de 1976.

Existem, contudo, suspeitas por parte de familiares, colegas de política e outras personalidades de que João Goulart tenha sido assassinado por agentes da Operação Condor. Por decisão da família, não foi realizada autópsia alguma em seu corpo antes de seu sepultamento.

No dia 27 de janeiro de 2008, o jornal Folha de São Paulo, publicou uma matéria com o depoimento do ex-agente do serviço de inteligência uruguaio Mario Neira Barreiro, que declarou que João Goulart foi envenenado por ordem de Sérgio Fernando Paranhos Fleury, delegado do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). A autorização teria vindo do presidente da época, Ernesto Geisel.

Em julho do mesmo ano, uma comissão especial da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul divulgou um relatório afirmando que "são fortes os indícios de que Jango foi assassinado de forma premeditada, com o conhecimento do governo Geisel".

Em março de 2009, a revista CartaCapital publicou documentos inéditos do Serviço Nacional de Informações (SNI) produzidos por um agente infiltrado nas propriedades de Jango no Uruguai que reforçam a tese de envenenamento.

A família Goulart ainda não conseguiu identificar quem seria o "Agente B", como é denominado nos documentos. O agente era tão próximo de Jango que descreveu que durante a festa de 56 anos do ex-presidente, este teve uma discussão com o filho por causa de uma briga entre os funcionários Manoel dos Santos e Tito. De acordo com o agente, Manoel sacou uma faca contra Tito, um "invertido sexual", por não ter sido "atendido" por ele.

Após a publicação da reportagem, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados decidiu investigar a suspeita de envenenamento de Jango.

Posteriormente, na mesma revista, Maria Teresa Fontela Goulart mostra documentos do governo uruguaio que reforçam suas denúncias do monitoramento a Jango. Os militares uruguaios seguiam os passos de Jango, seus negócios, etc. Nessas fichas de 1965 (um ano após do golpe no Brasil), em que há dados sobre Jango e a sua vida no Uruguai, consta que ele poderia ser vítima de atentado. Em documento requisitado ao Uruguai pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos e pelo Instituto João Goulart, o Ministério do Interior uruguaio informou que "fontes sérias e responsáveis brasileiras" falavam de um "presumível complô contra o ex-presidente brasileiro".

Em maio de 2010, após investigar por dois anos as circunstâncias da morte de Jango, o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira afirmou em entrevista à Folha de São Paulo que a teoria do envenenamento não condiz com a verdade, acusando a família Goulart de endossar a suspeita na tentativa de obter indenizações do governo. A tese sobre o suposto assassinato do ex-presidente é analisada num apêndice inédito a seu livro O Governo João Goulart. Segundo o historiador, companheiro do ex-presidente no exílio, as denúncias carecem de provas, e a autópsia do corpo não foi feita não por veto da ditadura, mas por decisão da família. Ele afirma ainda não ter dúvidas de que Goulart morreu de Infarto, dado seu histórico de problemas cardíacos e falta de cuidados com a própria saúde.

Mesmo Miro Teixeira, aliado de Leonel Brizola reconhece: "Não há como afirmar, peremptoriamente, que João Goulart foi assassinado".


Homenagens e Anistia

Em 1984, exatos vinte anos após o Golpe Militar, o cineasta Sílvio Tendler realizou um documentário reconstruindo a trajetória política de João Goulart através de imagens de arquivo e entrevistas.
Jango atraiu mais de meio milhão de espectadores às salas de cinemas, se tornando o sexto documentário de maior bilheteria do país. O filme também foi aclamado pela crítica, recebendo três troféus no Festival de Gramado e um no Festival de Havana, além da Margarida de Prata da CNBB.

Existem em todo país pelo menos onze escolas cujo nome é uma homenagem a João Goulart, de acordo com o Google Maps. A maioria delas ficam no Rio Grande do Sul, nos municípios de Alvorada, Ijuí, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Viamão e em São Borja, cidade natal do ex-presidente. Na cidade do Rio de Janeiro há três escolas homenageando Goulart: uma estadual e duas municipais (uma em Ipanema e outra na Tijuca). Há também uma no município catarinense de Balneário Camboriú e outra no município de São João de Meriti no Rio de Janeiro.

