Antônio Callado

ANTÔNIO CARLOS CALLADO
(80 anos)
Jornalista, Romancista, Biógrafo e Dramaturgo

☼ Niterói, RJ (26/01/1917)
┼ Rio de Janeiro, RJ (28/01/1997)

Antônio Carlos Callado foi um jornalista, romancista, biógrafo e dramaturgo brasileiro. Antônio Callado, apesar de formado em Direito em 1939, nunca exerceu atividade na área jurídica.

Militou na imprensa diária no período entre 1937 a 1941, nos jornais cariocas O Globo e Correio da Manhã.

Em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, transferiu-se para Londres onde trabalhou para a BBC até 1947. Depois da libertação de Paris, trabalhou no serviço brasileiro da Radiodiffusion Française.

Na Europa descobriu "sua tremenda fome de Brasil". Lia incansavelmente literatura brasileira e alimentava o desejo de, ao voltar, conhecer o interior do país. Na volta, satisfez esse desejo ao fazer grandes reportagens pelo Nordeste, Xingu, sobre Francisco Julião, Miguel Arraes e outras.

Atuou como redator-chefe do Correio da Manhã de 1954 a 1960, quando foi contratado pela Enciclopédia Britânica para chefiar a equipe que elaborou a primeira edição da Enciclopédia Barsa, publicada em 1963.

Redator do Jornal do Brasil, cobriu, em 1968, a Guerra do Vietnã.

Em 1974, deu aulas na Universidade de Cambridge na Grã-Bretanha, e Universidade de Columbia nos Estados Unidos.

Em 1975, quando trabalhava no Jornal do Brasil, deixou a rotina das redações para dedicar-se profissionalmente à literatura.


Antônio Callado estreou na literatura em 1951, mas sua produção na década de 1950 consistia basicamente em peças teatrais, todas encenadas com enorme sucesso de crítica e público. Mas a mais bem sucedida foi "Pedro Mico", dirigida por Paulo Francis, com o arquiteto Oscar Niemeyer em inusitada incursão pela cenografia, e Milton Moraes criando o papel-título. Foi transformada em filme estrelado por Pelé.

A produção de romances toma impulso nas décadas de 1960 e 1970, período em que surgem seus trabalhos mais importantes. Alinhado entre os intelectuais que se opunham ao Regime Militar, tendo por isso sido preso duas vezes, Antônio Callado revela em seus romances seu compromisso político, principalmente naquele que muitos consideram o romance mais engajado daquelas décadas, "Quarup".

Antônio Callado escrevia à mão e mantinha uma rotina de trabalho, com horário rígido para todas as atividades, que incluíam duas caminhadas por dia. Mandou fazer uma mesinha portátil que o acompanhava pela casa toda, permitindo-lhe escrever em qualquer lugar. Não discutia, nem comentava seu trabalho com ninguém, até que estivesse finalizado.

Recebeu várias condecorações e prêmios, no Brasil e no exterior.

Foi admitido na Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1994 e tornou-se o quarto ocupante da cadeira 8, em substituição a Austregésilo de Athayde, por várias décadas presidente da Academia.

Antônio Callado morreu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 28/01/1997, dois dias depois de completar 80 anos.

De seu casamento em 1943 com Jean Maxine Watson, inglesa, funcionária da BBC, teve três filhos, entre eles a atriz Tessy Callado.

