Adriano Reys

ADRIANO ANTÔNIO DE ALMEIDA
(77 anos)
Ator

* Rio de Janeiro, RJ (20/07/1934)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/11/2011)

Apesar da dedicação aos esportes nos tempos de colégio, que lhe valeram várias medalhas, suas tendências artísticas foram mais fortes. Com apenas 19 anos, estreou no cinema, no filme "Os Três Recrutas" (1953). Na mesma época, pisou os palcos pela primeira vez, na peça "Cupim", contracenando com Oscarito, Margot Louro e Miriam Terezinha.

De sua carreira cinematográfica, destacam-se "Tiradentes, o Mártir da Independência" (1977), de Geraldo Vietri, e "Menino do Rio" (1982), de Antônio Calmon.

Foi dirigido também por Domingos de Oliveira, em "Todas as Mulheres do Mundo" (1966), e Carlos Manga, em "A Dupla do Barulho" (1953), entre outros.

Seu primeiro trabalho na televisão foi em 1961, em "Adeus as Armas".

Em 1970 estrelou na novela "E Nós Aonde Vamos?". No mesmo ano, fez também "Pigmaleão 70". Depois, vieram "Bel-Ami" (1972), "A Viagem" (1975) e "Éramos Seis" (1977), todas na TV Tupi de São Paulo.


Transferido para a TV Globo, atuou em "Sétimo Sentido" (1982), "Ciranda de Pedra" (1981), "Final Feliz" (1982), "Ti Ti Ti" (1985), "Vale Tudo" (1988), O Bofe (1990), Mulheres de Areia (1993), entre outras.

Em uma breve passagem pela TV Bandeirantes, contracenou com Betty Faria em "A Idade da Loba" (1995).

Afastou-se por oito anos da TV, retornando depois pela TV Globo, em "Kubanacan" (2003) e "A Lua Me Disse" (2005). No ano seguinte, voltou à TV Bandeirantes, atuando em "Paixões Proibidas".

Em agosto de 2009, foi ao ar seu último trabalho na televisão, "Promessas de Amor", na TV Record. Antes, na mesma emissora, já havia participado da terceira fase de "Os Mutantes - Caminhos do Coração".

Adriano Reys morreu por volta das 9:30 hs do dia 20/11/2011 no Hospital Copa D'Or, no Rio de Janeiro, onde estava internado havia 10 dias para tratamento de câncer de fígado e no peritônio. Ele não deixou filhos.

Cinema

  • 1987 - A Menina do Lado
  • 1982 - Menino do Rio
  • 1981 - O Sequestro
  • 1976 - Tiradentes, o Mártir da Independência
  • 1974 - Gente Que Transa
  • 1972 - Uma Abelha na Chuva
  • 1971 - Paixão na Praia
  • 1967 - Garota de Ipanema
  • 1966 - Todas as Mulheres do Mundo
  • 1965 - No Tempo dos Bravos
  • 1962 - As sete Evas
  • 1962 - Os Apavorados
  • 1959 - Aí Vêm os Cadetes
  • 1956 - O Golpe
  • 1955 - Angu de Caroço
  • 1955 - Leonora dos Sete Mares
  • 1954 - Malandros em Quarta Dimensão
  • 1953 - A dupla do Barulho
  • 1953 - É Pra Casar?
  • 1953 - Três Recrutas