No centro do município de Niterói, Rio de Janeiro, há o Terminal Rodoviário João Goulart. O início das obras foi em 1992 e inaugurado em 1995. É dividido em 13 plataformas, conta com 102 linhas de ônibus municipais e intermunicipais e uma circulação de cerca de 350 mil pessoas por dia.

Ainda em Balneário Camboriú foi inaugurada, no dia 6 de dezembro de 2007, exatos 31 anos após a morte do ex-presidente, uma escultura de João Goulart sentado num dos bancos da Avenida Atlântica brincando com seus dois filhos pequenos. A obra foi concebida pelo artista plástico Jorge Schroder a pedido do prefeito Rubens Spernau.

No dia 28 de junho de 2008 foi inaugurada a Avenida Presidente João Goulart em Osasco, São Paulo. A avenida tem cerca de 760 metros de extensão e é a primeira da cidade com ciclovia.

Cidades como Canoas, Caxias do Sul, Cuiabá, Lages, Pelotas, Porto Alegre, Porto Velho, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Rondonópolis, São Borja, São Leopoldo, São Paulo e Sobral já possuem vias homenageando João Goulart, de acordo com o Google Maps.

Em 15 de novembro de 2008, foi julgado pela Comissão de Anistia Política do Ministério da Justiça o pedido de anistia movido por Maria Teresa Fontela Goulart. O julgamento ocorreu em caráter de sessão extraordinária e foi realizado durante o 20º Congresso Nacional dos Advogados, em Natal, no Rio Grande do Norte. O pedido foi aprovado e, de acordo com tal, a viúva de Goulart receberá uma pensão mensal de R$ 5.425, valor correspondente ao salário de um advogado sênior, pois Jango era bacharel em Direito. O valor é retroativo a 1999, o que totaliza R$ 643,9 mil. Maria Teresa também foi anistiada e recebeu uma indenização de R$ 100 mil.

"O governo reconhece os erros do passado e pede desculpas a um homem que defendeu a nação e seu povo do qual jamais poderíamos ter prescindido"
(Presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

Fonte: Wikipédia

Expedito Parente

EXPEDITO JOSÉ DE SÁ PARENTE
(70 anos)
Engenheiro Químico

* Fortaleza, CE (20/10/1940)
+ Fortaleza, CE (13/09/2011)

Foi um engenheiro químico inventor do Biodiesel. Era filho de José Nicolau Cavalcante Gomes Parente e Maria Isaura Silveira Sá. Tinha onze irmãos.

Seu pai, nascido em Sobral em 1897 e também conhecido como Zé Parente, teve grande atuação na economia cearense e foi fundador da Casa Parente em 1914. Foi também fundador do Banco dos Proprietários S/A, do Banco dos Importadores do Ceará e do Banco Mercantil de Crédito (BMC), que dirigiu por três décadas. Construíu a Igreja de Santa Filomena, na Praia do Meireles, e participou da construção da Igreja do Cristo Rei, em Fortaleza. Foi ainda presidente eleito da Federação das Associações Comerciais e Industriais do Ceará e também presidente da Phenix Caixeiral. Colaborou como articulista nos jornais cearenses com o pseudônimo de Zep.

Expedito Parente graduou-se na Escola Nacional de Química da então Universidade do Brasil (atualmente Universidade Federal do Rio de Janeiro), no ano de 1965, obtendo o mestrado em Ciências da Engenharia Química no ano seguinte, também na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Concluiu ainda cursos de especialização em tecnologia de óleos vegetais e em engenharia de óleos vegetais, no Instituto de Óleos do Ministério da Agricultura, e em Tecnologia de Couros, na École Française de Tannerie, em Lyon, na França.

