Dirceu

DIRCEU JOSÉ GUIMARÃES
(43 anos)
Jogador de Futebol

* Curitiba, PR (15/06/1952)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/09/1995)

Dirceu José Guimarães, mais conhecido como Dirceu, foi um jogador de futebol brasileiro que atuava como ponta-esquerda e meia.

Ele talvez tenha sido um dos jogadores mais técnicos e voluntariosos da história do futebol brasileiro. Sua disposição era tão grande que acabou herdando o apelido de "Formiguinha" de Zagallo. Dirceu foi um dos principais nomes da Seleção Brasileira nas décadas de 70 e 80.

São três Copas do Mundo, uma Olimpíada e muitos clubes no currículo. Sua brilhante carreira durou 25 anos, e um detalhe importante: nesse tempo todo, nunca recebeu um único cartão vermelho, apesar de toda a sua garra e toda a sua determinação mostrada nos gramados.

Dirceu José Guimarães nasceu no dia 15/06/1952, na cidade de Curitiba, PR. Iniciou a sua cerreira no futebol no final dos anos 60 no infantil do Coritiba. Foi lançado no time profissional pelo lendário Filpo Núñez quando tinha apenas 18 anos e logo começou a ser notado pelos dirigentes das equipes do eixo Rio-São Paulo. Foi fundamental na conquista dos campeonatos paranaenses de 1971 e 1972, conquistados pelo Coxa Branca. Antes de se transferir para o Botafogo, participou dos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, e foi um dos poucos jogadores a se salvar na decepcionante campanha da Seleção Brasileira, que foi desclassificada ainda na primeira fase.

Suas atuações com a camisa do Botafogo fizeram com que aquele jovem ponta-esquerda ganhasse notoriedade e prestígio junto à torcida. Mesmo não tendo conquistado títulos com a camisa alvinegra, foi lembrado por Zagallo para fazer parte do grupo que disputou a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha Ocidental.

Dirceu não começou o Mundial como titular, mas ganhou a vaga na segunda fase da competição e teve boa participação nos jogos contra a Alemanha Oriental, Argentina, Holanda e a Polônia. O quarto lugar na Copa acabou frustrando os torcedores, mas o hábil ponta-esquerda seguiu com bastante moral com a torcida.


Dirceu defendeu o Botafogo até 1975, participando de 52 partidas e marcando nove vezes. Depois foi contratado pelo Fluminense e fez parte de uma das equipes mais fantásticas e mais lembradas pela imprensa esportiva: a "Máquina Tricolor".

Junto com craques como Carlos Alberto Torres, Paulo César Caju, Edinho, Rodrigues Neto, Gil e Rivellino, conquistou o Campeonato Carioca de 1976 e ainda levou o Fluminense às semifinais do Campeonato Brasileiro de 1976, quando a equipe das Laranjeiras foi derrotada pelo Corinthians nos pênaltis, na partida que ficou conhecida como a "Invasão Corintiana".

Dirceu deixou o Fluminense em 1977, como parte do "troca-troca" idealizado por Francisco Horta e se transferiu para o Vasco da Gama. Quando chegou em São Januário, Dirceu se transformou num dos principais jogadores do time, formando-se em um meio-campo de muito respeito com Zé Mário e Zanata. A conquista do Campeonato Carioca daquele ano, com apenas uma derrota e nenhum gol sofrido em todo o segundo turno, entrou para a história do Gigante da Colina. E a final contra o Flamengo, decidida apenas nos pênaltis, é considerada até hoje uma das mais emocionantes da história da competição.

Suas boas atuações com a camisa do Vasco da Gama lhe renderam a convocação para a sua segunda Copa do Mundo, em 1978. Dirceu, a princípio, era o reserva imediato de Rivellino, mas acabou entrando logo na partida de estréia, contra a Suécia.

A "Formiguinha" marcou três gols no Mundial da Argentina, dois contra o Peru e um contra a Itália, e foi o principal destaque da Seleção Brasileira que ficou com a terceira colocação no torneio, na ocasião chamada de "Campeão Moral" pelo técnico Cláudio Coutinho. E suas atuações foram tão boas que ele foi premiado com a "Bola de Bronze" da Copa do Mundo, como o terceiro melhor jogador do Mundial e fazendo parte da seleção do torneio.