Televisão

  • 2009 - Mutantes - Promessas de Amor ... Antônio "Tonho" Cordeiro
  • 2006 - Paixões Proibidas ... Padre Bernardo
  • 2005 - A Lua Me Disse ... Bandeira Dois (Participação Especial)
  • 2003 - Kubanacan ... Pitágoras
  • 1998 - Do Fundo do Coração ... Raul
  • 1996 - Malhação ... Ferraz
  • 1997 - Canoa do Bagre ... Raul
  • 1995 - A Idade da Loba ... Pedro Antônio Montenegro
  • 1994 - Quatro Por Quatro ... Meirelles
  • 1993 - Mulheres de Areia ... Oswaldo Sampaio
  • 1990 - Barriga de Aluguel ... Alvaro Barone
  • 1990 - Cortina de Vidro ... William
  • 1988 - Vale Tudo ... Renato Filipelli
  • 1986 - Selva de Pedra ... Promotor Público
  • 1985 - Ti Ti Ti ... Adriano
  • 1984 - Santa Marta Fabril S.A. (Minissérie)
  • 1984 - Amor Com Amor Se Paga ... Vinicius
  • 1983 - Parabéns Pra Você ... Tiago
  • 1982 - Final Feliz ... Leandro
  • 1982 - Sétimo Sentido ... Jean Pierre Renard
  • 1981 - Ciranda de Pedra ... Natércio Prado
  • 1979 - Como Salvar Meu Casamento ... Pedro
  • 1978 - O Direito de Nascer ... Jorge Luiz
  • 1977 - Éramos Seis ... Felício
  • 1976 - O Julgamento ... Ivan
  • 1976 - Papai Coração ... Estêvão
  • 1975 - A Viagem ... Raul
  • 1975 - Ovelha Negra ... Victor
  • 1974 - Ídolo de Pano ... Wilson
  • 1974 - Os Inocentes ... Dr. Mário
  • 1973 - Rosa-dos-Ventos ... Prof. Antônio Carlos
  • 1972 - Bel-Ami ... Bel-Ami
  • 1971 - O Preço de um Homem ... Mário
  • 1970 - Pigmalião 70 ... Juan Carlos
  • 1970 - E Nós Aonde Vamos?
  • 1961 - Adeus às Armas

Fonte: Artistas Inesquecíveis e Wikipédia

Pagu

PATRÍCIA REHDER GALVÃO
(52 anos)
Escritora e Jornalista

* São João da Boa Vista, SP (09/06/1910)
+ Santos, SP (12/12/1962)

Conhecida pelo pseudônimo de Pagu, foi uma escritora e jornalista. Teve grande destaque no Movimento Modernista iniciado em 1922, embora não tivesse participado da Semana de Arte Moderna porque, na época, contava apenas com onze anos de idade.

Militante comunista, foi a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas.

Bem antes de virar Pagu, apelido que lhe foi dado pelo poeta Raul Bopp, Zazá, como era conhecida em família, já era uma mulher avançada para os padrões da época, pois cometia algumas extravagâncias como fumar na rua, usar blusas transparentes, manter os cabelos bem cortados e eriçados e dizer palavrões. Ela não queria saber o que pensavam dela, tinha muitos namorados e causava polêmica na sociedade. Esse comportamento não era nada compatível com sua origem familiar, porque provinha de uma tradicional família e muito conservadora.

Embora tenha se tornado musa dos modernistas, Pagu não participou da Semana de Arte Moderna. Tinha apenas 12 anos em 1922, quando a Semana se realizou. Entretanto, com 18 anos, mal completara o curso na Escola Normal da capital (São Paulo, 1928) se integra ao Movimento Antropofágico, de cunho modernista, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.


O apelido Pagu surgiu de um erro do poeta modernista Raul Bopp, autor de Cobra Norato. Raul Bopp inventou este apelido, ao dedicar-lhe um poema, porque imaginou que seu nome fosse Patrícia Goulart e por isso fez uma brincadeira com as primeiras sílabas do nome.

Em 1930, um escândalo para a sociedade conservadora de então: Oswald de Andrade separa-se de Tarsila do Amaral e casa-se com Pagu. Especula-se que eles eram amantes desde a época que Oswald era casado. No mesmo ano, nasce Rudá de Andrade, segundo filho de Oswald e primeiro de Pagu. Os dois se tornam militantes do Partido Comunista.

Ao participar da organização de uma greve de estivadores em Santos, Pagu é presa pela polícia política de Getúlio Vargas. Era a primeira de uma série de 23 prisões, ao longo da vida.

Logo depois de ser solta, em (1933), partiu para uma viagem pelo mundo, deixando no Brasil o marido e o filho. No mesmo ano, publica o romance Parque Industrial, sob o pseudônimo de Mara Lobo.

Pagu e seu filho Rudá (Santos, SP)
Em 1935 é presa em Paris como comunista estrangeira, com identidade falsa, e é repatriada para o Brasil. Separa-se definitivamente de Oswald de Andrade, por conta de muitas brigas e ciúmes. Ela retoma sua atividade jornalística, mas é novamente presa e torturada pelas forças da ditadura, ficando na cadeia por cinco anos. Nesses cinco anos, seu filho é criado por Oswald.

Ao sair da prisão, em 1940, rompe com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista. Integra a redação de A Vanguarda Socialista junto com seu marido Benedito Geraldo Ferraz Gonçalves, o crítico de arte Mário Pedrosa, Hilcar Leite e Edmundo Moniz.