A partir de 1967, Expedito Parente tornou-se professor assistente da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, passando ao cargo de professor adjunto em 1975. Foi na Universidade Federal do Ceará, no final da década de 1970, que Parente desenvolveu o método de produção de Biodiesel que viria a submeter ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial em 1980, tendo sido garantida em 1983 a patente PI–8007957 (Processo de Produção de Combustíveis a partir de Frutos ou Sementes Oleaginosas), a primeira patente no mundo para um processo de produção em escala industrial de Biodiesel. Todavia, devido ao desinteresse do governo brasileiro na eṕoca (em parte devido ao esforço dedicado ao Pró-álcool), o processo desenvolvido por Parente nunca foi efetivamente utilizado, e tendo decorrido o prazo de validade da patente, ela entrou em domínio público.

Parente teve a idéia do Biodiesel num momento de descontração em seu sítio e, segundo ele, era apenas nessas horas que se podia ter boas inspirações. Após um banho de cachoeira acompanhado de cachaça, passou a prestar atenção no fruto de uma ingazeira, uma vagem linear com carocinhos, que lhe deu idéia de uma molécula. Depois disso, já no laboratório do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará, contando com a ajuda de um servidor aposentado, Bernardo Gondim, que morava no campus, numa dependência onde tinha um motor antigo, concluiu experiências e fez com que esse velho motor fosse movido com o seu Biodiesel.

Expedito Parente recebendo uma homenágem do presidente Lula em 2006

Considerava muito importante a popularização de sua descoberta, em escala mundial. Para ele, a sua tecnologia tinha três missões a cumprir: ambiental (substituindo os derivados de petróleo), estratégica (colocando o Brasil em posição de destaque no cenário internacional na nova era da energia limpa) e, principalmente, social, "por se tratar de um combustível com potencial para gerar a paz, e não a guerra, além da distribuição da riqueza, ao invés de sua concentração", como disse o próprio em entrevista concedida à Revista Veja, em 2004. Em entrevista anterior, concedida em 2001, disse que durante passeio com seu filho, pelo interior da Alemanha, viu uma bomba de Biodiesel em um posto: "Fiquei alegre de ver minha invenção difundida, mas frustrado porque aquilo não estava ocorrendo ainda no Brasil", comentou.

Fato engraçado é que o país que foi berço do projeto, não o acolheu. Parente fundou uma empresa, a Tecbio, tendo vários clientes mundo à fora, dentre eles a Boeing, para a qual ele desenvolveu o bioquerosene, assim como tentou fazer para a FAB há 3 décadas.

Morte

Faleceu na madrugada de terça-feira (13/09/2011), no Hospital São Carlos, em Fortaleza. O professor da Universidade Federal do Ceará faleceu aos 70 anos, em decorrência de complicações durante uma cirurgia para tratar de Diverticulite, de acordo com informações da Universidade. O seu corpo foi cremado.

Fonte: Wikipédia e SevenWheels

Délio Jardim de Mattos

DÉLIO JARDIM DE MATTOS
(73 anos)
Militar

* Rio de Janeiro, RJ (23/11/1916)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1990)

Délio Jardim de Mattos foi um militar brasileiro, Ministro da Aeronáutica nos governos dos presidentes Ernesto Geisel e João Batista de Oliveira Figueiredo.

A Base Aérea dos Afonsos recebeu o nome de Campo Délio Jardim de Mattos em homenagem ao comando que teve na base aérea.

Carreira

Estudou na Escola Militar do Realengo, onde em 1941, foi transferido para o recém-criado Ministério da Aeronáutica. Durante o segundo governo de Getúlio Vargas, comandou o 2º Grupo de Transportes, no Rio de Janeiro.

Muito ligado ao brigadeiro Eduardo Gomes, participou ativamente das investigações do Atentado da Rua Tonelero, no Rio de Janeiro, em que saiu ferido o líder oposicionista Carlos Lacerda e que resultou na morte do major-aviador Rubens Florentino Vaz.

