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Cayon Gadia

CAYON JORGE GADIA
(62 anos)
Radialista, Diretor e Produtor de TV

☼ Inhumas, GO (23/08/1945)
┼ São Paulo, SP (29/08/2007)

Cayon Gadia foi um radialista, diretor e produtor de televisão nascido em Inhumas, GO, no dia 23/08/1945.

Diretor musical do SBT, nos últimos nove anos, Cayon Gadia foi responsável por produzir trilhas sonoras para as novelas da emissora, como "Os Ricos Também Choram" (2005), "Pícara Sonhadora" (2001) e "Chiquititas".

Cayon Gadia também trabalhou na Rádio Bandeirantes e Antena 1.

Duas semanas antes de seu falecimento ele sentiu fortes dores, e após exames foi constatada uma Diverticulite.

Cayon Gadia faleceu aos 62 anos, na madrugada de quarta-feira, 29/08/2007, em São Paulo, no Hospital 9 de Julho, vítima de falência múltipla dos órgãos, depois de passar por cirurgia para curar uma Diverticulite.

O velório de Cayon Gadia ocorreu no Cemitério do Morumbi, Em São Paulo, SP. O sepultamento ocorreu às 15h00 do dia 29/08/2007.

Fonte: Wikipédia e Folha.com

Lala Schneider

LALA SCHNEIDER
(80 anos)
Atriz, Diretora e Professora

☼ Irati, PR (23/04/1926)
┼ Curitiba, PR (28/02/2007)

Lala Schneider foi uma atriz brasileira nascida em Irati, PR, no dia 23/04/1926. Conhecida como a primeira-dama do teatro no Paraná, já foi considerada uma das cinco melhores atrizes do Brasil, tendo atuado em teatro, televisão e cinema. Trabalhou também como diretora e professora de interpretação.

Lala Schneider iniciou a carreira em 1950 na peça "O Poder do Amor", no Teatro de Adultos do Serviço Social da Indústria (SESI). Na época, trabalhava no setor administrativo do SESI, onde ficou até se aposentar. Ela foi uma das fundadoras do Teatro de Comédia do Paraná.

Ao longo dos seus 57 anos de carreira, Lala Schneider fez inúmeras montagens e ganhou 16 prêmios, entre eles o Troféu Gralha Azul na categoria Melhor Atriz, em 1984-1985 por "Colônia Cecília", e em 1992-1993 por "O Vampiro e a Polaquinha".

Ao todo, foram 99 peças, 9 filmes e 8 novelas em 52 anos de carreira. Na TV Globo, Lala Schneider fez participações em novelas como "Lua Cheia de Amor" (1990) e "Felicidade" (1991), além da minissérie "Tereza Batista" (1992).


No cinema, Lala Schneider trabalhou principalmente com cineastas paranaenses. Ela fez "Guerra dos Pelados", "Aleluia Gretchen" e "Making Of Curitiba", de Sylvio Back, "O Cerco da Lapa", de Berenice Mendes, "Maré Alta", de Egídio Élcio, entre outros. Seu último trabalho local foi o filme "Mistéryus", baseado em contos de Valêncio Xavier.

Em 1994, em homenagem à atriz, o diretor João Luiz Fiani inaugurou seu teatro em Curitiba com o nome de Fundação Teatro Lala Schneider.

Lala Schneider foi homenageada na exposição "Heroínas", exposição no Shopping Crystal, um trabalho de fotografias feitas pelo curitibano Cayo Vieira para um calendário com atrizes paranaenses de destaque.

Lala Schneider representou a personagem Clara, da peça "A Visita da Velha Senhora", de Friedrich Dürrenmatt.

Em 2004, Lala Schneider recebeu do Centro Cultural Teatro Guaíra, a Medalha Comemorativa dos 50 anos do Guairinha (Auditório Salvador de Ferrante), homenagem concedida às personalidades que fizeram parte da história do teatro paranaense.

Morte

Lala Schneider morreu na manhã de quarta-feira, 28/02/2007, aos 80 anos, em Curitiba, PR. Segundo a família, a atriz estava bem de saúde, apenas com problemas na coluna e de ansiedade.

Familiares tentaram acordar Lala Schneider por volta das 10h00 e chegaram a chamar uma ambulância. O corpo passou pelo Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba para que a causa da morte fosse identificada e seguiu para o velório, que aconteceu no hall de exposições do Teatro Guaíra a partir das 17h00.