Da união com Geraldo Ferraz nasce seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz, em 18 de junho de 1941. Passa a morar com os dois filhos e o marido. Oswald de Andrade visita Rudá e eles passam a se relacionar como amigos. Nessa mesma época viaja à China e obtém as primeiras sementes de soja que foram introduzidas no Brasil.

Em 1952 frequenta a Escola de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos a Santos. Ligada ao teatro de vanguarda apresenta a sua tradução de A Cantora Careca de Ionesco. Traduziu e dirigiu Fando e Liz de Arrabal, numa montagem amadora onde estreava um jovem artista Plínio Marcos.

É conhecida como grande animadora cultural em Santos, onde passa a residir com marido e os dois filhos. Dedica-se em especial ao teatro, particularmente no incentivo a grupos amadores. Em 1945 lança novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria com o marido Geraldo Ferraz. Tenta, sem sucesso, uma vaga de deputada estadual nas eleições de 1950.


Ainda trabalhava como crítica de arte, quando foi acometida de um Câncer. Viaja a Paris para se submeter a uma cirurgia, sem resultados positivos. Decepcionada e desesperada por estar doente, Patrícia tenta suicídio, o que não se concretizou. Sobre o episódio, ela escreveu no panfleto Verdade e Liberdade: Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas.

Volta ao Brasil e morre em 12 de dezembro de 1962, em decorrência da doença, para total tristeza de marido e filhos.

Em 2004 a catadora de papel Selma Morgana Sarti, em Santos, encontrou no lixo uma grande quantidade de fotos e documentos da escritora e do jornalista Geraldo Ferraz, seu último companheiro. Estes fazem parte hoje do arquivo da Unicamp.

Em 2005, a cidade de São Paulo comemorou os 95 anos de nascimento de Pagu com uma vasta programação, que incluiu lançamento de livros, exposição de fotos, desenhos e textos da homenageada, apresentação de um espetáculo teatral sobre sua vida e inauguração de uma página na internet. No dia exato de seu nascimento, convidados compareceram com trajes de época a uma Festa Pagu, realizada no Museu da Imagem e do Som.

Outra faceta de Pagu é como desenhista e ilustradora. Participou da Revista de Antropofagia, publicada entre 1928 e 1929, entre outras. Recentemente foi publicado o livro Caderno de Croquis de Pagu, com uma coletânea de trabalhos da artista, bem como foi realizada uma exposição de alguns de seus desenhos na Galeria Hermitage.

Literatura

Pagu publicou os romances Parque Industrial (edição da autora, 1933), sob o pseudônimo Mara Lobo, considerado o primeiro romance proletário brasileiro, e A Famosa Revista (Americ-Edit, 1945), em colaboração com Geraldo Ferraz. Parque Industrial foi publicado nos Estados Unidos em tradução de Kenneth David Jackson em 1994 pela Editora da University of Nebraska Press.

Escreveu também contos policiais, sob o pseudônimo King Shelter, publicados originalmente na revista Detective, dirigida pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, e depois reunidos em Safra Macabra (Livraria José Olympio Editora, 1998).

Em seu trabalho junto a grupos teatrais, revelou e traduziu grandes autores até então inéditos no Brasil como James Joyce, Eugène Ionesco, Arrabal e Octavio Paz.

Representações na Cultura

Em 1988, a vida de Pagu foi contada no filme Eternamente Pagu (1987), no primeiro longa metragem dirigido por Norma Bengell, com Carla Camurati no papel-título, Antônio Fagundes como Oswald de Andrade e Esther Góes no papel de Tarsila do Amaral.

Foi tema de dois documentários, um produzido por seu filho Rudá de Andrade e outro pelo cineasta Ivo Branco, com o título Eh, Pagu!, Eh!. Aparece como personagem do filme O Homem do Pau-Brasil.

Foi retratada como personagem na minissérie Um Só Coração (2004), interpretada por Miriam Freeland.

Há uma canção homônima, Pagu, composição de Rita Lee e Zélia Duncan. Já interpretada por Maria Rita Camargo Mariano.

A história de Pagu também chegou aos palcos do teatro. No ano do centenário de seu nascimento entrou em cartaz o espetáculo Dos Escombros de Pagu, baseado no livro homônimo assinado por Tereza Freire.