Em 1955, assumiu o comando da Base Aérea dos Afonsos e participou do movimento que tentou impedir a posse do presidente Juscelino Kubitschek. Foi destituído do comando e, em 1957, assumiu o comando do 6º Grupo de Aviação, no Recife, do qual também seria destituído, sendo então removido para o Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA).

Rubens Gallerani e Délio Jardim de Mattos
Ele foi um dos principais articulares, na aeronáutica, do movimento militar que, em 1964, depôs o presidente João Goulart. Durante o governo de Humberto de Alencar Castelo Branco, integrou o Gabinete Militar da Presidência da República, como subchefe da aeronáutica.

Em 1969, comandou a Escola de Oficiais Especialistas e a Infantaria de Guarda, sediada em Curitiba, assumindo, em 1972, a chefia do IV Comando Aéreo Regional, sediado em São Paulo. Foi ainda chefe do Comando Geral do Ar, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) e ministro do Superior Tribunal Militar (STM).

Em março de 1979, assumiu o Ministério da Aeronáutica. Na sua gestão, entre outras medidas, revogou as portarias que suspendiam a concessão de licença e a revalidação de certificados de habilitação a pilotos militares, aeronautas e aeroviários punidos por atos institucionais e complementares, após o Movimento Militar de 1964.

Fonte: Wikipédia

Augusto Rademaker

AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRÜNEWALD
(80 anos)
Militar e Presidente do Brasil

* Rio de Janeiro, RJ (11/05/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1985)

Foi um militar brasileiro que integrou a Junta Militar que presidiu o país de 31 de agosto a 30 de outubro de 1969, após a morte do presidente Artur da Costa e Silva. Posteriormente foi eleito vice-presidente na chapa encabeçada pelo general Emílio Garrastazu Médici. Na época em que ocupava o cargo, em 1971, foi criada a Bandeira Vice-Presidencial do Brasil.

Almirante, com cursos de especialização realizados nos Estados Unidos, participou de operações na Segunda Guerra Mundial como comandante das corvetas Camocim e Carioca, e também como encarregado geral do armamento do Cruzador Bahia.

Ativo colaborador do golpe militar que depôs o presidente João Goulart em 31 de março de 1964, foi membro do Conselho Supremo da Revolução e Ministro da Marinha na segunda passagem de Paschoal Ranieri Mazzilli pela Presidência da República, cargo que exerceu cumulativamente com o de Ministro de Viação e Obras Públicas (o atual Ministério dos Transportes só seria criado em 1967).

Retornou ao Ministério da Marinha no governo Artur da Costa e Silva sendo que, com o afastamento deste em 31 de agosto de 1969 ascendeu ao poder como integrante de uma junta militar que governou o país até a posse de Emílio Garrastazu Médici em 30 de outubro daquele ano, com Rademaker ocupando o posto de vice-presidente do Brasil, exercendo-o até 15 de março de 1974.

Augusto Rademaker, Márcio de Souza Mello e Aurélio de Lyra Tavares

A Junta Governativa Provisória de 1969 era composta por: Aurélio de Lyra Tavares (Ministro do Exército), Augusto Hamann Rademaker Grünewald (Ministro da Marinha) e Márcio de Souza Mello (Ministro da Aeronáutica).

Investido no governo como integrante de uma Junta Militar por força do Ato Institucional nº 12/69 não há registro oficial desse fato no Livro de Posse, cabendo ao respectivo Ato Institucional referenciar tal acontecimento. Como vice-presidente da República ocupou por três vezes a condição de titular por motivo de viagens ao exterior do presidente da República.

Foi casado com Ruth Lair Rist Rademaker, nascida no Rio de Janeiro, tendo como filhos, Eliana Rist Rademaker, Anecy Rist Rademaker, André Rist Rademaker, Pedro Rist Rademaker (falecido ao nascer), Ana Laura Rist Rademaker e Guilherme Rist Rademaker.

Augusto Rademaker faleceu vítima de uma Parada Cardiorrespiratória.

