Erotides de Campos

EROTIDES JONAS NEVES DE CAMPOS
(48 anos)
Compositor, Instrumentista e Professor

* Cabreúva, SP (15/10/1896)
+ Piracicaba, SP (20/03/1945)

Erotides de Campos foi um compositor brasileiro. Autor de diversos sambas e marchinhas, exerceu também o ofício de professor de química e física.

Em 1905, mudou-se para a capital paulista, e em São Paulo estudou no Liceu Coração de Jesus, onde foram notados seus dotes de grande flautista. Em Piracicaba, lecionou Química na Escola Normal Sud Mennucci.

Erotides de Campos foi piracicabano por escolha e vivência, tendo nascido em Cabreúva, SP. Ainda menino, veio morar em Piracicaba, SP, em companhia do tio, Luis da Silveira Neves, em 1908.

Desde criança, sua vocação para a música despertou a atenção de professores e da família. Aos pais, músicos e muito pobres, não escapou o talento precoce do filho, que aos 8 anos de idade, já estudava piano com Francisca Júlia da Silva, poetisa de renome e pianista, ao mesmo tempo em que cursava Escola Municipal de Cabreúva.

Em 1905, um padre salesiano, ouvindo falar dos dons do menino, levou-o a estudar no Liceu Coração de Jesus, em São Paulo. O seu virtuosismo na flauta, apesar da tão pouca idade, surpreendeu a todos. Mas, passando as férias em Cabreúva, em 1907, Erotides de Campos foi atacado por tifo e teve que abandonar os estudos em São Paulo.

Piracicaba

Chegando a Piracicaba, Erotides de Campos integrou a já famosa Orquestra Piracicabana que se apresentava nos cines Iris e Politeama. A orquestra, entre outros, contava com a participação de Osório de Souza, MelitaCarlos Brasiliense, João Viziolli e Renato Guerrini. Participou, também, da banda União Operária.

Estudou na Escola Normal, atual Sud Mennucci, onde chamou a atenção do também músico Honorato Faustino, que passou a estimulá-lo. Formou-se em 1918 e foi lecionar na escola da estação de Monjolinho, em São Carlos. Conseguiu a segunda nomeação, retornando a Piracicaba onde lecionou no Grupo Escolar de Tanquinho e, depois, no de Dois Córregos.

Em 1921, casou-se com Maria Benedita Germano.

Por alguns anos, de 1923 a 1932, ficou em Pirassununga, atendendo ao convite do então prefeito e futuro interventor de São Paulo, Fernando Costa. Mas voltou a Piracicaba em 1932, nomeado como professor de Química do Curso Complementar, anexo à Escola Normal.

Destacou-se não apenas como professor e músico, mas, também, como homem voltado à caridade. Ele, com sua mulher Tita, foram os criadores do "Culto à Saudade", que criou o costume de os Vicentinos, no Dia de Finados, postarem-se à porta do cemitério, colhendo donativos para os necessitados.


A Obra

São mais de 230 as composições de Erotides de Campos, entre peças editadas e não editadas. São berceuses, canções, choros, dobrados, charlestons, elegias, valsas e outras formas musicais. Suas partituras foram ilustradas por desenhistas famosos, como Belmonte, Carnicelli, Valverde e Vantik. Entre os parceiros de Erotides de Campos, quase sempre autores dos versos, estão Benedito Almeida Júnior, Elias de Mello Aires, Francisco Lagrecca, Leandro Guerrini, Nilton Almeida Mello, Silvio Aguiar Sousa, entre outros.

Usando pseudônimos, Erotides de Campos acabou sendo vítima de um grande equívoco: a sua mais famosa composição, a "Ave Maria", foi composta com o nome de Jonas Neves, na verdade parte de seu nome, Erotides Jonas Neves de Campos. Isso lhe custou a retenção, após sua morte, dos direitos autorais pela Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT). Apenas em 1985, o jornalista Luiz Thomazi conseguiu desfazer o equívoco, permitindo, à viúva Tita, usufruir dos direitos autorais.

Entre as centenas de composições, destacam-se, além da "Ave Maria", "Murmúrios do Piracicaba", "Alvorada de Lírios" e "Uma Barquinha Azul".

Morte

Erotides de Campos morreu repentinamente vítima de um Ataque Cardíaco, em 20 de março de 1945, quando elaborava a capa do "Cancioneiro Escolar", com músicas suas. Homem humilde, recatado, mulato, Erotides de Campos recebeu a homenagem de Piracicaba num enterro em que se revelou a comoção popular.

Seu nome foi dado a uma rua da cidade, ao grupo escolar de Paraisolância e a uma sala de música o do I.E. Sud Mennucci. No Cemitério da Saudade, foi erguido um mausoléu com as primeiras notas musicais da "Ave Maria" inscritas em mármore.

Em Piracicaba, foi instituída a Semana de Erotides de Campos, que tem sido esforçadamente levada à frente pelo biógrafo de Erotides, José Carlos de Moura, engenheiro agrônomo.

Indicação: Miguel Sampaio

Chris Pitsch

CHRISTIANE PAGLIUCA PITSCH TEDD
(24 anos)
Atriz

* São Paulo, SP (05/08/1971)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/10/1995)

Christiane Pagliuca Pitsch Tedd, mais conhecida como Christiane Tedd ou simplesmente Chris Pitsch, nasceu em São Paulo, em 05/08/1971. Foi uma atriz que teve sua carreira abreviada em 1995, quando um infarto causou sua morte, com apenas 24 anos.

Aos 14 anos de idade, Chris Pitsch recebeu o diagnóstico de Cardiopatia Congênita e iniciou tratamento médico com medicamentos.

Chris Pitsch estudou no Colégio Rio Branco, em Higienópolis, e no Colégio Santa Marcelina, no bairro de Perdizes, ambos em São Paulo. Participou da telenovela brasileira "A Viagem" (1994) produzida pela Rede Globo vivendo Bárbara, do núcleo jovem da trama. Era sua estréia e última participação em novela.

Ao contrário do que se divulgou na época, Chris Pitsch não sofria de leucemia. Segundo a mãe da atriz, "Ela nunca teve leucemia e nunca fez quimioterapia, o que ela teve foi cardiopatia congênita. Apareceram os primeiros sintomas aos catorze anos, quando começou a desmaiar, fazia tratamento, tomava remédios, ela poderia ter durado 100 anos ou 24, mas como ela era muito especial e já tinha cumprido sua missão aqui ela partiu mais cedo."

A atriz começou a sentir-se mal enquanto assistia televisão com seu marido, em sua casa no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro. Ela desmaiou e o marido a levou para um hospital, onde, mesmo recebendo socorro médico, faleceu.

Chris Pitsch faleceu no dia 20/10/1995, aos 24 anos de idade, no Rio de Janeiro, RJ, onde vivia com seu marido. Ela foi cremada e suas cinzas foram jogadas nas pedras do Arpoador, no Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Lia

Heleno de Freitas

HELENO DE FREITAS
(39 anos)
Jogador de Futebol

* São João Nepomuceno, MG (12/02/1920)
+ Barbacena, MG (08/11/1959)

Heleno de Freitas foi um futebolista brasileiro, considerado o primeiro "craque problema" do futebol brasileiro.

Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, irritadiço, galã, Heleno de Freitas era homem de boa aparência, mas quase intratável. Depois de onze anos jogando futebol, entrou para a história como um dos maiores craques do futebol sul-americano.

Heleno, o craque, o artista da bola, o mito do futebol, o artista das multidões, o craque galã, o diamante branco, a elegância do futebol, são adjetivos, que perfeitamente se enquadram a figura ímpar de um gênio chamado Heleno e alguns desses fazem parte do somatório de homenagens, que ao decorrer dos anos serviram também como meio de imortalizar o grande ídolo. Foi com a bola nos pés, levando a torcida ao delírio que Heleno deixou a marca de sua genialidade, se tornando uma das mais ricas histórias do futebol brasileiro. Seu futebol encantou o mundo e lhe rendeu fantásticas expressões e frases de grande efeito, como a que se encontra na estátua em sua homenagem em Barranquilla na Colômbia "El Jogador".


Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, arrogante, galã, mas um homem nervoso, quase intratável. Depois de onze anos jogando futebol, Heleno de Freitas entrou para a história como um dos maiores craques do futebol sul-americano. Suas jogadas e gols deslumbraram os torcedores.

Começou em 1934 jogando pelo juvenil do Botafogo, clube que aprendeu a amar, e logo se tornou sócio-atleta. Ainda nos juvenis, teve um rápida passagem pelo Fluminense. Retornou ao Botafogo onde permaneceu até 1948, quando foi contratado pelo Boca Junior da Argentina, onde passou pouco tempo. Quando voltou ao Brasil, vestiu a camisa do Vasco da Gama onde conquistou seu único título de campeão carioca em 1949. Brigou com o treinador Flávio Costa e foi jogar na Liga Pirata da Colômbia. Em 1951 retornou ao Brasil e assinou com o América carioca. No clube de Campos Sales somente jogou 35 minutos e foi expulso. Foi também, seu primeiro e único jogo no Maracanã. A partida foi contra o São Cristovão e o América perdeu por 3x1.

Em 1940, ele foi o centroavante botafoguense na excursão ao México e no certame carioca. Pelo mundo, exibiu criatividade, valentia e técnica. Em toda parte, ainda, atiçando o mulherio, os traços das suas beleza, elegância e inteligência. Mulherengo, transava com qualquer raça e classe, alvinegra ou não. No Botafogo, obsessivo, quis incessantemente ser campeão. Mas até 1947, seu último ano no clube, o único título que obteve foi o de bacharel em direito - diploma inútil para Heleno de Freitas, sem afã de advogar, ser delegado de polícia, promotor ou juiz.

Em 1945, pela Seleção, fez o sul-americano no Chile, do qual saiu artilheiro. No ano seguinte, em Buenos Aires, deu show em outro sul-americano. E divergiu do técnico Flávio Costa no vestiário, onde o escrete se refugiara da pancadaria portenha. Apesar das hostilidades, Flávio Costa exigiu a volta ao jogo. O brigão Heleno de Freitas avisou que era temerário, pois talvez saíssem inutilizados. E essa hipótese, acresceu de Heleno de Freitas, não se aplicava a ele, que tinha do que viver, no que foi apoiado pelo ponteiro Chico. Todavia, irredutível, o técnico impôs a volta. E não deu outra: pau generalizado. Na briga, os que mais apanharam, e bateram, foram Heleno e Chico, o que ficara com a sensata tese do botafoguense no refúgio do vestiário. Assim, o Brasil perdeu no placar e no braço. E o centroavante, coitadinho, ganharia a eterna inimizade do treinador Flávio Costa.

Heleno de Freitas e Dino
Com a fúria com que se portara na Argentina, ficou claro que Heleno de Freitas estava doente. E ninguém sabia que era de Sífilis Cerebral, associada ao gênio difícil. A doença o atritava com cartolas, companheiros, adversários ou juizes, e ao clube eram prejudiciais as expulsões de campo. Pior, a torcida inimiga descobriu como irritá-lo apelidando-o de "Gilda", personagem sensual e neurótica de Rita Hayworth no cinema. Aí, só restou a proposta do Boca Juniors, em 1948: comprá-lo por um punhado de dólares. Isso magoaria o clube e o craque que, como Deus e diabo, se amavam tanto, freudiana e dialeticamente prisioneiro um do outro.

Ainda em 1948, Nilton Santos dava os primeiros passes no Botafogo,  Heleno de Freitas casou com Hilma, filha de diplomata, colega do poeta Vinícius de Moraes. Este, dedicou ao noivo "Poema dos Olhos da Amada" - obra que seria seresta na voz do cantor Sílvio Caldas. Nessa época, entristecido, o futebol do Brasil percebeu que Heleno de Freitas, tão íntimo da bola, jamais se entenderia com os homens.

Heleno de Freitas era quase perfeito em tudo. Nos gols de classe, nas jogadas de alta categoria, e nas cabeçadas maravilhosas. Entretanto, Heleno estava doente e não sabia. A sífilis corroía sua cabeça e isso lhe criava muitos problemas. Às vezes, não entendia os erros dos companheiros que lhe passava uma bola errada. Por isso, brigava com os colegas, xingava os adversários, discutia com os árbitros. Se Heleno de Freitas não fosse um craque maravilhoso, ninguém o suportaria. Foi campeão brasileiro e sul-americano defendendo por muitos anos as seleções cariocas e brasileiras.

Heleno de Freitas ganhou fama e dinheiro. Viveu sempre entre mulheres bonitas e homens inteligentes. Em Buenos Aires, quando jogou pelo Boca Junior, se tornou intimo da família do presidente Peron. No Museu do Esporte, existente na Colômbia, foi erguido um busto em sua homenagem  e as grandes jogadas que tanto encantaram os colombianos.

Rodrigo Santoro revive Heleno de Freitas no filme "Heleno"
Em Buenos Aires, o tormento psíquico afastou-o da mulher grávida. E sem ele o Botafogo ganharia o título de 48. Não aguentando,  Heleno de Freitas foi para o Vasco no início de 1949. Em São Januário, fez-se campeão pela única vez na carreira. Viveu em paz até que, num coletivo, saiu de campo esbravejando: "Estes dois (apontou Maneca e Ipojucan) não me passam a bola porque não querem. Aqueles (indicou) não passam porque não sabem. Não tenho nada a fazer aqui". Mais adiante, discutindo com Flávio Costa, apontou uma arma descarregada. Foi o bastante para que o Vasco o liberasse para o Atlético de Barranquilla, da Colômbia, onde jogavam Tim e outros astros.

Heleno de Freitas nunca quis ir ao médico para fazer um exame rigoroso e um tratamento sério da doença que o atormentava. Ele era genioso e quando abandonou o futebol, por insistência de amigos e parentes, foi examinado e constatado sífilis na cabeça em estado bastante adiantado.

Em 1953, a família o internou na mineira cidade de Barbacena, onde um amigo dele era médico numa casa de saúde. No início, o sifilítico embrenhou-se nas trevas insondáveis da loucura. Depois, uma revista o mostraria de pijama, obeso e triste. Por fim, só como um navio sem porto e sem condição mental de pedir um padre, ele morreu em 8 de novembro de 1959 e a imprensa brasileira noticiava a morte Heleno de Freitas.

O enterro aconteceu na sua cidade natal, São João do Nepomuceno, MG. Morreu longe da torcida, dos dirigentes e com companheiros. Entretanto, a cidade chorou a perda do seu filho mais ilustre.

"O futebol, fonte das minhas angústias e alegrias, revelou-me Heleno de Freitas, a personalidade mais dramática que conheci nos estádios deste mundo."
(Armando Nogueira)

Fonte: Botafogo Paixão
Indicação: Lia