Fonte: Wikipédia

Zerbini

EURYCLIDES DE JESUS ZERBINI
(81 anos)
Cardiologista

* Guaratinguetá, SP (10/05/1912)
+ São Paulo, SP (23/10/1993)

Irmão do general Euryale de Jesus Zerbini. Tornou-se internacionalmente conhecido por ter realizado o primeiro transplante de coração no Brasil, sendo o 5º no mundo a fazer o transplante.

Formou-se médico em 1935, especialista em cirurgia geral. Ao realizar o primeiro transplante brasileiro de coração, Zerbini e sua equipe tornaram-se reconhecidos em todo o país e no exterior.

Professor da Universidade de São Paulo, criou o Centro de Ensino de Cirurgia Cardíaca, semente do futuro Instituto do Coração.

No dia 25 de maio de 1968, tornou-se o primeiro médico brasileiro a realizar um transplante de coração, seis meses após o transplante pioneiro, realizado em dezembro de 1967 pelo cirurgião sul-africano Christian Barnard. Na noite deste dia, no centro cirúrgico do Hospital das Clínicas de São Paulo, transplantou o coração de Luis Ferreira de Barros, morto por atropelamento, para o peito do lavrador João Ferreira de Cunha, conhecido como João Boiadeiro. João viveria apenas 28 dias com seu novo coração - e Zerbini realizaria mais dois transplantes ainda nos anos 1960. Um dos transplantados, o empresário Ugo Orlandi, viveu 15 meses após a cirurgia.

Em 1985, aos 73 anos de idade, Zerbini voltou aos transplantes cardíacos, já na fase dos medicamentos anti-rejeição, e novamente foi pioneiro - ao realizar no dia 3 de junho daquele ano, o primeiro transplante de coração num paciente portador do Mal de Chagas, Manoel Amorim da Silva.

Em 58 anos de carreira, realizou 40 mil cirurgias cardíacas. Zerbini recebeu 125 títulos honoríficos e inúmeras homenagens de governos de todo o mundo. Participou de 314 congressos médicos. Realizou, pessoalmente ou através de sua equipe, mais de quarenta mil cirurgias cardíacas, trabalhando até poucos meses antes de morrer.

Costumava dizer que morreria operando - e quase cumpriu esta profecia. Faleceu vítima de Câncer, aos 81 anos, no próprio hospital que criou, inaugurou e dirigiu - o Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Em 1988, foi objeto de uma biografia, escrita pelo jornalista Celso Arnaldo Araujo e intitulada Dr. Zerbini - O Operário do Coração, na qual é descrita toda a sua trajetória profissional e a própria história da cirurgia cardíaca brasileira, que teve em Zerbini seu fio condutor.

Fonte: Wikipédia

Chica da Silva

FRANCISCA DA SILVA DE OLIVEIRA
(64 anos)
Escrava

* Arraial do Tijuco (Atual Diamantina), MG (1732)
* Arraial do Tijuco (Atual Diamantina), MG (15/02/1796)

A data de nascimento de Chica da Silva é imprecisa. A maioria dos historiadores, porém, aponta o ano de 1732. Mas há quem também informe que a ex-escrava nasceu em 1731.

Foi uma escrava, posteriormente alforriada, que viveu no Arraial do Tijuco, atual Diamantina, Minas Gerais, durante a segunda metade do século XVIII. Manteve durante mais de quinze anos uma união consensual estável com o rico contratador dos diamantes João Fernandes de Oliveira tendo com ele treze filhos. O fato de uma escrava alforriada ter atingido posição de destaque na sociedade local durante o apogeu da exploração de diamantes deu origem a diversos mitos.

Fachada da casa de Chica da Silva
Era filha do português Antonio Caetano de Sá e da escrava da Costa da Mina, Maria da Costa, por meio de um relacionamento extraconjugal. Foi libertada por solicitação de João Fernandes de Oliveira, um contratador de diamantes.

Foi escrava do sargento-mor Manoel Pires Sardinha, proprietário de lavras no Arraial do Tijuco. Nesta época teve pelo menos um filho, Simão Pires Sardinha, nascido em 1751, que teve como padrinho de batismo o então Capitão dos Dragões do Distrito Diamantino, em homenagem ao qual recebeu o nome. O registro de batismo deste filho não declara a sua paternidade, mas Manoel Pires Sardinha deu-lhe alforria e nomeou-o como um de seus herdeiros no seu testamento, daí o uso do mesmo sobrenome. Simão Pires Sardinha foi educado na Europa e veio a ocupar cargos importantes no governo da Corte. Embora não haja comprovação, alguns autores pretendem que ele teria tido parte na Inconfidência Mineira.

Em seguida, Chica da Silva foi vendida ou dada como escrava a José da Silva e Oliveira Rolim, o Padre Rolim. Ele foi, posteriormente, condenado à prisão pela importante participação que teve na Inconfidência Mineira. Também veio a viver com Quitéria Rita, uma das filhas de Chica da Silva e João Fernandes.

Casa de Chica da Silva
Pouco tempo depois, em 1753, João Fernandes de Oliveira chegou ao Arraial do Tijuco para assumir a função de contratador dos diamantes, que vinha sendo exercida por seu pai homônimo desde 1740. Em 1754, Chica da Silva foi adquirida, ou alforriada, pelo novo explorador de diamantes João Fernandes com o qual passou a viver sem que nunca tivessem se casado oficialmente.

O casal Chica da Silva e João Fernandes teve 13 filhos durante os quinze anos em que conviveu: Francisca de Paula (1755), João Fernandes (1756), Rita (1757), Joaquim (1759), Antonio Caetano (1761), Ana (1762), Helena (1763), Luiza (1764), Antônia (1765), Maria (1766), Quitéria Rita (1767), Mariana (1769), José Agostinho Fernandes (1770). Todos foram registados no batismo como sendo filhos de João Fernandes, ato incomum na época quando os filhos bastardos de homens brancos e escravas eram registrados sem o nome do pai.

Entre 1763 e 1771, João Fernandes e Chica da Silva habitaram a edificação existente atualmente na Praça Lobo de Mesquita, nº 266, em Diamantina.

A união consensual estável de João Fernandes e Chica da Silva não foi um caso isolado na sociedade colonial brasileira de envolvimento de homens brancos com escravas. Distinguiu-se por ter sido pública, intensa e duradoura, além de envolver um dos homens mais ricos da região durante o apogeu econômico.

Os amantes separaram-se em 1770, quando João Fernandes de Oliveira necessitou retornar a Portugal para receber os bens deixados em testamento pelo pai. Ao partir, João Fernandes levou consigo os seus quatro filhos. Em Portugal, os filhos de Chica da Silva receberam educação superior, ocuparam postos importantes na administração do Reino e até receberam títulos de nobreza.

Chica da Silva ficou no Arraial do Tijuco com as filhas e a posse das propriedades deixadas por João Fernandes, o que lhe garantiu uma vida confortável. Suas filhas receberam a melhor educação que se dava às moças da aristocracia local naquela época, sendo enviadas para o Recolhimento das Macaúbas onde aprenderam a fazer tricô, foram letradas, receberam intrução musical. Dali, só saíram em idade de se casar, embora algumas tenham seguido a vida religiosa.

Casa de Chica da Silva
Apesar de ser uma concubina, Chica da Silva alcançou prestígio na sociedade local e usufruiu das regalias privativas das senhoras brancas. Na época, as pessoas se associavam a irmandades religiosas de acordo com a sua posição social. Chica da Silva pertencia à Irmandade de São Francisco e Irmandade do Carmo, que eram exclusivas de brancos, mas também à Irmandade das Mercês (composta por mulatos) e Irmandade do Rosário, reservada aos negros. Portanto, Chica da Silva tinha renda para realizar doações a quatro irmandades diferentes, era aceita como parte da elite local composta quase que exclusivamente por brancos, mas também mantinha laços sociais com mulatos e negros por meio de suas irmandades. Apesar disto, como era costume da época, logo que foi alforriada passou a ser dona de vários escravos que cuidavam das atividades domésticas de sua casa.

Faleceu em 1796. Como era costume na época, Chica da Silva tinha o direito de ser sepultada dentro da igreja de qualquer uma das quatro irmandades a que pertencia. Foi sepultada dentro da Igreja de São Francisco de Assis pertencente a mais importante irmandade local, um privilégio quase que exclusivo dos brancos ricos, o que demonstra que mantinha a condição social mais alta mesmo vários anos após a partida de João Fernandes para Togo.

O jornalista Antônio Torres em seus apontamentos sobre Diamantina contou que o corpo de Chica da Silva foi encontrado alguns anos após sua morte, intacto, conservando ainda a pele seca e negra.



Fonte: Wikipédia