Bibliografia


  • 1951 - O Fígado de Prometeu (Teatro)
  • 1953 - Esqueleto na Lagoa Verde (Reportagem)
  • 1954 - A Assunção de Salviano (Romance)
  • 1954 - A Cidade Assassinada (Teatro)
  • 1955 - Frankel (Teatro)
  • 1957 - A Madona de Cedro (Romance)
  • 1957 - Retrato de Portinari (Biografia)
  • 1957 - Pedro Mico (Teatro)
  • 1957 - Colar de Coral (Teatro)
  • 1960 - Os Industriais da Seca (Reportagem)
  • 1962 - O Tesouro de Chica da Silva (Teatro)
  • 1964 - Forró no Engenho Cananéia (Teatro)
  • 1965 - Tempo de Arraes (Reportagem)
  • 1967 - Quarup (Romance)
  • 1969 - Vietnã do Norte (Reportagem)
  • 1971 - Bar Don Juan (Romance)
  • 1976 - Reflexos do Baile (Romance)
  • 1981 - Sempreviva (Romance)
  • 1982 - A Expedição Montaigne (Romance)
  • 1983 - A Revolta da Cachaça (Teatro, Coletânea de 4 Peças)
  • 1985 - Entre o Deus e a Vasilha (Reportagem)
  • 1985 - Concerto Carioca (Romance)
  • 1989 - Memórias de Aldenham House (Romance)
  • 1993 - O Homem Cordial e Outras Histórias (Contos)
  • 2005 - Antonio Callado, Repórter (Reportagem)

Fonte: Wikipédia

Cícero Dias

CÍCERO DIAS
(94 anos)
Pintor

* Escada, PE (05/03/1908)
+ Paris, França (28/01/2003)

Foi um pintor do Modernismo Brasileiro.

Sétimo entre os onze filhos do casal Pedro dos Santos Dias e Maria Gentil de Barros Dias, Cícero passou a infância num engenho da Zona da Mata Pernambucana. Em 1920, com treze anos, foi para o Rio de Janeiro. Entre os anos de 1925 a 1927, Cícero conheceu os modernistas e estudou pintura.

Em 1927, realizou sua primeira exposição individual, no Rio de Janeiro e, em 1928, abandonou a Escola de Belas Artes, passando a dedicar-se exclusivamente à pintura.

Em 1937, executou o cenário do balé de Serge Lifar e Villa-Lobos, expôs em coletiva de modernos em Nova York e viajou a Paris, onde se fixou definitivamente.

Em Paris, tornou-se amigo de Pablo Picasso, do poeta Paul Eluard, e entrou em contato com o surrealismo. Durante a ocupação da França foi feito prisioneiro dos alemães.

Em 1943, participou do Salão de Arte Moderna de Lisboa, onde obteve premiação e, em 1945, voltou a Paris e ligou-se ao grupo dos abstratos. Nesse mesmo ano, expõe em Londres, na Unesco, em Paris e em Amsterdam.

O ano de 1948 marcou uma atividade mais intensa no Brasil, com Cícero interessando-se sobretudo por murais. Em 1949, compareceu à Exposição de Arte Mural, em Avignon, na França.

Em 1950 participou da Bienal de Veneza. Em 1965, a Bienal de Veneza realizou uma exposição retrospectiva de quarenta anos de pintura de Cícero Dias. Em 1970, realizou individuais no Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1981, o Museu de Arte Moderna realizou uma retrospectiva de sua obra.

No início dos anos 1960, o artista pintou diversas telas com retratos de mulheres. Em 2000, inaugurou uma praça projetada por ele mesmo, em Recife. Em fevereiro de 2002, Cícero Dias esteve novamente na capital pernambucana para o lançamento de um livro sobre sua trajetória artística e fez uma exposição na galeria Portal, em São Paulo.

Morreu em 28 de janeiro de 2003, em sua residência na Rue Long Champ, Paris. O Pintor morreu rodeado por sua esposa Raymonde, sua filha Sylvia e seus dois netos. Encontra-se sepultado no Cemitério do Montparnasse, centro de Paris.

Fonte: Wikipédia

Oswald de Andrade

JOSÉ OSWALD DE SOUSA DE ANDRADE NOGUEIRA
(64 anos)
Escritor, Ensaísta e Dramaturgo

* São Paulo, SP (11/01/1890)
+ São Paulo, SP (22/10/1954)

Era filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade. Seu nome pronuncia-se com acento na letra a (Oswáld).

Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo, sendo o mais inovador entre estes.

