Plínio de Arruda Sampaio

PLÍNIO SOARES DE ARRUDA SAMPAIO
(83 anos)
Advogado, Intelectual, Político e Ativista Político

* São Paulo, SP (26/07/1930)
+ São Paulo, SP (08/07/2014)

Plínio Soares de Arruda Sampaio foi um advogado, intelectual e ativista político brasileiro. Foi filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e foi candidato à Presidência da República do Brasil nas eleições de 2010, obtendo a quarta posição, com 886.816 votos (0,87%).

Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo em 1954, militou na Juventude Universitária Católica (JUC), da qual foi presidente, e na Ação Popular (AP), organização de esquerda surgida a partir dos movimentos leigos da Ação Católica Brasileira (ACB).

Foi promotor público, deputado federal constituinte e presidiu a Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), além de dirigir o semanário Correio da Cidadania.


Entrada Na Vida Pública

Durante o governo de Carvalho Pinto do estado de São Paulo, Plínio Sampaio foi indicado para a subchefia da Casa Civil. Em 1959, um ano após a eleição de Carvalho Pinto, Plínio Sampaio se tornou coordenador do Plano de Ação do Governo, função que ocupou até 1962. Ainda no governo Carvalho Pinto, foi secretário dos Negócios Jurídicos, e entre 1961 e 1962 chegou a trabalhar na prefeitura da cidade de São Paulo como secretário do Interior e Justiça durante a última administração Prestes Maia.

Em 1962, foi eleito deputado federal pelo Partido Democrata Cristão (PDC) e tornou-se membro da Comissão de Economia, da Comissão de Política Agrícola e da Comissão de Legislação Social. Principal liderança da ala esquerda do Partido Democrata Cristão, foi relator do projeto de reforma agrária, que integrava as reformas de base do governo João Goulart. Criou a Comissão Especial de Reforma Agrária e propôs um modelo de reforma que despertou a indignação dos grandes latifundiários do Brasil.

Após o golpe de 1964 foi um dos 100 primeiros brasileiros a terem seus direitos políticos cassados por dez anos, pelo Ato Institucional Nº 1, nos primeiros dez dias do regime.


Exílio e Entrada No Movimento Democrático Brasileiro (MDB)

Exilou-se no Chile onde morou por seis anos, trabalhando como funcionário da Food And Agriculture Organization (FAO). Transferiu-se para Estados Unidos no ano de 1970, onde trabalhou no Programa FAO/BID, em Washington D.C., antes de cursar o mestrado em Economia Agrícola na Universidade Cornell.

De volta ao Brasil em 1976, foi professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fundou o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC) e engajou-se na campanha pela abertura do regime militar e pela anistia dos condenados políticos. Ao lado de outros intelectuais do CEDEC e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), idealizou um partido à esquerda do MDB e, para isso, ao lado de Almino Affonso, Francisco Weffort e Fernando Henrique Cardoso, articulou-se com líderes emedebistas como Marcos Freire e Jarbas Vasconcelos. Paralelamente, Plínio SampaioFrancisco Weffort e Almino Affonso lançaram a candidatura de Fernando Henrique para o Senado pela sublegenda do MDB. O acordo entre eles era de construir um novo partido de esquerda, se Fernando Henrique ganhasse mais de um milhão de votos. O partido já tinha programa e manifesto e se chamaria Partido Socialista Democrático Popular (PSDP).

Na concepção de Plínio Sampaio, a nova agremiação seria um partido democrático e de massas com base popular e programa socialista, organizado em núcleos de base. Porém, a ideia de criar um novo partido foi abortada pela mudança de planos de Fernando Henrique, que, após se eleger suplente de senador pelo MDB em 1978, declarou como prioridade o fortalecimento da legenda, apesar do compromisso firmado com Plínio Sampaio, Francisco Weffort e Almino Affonso de construir um novo partido.

Fernando Henrique chegou a receber 1.600.000 votos, derrotando o candidato da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), Cláudio Lembo, assim conquistando a suplência do senador eleito Franco Montoro. Embora tivesse combinado com Plínio Sampaio de construir um partido socialista, caso atingisse a marca do milhão de votos, o que demonstraria viabilidade eleitoral de candidatos de esquerda, Fernando Henrique alegou que, se cumprisse o combinado, estaria encorajando o divisionismo. Plínio Sampaio, perplexo com a inversão de prioridades do colega, rompeu com o MDB.

Com o fim do bipartidarismo, Plínio Sampaio se engajou ao lado de outras figuras ilustres na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).