Fonte: Wikipédia

Austregésilo de Athayde

BELARMINO MARIA AUSTREGÉSILO AUGUSTO DE ATHAYDE
(94 anos)
Jornalista, Cronista, Ensaísta, Orador e Professor

* Caruaru, PE (25/09/1898)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1993)

Nascido na antiga Rua da Frente (atual Rua Quinze de Novembro) em Caruaru, Pernambuco, filho do desembargador José Feliciano Augusto de Athayde e de Constância Adelaide Austregésilo, e bisneto do tribuno e jornalista Antônio Vicente do Nascimento Feitosa.

Colaborador do jornal A Tribuna e tradutor na agência de notícias Associated Press, formou-se no ano de 1922 em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do antigo Distrito Federal e ingressou no jornalismo. Trabalhou como escritor e jornalista, chegando a dirigente dos Diários Associados, a convite de Assis Chateaubriand.

Foi diretor-secretário de A Tribuna e colaborador do Correio da Manhã. Assumiu a direção de O Jornal em 1924, órgão líder dos Diários Associados. Sua declarada oposição à Revolução de 1930 e o apoio ao Movimento Constitucionalista de São Paulo (1932) levou-o a prisão e exílio na Europa e depois na Argentina.

Permaneceu muitos meses em Portugal, Espanha, França e Inglaterra, e de lá se dirigiu a Buenos Aires, onde residiu por dois anos (1933-1934).

De volta ao Brasil reiniciou nos Diários Associados como articulista e diretor do Diário da Noite e redator-chefe de O Jornal, do qual foi o principal editorialista, além de manter a coluna diária Boletim Internacional. Tomou parte como delegado do Brasil na III Assembléia Geral das Nações Unidas, em Paris no ano de 1948, tendo sido membro da comissão que redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em cujos debates desempenhou papel decisivo.

Austregésilo de Athayde e Josué Montello
Também escreveu semanalmente na revista O Cruzeiro e, por sua destacada atividade jornalística, recebeu em 1952, na Universidade de Columbia, Estados Unidos, o Prêmio Maria Moors Cabot.

Diplomado na Escola Superior de Guerra em 1953, passou a ser conferencista daquele centro de estudos superiores. Após a morte em 1968 de Assis Chateaubriand, passou a integrar o condomínio diretor dos Diários Associados.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 9 de agosto de 1951, para a cadeira 8, sucedendo a Oliveira Viana, e foi recebido em 14 de novembro de 1951, pelo acadêmico Múcio Leão.

Tornou-se presidente da instituição em 1959, tendo sido reeleito para dirigi-la por longos 34 anos, até o fim de sua vida.

Fonte: Wikipédia

José Lins do Rego

JOSÉ LINS DO REGO CAVALCANTI
(56 anos)
Jornalista, Escritor, Romancista, Cronista e Memorialista

* Pilar, PB (03/07/1901)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/09/1957)

José Lins do Rego foi um escritor brasileiro que, ao lado de Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado, figura como um dos romancistas regionalistas mais prestigiosos da literatura nacional.

Segundo Otto Maria Carpeaux, José Lins era "O último dos contadores de histórias". Seu romance de estréia, Menino de Engenho (1932), foi publicado com dificuldade, todavia logo foi elogiado pela crítica.

José Lins escreveu cinco livros a que nomeou Ciclo da Cana-de-Açúcar, numa referência ao papel que nele ocupa a decadência do engenho açucareiro nordestino, visto de modo cada vez menos nostálgico e mais realista pelo autor: Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933), Bangüê (1934), O Moleque Ricardo (1935), e Usina (1936). Sua obra regionalista, contudo, não encaixa-se somente na denúncia sócio-política, mas, como afirmou Manuel Cavalcanti Proença, igualmente em sua "sensibilidade à flor da pele, na sinceridade diante da vida, na autenticidade que o caracterizavam".