O Papel de Oswald no Modernismo Brasileiro

Um dos mais importantes introdutores do modernismo no Brasil, foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" e o "Manifesto Antropófago", bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência romântica, Pau-Brasil.

Muito próximo, no princípio de sua carreira literária, da pessoa de Mário de Andrade, ambos os autores funcionaram como um dínamo na introdução e experimentação do movimento, unidos por uma profunda amizade que durou muito tempo.

Porém, possuindo profundas distinções estéticas em seu trabalho, Oswald de Andrade foi também mais provocador que o seu colega modernista, podendo hoje ser classificado como um polemista. Nesse aspecto não só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram para moldar o ambiente modernista da década de 1920 e de 1930.

Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna de 1922. Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência política do país colonizador, Portugal, e por outro consequentemente, havia uma necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era o sentir brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo procurava-se aquilo que Johann Gottfried von Herder definiu como alma nacional (Volksgeist). Esta necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro como um todo vai a par com as vanguardas europeias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo.

Na sua busca por um caráter nacional, ou falta dele, que Mário de Andrade mostra em "Macunaíma", Oswald de Andrade, porém, foi muito além do pensamento romântico, diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte Oswald de Andrade voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte. Fossem elas o romance de idéias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo e o parnasianismo, por exemplo Olavo Bilac. Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, ou um certo abstracionismo geométrico latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da técnica.

Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris na época do futurismo e do cubismo, que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a polinésia, estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos.

Oswald de Andrade percebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.

Representações na Cultura

Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme "Tabu" (1982), Flávio Galvão e Ítala Nandi no filme "O Homem do Pau-Brasil" (1982), Antônio Fagundes no filme "Eternamente Pagu" (1987) e José Rubens Chachá, nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK" (2006).

As ideias de Oswald de Andrade influenciaram também diversas áreas da criação artística: na música o Tropicalismo, na poesia o movimento dos concretistas, e no teatro grupos como Teatro Oficina e Cia. Antropofágica têm sua trajetória ligada ao poeta.

Principais Obras

Além do "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" (1924) e "Manifesto Antropófago" (1928), Oswald de Andrade escreveu:

Poesia

Sendo o mais inovador da linguagem entre os modernistas, abriu caminhos que influenciaram muito a poesia brasileira posterior como a de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto, o Concretismo e Manoel de Barros, bem como à obra do poeta francês Blaise Cendrars, considerado um dos 10 maiores poetas franceses do século XX pelo poeta Paul Eluard.

  • 1925 - Pau-Brasil
  • 1927 - Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade
  • 1945 - Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão
  • 1945 - O Escaravelho de Ouro
  • 1947 - O Cavalo Azul
  • 1947 - Manhã

Romance

Seus romances ainda não são devidamente conhecidos, porém "Memórias Sentimentais de João Miramar", por exemplo, foi escrito antes de 1922, antecipando toda a linguagem do modernismo brasileiro.

  • 1922-1934 - Os Condenados (Trilogia)
  • 1924 - Memórias Sentimentais de João Miramar
  • 1933 - Serafim Ponte Grande
  • 1943 - Marco Zero à Revolução Melancólica

Teatro

Escreveu um dos mais importantes textos teatrais do Brasil, "O Rei da Vela", que só foi montado em 1967 pelo diretor José Celso Martinez. As peças de 1916 foram escritas em francês em parceria com Guilherme de Almeida. Os textos da década de 30 trazem conteúdo político e a constante discussão das idéias socialistas e foram os primeiros textos modernos do teatro brasileiro, antecedendo, inclusive, a Nelson Rodrigues.

  • 1916 - Mon Couer Balance e Leur Ame (Parceria Guilherme de Almeida)
  • 1934 - O Homem e o Cavalo
  • 1937 - A Morta
  • 1937 - O Rei da Vela

Fonte: Wikipédia

Rudá de Andrade

RUDÁ PRONOMINARE GALVÃO DE ANDRADE
(78 anos)
Escritor e Cineasta

* São Paulo, SP (25/09/1930)
+ Bragança Paulista, SP (27/01/2009)

Filho de Oswald de Andrade e Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu.