A Fundação e Trajetória No PT
(1980-2005)

Decepcionados com a atitude de Fernando Henrique, Plínio SampaioFrancisco Weffort entraram para o Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, data da fundação dessa agremiação de orientação socialista. Plínio Sampaio foi o autor do estatuto do partido e um dos idealizadores do seus núcleos de base.

Em 1982, candidatou-se a deputado federal por São Paulo, tornando-se primeiro suplente. Posteriormente viria a ocupar o cargo, quando o deputado Eduardo Suplicy se afastou do parlamento para disputar a prefeitura de São Paulo.

Em 1984, participou, ao lado de Ulysses Guimarães, da campanha "Diretas Já", que clamava pela volta de eleições presidenciais diretas no país.

Em 1986, Plínio Sampaio foi eleito deputado federal constituinte, com 63.899 votos, tendo sido o segundo mais votado do PT, depois de Luiz Inácio Lula da Silva, e o 27º mais votado de São Paulo. Participou da elaboração da Constituição Federal de 1988 e como deputado constituinte ficou nacionalmente conhecido ao propor e defender um modelo constitucional de reforma agrária, que visava a acabar com os latifúndios. Além disso, tornou-se o único deputado petista a presidir uma Comissão de Trabalho.

Durante a Assembléia Nacional Constituinte, foi membro da Comissão de Redação, da Comissão de Sistematização, da Comissão da Organização do Estado e da Subcomissão de Municípios e Regiões, que presidiu. Fez parte do bloco suprapartidário de articulação da Igreja Católica, como membro da Comissão de Acompanhamento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)  na Constituinte. Foi ainda vice-líder da bancada do PT, em 1987, e substituiu Luiz Inácio Lula da Silva na liderança do partido, em 1988. Neste mesmo ano, disputou as prévias internas no PT para se tornar o candidato à prefeitura de São Paulo sendo derrotado por Luiza Erundina, exercendo a função de vice-líder petista até 1990.

Candidatou-se a governador do Estado de São Paulo, em 1990, sendo derrotado pelo secretário de Segurança Pública, Luiz Antônio Fleury Filho, candidato do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ostensivamente apoiado pelo governador Orestes Quércia.

Em 1992, Plínio Sampaio apoiou o movimento pelo impeachment do presidente Fernando Collor, que se via envolvido em várias denúncias de corrupção. Fernando Collor foi afastado temporariamente e, no final de 1992, renunciou ao cargo. Plínio Sampaio permaneceu na oposição e tornou-se crítico do plano econômico implementado no final do governo assumido por Itamar Franco, o Plano Real.


A Adesão ao PSOL e a Crítica Ao Programa Democrático-Popular
(2005)

Em setembro de 2005, após desligar-se do PT, do qual foi um dos fundadores e histórico dirigente, ingressou no PSOL. Por não concordar com o rumo político do PT, Plínio Sampaio desligou-se do partido em 2005, logo após 1º turno do Processo de Eleições Diretas (PED) que elegeu um novo Diretório Nacional. Na ocasião Plínio Sampaio foi candidato a presidente nacional do PT encabeçando a chapa "Esperança Militante", quando conquistou 13,4% dos votos dos filiados e alcançou a 4ª colocação.

Em 2006, como candidato do PSOL a governador do Estado de São Paulo, chegou a dizer, durante debate que precedeu o primeiro turno das eleições, que o programa político do PT era idêntico ao do PSDB. Nesta eleição, o partido recebeu cerca de 450 mil votos.

Defendeu a luta pelo socialismo por meio de um programa diferente do chamado programa democrático-popular, defendido pela corrente Ação Popular Socialista (APS), por acreditar que ele eventualmente possa levar à repetição de erros observados na trajetória do PT. No partido, colaborou com um extinto campo revolucionário com as correntes Coletivo Socialismo e Liberdade (CSOL), Coletivo Socialista Rosa do Povo, atual Coletivo Primeiro de Meio, e centenas de militantes socialistas como Sandra Feltrín, Fernando Silva Tostão, Agnaldo Fernandes, Roberto Leher, Bruno Meirinho, Plínio de Arruda Sampaio Filho, Rosa Marques, Marcelo Badaró, Paulo Rios, Paulo Gouveia, Júnia Golveia, Jorginho Martins, Ricardo Antunes, José de Campos Ferreira, Jesualdo Campos Júnior, Hélio de Jesus, Paulo Pasin, Leninha e Raul Marcelo.