José Lins nasceu na Paraíba. Seus antepassados, que eram em grande parte senhores de engenho, legaram ao garoto a riqueza do engenho de açúcar que lhe ocupou toda a infância. Seu contato com o mundo rural do Nordeste lhe deu a oportunidade de, nostalgicamente e criticamente, relatar suas experiências através das personagens de seus primeiros romances.


José Lins era ativo nos meios intelectuais. Ao matricular-se em 1920 na Faculdade de Direito do Recife, ampliou seus contatos com o meio literário de Pernambuco, tornando-se amigo de José Américo de Almeida. Em 1926, partiu para o Maceió, onde reunia-se com Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Aurélio Buarque de Holanda e Jorge de Lima. Quando partiu para o Rio de Janeiro, em 1935, conquistou ainda mais a crítica e colaborou para a imprensa, escrevendo para os Diários Associados e O Globo.

É atribuído a José Lins do Rego a invenção de um novo romance moderno brasileiro. O conjunto de suas obras são um marco histórico na literatura regionalista por representar o declínio do Nordeste canavieiro. Alguns críticos acreditam que o autor ajudou a construir uma nova forma de escrever fundada na "obtenção de um ritmo oral", que foi tornada possível pela liberdade conquistada e praticada pelos modernistas de 1922. Sua magnum opus, Fogo Morto (1943), é visto como o "romance dos grandes personagens". Massaud Moisés escreveu que esta obra-prima de José Lins "é uma das mais representativas não só da ficção dos anos 30 como de todo o Modernismo".

Infância

Nascido no Engenho Corredor, município paraibano de Pilar, filho de João do Rego Cavalcanti e de Amélia Lins Cavalcanti (assassinada pelo marido esquizofrênico), fez as primeiras letras no Colégio de Itabaiana, no Instituto Nossa Senhora do Carmo e no Colégio Diocesano Pio X na então cidade da Paraíba atual João Pessoa. Depois estudou no Colégio Carneiro Leão e Osvaldo Cruz, em Recife. Desde esse tempo revelaram-se seus pendores literários. É de 1916, por exemplo, o primeiro contato com O Ateneu, de Raul Pompeia.

Em 1918, aos dezessete anos, José Lins travou conhecimento com Machado de Assis, através do Dom Casmurro. Desde a infância, já trazia consigo outras raízes, do sangue e da terra, que vinham de seus pais, passando de geração em geração por outros homens e mulheres sempre ligados ao mundo rural do Nordeste açucareiro, às senzalas e aos negros rebanhos humanos que a foi formando.

Juventude e Início da Carreira Literária

Após passar sua infância no interior e ver de perto os engenhos de açúcar perderem espaço para as usinas, provocando muitas transformações sociais e econômicas, foi para João Pessoa, onde fez o curso secundário e depois, para Recife, onde matriculou-se, em 1920, na Faculdade de Direito do Recife.

Nesse período, além de colaborar periodicamente com o Jornal do Recife, fez amizade com Gilberto Freyre, que o influenciou e, em 1922, fundou o semanário Dom Casmurro.

Formou-se em 1923. Durante o curso, ampliou seus contatos com o meio literário pernambucano, tornando-se amigo de José Américo de Almeida, Osório Borba, Luís Delgado, Aníbal Fernandes, e outros. Gilberto Freyre, voltando em 1923 de uma longa temporada de estudos universitários nos Estados Unidos, marcou uma nova fase de influências no espírito de José Lins, através das ideias novas sobre a formação social brasileira.

Ingressou no Ministério Público como promotor em Manhuaçu, em 1925, onde entretanto não se demorou.

Casou em 1924 com Filomena Masa Lins do Rego (Naná), transferiu-se em 1926 para a capital de Alagoas, onde passou a exercer as funções de fiscal de bancos, até 1930, e fiscal de consumo, de 1931 a 1935. Em Maceió, tornou-se colaborador do Jornal de Alagoas e passou a fazer parte do grupo de Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Aurélio Buarque de Holanda, Jorge de Lima, Valdemar Cavalcanti, Aloísio Branco, Carlos Paurílio e outros. Ali publicou o seu primeiro livro, Menino de Engenho (1932), chave de uma obra que se revelou de importância fundamental na história do moderno romance brasileiro. Além das opiniões elogiosas da crítica, sobretudo de João Ribeiro, o livro mereceu o prêmio da Fundação Graça Aranha. Em 1933, publicou Doidinho, o segundo livro do Ciclo da Cana-de-Açúcar.