Batizado como Rudá Poronominare Galvão de Andrade, por seus pais, com um ano de idade, carregou em seu nome o espírito antropofágico que marcou a história do modernismo brasileiro. Carla Caruso em seu trabalho sobre Oswald de Andrade esclarece que Rudá é o nome do deus do amor e Poronominare é o nome indígena para um um ser malicioso, humorístico. Os dois nomes são tirados de deuses da mitologia Tupiniquim, Rudá é o encarregado da reprodução de todos os seres vivos que tem a aparência de um guerreiro e vive nas nuvens. Poronominare é um herói mitológico que vive na bacia do Rio Negro, seria o primeiro ser humano criado, fundador das civilizações.

Biografia

Rudá formou-se em cinema na Itália, onde trabalhou com Vittorio de Sica. Foi também um dos criadores do Museu da Imagem e do Som, que dirigiu entre 1970 e 1981.

Na década de 1960, participou da fundação do curso de cinema da Universidade de São Paulo, onde lecionaria durante dez anos. Foi conservador da Cinemateca Brasileira, da qual era também conselheiro. Publicou também as obras completas do pai.

Na literatura, destacou-se em 1983, ao receber o Prêmio Jabuti, na categoria Biografia e Memórias, por "Cela 3 - A Grade Agride" (Ed. Globo, 2007), um livro autobiográfico de viagem a um mundo desconhecido: o das prisões europeias.

Faleceu em 27 de janeiro de 2009, em decorrência de problema cardíaco, aos 78 anos, em Bragança Paulista, estado de São Paulo. Estava internado, recuperando-se de uma fratura no fêmur sofrida em seu sítio.

Deixou a esposa Halina e três filhos.

Osvaldo Aranha

OSVALDO EUCLIDES DE SOUSA ARANHA
(65 anos)
Político e Diplomata

* Alegrete, RS (15/02/1894)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/01/1960)

Filho de Luísa de Freitas Vale, por quem foi alfabetizado, e do coronel da Guarda Nacional e fazendeiro Euclides de Sousa Aranha, dono da estância Alto Uruguai, em Itaqui (interior do Rio Grande do Sul). Passou a infância em Alegrete, cidade à qual seu avô teria fundado.

Cursou, no Rio de Janeiro, o Colégio Militar e a Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Também estudou em Paris antes de advogar em seu estado natal e de ingressar na política.

Em 1923, quando explodiu a luta fratricida entre Chimangos (aliados de Borges de Medeiros - presidente da província) e Maragatos (opositores à sua quinta reeleição), chegou a pegar em armas e lutou a favor do sistema republicano de Borges de Medeiros.

Em 1925, foi intendente de Alegrete. Então, introduziu muitas modernizações, como, por exemplo, a excelente rede de esgotos da cidade. Com sua peculiar diplomacia, conseguiu a paz entre as famílias separadas pelos conflitos políticos de 1923.

Dois anos mais tarde era eleito Deputado Federal. Em 1928, tornou-se Secretário do Interior, onde dedicou grande esforço para obras educacionais.

Projeção Nacional

Amigo e aliado de Getúlio Vargas, foi o grande articulador da campanha da Aliança Liberal nas eleições, agindo nos bastidores para organizar o levante armado que depôs Washington Luís e tornou realidade a Revolução de 1930.

Em vista da vitória do movimento, Osvaldo Aranha negocia com a Junta Militar, no Rio de Janeiro, a entrega do governo a Getúlio Vargas. Posteriormente, foi nomeado Ministro da Justiça e, em 1931, Ministro da Fazenda. Neste cargo, promoveu o levantamento de empréstimos que os estados e municípios haviam contraído no estrangeiro, no período anterior a 1930, tendo em vista a consolidação global da Dívida Externa Brasileira.

Alijado do processo político para a escolha do interventor em Minas Gerais, Osvaldo Aranha pediu demissão do cargo em 1934. No mesmo ano, aceitou o cargo de Embaixador em Washington.

Nesse período como Embaixador, se impressionou com a democracia estadunidense. Atuou sempre em defesa das relações brasileiras com os Estados Unidos e se tornou amigo pessoal do presidente Roosevelt. Prestigiado no cargo, foi convidado para palestras em todo o país.

Demitiu-se do cargo de Embaixador por não aceitar os caminhos que o Brasil traçara com a declaração do Estado Novo, em 1937.

Em março de 1938, é convencido por seu amigo Getúlio Vargas a assumir o Ministério das Relações Exteriores e, no cargo, lutou contra elementos germanófilos dentro do Estado Novo, em busca de maior aproximação com os Estados Unidos, no conturbado período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Sob sua direção, o Itamaraty sofreu grandes reformas administrativas.

Projeção Internacional

No processo de envolvimento brasileiro à Segunda Guerra Mundial, Osvaldo Aranha teve papel fundamental, representando no governo a ala pan-americanista, defendendo uma aliança com os Estados Unidos sempre em oposicão aos chefes militares, capitaneados, principalmente pelo Ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, que eram partidários de uma aproximação com a Alemanha.

Na Conferência do Rio, em janeiro do 1942, presidida por Osvaldo Aranha, o Brasil, e todos os países americanos decidem por romper as relações com os Países do Eixo menos Argentina e Chile, que o fariam posteriormente. A decisão foi uma vitórias das convicções pan-americanas de Osvaldo Aranha.

Em 1944, Osvaldo Aranha se demite do cargo de Chanceler, após ser enfraquecido dentro do governo e pelo fechamento da Sociedade dos Amigos da América, do qual era vice-presidente. Para muitos observadores da época, Osvaldo Aranha era o candidato natural nas eleições de 1945, mas a parca base política e a fidelidade a Getúlio Vargas o impediram de disputar as eleições.

Voltou a cena política em 1947, como chefe da delegação brasileira na recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Presidiu a II Assembléia Geral da ONU que votou o Plano da ONU Para a Partição da Palestina de 1947, que culminou na criação do Estado de Israel, fato que rendeu a Osvaldo Aranha eternas gratidões dos judeus e sionistas por sua atuação.

Em 1953, no segundo Governo Vargas, voltou a ocupar a pasta da Fazenda e introduziu reformas com o objetivo de estabilizar a situação caótica econômica que o país enfrentava. Com a morte do amigo Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha se retira do governo e passa a dar atenção aos seus negócios pessoais e à advocacia. No Governo Juscelino Kubitschek, retorna à ONU, à frente da delegação brasileira, para fechar com êxito sua carreira política.

Morte

Na noite do dia 27 de janeiro de 1960, Osvaldo Aranha faleceu em sua residência, na Rua Cosme Velho nº 415, de Ataque Cardíaco. Sua morte causou grande comoção tanto no Brasil como no mundo. Seu enterro, acompanhado por milhares de pessoas, reuniu os maiores nomes da política brasileira, entre eles o presidente Juscelino Kubitschek (que foi um dos que carregaram o caixão de Osvaldo Aranha), Tancredo Neves e Horácio Lafer.

Homenagens

Por ter sido um dos articuladores da criação do Estado de Israel foi homenageado emprestando seu nome a uma rua em Tel Aviv, Israel. Pelo mesmo motivo, há também uma rua com o seu nome em Bersebá, Israel, localizada no Campus da Universidade Ben-Gurion do Negev.

Família e Acervo

Membro de uma família tradicional da Região Sudeste do Brasil, a cidade de Campinas, no Estado de São Paulo: os Souza Aranha, era bisneto da Viscondessa de Campinas, Maria Luzia de Sousa Aranha, tendo sido seus pais, Euclides Egydio de Souza Aranha e Luiza de Freitas Valle. Neto de Martim Egydio de Souza Aranha e Talvina do Amaral Nogueira. E membro de uma outra tradicional família do sudeste brasileiro e do Rio Grande do Sul: os Freitas Valle (sendo descendente do Barão de Ibirocaí, primo do Ministro das Relações Exteriores Ciro de Freitas Vale, sobrinho do Senador Eurico de Freitas Vale e primo do Senador José de Freitas Valle).

Casou-se com Delminda Benvinda Gudolle, tendo sido seus filhos, Luiza Zilda Aranha, que se casou com Sérgio Corrêa Afonso da Costa; Euclydes Aranha, Oswaldo Aranha e Delminda Gudolle Aranha, que se casou com Antônio Corrêa do Lago.

Herdou de seus pais uma extensa propriedade rural e o gosto pelos livros. Leitor compulsivo, adorava escrever cartas e teve discursos e conferências publicados. Entre seus autores prediletos estavam Victor Hugo, Eça de Queiroz, Joaquim Nabuco, Machado de Assis e, embora não fosse positivista, gostava de ler as obras do filósofo Augusto Comte.

Um trabalho minucioso de análise de seu acervo de livros é realizado pelos professores da Universidade da Campanha de Alegrete, no Rio Grande do Sul. Ao todo são contabilizados 11.485 volumes em sua biblioteca pessoal. Os professores pretendem delinear um novo perfil da personalidade histórica de Osvaldo Aranha: "Com este vasto acervo é possível contar e recontar a história deste político e diplomata", afirma um dos responsáveis pelo projeto de preservação da biblioteca particular de Osvaldo Aranha, localizada no prédio do Instituto Estadual de Educação Oswaldo Aranha, na cidade de Alegrete.

As obras do jurista Ruy Barbosa, Estadista e Ministro da Fazenda da República, aparecem com destaque em seu acervo.

Inicialmente com 4.585 livros, o acervo foi doado pelo próprio Osvaldo Aranha em 1942, para mais tarde, 1962, mais de 7 mil exemplares de obras variadas virem a ser doados pela família do ex-ministro. Além disso, também compõe o acervo mais de mil recortes de jornais, feitos a pedido do Diplomata, sobre o que saia na imprensa a seu respeito. Estes recortes integram o acervo do Museu Oswaldo Aranha, também em Alegrete. Entre as preciosidades do acervo está a coleção do jornal A Federação (1884-1937), órgão oficial do Partido Republicano Rio-Grandense, autografada pelo líder federalista Joaquim Francisco de Assis Brasil, inimigo de Borges de Medeiros, de quem Osvaldo Aranha era defensor.

Fonte: Wikipédia

Renato Murce

RENATO FLORIANO MURCE
(86 anos)
Radialista

☼ Rio de Janeiro, RJ (07/02/1900)
┼ Rio de Janeiro, RJ (26/01/1987)

Renato Floriano Murce foi um radialista brasileiro.

Diretamente do Pão de Açucar foi proferido discurso pelo Presidente da República Epitácio Pessoa e que foi ouvido no pavilhão central na Esplanada do Castelo, durante as comemorações do I Centenário da Independência do Brasil em 1922.

Roquette-Pinto escutando emocionado a primeira transmissão radiofônica, ficou apaixonado pela invenção e em 1923, resolveu montá-lo com toda a sua coragem. Renato Murce foi um dos que angariaram sócios contribuintes para manter a Rádio Clube, depois Rádio Sociedade, que sobreviviam com doações e associados.

Em 1930 criou na Rádio Nacional - PRE-8, atual CBN, do Rio de Janeiro o programa "Cenas Escolares".

O personagem central do programa se chamava Manduca, um garoto problema, que aprontava todo tipo de confusão na sala de aula. Por falarem de forma tão clara ou explícita sobre os problemas escolares da época, o programa foi vetado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do Governo Federal Getúlio Vargas.

Renato Murce não se deu por vencido, fazendo algumas alterações no roteiro, rebatizou-o de "Piadas do Manduca", conseguindo ficar "no ar" por 20 anos. No elenco do programa estavam Renato Murce (Drº Leão, um professor que sabia de tudo), Brandão Filho (Drº Fagundes), Castro Barbosa (Seu Ferramenta), Lauro Borges (Srº Alcebíades, um gago) e o herói Manduca.

Em 1941 a radionovela "Em Busca da Felicidade" ficou no ar durante três anos. Foi a primeira radionovela a ser gravada no Brasil.

A radionovela que conseguiu parar o país, depois do "Repórter Esso" foi "O Direito de Nascer", adaptado do texto cubano de Félix Caignet.

Haviam séries como "Anjo: O Homem Atômico", "Jerônimo - O Herói do Sertão", "Presídio de Mulheres", "Felicidade" e outras.

Alguns dos principais radioatores: Renato Murce, Yara Salles, Dayse Lúcidi, Floriano Faissal, Roberto Faissal, Celso Guimarães, Abigail Maia, Sônia Maria, Nélio Pinheiro, Vida Alves, Lima Duarte, Lolita Rodrigues, Mário Lago e outros.

No final da década de 1940, Renato Murce foi convidado para dirigir a Rádio Transmissora (emissora com vida curta), voltando para a Rádio Nacional em 25/03/1948 até a sua aposentadoria.

O programa de rádio "Almas do Sertão" (1954), da Rádio Clube à Nacional, era cheio de poesias, músicas sertanejas, moda de violas, descobrindo Manezinho Araújo, o Rei das Emboladas, Catulo da Paixão Cearense, e muitos poetas e compositores nordestinos como Luiz Vieira e interioranos. O programa ficou no ar por mais de trinta anos, sendo suas gravações distribuídas para as emissoras de rádio do interior do Brasil.

A veia humorística de Renato Murce esteve presente na televisão com "Papel Carbono" como "Piadas de Manduca", pela TV Rio nos programas de Flávio Cavalcanti, Jota Silvestre e PRK-30.

Parte dos programas que tem sido criado na TV inspiraram-se nos tipos e situações criados nos anos 1940 e 1950. Receberam influências os programas de televisão como o da "Escolinha do Professor Raimundo" da TV Globo e "Escolinha do Golias", da TV Rio e SBT.

O programa "Papel Carbono" foi inspirado num filme antigo assistido por Renato Murce, que fez uma adaptação depois para o rádio. Começou na Rádio Clube, contava com Ary Barroso e continuou depois na Rádio Nacional.

Renato Murce que acumulava a função de animador, tratava o iniciante com grande respeito, como também encaminhava os vitoriosos na vida artística. Chamava os calouros de "Ilustres Desconhecidos".

Se revelaram artístas como Os Cariocas, Dóris Monteiro, Alaíde Costa, Ângela Maria, Ellen de Lima, Claudete Soares, Ivon Curi, Ademilde Fonseca, Baden Powell, Chico Anysio, Agnaldo Rayol, Roberto Carlos, Luiz Vieira e tantos outros.

Ely Macedo de Sousa, nome de Eliana Macedo, atriz do cinema brasileiro. O nome artístico foi uma homenagem a uma amiga que se chamava Ana. Eliana se casou com Renato Murce em 1950, causando muitos comentários na época, pela diferença de idade entre os dois e por ela ser a "Namoradinha do Brasil", muito antes da atriz Regina Duarte, e a estrela dos musicais da Atlântida (as Chanchadas) sob a direção do diretor Watson Macedo, seu tio.

Renato Murce continuou à trabalhar depois da aposentadoria, quando sofreu um infarto, não mais se recuperando. Apresentou o programa de rádio "Ontem, Hoje e Sempre" com material produzido de arquivo, por muitos anos.

Depois da morte de Eliana Macedo, o acervo de Renato Murce foi doado ao Instituto Cultural Cravo Albin, pelo seu neto mais velho Ney Murce.

Fonte: Wikipédia