Em 2013, nas eleições internas do PSOL, Plínio Sampaio apoiou o chamado de Bloco de Esquerda, composto por correntes como Movimento Esquerda Socialista (MES), Insurgência, Liberdade, Socialismo e Revolução (LSR), Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), Trabalhadores na Luta Socialista, Enlace, Coletivo Primeiro de Maio, dissidência da Ação Popular Socialista (APS), entre outras e apoiada pelo deputado estadual Carlos Giannazi, pelo deputado federal Jean Wyllys e por figuras públicas do partido como Luciana Genro, Babá, Raul Marcelo e Renato Roseno. Segundo ele, sua oposição ao grupo Unidade Socialista, composto pela APS-CC, e pelo Movimento Terra e Liberdade, da deputada Janira Rocha, é programática. Plínio Sampaio é contrário ao programa democrático popular.

Plínio de Arruda Sampaio apoiou a ex-deputada federal, Luciana Genro, do Rio Grande do Sul, como candidata à Presidência da República pelo PSOL, nome que foi derrotado no IV Congresso do Partido. Contudo, com a desistência do senador Randolfe Rodrigues, Luciana será a candidata à Presidência pelo partido.


Pré-Candidato a Presidência da República
(2009)

Durante o II Congresso do PSOL, o deputado estadual Raul Marcelo lançou a pré-candidatura de Plínio Sampaio à presidência da República, com o propósito de construir um programa que sirva para lutar contra os efeitos da crise econômica sobre os trabalhadores e pela unidade da esquerda socialista contra o capital.

A tese defendeu o aprofundamento das relações com os países da América Latina para a construção de saídas coletivas, lembrando que o Brasil foi o 2º país mais impactado na redução do PIB e perdeu 1 milhão de postos de trabalho, sendo 800 mil com carteira assinada.

Raul Marcelo também defendeu um partido de militantes nucleados, com autonomia de classe, que não receba recurso dos patrões, com uma política clara de alianças de classe com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), e não com o Partido Verde (PV).

Dias depois foi apresentado um manifesto com centenas de assinaturas em apoio à pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, inclusive teve apoio internacional, como o recebido de István Mészáros e François Chesnais.

Em 10/04/2010, foi confirmada a pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio à presidência e em 30/06/2010, em Convenção realizada em São Paulo, seu nome foi oficializado candidato ao cargo, tendo como vice o pedagogo Hamilton Assis, do PSOL baiano.

Plínio Sampaio obteve destaque na imprensa e na rede social Twitter por conta de seu desempenho no primeiro debate eleitoral entre os postulantes à cadeira de Lula, realizado pela TV Bandeirantes em 05/08/2010. Contou com grande apoio de outras tendências internas do PSOL, mesmo das que anteriormente defenderam outros pré candidatos, como o Movimento Esquerda Socialista (MES), representado pela ex deputada federal Luciana Genro, a vereadora Fernanda Melchionna, o vereador Pedro Ruas, do PSOL/RS, e da juventude brasileira como um todo.

Fora do debate promovido em 18/08/2010 pela Folha/UOL, Plínio Sampaio convocou um "tuitaço" e chegou pela segunda vez ao Trending Topics, expressão usada para classificar o número um do ranking da rede Twitter.


Atuação Nos Movimentos Sociais

Plínio de Arruda Sampaio é um dos mais respeitados intelectuais de esquerda católica e também um do mais árduos defensores da Teologia da Libertação entre o laicato. Era a favor de um aprofundamento da reforma agrária no Brasil, sendo presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).

Foi diretor do Correio da Cidadania, que tinha como editora Valéria Nader, e é um veículo de comunicação sem fins lucrativos da cidade de São Paulo fundado em 1996.

Em 2007, aos 76 anos, participou ativamente da passeata na Avenida Paulista organizada no Dia Internacional da Mulher, pelos direitos da mulher trabalhadora e contra a política externa do então presidente estadunidense George W. Bush.

Em 2013, aos 82 anos participou do protesto contra o aumento da passagem de ônibus na Avenida Paulista, as chamadas Manifestações no Brasil em 2013.

Livros Publicados

  • 2004 - Construindo o Poder Popular (64 pág.), Paulus Editora
  • 2006 - O Brasil é Viável? (265 pág.), Editora Paz e Terra
  • 2009 - Como Combater a Corrupção (32 pág.), Paulus Editora
  • 2010 - Por Que Participar da Política? (64 pág.), Editora Sarandi



Morte

Plínio de Arruda Sampaio não resistiu a um tratamento contra um câncer ósseo e morreu vítima de falência múltipla de órgãos, na tarde de terça-feira, 08/07/2014, aos 83 anos, no Hospital Sírio-Libanês, na região central São Paulo. Ele estava internado na instituição havia mais de um mês.

Fonte: Wikipédia