José Lins e José Américo de Almeida
Perfil da Obra e Trajetória Literária

O mundo rural do Nordeste do Brasil, com as fazendas, as senzalas e os engenhos, serviu de inspiração para a obra do autor, que publicou seu primeiro livro Menino de Engenho.

Como vimos, em 1926, decidiu deixar para trás o trabalho como promotor público no interior de Minas Gerais e transferiu-se para Maceió, Alagoas. Lá conviveu com um grupo de escritores muito especial: Graciliano Ramos (o autor de Vidas Secas), Rachel de Queiroz (a jovem cearense, que já publicara o romance O Quinze), o poeta Jorge de Lima, Aurélio Buarque de Holanda (o mestre do dicionário), que se tornariam seus amigos para sempre.

Convivendo neste ambiente tão criativo, escreveu os romances Doidinho (1933) e Bangüê (1934). Daí em diante a obra de Zélins, como era chamado, não conheceu interrupções. Publicou romances, um volume de memórias, livros de viagem, de conferências e de crônicas. E Histórias da Velha Totônia, seu único livro para o público infanto-juvenil, lançado em 1936.

Em 1935, mudou-se para o Rio de Janeiro. Homem atuante, participava ativamente da vida cultural de seu tempo. Gostava de conversar, tinha um jeito bonachão e era apaixonado por futebol, ou melhor, pelo Flamengo. Seus livros são adaptados para o cinema e traduzidos na Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.

Despojamento

O estilo de José Lins é inteiramente despojado e sem atitudes ou artifícios literários. Ele próprio via a si mesmo como um escritor instintivo e espontâneo, chegando a apontar que suas fontes da arte narrativa estavam nas ruas:

"Quando imagino nos meus romances tomo sempre como modo de orientação o dizer as coisas como elas surgem na memória, com os jeitos e as maneiras simples dos cegos poetas"

Apesar desta simplicidade linguística com que escreve, ele descreve com muita técnica os estados psicológicos de seus personagens, seguindo, assim, uma linha inaugurada por Marcel Proust. Além disso, ele tem um domínio da tradição literária e consegue fazer uma crítica dos hábitos em um estilo que lembra Thomas Hardy.

José Lins e Austragésilo de Atayde
Academia Paraibana de Letras

É patrono da cadeira 39 da Academia Paraibana de Letras, que tem como fundador Coriolano de Medeiros. Atualmente ocupada por Sérgio de Castro Pinto.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 15 de setembro de 1955, para a cadeira 25.

Suas Principais Obras:
  • 1932 - Menino de Engenho
  • 1933 - Doidinho
  • 1934 - Bangüê
  • 1935 - O Moleque Ricardo
  • 1936 - Usina
  • 1936 - Histórias da Velha Totonha
  • 1937 - Pureza
  • 1938 - Pedra Bonita
  • 1939 - Riacho Doce
  • 1941 - Água-mãe
  • 1942 - Gordos e Magros
  • 1943 - Fogo Morto
  • 1945 - Poesia e Vida
  • 1947 - Eurídice
  • 1952 - Homens, Seres e Coisas
  • 1953 - Cangaceiros
  • 1953 - Meus Verdes Anos
  • 1954 - A Casa e o Homem
  • 1956 - Meus Verdes Anos
  • 1957 - Presença do Nordeste na Literatura Brasileira
A obra de José Lins do Rego é publicada pela Livraria José Olympio Editora.

Morte

Em 1956 Lins do Rego publicou Meus Verdes Anos, um livro de memórias. No ano seguinte morreu de um problema hepático, aos 56 anos. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia