José Antônio Pereira

JOSÉ ANTÔNIO PEREIRA
(74 anos)
Sertanista e Desbravador

☼ Barbacena, MG (19/03/1825)
┼ Campo Grande, MS (11/01/1900)

José Antônio Pereira foi um desbravador brasileiro, fundador da cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Para se traçar o perfil de José Antônio Pereira basta seguir a sabedoria milenar e procurar conhecê-lo através de suas obras. Todo artífice deixa sua marca na obra que realiza. Podemos assim identificá-lo nos diversos aspectos do trajeto de sua vida, desde Barbacena, passando por São João Del-Rei e Monte Alegre, nas Minas Gerais, até chegar ao centro da região sul da antiga Província de Mato Grosso. A história de sua vida se confunde, portanto, com a da fundação do Arraial de Santo Antônio do Campo Grande.

O filho de Manoel Antônio Pereira e Francisca de Jesus Pereira, nascido na cidade de Barbacena, antigo Arraial de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo, em 19/03/1825, descende dos Pereira, portugueses que se transferiram para o Brasil, cujas histórias se perderam nos séculos que se seguiram ao descobrimento de nossa Pátria. Já moço, muda-se para São João Del-Rei, originado do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, e se casa com a jovem Maria Carolina de Oliveira.

Desejando estabelecer-se definitivamente em lugar onde pudesse desenvolver suas atividades de pequeno agricultor e pecuarista com sua família nascente, transfere-se em meados do século dezenove para o povoado de São Francisco das Chagas do Monte Alegre, pertencente ao então denominado Distrito da Farinha Podre.

Fundada no início dos anos 1800 por uma numerosa família mineira que, na tentativa de apossar-se de terras devolutas no sertão de Goiás, acabou fixando-se naquela região do Triângulo Mineiro, Monte Alegre se situa no caminho que ligava a Capitania das Minas Gerais às terras goianas. Terminaram assentando, também, residência no local, naquela época, outros aventureiros que seguiram o mesmo itinerário; como as famílias de Gonçalves da Costa; Martins de Sá; de Manoel Feliz e dos Cardosos.

A família de José Antônio Pereira e de Maria Carolina de Oliveira, com o desenvolvimento de seus filhos Antônio Luiz, Joaquim Antônio, Francisca, Maria Carolina, Perciliana, Ana Constança, Maria Nazareth e Rita, começou a crescer.

Casaram-se Ana Constança com Manoel Gonçalves Martins e Maria Carolina com Antonio Gonçalves Martins. A impossibilidade de se expandir nas atividades rurais, com espaço para todos, fez com que procurassem outras alternativas, entre elas a ocupação de terras devolutas.

Finda a Guerra do Paraguai, com o retorno para o Brasil dos soldados que se retiraram da região da Laguna, cuja saga foi descrita magistralmente por Taunay, notícias sobre os campos da Vacaria foram levadas até Monte Alegre por ex-combatentes oriundos dessa cidade, um pequeno Arraial àquele tempo. A existência de extensas áreas de terras devolutas ao sul da Província de Mato Grosso atraiu o interesse de José Antônio Pereira que, em 04/03/1872, empreendeu sua primeira viagem.

Prudentemente, formou uma pequena comitiva, composta por seu filho Antônio Luiz, dos escravos João Ribeira e Manoel, guiados por Luiz Pinto Guimarães, sertanista que havia participado da referida guerra. Seguindo os caminhos percorridos pela expedição da Laguna, adentra Goiás, passando pelo porto de Santa Rita, hoje Itumbiara, cruzando posteriormente o Rio dos Bois e dirigindo-se à Vila das Dores do Rio Verde, hoje, Rio Verde, até chegar à região de Baús, em Mato Grosso, atualmente Costa Rica, daí em direção a Coxim, contornando o extremo norte da Serra de Maracaju e rumando para o sul, até Camapuã.

Continuando sua viagem, procura atingir a região da Vacaria, atual município de Rio Brilhante. Porém, quase em meio caminho, já atravessando a extensa e erma região do Campo Grande, defronta-se com terras de ótima qualidade e campos propícios para a pecuária. Eram, enfim, as sonhadas terras devolutas que José Antônio Pereira estava procurando.

Ao chegar, em 21/06/1872, à confluência de dois córregos, denominados, mais tarde, "Prosa" e "Segredo", resolve ali se estabelecer. Constrói um rancho, cobrindo-o com folhas de buriti. Providencia, também, a formação de pequena roça, amanhando a terra pelo sistema da coivara.

Os meses se passaram. Após a primeira colheita de uma plantação vicejante, naquele mesmo ano de 1872, decide voltar a Minas Gerais para buscar seus familiares.

Em Monte Alegre, reúne-se com a família e pessoas de sua relação, expõe as perspectivas da região com tamanho entusiasmo que sensibiliza e convence a todos para a grande aventura.

Começa então o planejamento e as providências para tal cometimento. Mais de dois anos se passaram para que tudo estivesse organizado. Provisões indispensáveis para a longa viagem, sementes e mudas de árvores frutíferas, um lote de gado de cria, animais de montaria e carros mineiros puxados por juntas de bois. Para casos de doença, até remédios foram providenciados pelo próprio José Antônio Pereira, que tinha conhecimentos de fitoterapia e terapêutica homeopática, exercendo naqueles sertões longínquos o papel de verdadeiro médico, na falta de um facultativo.

À frente de uma numerosa comitiva, José Antônio Pereira escolhe desta vez seguir um caminho mais curto para chegar ao seu destino. De Monte Alegre, dirige-se para o sul, passando pelo povoado de Prata, indo mais além ao encontro de um caminho paralelo à margem direita do Rio Grande, divisa da Província de Minas com a de São Paulo, e que permitia chegar à de Mato Grosso, situada à oeste. Esse trajeto os leva até as margens do Rio Paranaíba e ao patrimônio de Sant'Anna de Paranahyba, atual Paranaíba, no território mato-grossense. Para atravessar aquele rio, já havia, então, uma balsa rudimentar, que possibilitava o transporte de carretas e animais.

Permanece por vários meses naquela localidade, ajudando a debelar um surto de malária. Ali, seus préstimos, como prático da medicina, contribuíram para salvar muitas vidas. Nessa ocasião, fez a promessa de construir, quando chegasse ao seu destino, uma igreja em homenagem a Santo Antônio de Pádua, de sua devoção, caso nenhum dos seus perecesse.

Recebe o convite para estabelecer-se definitivamente no povoado, mas José Antônio Pereira, fiel ao compromisso assumido, e ao ideal que acalentava de chegar às terras do Campo Grande, retoma a marcha rumo à oeste. Atravessa o Rio Sucuriú, o São Domingos, o Verde e a cabeceira do Pardo, passa outra vez por Camapuã, e depois, em direção ao sul, busca o pequeno sítio que formara há quase três anos.

Aos 14/08/1875, chega finalmente ao local de destino. José Antônio Pereira não encontra o zelador que ali deixara, mas sim, a família de Manoel Vieira de Souza (Manoel Olivério), mineiro de Prata, antigo povoado de Nossa Senhora do Monte do Carmo, do Distrito da Farinha Podre, que igualmente fora atraído para estas plagas, pelas notícias da Vacaria, e que estava no local há cerca de dois meses.

É recebido cordialmente, com a intenção manifesta de Manoel Olivério de devolver-lhe a propriedade. José Antônio Pereira, idealista e cordato, propõe-lhe parceria nas atividades a desenvolver. Logo se tornam amigos, e as famílias acabam se unindo três anos depois, 04/03/1878, com os casamentos de Manoel Olivério com Francisca de Jesus, filha de José Antônio, de Antônio Luiz com Anna Luiza e Joaquim Antônio com Maria Helena, filhos de José Antônio e filhas de Manoel Olivério, respectivamente. A pequena igreja, construída por José Antônio Pereira, em cumprimento a sua promessa, é inaugurada com o ato religioso desses enlaces, que é oficiado pelo padre Julião Urchia, vindo de Nioac especialmente para esse fim.

Ainda em 1878, José Antônio Pereira retorna a Monte Alegre, pela derradeira vez, e traz consigo seu genro, já viúvo, Antônio Gonçalves. Em sua volta, reassume o comando do povoado nascente, divide as terras para a propriedade de seus filhos, genros, e também para si. Delimita a área reservada para a sede do patrimônio, denominando-o Arraial de Santo Antônio do Campo Grande. Torna-se o primeiro Subdelegado de Polícia.

Em 28/09/1886, recebe e hospeda, em sua casa, o Bispo de Cuiabá, Dom Carlos Luís d'Amour, que permaneceu no povoado por cinco dias.

A dedicação de José Antônio Pereira aos que adoeciam no emergente Arraial de Santo Antônio do Campo Grande era reconhecida por todos. Não se limitava apenas à preparação e administração de ungüentos, pomadas, xaropes, tinturas, chás e garrafadas, mas também ao cuidado dos que se feriam em acidentes. Aos fraturados, encanava-lhes os membros; aos feridos, pensava-lhes as chagas. Sua fama como parteiro era voz corrente, tendo assistido ao nascimento de seus filhos. Mais tarde passou a contar com a ajuda de uma velha escrava, a quem houvera treinado. Posteriormente, ensinou os ofícios para a própria nora, Maria Helena, esposa de Joaquim Antônio. Secundado por esta, sempre quando chamado, corria a atender às parturientes da Vila. Esse mister deu-lhe, também, a primazia de seccionar o cordão umbilical de muitos de seus netos.

A tradição oral que, através dos familiares, chega aos nossos dias, dá conta da existência das mezinhas de José Antônio, cujos recursos permitiam-lhe exercer sua medicina. A aquisição desse preparo técnico remonta aos tempos de sua vida em São João Del-Rey e Monte Alegre, nas Minas Gerais. Apoiado no seu Chernoviz, praticava a medicina de "folk", disseminada pelos sertões brasileiros; ou seja, a cultura popular do tratamento das doenças. Baseada, como até hoje, na utilização dos recursos químicos das plantas, através de variegadas tisanas, tais como: soluções, macerações, infusões e decocções; e de procedimentos eminentemente físicos, como a manipulação do calor, nos escalda-pés (pedilúvio), e do vácuo, através de ventosas. As aplicações de cataplasmas, emplastros, compressas, adjutórios, banhos-de-assento, colutórios, gargarejos e inalações, incluiam-se, também, nessa prática terapêutica.

A abordagem dos doentes não era realizada com instrumentos da semiologia médica. Os meios diagnósticos eram apenas breve interrogatório e a ectoscopia, corroborados pelo experiente "olho clínico" do velho mineiro, como sói acontecer na prática dessa medicina sertaneja.

Da figura do Fundador nos derradeiros anos de sua vida, com a longa barba branca e os cabelos encanecidos, emergia um ser que mesclava, simultaneamente, austeridade e doçura. À semelhança daqueles que fazem da arte de curar verdadeiro sacerdócio, sua simples presença emanava um magnetismo contagiante. Apenas ao toque de suas mãos, os doentes já começavam ter as sensações de melhora. Na verdade era, também, exímio benzedor. Não poucas vezes as mães levavam seus bebês acometidos de "quebranto" para serem benzidos pelo Velho.

Todos esses fatos, que atestam sua impressionante versatilidade no manejo das coisas da terra e das gentes, acabaram por consagrar José Antônio Pereira, não só como Fundador e Líder, mas sobretudo, como o primeiro cuidador da saúde, do povoado nascente.

Em 11/01/1900, morre José Antônio Pereira, sendo sepultado em cemitério que se localizava no bairro Amambaí, onde atualmente encontram-se construídos o SENAI e a Casa da Indústria. Tempos depois seus ossos foram transferidos para o jazigo da Família, no Cemitério Santo Antônio, onde se acham depositados, com os restos mortais de seus filhos e netos.

José Antônio Pereira foi um homem dedicado à família, um verdadeiro patriarca, prudente, organizado, justo e destemido. Católico fervoroso e piedoso devoto de Santo Antônio de Pádua. Possuidor de um profundo senso humanista, afinado sentimento coletivista, e pelo seu carisma, um líder inconteste. Aquele homem, de tez clara e olhos azuis, esguio e forte, cujas mãos eram calejadas pela labuta rural, e também afeitas ao mister de curar, procurou o Campo Grande, não para construir um imensurável e improdutivo latifúndio, mas, em busca de terras devolutas, suficientes para estabelecer-se com os seus, e com aqueles que se afinavam com seus ideais. Após longas e cansativas viagens, despendendo gigantescos esforços, enfrentando as intempéries e as doenças, desafiando os sertões, palmilhando caminhos ermos e desconhecidos, acabou chegando para ficar em definitivo e multiplicar por aqui suas raízes familiares, fazendo nascer um pequeno povoado, hoje grande metrópole.

Esta é a história de José Antônio Pereira, o intrépido fundador de Campo Grande, Capital do Estado de Mato Grosso do Sul.

Casa da Família José Antonio Pereira - Fundador de Campo Grande
Primeira Viagem

O objetivo de José Antônio Pereira era chegar às terras da região da Vacaria, ao sul da Província de Mato Grosso. Para isso, deveria seguir grande parte do caminho percorrido, em 1865/1866, pela coluna do exército brasileiro que combateu na Guerra do Paraguai, e que, partindo de Campinas, São Paulo, passando por Minas Gerais e Goiás, chegou ao palco de guerra, no território sul-mato-grossense.

Preparativos

A jornada seria longa, sendo assim, José Antônio Pereira preparou uma tropa de cerca de uma dúzia de animais, entre os de montaria e os de carga, com arreamento conveniente para o transporte de alimentos, remédios e sementes. Era imprescindível a presença de um bom guia, conhecedor dos caminhos, que os levasse aos famosos campos da Vacaria. Para tanto, foi contratado o sertanista Luiz Pinto Guimarães, residente em Uberaba e que havia acompanhado a expedição brasileira que participou da campanha da Laguna. Alguns meses se passaram até que tudo estivesse em ordem: planos de viagem, meios de locomoção e subsistência. Recursos financeiros não foram esquecidos, para as eventuais despesas durante o percurso. Até a melhor época para o empreendimento foi pensada, o outono, porque entre os meses de março e junho, as estiagens são mais longas, facilitando a travessia, a vau, dos rios ao longo do trajeto.

A Partida - Monte Alegre de Minas

José Antônio Pereira, juntamente com seu filho Antônio Luiz Pereira, o guia Luiz Pinto e dois escravos, partiu de Monte Alegre de Minas em 04/03/1872, uma segunda-feira.

Vamos nos transportar àquele tempo, com a ajuda do Visconde de Taunay, que relatou detalhadamente a viagem da coluna do exército brasileiro em suas "Cartas da Campanha de Matto Grosso (1865 a 1866)" e em "Marcha das Forças (Expedição de Matto Grosso) 1865-1866". Segundo Epaminondas Alves Pereira, neto de Antônio Luiz, e que, com ele conviveu por cerca de 35 anos, ouvindo-lhe freqüentemente sobre suas viagens, o trajeto seguido por José Antônio Pereira foi muito semelhante ao descrito por Visconde de Taunay, inclusive passando pelos mesmos povoados, para descanso e reabastecimento.

O Arraial de São Francisco das Chagas do Monte Alegre, daquela época, não deveria ser muito diferente do que descreveu Alfredo d'Escragnolle Taunay, quando por ali passou, cerca de sete anos antes, em 14/09/1865:

"A 2 léguas do pouso, atravessa-se o córrego da Matta e, uma légua adiante entra-se, no arraial de Monte Alegre, onde chegamos ás 11 horas. Esta povoação do termo do Prata conta 400 a 500 habitantes e algumas casas commodas, caiadas e cobertas de telhas. A matriz offerece simples apparencia e fecha uma pequena praça rodeada de palhoças. O commercio, quasi nullo, se mantem, embora em muito insignificante escala, pela passagem, hoje rara, de lotes de animaes." [pg. 80].
"Monte Alegre é um lugarzinho simpático de aspecto realmente risonho. Terá seus 400 ou 500 habitantes, algumas casas bastante boas, caiadas e de telhas. A Matriz é sumamente tosca. Diverti-me em lhe tirar uma vista. Muito pobrezinha com as suas torres e sua única porta a que dá acesso uma escadinha. O interior também de pobreza extrema, está bem de acordo com o movimento quase nulo do lugarejo de que é o mais importante edifício e a que animam as poucas tropas de cargueiros que por ali transitam. Acampamos um pouco adiante do arraial num lugar chamado Pimenta." [pg. 96].

Deixando Monte Alegre, a pequena comitiva tomou o rumo noroeste, seguindo uma estrada que ligava Uberaba às terras goianas, através dos cerrados mineiros, e que passava pelo povoado de Santa Rita de Cássia, mais comumente chamado de Santa Rita do Paranaíba, situado à margem direita do Rio Paranaíba, hoje Itumbiara, Goiás. Completavam, desse modo, um percurso de onze léguas, 66 km.

A travessia do Rio Paranaíba, àquela época, era através de uma pequena balsa, formada por duas canoas unidas por tábuas grosseiras, com a capacidade de levar 10 animais em cada viagem, e durava cerca de 40 minutos, de uma margem à outra. Era cobrada uma taxa de 700 réis por pessoa.

Santa Rita do Paranaíba (Itumbiara - Goiás)

Alcançam assim, a primeira etapa do percurso, Santa Rita, em Goiás, onde havia desde 1824, um porto com o mesmo nome, construído pelo português Cunha MattosVisconde de Taunay descreve deste modo, os aspectos do povoado, em setembro de 1865:

"Ergue-se a povoação de Santa Rita de Cassia á margem direita do Rio Paranahyba, estendendo as suas primeiras casas no declive da rampa que leva ao porto, onde aproam as barcas de passagem. A sua fundação é moderna; há vinte e tantos annos ahi se estabeleceram alguns mineiros exploradores, dando princípio a um arraial que foi erecto em freguezia no anno de 1850. O movimento commercial é quasi nullo; apenas alguma passagem e recovas carregadas de sal, com destino a Goyaz, tiram-na momentaneamente da atonia e estagnação que a personificam." [pg. 84-85].

A viagem de José Antônio Pereira prossegue em sentido noroeste, e o próximo obstáculo a ser transposto é o Rio dos Bois, 22 léguas, 132 km, além de Santa Rita do Paranaíba. A sua largura de quase 170 metros, travessia perigosa em razão da correnteza, obriga a passagem através de canoas e os animais, "a vau de orelha".

Vila das Dores do Rio Verde (Rio Verde de Goiás)

Depois de cerca de 41 léguas, 246 km, de jornada em pleno cerrado goiano, desde Santa Rita do Paranaíba, chegam então à Vila das Dores do Rio Verde, também denominada, àquela época, Vila das Abóboras, hoje Rio Verde.

"A estrada percorrida desde Santa Rita do Paranahyba até a villa das Dores não tem traçado regular: picada aberta pela necessidade de communicação recíproca entre os habitantes de algumas fazendas, offerece estado mais ou menos viável pela natureza dos terrenos e pelo transito regular que se tem ido estabelecendo entre aquelles dois pontos." [pg. 108].

A Vila das Dores, é assim descrita por Visconde de Taunay, em 31/10/1865:

"A capella de Nossa Senhora das Dores ergue-se n'um alto que domina o povoado, cuja rua única é formada de palhoças, essas mesmas espaçadas e muitas já em ruínas. Goza, comtudo, dos foros de villa, não correspondentes de certo com o estado que apresenta. A freguezia, porém, é bastante vasta: alguns fazendeiros de recursos habitam em sua área, e o caminho que a atravessa é hoje assaz animado pelo movimento das grandes boiadas que vão ter a Uberaba, dirigindo-se para o Rio de Janeiro." [pg. 109].

Baús (Município de Costa Rica - mato Grosso do Sul)

Agora, a comitiva de José Antônio Pereira toma a direção oeste, procurando chegar à região de Baús, no atual Município de Costa Rica, Mato Grosso do Sul, em pleno território da então Província de Mato Grosso, distante 54 léguas, 324 km. A viagem dá-se ainda nos cerrados de Goiás, com a travessia do Rio Doce através de ponte ali existente. Atinge, depois, os rios Claro, nas imediações da atual cidade de Jataí, e Verde, atravessando-os em trechos cujas vaus permitiam a sua transposição. Chega enfim em Baús, onde havia uma fazenda à margem direita de ribeirão do mesmo nome. Vencido esse longo percurso, com inúmeras interrupções para refazimento e pernoites, teria feito também, a comitiva de José Antônio Pereira, parada de descanso naquela fazenda, como as forças brasileiras que combateram na Guerra do Paraguai?

Voltamos aos escritos de Visconde de Taunay:

"Esta parada foi de obrigatória necessidade: as marchas cansativas e em dias seguidos tinham fatigado em excesso a força e feito perecer grande porção de animaes muares e cavallares. As bestas de transporte necessitavam ser tratadas e pensadas para poderem por mais tempo continuar viagem." [pg. 180].

A Fazenda Camapuã (Camapuã - Mato Grosso do Sul)

A marcha de José Antônio Pereira para oeste continua, em cerrados da Província de Mato Grosso, na direção de Coxim, por caminhos já palmilhados, ora arenosos, ora argilosos, procurando sempre os espigões à montante dos rios. Inicialmente, através de uma ponte, atravessa o Ribeirão Sucuriú, que se transformará, mais ao sul, no Rio Sucuriú ao receber afluentes. Ultrapassa as cabeceiras do Rio Jauru, e, seguindo as imediações da Serra de Santa Marta e da Serra Sellada, atravessa, a vau, os ribeirões afluentes, à direita, do Rio Jauru. José Antônio Pereira, depois de vencer quase 40 léguas, chega ao extremo norte da Serra de Maracaju, e se dirige para o sul, deixando à direita, as margens do Rio Coxim, rumando em busca de Camapuã. Em "Céus e Terras do Brasil"Visconde de Taunay, de retorno à Corte no Rio de Janeiro, descreve sua passagem por Camapuã:

"Ràpidamente transpusemos as três léguas que separam o Sanguessuga das ruínas de Camapuã, e ao meio-dia avistámos os restos, para assim dizer, imponentes daquela importante fazenda, sede outrora de muito movimento, de todo o que se dava por aquêles sertões. Ainda se vêem vestígios de grande casa de sobrado e de uma igreja não pequena; taperas rodeadas de matagais, no meio dos quais surgem laranjeiras e árvores frutíferas, que procuram resistir à invasão do mato e ainda ostentam frutos, como que atraindo o homem, cujo auxílio em vão esperam. Naquelas três léguas aparecem sinais de trabalhos consideráveis: estradas de rodagem atiradas por sobre colinas, caminhos roídos pelas águas, onde transitavam grandes procissões de carros a trabalharem na penosa varação, até o ribeirão Camapuã, dos gêneros e canoas que demandavam o Coxim e Taquari, com destino a Cuiabá. (...) manteve-se mais ou menos florescente até os princípios do século presente, existindo ainda escravatura numerosa às ordens do último administrador, Arruda Botelho, depois de cujo falecimento ficou o lugar abandonado ou tão-sòmente habitado por negros e mulatos livres, ou libertados pelo fato de não aparecerem herdeiros de seus possuidores.
Estes mesmos indolentes habitantes hoje estão quase todos reunidos a uma légua e três quartos de distância, no lugar chamado Corredor (...)" [pg. 88-89].

Em Busca dos Campos da Vacaria

Varando os cerrados do sul da Província de Mato Grosso, José Antônio Pereira, continua sua viagem, procurando chegar aos campos da Vacaria. Chega ao pouso do Jabota, passa através do Brejinho, pelo Córrego Pontinha, Maribondo e Perdizes. Depois de percorrer quase 30 léguas, alcança o Ribeirão das Botas.

Cavalgando ainda na direção sul, poucas léguas mais, em 21/06/1872 chega à confluência de dois córregos, depois denominados: "Prosa" e "Segredo"; em área completamente desabitada da região do então denominado "Campo Grande". Este, estendia-se a partir dos campos da Vacaria, no sentido norte, e a leste das fraldas da serra de Maracaju.

Visconde de Taunay, quando por aqui passou, em sua viagem de retorno a Corte, assim descreve esta região:

"Uma légua mais entramos no Campo Grande. Esta extensa campina constitui vastíssimo chapadão de mais de cinqüenta léguas de extensão, em que raras árvores rompem a monotonia duma planura sem fim (...)" [pg. 85].

Foram 3 meses e meio de viagem, percorrendo aproximadamente 180 léguas, de Monte Alegre de Minas ao Campo Grande.

Museu José Antonio Pereira - Estátua de Anna Luiza e Antônio Luiz Pereira
Segunda Viagem

Em 1875, à frente de uma comitiva de 65 pessoas, incluindo praticamente toda sua família, em doze carros mineiros, animais de montaria e de carga, e um lote de gado de cria, José Antônio Pereira deu início à segunda viagem rumo ao seu destino, a pequena propriedade que deixara no Campo Grande. Desta vez, o destemido sertanista resolveu seguir um caminho diferente, e menos longo, que passava pelo povoado de Sant'Anna do Paranahyba, na Província de Mato Grosso, junto à divisa com a de Minas Gerais.

Vila da Prata (Prata - Minas Gerais)

Deixando Monte Alegre, tomou o rumo sul e, após a ultrapassagem do Rio Tejuco a meio caminho, foi ter à Vila da Prata, hoje Prata, Minas Gerais, a cerca de 9 léguas de distância, no então chamado, Sertão da Farinha Podre. Naquele tempo, era um pouco maior que Monte Alegre, com sua primeira capela construída em 1811, quando tinha o nome de Arraial de Nossa Senhora do Monte do Carmo. A partir de 1848 passou a denominar-se Prata.

Vencida esta primeira etapa da viagem, com parada de descanso, retoma a jornada em sentido sudoeste. Transpõe, poucas léguas após, o Rio da Prata. Procura atingir as proximidades da margem direita do Rio Grande, vadeando continuamente os afluentes à direita do Rio Verde (de Minas), até chegar, quase 20 léguas depois, à freguesia de São Francisco de Sales, junto à divisa da Província de Minas com a de São Paulo.

Freguesia de São Francisco de Sales

Para ilustrar os caminhos percorridos por José Antônio Pereira, em sua segunda viagem, outra vez, iremos nos valer das narrativas do Visconde de Taunay, constante da obra "Céus e Terras do Brasil", na qual relata, detalhadamente, sua viagem de retorno a Corte, desde o porto do Canuto, às margens do Rio Aquidauana, até o Rio de Janeiro, passando pelo Campo Grande, por Camapuã e Sant'Ana do Paranahyba. Ao chegar à freguesia de São Francisco de Sales, atualmente São Francisco de Sales, Minas Gerais, em 12/07/1867, descreve nestes termos, as características do lugar:

"(...) povoação constante dumas quarenta casas, poucas de telhas, muitas em ruínas, fundada em 1837 pouco mais ou menos, e que nenhum progresso tem tido: definha lentamente, balda das esperanças que melhores condições poderiam fazer nascer, entretanto o terreno é fértil, a posição bonita e a índole dos habitantes boa. Na várzea que se percorre antes de subir a suave encosta em que assentam as casas, vimos pela última vez os belíssimos grupos de buritis (...) [pg. 101].

A comitiva de José Antônio Pereira, depois de descansar na freguesia de Francisco de Sales, seguiu caminhos, à oeste, quase em linha reta, não distantes da margem direita do Rio Grande, em terras mineiras, passando nas proximidades de onde se encontram, na atualidade, as cidades de Iturama, Alexandrita e Carneirinho.

Rio Paranaíba

Com aproximadamente 20 léguas de percurso, chega enfim às margens do Rio Paranaíba, na altura do atual Porto Alencastro, divisa da então Província de Mato Grosso com a de Minas Gerais.

"(...) entramos na mata do rio Paranaíba, a qual conserva em seus terrenos enatados, lodacentos, e nos troncos de suas árvores, sinais duma grande cheia, não remota. Desse centro é que se irradiam as febres; a putrefação vegetal, tão fatal aos homens, aí se efetua incessantemente, infeccionando a atmosfera três a quatro léguas ao redor. As margens do Paranaíba são naturalmente barrancosas; as águas claras, têm velocidade considerável, que a constante inclinação e esforço dos sarandis, em alguns pontos mais próximos das ribanceiras, indicam, a largura é de 350 a 400 braças. Para atravessá-las, existe uma barcaça composta de duas estragadas canoas de tamboril mantida pela barreira provincial de Mato Grosso, que daí tira algum rendimento."
[pg. 98].

Vila de Sant'Anna do Paranahyba (Paranaíba - Mato Grosso do Sul)

Percorrendo uma légua e meia desde o Rio Paranaíba, José Antônio Pereira chega à Vila de Sant'Anna do Paranahyba, na Província de Mato Grosso. Pretendendo estacionar ali o tempo suficiente para descanso e reabastecimento, providencia o empréstimo de terreno para a plantação de uma pequena roça. Entretanto, depara-se com um surto local de febre palustre. Obriga-se a permanecer por vários meses, retardando a marcha da viagem. Por seus conhecimentos de fitoterapia, e terapêutica homeopática, é convocado a colaborar no atendimento aos doentes. Na falta de um facultativo, naquela situação emergencial, atuou como verdadeiro médico, tendo ajudado a salvar muitas vidas.

A Vila de Sant'Anna seria muito diferente daquela, sobre a qual nos conta Visconde de Taunay, quando por ali passou, nos idos de 07/071867?

"O aspecto da povoação pareceu-nos sumamente pitoresco, talvez pelo desejo ardente de alcançá-la, como o ponto terminal do sertão de Mato Grosso ou como o último laço que nos prendia àquela província, em que tanto havíamos sofrido, talvez pela estação em que chegávamos; na realidade, metidas de permeio às casas, moitas copadas de laranjeiras, coroadas de milhares de auríferos pomos, ao lado doutras carregadas de cândidas flores, encantavam as vistas e embalsamavam ao longe os ares, trescalando o especial aroma. (...)
Transpondo um còrregozinho e subindo uma ladeira onde há míseras casinholas, chega-se à principal rua da povoação, outrora florescente núcleo de população, hoje dizimada das febres intermitentes, oriundas das enchentes do Paranaíba, ou pelo menos já estigmatizada dêsse mal, o que quer dizer o mesmo, visto como os moradores que de lá fugiram, não voltam mais; 800 habitantes mais ou menos, três ou quatro ruas bem alinhadas, uma matriz em construção, há muitos lustros, o tipo melancólico duma vila em decadência, o silêncio por todos os lados, crianças anêmicas, mulheres descoradas, homens desalentados, eis a vila de Sant'Ana, ponto controverso entre as províncias de Goiás e Mato Grosso (...)" [pg. 97].

Segundo Visconde de Taunay, o único prédio assobradado da vila, onde pernoitou, era a casa do major Martim Francisco de Melo, que o recebeu de modo hospitaleiro.

Rumo a Camapuã (Camapuã - Mato Grosso do Sul)

Debelado o surto de malária, sem que nenhum dos seus houvesse perecido; refeitos do cansaço das jornadas precedentes e reabastecidos com os meios necessários de sobrevivência; José Antônio Pereira, à frente de sua comitiva, enceta viagem por mais 63 léguas, nos sertões da Província de Mato Grosso. A partir daquele ponto, a caravana passou a ter 62 pessoas e onze carros mineiros, uma vez que sua filha Maria Carolina, que tinha o mesmo nome da mãe, e seu genro, Antônio Gonçalves Martins, juntamente com a filha do casal, Maria Joaquina, haviam resolvido regressar a Minas Gerais.

Procurando chegar a Camapuã, toma o rumo noroeste, em direção a Baús. Viaja, portanto, através de um caminho paralelo ao Rio Aporé, parte da chamada "Estrada do Piquiri", que passava na região do atual município de Cassilândia. Em pleno Sertão dos Garcias, vai encontrar fazendas ao longo desta trilha, e certamente transpor os Ribeirões das Pombas e Indaiá, citados por Visconde de Taunay. A meio termo, desvia sua jornada para oeste, observando neste trecho, em sentido contrário, a mesma rota seguida por Visconde de Taunay, de retorno a Corte, em 1867.

Procurando ultrapassar os rios, na medida do possível, contornando suas nascentes através de seus espigões, acaba chegando ao Rio Sucuriú. Às margens deste, haviam moradores muito pobres:

"Algumas choças esburacadas abrigam meia dúzia de habitantes paupérrimos, amarelados das febres intermitentes e de constituição enfezada, os quais vivem à mercê de plantações proporcionais à fôrça de trabalho, representada pela mais completa indolência (...) [pg. 93].

Os integrantes da comitiva são transferidos para a margem oposta do Rio Sucuriú, por meio de canoas. Animais e carros de bois transpõem-no, a vau.

A partir daí, até Camapuã, irão varar os dias sem encontrar uma única alma vivente ao longo daqueles sertões inóspitos. Jornadeiam apenas do raiar ao por do sol, ultrapassando os rios, através de seus leitos. Vencem o São Domingos, depois o Rio Verde (de Mato Grosso do Sul) e finalmente, após passarem pelo Ribeirão Claro, chegam ao Brejão, a pouco menos de 8 léguas da abandonada Fazenda Camapuã. Nas cercanias dessa fazenda, a uma légua e três quartos, irão encontrar o lugar chamado Corredor, "(...) habitado por negros e mulatos livres, ou libertados pelo fato de não aparecerem herdeiros de seus possuidores." [pg. 89].

Em Camapuã, a comitiva de José Antônio Pereira permanece por alguns dias, para reabastecimento e descanso.

Destino Final: O "Campo Grande"

Vinte e duas léguas de viagem os separava da pequena propriedade, deixada em 1872, situada na confluência de dois córregos, em terras do Campo Grande. José Antônio Pereira prossegue para o sul em busca de seu destino. Vadeia as cabeceiras do Rio Pardo na altura do atual Capim Verde, e, trilhando caminhos que passavam por Bandeirante, Bom-Fim e Jaraguari de hoje, atinge o seu destino em 14/08/1875. Encontra no local uma pequena família proveniente do povoado da Prata, próximo de Monte Alegre, e que, procurando os campos da Vacaria, há poucos meses, resolvera por aqui permanecer. Seu patriarca, Manoel Vieira de Souza (Manoel Olivério), recebe-os fidalgamente, propondo a devolução da propriedade, mediante o ressarcimento da importância que havia pago ao zelador do pequeno sítio, que aliás, depois do negócio, havia tomado rumo ignorado.

Associando-se agora com Manoel Olivério, providencia a imediata construção de vários ranchos ao longo da margem direita do córrego, depois denominado "Prosa", na altura da atual Rua 26 de Agosto. Os habitantes somam, então, 72 pessoas. José Antônio Pereira dá-se conta que estava fazendo surgir um novo povoado e logo providencia a determinação de seus limites. Denomina-o Arraial de Santo Antônio do Campo Grande, em homenagem ao Santo de sua devoção, cumprindo promessa que fizera ao passar pela Vila de Sant'Anna do Paranahyba, caso nenhum de sua comitiva perecesse de febre palustre, que acometia a população daquela localidade.

A segunda viagem, de Monte Alegre de Minas ao Campo Grande, embora seguindo um trajeto mais curto, aproximadamente 140 léguas, teve uma duração maior, em virtude do tamanho da comitiva, da lentidão característica dos carros de bois e da permanência prolongada na Vila de Sant'Anna do Paranahyba.

Museu José Antonio Pereira - Estátua de Anna Luiza e Antônio Luiz Pereira
Terceira Viagem

A terceira e última viagem de José Antônio Pereira às Minas Gerais aconteceu em 1878. Voltou a Monte Alegre para buscar seu genro, já viúvo, Antônio Gonçalves Martins; sua neta, Maria Joaquina; o esposo desta, Tomé Martins Cardoso; e a filhinha do casal, Maria Jesuína.

A bem da verdade, alguns fatos motivaram esse derradeiro retorno. Por ocasião da segunda viagem ao Campo Grande, com toda sua família, José Antônio Pereira fazia-se acompanhar, também, de sua filha Maria Carolina. Esta, cujo nome era igual ao de sua progenitora, vinha com seu marido, Antônio Gonçalves Martins, e a filha, Maria Joaquina.

Chegando ao povoado de Sant'Anna do Paranahyba, Antônio Gonçalves, por motivos ignorados, desentendeu-se com o sogro e resolveu regressar a Minas em um dos carros de bois, levando esposa e filha. Como foi anteriormente referido, a comitiva de José Antônio Pereira, quando partiu de Monte Alegre, utilizava-se de doze carros mineiros, chegando ao Campo Grande com apenas onze.

Entre os anos 1875 e 1878, Maria Carolina falece em Monte Alegre. José Antônio Pereira, patriarca de bom coração, naturalmente saudoso de seus familiares que se encontravam naquela cidade do triângulo mineiro, retorna para revê-los. Não mais encontra sua filha, mas sim o genro, agora viúvo e a neta Maria Joaquina, já casada, e com uma filha recém-nascida. Certamente em decorrência da índole daqueles mineiros, a reconciliação foi inevitável.

Assim sendo, no mesmo ano de 1878 José Antônio Pereira acaba persuadindo-os a mudar, definitivamente, para o Arraial de Santo Antônio do Campo Grande, e se juntar aos demais integrantes da enorme família dos Pereiras.

O itinerário dessa viagem, em todos os seus aspectos, isto é, dos trajetos seguidos aos locais de parada para descanso e reabastecimento, semelhou-se ao da segunda viagem.