Depois de duas temporadas jogando pelo América do México, Dirceu se transferiu para o Atlético de Madrid em 1979, permanecendo no clube por três anos. Foi lembrado por Telê Santana para a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, mas só atuou no primeiro tempo da partida contra a União Soviética. Depois do Mundial, iniciou uma verdadeira peregrinação por clubes europeus, principalmente na Itália, onde defendeu o Napoli, Ascoli e o Como. Por este último, participou da melhor temporada da história do clube, levando a pequena equipe ao oitavo lugar no Campeonato Italiano e à semifinal da Copa da Itália. Por causa dessa temporada, foi eleito o melhor jogador do Calcio de 1985/1986.


Foi convocado para a Copa do Mundo de 1986, mas acabou cortado por conta de uma lesão causada num choque com o goleiro Paulo Victor a poucos dias do embarque para o México. No entanto, Dirceu se mostrou inconformado com o fato e nunca perdoaria o técnico Telê Santana e o médico Neylor Lasmar pela sua ausência naquela que seria a sua quarta Copa do Mundo. É bom lembrar que outros jogadores veteranos como Zico, Sócrates e Falcão também estavam lesionados e/ou fora de forma, e contaram com a complacência da comissão técnica.

Dirceu defendereria ainda o Avellino, da Itália, retornou ao Vasco da Gama em 1987 onde se desentendeu com o técnico Sebastião Lazaroni e só jogou sete partidas. Passou pelo Miami Sharks, dos Estados Unidos e por outras equipes pequenas do futebol italiano, se dividindo entre os campeonatos de futebol e futsal.

Com quase quarenta anos, viveu outro grande momento atuando pelo modestíssimo Ebolitana, equipe da cidade de Eboli, na província de Salerno. Com o ex-companheiro de Fluminense Rubens Galaxe no comando do time, a fanática torcida começou a sonhar com o acesso para a Série C do Campeonato Italiano. Mesmo não tendo conseguido a classificação, Dirceu foi homenageado pelo clube que batizaram o estádio local com o nome "Stadio Dirceu José Guimarães".

Depois de mais um período atuando no futebol de salão e no showbol, Dirceu aceitou uma proposta do Yucatán, onde encerraria a sua brilhante carreira em 1995. E a sua despedida contou com a presença de amigos como Zico e Roberto Dinamite jogando no Estádio Asteca, tomado por 50 mil pessoas que queriam ver a "Forminguinha" jogando pela última vez.

Talvez a única mágoa do jogador, além da polêmica do corte na Copa do Mundo de 1986, tenha sido o fato de nunca ter sido homenageado em Curitiba, sua cidade natal. Por outro lado, Dirceu também ficou conhecido pelo fato de priorizar boas propostas financeiras ao invés de permanecer nos clubes por um maior período de tempo.

Após 17 anos fora do Brasil, resolveu voltar e se restabelecer definitivamente no país.


Morte

Uma semana depois de sua chegada ao Rio de Janeiro, retornando de um futebol noturno com ex-jogadores na Barra da Tijuca, Dirceu e seu amigo italiano Pasquale Sazio teriam sido vítimas da irresponsabilidade de rapazes que faziam um "racha" e acertaram seu carro, um Puma. Ambos faleceram na hora, na madrugada de 15/09/1995.

Dirceu José Guimarães tinha 43 anos de idade e deixou três filhos. Sua mulher estava grávida do quarto menino.


Títulos

Coritiba
1971 - Campeonato Paranaense
1972 - Campeonato Paranaense

Fluminense
1976 - Campeonato Carioca

Vasco da Gama
1977 - Campeonato Carioca
1988 - Campeonato Carioca



Prêmios

  • 1977 - Jogador do Ano: Melhor Jogador do Vasco
  • 1978 - Jogador do Ano: Melhor Jogador do Vasco
  • 1978 - Bola de Bronze Copa do Mundo FIFA
  • 1978 - 3º Maior Futebolista Sul-americano do Ano
  • 1985 - Melhor Jogador do Campeonato Italiano
  • 1986 - Melhor Jogador do Campeonato Italiano