O sepultamento ocorreu na quinta-feira, 01/03/2007, no Cemitério do Boqueirão, em Curitiba, PR.

Lala Schneider - Canal 3 Londrina, 1967
Trabalhos

Teatro
  • 1950 - O Poder do Amor (Nilo Brandão)
  • 1959 - Entre Quatro Paredes (Sartre, dirigida por Armando Maranhão)
  • 1959 - Antes do Café (Eugéne O’Neill, dirigida por Eddy Franciosi)
  • 1984/1985 - Colônia Cecília (Troféu Gralha Azul para Melhor Atriz)
  • 1992/1993 - O Vampiro e a Polaquinha (Troféu Gralha Azul para Melhor Atriz)
  • Entre muitas outras num total de 99 peças.

Cinema
  • Guerra dos Pelados (Sylvio Back)
  • Aleluia Gretchen ... Minka (Sylvio Back)
  • Making Of Curitiba (Sylvio Back)
  • O Cerco da Lapa (Berenice Mendes)
  • Maré Alta (Egídio Élcio)
  • Vovó Vai Ao Supermercado (Valdemir Milani)
  • Mistéryos (Baseado em contos de Valêncio Xavier)
  • Café do Teatro (Adriano Esturilho)
  • Entre outros, num total de 9 filmes.

Televisão
  • 1966 - O Direito de Nascer (TV Paraná)
  • 1966 - Estranha Melodia (TV Paraná)
  • 1980 - Maria Bueno (TV Paraná)
  • 1990 - Lua Cheia de Amor (TV Globo)
  • 1991 - Felicidade (TV Globo)
  • 1992 - Tereza Batista (TV Globo - Minissérie)
  • 2006 - A Diarista (TV Globo - Episódio: "Aquele da Pressa")
  • Entre outras, num total de 8 telenovelas.

Ely Barbosa

ELY RUBENS BARBOSA
(69 anos)
Autor de Histórias em Quadrinhos e Publicitário

☼ Vera Cruz, SP (15/03/1937)
┼ São Paulo, SP (19/01/2007)

Ely Rubens Barbosa, mais conhecido como Ely Barbosa, foi um autor de histórias em quadrinhos e publicitário brasileiro. Nasceu em Vera Cruz, São Paulo, filho de Otávio e Aurora Barbosa e irmão do novelista Benedito Ruy Barbosa. Desde pequeno teve tendência a seguir o caminho das artes, modelando, aos sete anos, bonecos de cera para o presépio da cidade.

Mudando-se para São Paulo, tornou-se publicitário, fundou seu próprio estúdio, onde fez desenhos dos personagens para o gibi dos Trapalhões, para a Editora Bloch.

A partir de 1976, começou a trabalhar com algumas de suas criações: Turma da Fofura, Tutti-Fruttis e Turma do Gordo, todos reunidos na revista em quadrinhos "Cacá e Sua Turma". A revista foi publicada pela Editora Abril de fevereiro de 1977 à junho de 1978, do número 1 ao 8, quando passou a ser publicada pela Rio Gráfica Editora à partir de fevereiro de 1980 à agosto de 1982 em 25 edições quando foi definitivamente cancelada.


Em julho de 1987 lançou a revista mensal "Turma da Fofura" pela Editora Abril com 27 edições até agosto de 1989 acrescida de mais 4 com numeração reiniciada a partir de outubro de 1989 à janeiro de 1990. As quinzenais "O Gordo & Cia." circularam no mesmo período em 38 e 34 edições, respectivamente. 

Em 1983, criou na TV Bandeirantes, o programa "TV Tutti Frutti", pelo qual recebeu o Prêmio APCA, da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Recebeu ainda o prêmio Ângelo Agostini por suas criações.

Em 1994, lançou o musical "Um Passeio no Cometa", com a Turma da Fofura. Seus personagens estamparam diversos produtos.

Em 1997 "Sítio do Pica-Pau Amarelo" voltaria ao ar, apresentado pela TV Cultura. Os herdeiros de Monteiro Lobato assinam então um contrato com Ely Barbosa, que assim voltou a trabalhar com os personagens do "Sítio do Pica-Pau Amarelo".


Nos anos 70, ele e Silvio Santos se associaram para produzir um desenho animado de longa metragem, mas o projeto não foi adiante. A idéia agora era explorar comercialmente essa volta à TV, através do lançamento de uma série de novos produtos.

Mas, com os malfadados planos econômicos do início dos anos 90, as revistas de Ely Barbosa são canceladas e seu estúdio fecha.

No início de 2002, Ely Barbosa lançou seu site pessoal, www.elybarbosa.com.br onde pretendia dar vazão às suas criações engavetadas.

Até o final da vida, Ely Barbosa se dedicou à publicidade e publicou diversos livros infantis e alguns romances.

Ely Barbosa faleceu em 19/01/2007, em São Paulo, SP, aos 69 anos, vítima do Mal de Parkinson.

Lilico

LUIZ CLÁUDIO ALVES SILVA
(29 anos)
Jogador de Vôlei

☼ Niterói, RJ (27/09/1977)
┼ São Paulo, SP (13/01/2007)

Luiz Cláudio Alves Silva, conhecido como Lilico, foi um jogador de voleibol. Ficou conhecido como o primeiro voleibolista brasileiro a assumir publicamente a sua homossexualidade.

Em 1999, à época da convocação para as Olimpíadas de Sydney, Lilico chegou a afirmar que o preconceito contra sua orientação sexual teria lhe tirado a chance de defender a Seleção Brasileira, uma vez que ele não foi convocado pelo então técnico Radamés Lattari.

Em sucessivas entrevistas, Lilico repetia: "Sou gay, mas jogo como um homem!"

Avesso a usar relógio, Lilico ganhou o apelido do desenho do "Tiny Toons", produção de Steven Spielberg que transformou em crianças personagens de Hanna Barbera.

Em sua última passagem por clubes, Lilico defendeu a Ulbra, do Rio Grande do Sul, na temporada 04/05 da Superliga masculina de vôlei. Lilico deixou as quadras, passou a estudar jornalismo e tinha planos de trabalhar na TV. Um dos pontos fortes do jogador, de 1,99m era seu saque, que chegava a 100 km/h. Seu ataque tinha alcance de 3,55m.

O jogador foi campeão brasileiro de seleções juvenil em 1994; bicampeão da Copa Sudeste (94 pelo Banespa e 01 pelo Palmeiras); campeão da Copa Brasil em 94, pelo Banespa; vice-campeão mundial juvenil em 95; campeão do Challenger Brasil 01, pelo Palmeiras; campeão Paulista 2000/2001 com o Suzano; campeão gaúcho de 02, campeão da Superliga 2002/2003 e Campeão do Grand Prix 2002/2003, os três com a Ulbra.

Morte

Lilico morreu no sábado, 13/01/2007, aos 30 anos, em decorrência de um  Acidente Vascular Cerebral (AVC), que sofreu em em 30/12/2006.

No dia 30/12/2006, Lilico foi internado na UTI da Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo.

A pedido de sua família, seus órgãos foram doados e seu corpo, cremado. "É uma forma de sabermos que estamos ajudando pessoas que precisam", afirmou o pai do ex-jogador, Aloísio Francisco da Silva

No sábado, 20/01/2007, foi realizada a missa de sétimo dia na Igreja São Luiz, em São Paulo. 

A mãe de Lilico, Maria Rodrigues Alves, pediu ao seu outro filho, Luiz Fernando Alves da Silva, e a Jorge Pablo Parodi que joguem as cinzas do ex-atleta no Parque do Ibirapuera, onde o mesmo adorava jogar vôlei nos finais de semana. 

Principais Resultados

  • 1994 - Campeão brasileiro de seleções juvenis
  • 1994 - Bicampeão da Copa Sudeste pelo Esporte Clube Banespa
  • 1995 - Vice-campeão mundial juvenil
  • 2000 - Campeão Paulista pelo time do município de Suzano
  • 2001 - Campeão Paulista pelo time do município de Suzano
  • 2002 - Campeão Gaúcho
  • 2002 - Campeão da Superliga
  • 2002 - Campeão do Grand Prix
  • 2003 - Campeão da Superliga
  • 2003 - Campeão do Grand Prix


Fonte: Wikipédia

Manoel Carlos Karam

MANOEL CARLOS KARAM
(60 anos)
Escritor, Dramaturgo e Jornalista

☼ Rio do Sul, SC (1947)
┼ Curitiba, PR (01/12/2007)

Manoel Carlos Karam foi um escritor, dramaturgo e jornalista brasileiro. Viveu em Curitiba, no Paraná, desde 1966. Escreveu e dirigiu vinte peças de teatro na década de 70 e, a partir dos anos 80, passou a dedicar-se aos livros, vencendo o prêmio Cruz e Souza de Literatura, da Fundação Catarinense de Cultura, em 1995, com a obra "Cebola".

Como jornalista, trabalhou na RPC TV, nos jornais O Estado do Paraná, Tribuna do Paraná e na prefeitura de Curitiba. Trabalhou também em campanhas políticas, como a do ex-governador Jaime Lerner.

O escritor deixou crônicas inéditas, e outros textos que serão publicados no futuro.

Em 2008, foi lançado "Jornal da Guerra Contra os Taedos".

No dia 02/12/2008, a Casa da Leitura do Parque Barigui, mantida pela prefeitura de Curitiba, foi batizada com o nome do escritor. O espaço agora abriga a biblioteca particular de Manoel Carlos Karam, composta de mais de 3 mil volumes.

Morte

Manoel Carlos Karam morreu na madrugada de sábado, 01/12/2007, aos 60 anos, vítima de câncer no pulmão, no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, PR.

O corpo do jornalista foi velado na Capela Vaticano, atrás do Cemitério Municipal. O corpo foi cremado em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba.

O prefeito Beto Richa lamentou a morte do escritor:

"A morte de Manoel Carlos Karam é uma perda irreparável, pessoa brilhante que foi, amigo, respeitado, com quem tive o privilégio de conviver e dono de uma cultura ímpar!"

A presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Fernanda Richa, disse que Manoel Carlos Karam deixa uma lacuna no espaço cultural e criativo da cidade.

"Ele fez a diferença em Curitiba, e vai deixar sempre uma marca indelével como jornalista, escritor e amigo!"

Livros Publicados

  • 1985 - Fontes Murmurante
  • 1992 - O Impostor no Baile de Máscaras
  • 1997 - Cebola
  • 1999 - Comendo Bolacha Maria no Dia de São Nunca
  • 2001 - Pescoço Ladeado Por Parafusos
  • 2002 - Encrenca
  • 2004 - Sujeito Oculto
  • 2008 - Jornal da Guerra Contra os Taedos
  • 2014 - Algum Tempo Depois

Branca Ribeiro

ADÉLIA ABUJAMRA
(70 anos)
Garota Propaganda

☼ (1937)
┼ São Paulo, SP (05/07/2007)

Branca Ribeiro, cujo nome real era Adélia Abujamra, foi uma das primeiras atrizes de comerciais da TV brasileira. Muito bonita e charmosa, fez sucesso, em todo os trabalhos que fez. Esteve na TV Tupi, na TV Paulista, na TV Excelsior, na TV Bandeirantes e na TV Record.

Salientou-se na apresentação do jornal "Mappin Movietone", em 1959, e também como apresentadora, ao lado de Cacilda Lanuza e do poeta Paulo Bonfim. Tinha bom improviso e isso lhe deu a chance de apresentar um programa que fez muito sucesso, intitulado "Festa Baile",  primeiro com Francisco Petrônio e depois com Agnaldo Rayol. Esse era um programa, em que todos se apresentavam em traje de gala, pois era um baile que acontecia, e com números de canto também. Foi um programa muito apreciado e Branca Ribeiro o enfeitava.

Ela também foi apresentadora do "Show de Notícias", da TV Excelsior. Branca Ribeiro ainda comandou o programa infantil "Parque Petistil".

Branca Ribeiro ganhou o Troféu Imprensa, em 1964, como melhor apresentadora e anunciadora.

Meire Nogueira, Branca Ribeiro, Ana Maria e Vininha de Moraes
Morte

Branca Ribeiro foi encontrada na quinta-feira, 05/07/2007. Segundo informações iniciais, ela havia morrido há pelo menos uma semana, e o corpo já estava em estado de decomposição. 

Branca Ribeiro tinha 70 anos e morava sozinha em um apartamento na Rua Peixoto Gomide, em São Paulo. Segundo informações passadas por uma amiga dela, identificada como Clélia, o zelador do prédio percebeu que ela não colocava o lixo para ser recolhido há vários dias, e chamou o genro da atriz que segundo ele, a atriz morreu em decorrência de problemas cardíacos. 

De acordo com Clélia, Branca Ribeiro seria prima do ator Antônio Abujamra.

Branca Ribeiro foi cremada no Crematório da Vila Alpina, por desejo expresso tempos antes, às suas amigas.

Fonte: Museu da TV e G1
Indicação: Miguel Sampaio

Cidinho Bola Nossa

ALCEBÍADES DE MAGALHÃES DIAS
(94 anos)
Jornalista, Funcionário Público e Árbitro de Futebol

☼ Urucânia, MG (11/04/1913)
┼ Belo Horizonte, MG (01/06/2007)

Natural de Ponte Nova, MG, jornalista e funcionário público, Cidinho Bola Nossa foi árbitro da Federação Mineira de Futebol entre os anos de 1940 e 1960. Cidinho só soube fazer uma coisa na vida melhor que apitar: Torcer para o Atlético Mineiro. Como as duas coisas são aparentemente incompatíveis, ser juiz e torcer de forma absolutamente escancarada por um time, Cidinho aprontou coisas do arco da velha nas quatro linhas, e tudo em nome da paixão. A história mais famosa de Cidinho aconteceu durante um jogo entre o Atlético Mineiro e o Botafogo, em 1949, quando Cidinho ganhou seu apelido:

Durante o jogo entre Atlético x Botafogo, na inauguração do estádio do Cruzeiro-MG em 1949. Numa bola lateral disputada entre Afonso (Atlético-MG) e Santo Cristo (Botafogo-RJ), ele foi questionado pelo jogador mineiro sobre de quem era a bola e, num ato falho, gritou: "É nossa, Afonso. A bola é nossa!"

Passou a ser conhecido como Cidinho Bola Nossa e adorou a deferência.

Em outra ocasião jogavam os extintos Sete de Setembro e Asas. Como o Atlético Mineiro enfrentaria três dias depois o vencedor do prélio, Cidinho encontrou uma ótima maneira de cansar o futuro adversário do Galo: Deu três horas e dez minutos de bola rolando. Isso mesmo, Cidinho Bola Nossa deu inacreditáveis 100 minutos de acréscimos, recorde mundial, e pra todo sempre imbatível, em uma partida de futebol.

O próprio Cidinho gostava de relatar como foi sua estréia no apito, com o objetivo admitido de ser parcial. Jogavam, em 1945, Atlético Mineiro e América. Jogo decisivo para o certame. Aos 40 segundos do primeiro tempo, em uma falta simples, Cidinho expulsou Fernandinho, ponteiro do América. Foi aplaudido pela torcida do Atlético Mineiro e declarou se sentir realizado.

Cidinho Bola Nossa, ao centro, sorteia a moeda.
Cidinho saiu corrido de estádios e quase morreu dezenas de vezes. Ameaças de linchamento foram pelo menos quinze. Em uma delas, em um jogo do Atlético Mineiro contra o Metalusina, em Barão de Cocais, marcou um pênalti aos 41 minutos do segundo tempo para o Atlético Mineiro em uma falta ocorrida na intermediária, uns dez metros antes da meia lua. No momento em que o jogador do Atlético Mineiro caiu, Cidinho deu a clássica corrida apontando a marca do pênalti, com tremenda autoridade e pose de vestal. Cercado pelos jogadores do Metalusina, declarou apenas:

"Penalidade máxima. Pênalti claro, a falta foi pelo menos meio metro dentro da área. Quem reclamar vai pro chuveiro mais cedo!"

Mais uma vez ameaçado de morte, ficou quase três horas protegido pela polícia no meio de campo e só conseguiu sair da cidade vestido de cigana, com argolas nas orelhas, leque, saia rodada e o escambau. Em duas outras ocasiões foi salvo da morte pelo Corpo de Bombeiros.

Existem vários casos sobre fugas espetaculares de estádio protagonizadas por Cidinho Bola Nossa. Certa vez, ele pulou o muro e caiu num córrego raso. Bateu a cabeça no fundo e acordou no hospital. Em outra ocasião, teve de se esconder num cemitério próximo ao campo. Ele, no entanto, nega que tenha se vestido de padre para escapar da ira de uma torcida revoltada com sua arbitragem.

Apesar de ter assumido o apelido, Cidinho tinha outra versão para o fato. Segundo ele, a versão maldosa teria sido espalhada por um repórter à beira do campo. Na verdade, ele teria respondido apenas que a bola era do Atlético.

Cidinho Bola Nossa morreu no dia 01/06/2007, aos 93 anos, vítima de um câncer de próstata. Confessou certa vez uma única e grande frustração em sua vida: Achava que merecia um busto na sede do Atlético Mineiro, por serviços prestados ao clube. Legou ao futebol pelo menos uma sentença exemplar:

"Nunca fui desonesto. Acontece que sou passional e não consigo ver a massa sofrendo. Jamais traí o povo!"

Maria Lenk

MARIA EMMA HULGA LENK ZIGLER
(92 anos)
Nadadora

* São Paulo, SP (15/01/1915)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/04/2007)

Maria Emma Hulga Lenk Zigler foi a principal nadadora brasileira, tendo sido a única mulher do país a ser introduzida no Swimming Hall Of Fame, em Fort Lauderdale, Flórida.

Filha de imigrantes alemães que vieram ao Brasil em 1912. Com apenas 17 anos, Maria Lenk foi a primeira atleta do Brasil a disputar uma Olimpíada. Depois foi pioneira no nado borboleta, venceu provas, quebrou recordes mundiais, lutou pela Educação Física e pelos direitos das mulheres.

Maria Lenk começou a nadar por causa de uma pneumonia dupla, aos 10 anos de idade. Seu pai, Paul Lenk, decidiu ensinar a filha a nadar para fortalecer o pulmão. Alemão que imigrou para o Brasil em 1912, Paul Lenk mantinha o costume de fazer exercícios. Ele foi campeão de ginástica de aparelhos em São Paulo e queria que os filhos também praticassem esportes. Maria Lenk escolheu a natação, assim como sua irmã caçula, Sieglinde, enquanto seu irmão, Ernesto, foi campeão brasileiro de basquete.

"Meu pai me levou para o Rio Tietê. Ele prendia meu maiô num anzol, ficava segurando a vara com uma corda do lado de fora do rio e dizia como eu devia fazer, enquanto desajeitadamente eu batia pernas e braços e bebia muita água. Mas não foi ele que inventou esse método. Todas as crianças daquela época aprendiam a nadar assim, presas por uma vara nas margens do Tietê, já que não existia piscina em São Paulo.
Naquela época, o Tietê tinha águas transparentes e ali eram realizadas competições de remo, natação e saltos. Com o tempo, a natação ganhou popularidade e os clubes resolveram criar áreas exclusivas para competições, evitando que os nadadores fossem levados pela correnteza ou atropelados por barcos do remo.
As provas mais longas aconteciam no trecho do rio que atravessava a cidade. A mais famosa era a Travessia de São Paulo a Nado, que foi criada, em 1924 pelo jornalista Cásper Líbero, o mesmo que criaria depois a Corrida de São Silvestre, em 1925. Por causa da poluição, a Travessia de São Paulo a Nado foi extinta em 1944.
Eu só comecei a participar da travessia nos anos 30, quando ela tinha patrocínio do jornal A Gazeta e até rendia fotos no jornal. Como atleta do Clube de Regatas Tietê, venci quatro anos seguidos, de 1932 a 1935, até que me mudei de São Paulo e não fiz mais aquela prova. Quem ficou no meu lugar no alto do pódio foi Sieglinde, minha irmã. No masculino, o vencedor da travessia todos os anos era João Havelange. Somos amigos desde aqueles tempos."

A travessia, com percurso de cerca de sete quilômetros, acontecia sempre no último domingo do ano e milhares de pessoas iam para as margens do rio assistir à prova. Era o maior evento esportivo da cidade, mas nem tudo era perfeito. Quando chovia, as águas ficavam barrentas e alguns animais mortos por afogamento passavam boiando. Maria Lenk chegou a contrair tifo em função dos treinamentos e competições nestas águas.

Preconceito e Superação

Dentro da comunidade alemã, havia muito incentivo para a prática de esportes e de ginástica e para cuidar do corpo e da saúde. Mas fora da comunidade, ser atleta causava muito estranhamento. Maria Lenk foi morar em Amparo, interior de São Paulo. Ela já tinha ido a dois Jogos Olímpicos e era famosa. Mas, mesmo assim, foi excomungada pelo bispo local por causa do seu maiô.

"Tinha acabado de me formar em Educação Física. Não conseguia trabalho no Rio de Janeiro, nem em São Paulo. Me mudei para Amparo, onde consegui uma vaga de professora. Ao chegar lá, descobri que não havia piscina pública. Mas não desanimei e acabei convencendo um clube local a reformar sua piscina e motivar as crianças da cidade a aprenderem a nadar. A natação contagiou Amparo e encheu a piscina de gente de todas as idades. O bispo não aguentou ver tanto maiô e calção e me acusou de péssimo exemplo para a sociedade amparense. Uma pecadora. Acabei sendo excomungada."

A Primeira Olimpíada: Los Angeles

No início da década de 30, Maria Lenk se destacou num campeonato interestadual e foi convidada para participar dos Jogos de Los Angeles. A delegação tinha 82 atletas e ela era a caçula, com 17 anos e a única atleta feminina. Ela viajou sem os pais, numa época em que a presença feminina em Olimpíadas ainda era interpretada como ameaça aos valores morais. A viagem durou seis semanas e os atletas ficaram este tempo todo sem treinar. "Não fez diferença, porque não sabia mesmo o que era treinamento. Mas aprendi lá", dizia.

Quando retornou dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, Maria Lenk recebeu inúmeras críticas por não ter trazido nenhuma medalha. A importância desta participação só seria reconhecida anos depois. Ela participou das provas de 100m livres, 100m costas e 200m peito. Nesta última obteve seu melhor resultado: oitavo lugar. Para quem só tinha participado de competições no Tietê e um interestadual, não foi nada mal.

"Lá conheci grandes campeãs e vi como elas treinavam. Nós, mulheres, ficamos todas juntas em um hotel de luxo. Os homens ficaram na Vila Olímpica, a primeira da história dos Jogos. O Brasil estava vivendo um período difícil. A delegação desembarcou em meio à Revolução Constitucionalista de 1932. Os atletas da delegação brasileira não voltaram como heróis, mas todos voltaram mais experientes e com muita vontade de treinar e representar bem o país em outras oportunidades."

Uma Nova Chance: Jogos Olímpicos de 1936

Para esta competição a delegação viajou de cargueiro para a Alemanha com seis mulheres. Os organizadores construíram um tanque que servia de piscina no convés, para que os atletas treinarem. O tanque era muito pequeno e não permitia que dessemos mais de duas braçadas.

"Nosso técnico, Carlito, Carlos de Campos Sobrinho, teve uma ideia: com uma corda ele amarrava a gente na borda. Assim, eu podia nadar sem sair do lugar. Mas as ondas fortes faziam com que eu fosse lançada contra as paredes do tanque. Treinar ali era uma aventura."

Mais uma vez os resultados não foram os esperados. Maria Lenk engordou um bocado por causa das seis refeições diárias do navio e não passou das provas semifinais. Mas naquela competição ela começava a escrever seu nome em âmbito mundial: Maria Lenk entrou para a história por ser a primeira mulher a nadar borboleta, estilo que aprendeu lendo uma revista alemã.

"Minha mãe insistia para que a gente aprendesse alemão. Ela importava revistas alemãs para que eu e meus irmãos pudéssemos praticar o idioma. E foi numa dessas revistas que fiquei sabendo que o nadador John Higgins criara uma nova maneira de nadar peito.
Até então, o regulamento do nado de peito na época dizia que os braços tinham que ir simultaneamente de frente para trás e de trás para frente, mas não dizia se era por dentro ou por fora d'água. O campeão de natação americano John Higgins tirou vantagem disso e levou os braços por fora d'água, dando origem ao nado borboleta. O estilo só ganharia provas próprias nos Jogos Olímpicos de 1956.
Eu comecei a fazer a mesma coisa e, então, nos Jogos de Berlim, ele era o único homem e eu a única mulher a nadar o que seria, hoje, o borboleta. Mas eu estava pesada e não fui bem nas provas como era de se esperar. Pouco antes dos Jogos cheguei a bater um recorde mundial nadando borboleta, mas ele não foi homologado."

Os Recordes e a Decepção

Segundo Maria Lenk, disputas políticas entre a Confederação Brasileira de Desportos e a Federação Brasileira de Natação fizeram com que a primeira não reconhecesse seu tempo. Mas, em 1939, ela superaria essa mágoa e corrigiria este erro, batendo dois recordes mundiais. Em 11 de outubro, fez a melhor marca do mundo nos 400 metros nado peito, na piscina do Botafogo, com o tempo de 6m15s80. Pouco depois, em 8 de novembro, na piscina do Fluminense, bateu o recorde mundial dos 200 metros peito, com o tempo de 2m56s.

"Com certeza, naquela época, eu estava no auge de minha condição atlética. Me preparava para os Jogos Olímpicos de 1940 e poderia ter vencido se eles não tivessem sido cancelados. Mas a Segunda Guerra acabou com esse sonho. Essa foi a maior decepção da minha vida. Meu tempo nos 200 metros nado peito foi melhor até do que o recorde brasileiro masculino, que era de Antonio Laviola, com 2m59s. Nunca me conformei com o cancelamento destes Jogos Olímpicos."

Depois disso, Maria Lenk resolveu encerrar sua carreira de atleta e dedicou seu tempo à família e aos livros. Mas nem por isso abandonou o que mais amava. Além da carreira acadêmica, ela escreveu vários livros sobre natação e voltou a competir, na categoria Masters.

Maria Lenk continuou competindo e vencendo. Na categoria de 90 a 94 anos, Lenk é dona de três recordes mundiais do nado de peito, obtidos no fim de 2005: o dos 50 metros (1m25s91), o dos 100 (3m12s88) e o dos 200 (6m57s76).

Sempre Pioneira

Em 1939, a nadadora também ajudou a fundar a Escola Nacional de Educação Física na antiga Universidade do Brasil, da qual foi a primeira Diretora.

"Eu já tinha participado de grandes torneios e tinha muita experiência. Fui então convidada a co-participar da fundação da Escola de Educação Física da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A equipe teve bastante reconhecimento e eventualmente me mandavam para a Alemanha buscar informações sobre instalações esportivas mais modernas, para serem construídas na Universidade, na ilha do Fundão. Tenho muito orgulho de ter participado deste processo. Todas as instalações de Educação Física que lá estão foram uma obra minha, até as árvores eu ajudei a plantar."

Ela foi também a primeira mulher a participar do Conselho Nacional de Desportos, na década de 60, e a primeira mulher da América do Sul a entrar para o Swimming Hall Of Fame, em Fort Lauderdale, Flórida.

Pioneira também na defesa do esporte feminino, Maria Lenk foi presença marcante na CPI da Mulher, em 1977. Ela foi uma das 39 personalidades dos mais diversificados setores ouvidas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para examinar a situação da mulher em todos os ramos de atividades. O colegiado promoveu estudos e audiências públicas, de março a outubro de 1977, para verificar até que ponto a legislação vigente à época contribuía para manter a posição de inferioridade atribuída à mulher e em que pontos deveria ser alterada.

Em seu depoimento, realizado no dia 25 de agosto, Maria Lenk, então com 62 anos, lamentou a baixa participação das mulheres nos esportes no Brasil e disse que havia discriminação. Para ela, a prática desportiva poderia ser uma forma de luta contra as barreiras impostas pelo preconceito.

"Se a posição da mulher na Educação Física e no esporte no Brasil ainda deixa muito a desejar, isso é conseqüência do conceito geral que se tem da mulher e da posição que se quer dar a ela na sociedade. O modelo de mulher é o de uma criatura frágil, submissa, muito humilde e dependente, incapaz de cuidar de si mesma e de se defender."

Na CPI, Maria Lenk defendeu a união de homens e mulheres esclarecidos para a adoção de medidas gerais para uma modificação na forma de se julgar o papel da mulher em todas as esferas.

Ao final dos trabalhos, a CPI da Mulher concluiu que era indisfarçável a existência da discriminação contra a mulher em quase todos os setores de atividade humana que compõem o mecanismo da sociedade brasileira. O relatório final propôs alterações legislativas nos mais diversos âmbitos, especialmente no trabalhista, para garantir a igualdade de tratamento entre homens e mulheres.

Dentre as recomendações feitas aos poderes constituídos, há uma que responde às reivindicações da premiada nadadora: o relatório sugere revogar as determinações vigentes que limitam, quanto à mulher, as modalidades de esporte que pode praticar. E assegurar e mesmo estimular a presença de mulheres nas direções dos órgãos desportivos brasileiros, escolhendo para tais missões, ao lado dos homens, aquelas que notoriamente estão capacitadas a oferecer ao país importante contribuição nesse setor.

Em 2003, após três anos de pesquisas, lançou o livro "Longevidade e Esporte", que mostra os benefícios trazidos pela prática de esportes. Antes deste, ela já havia publicado vários livros, entre eles, "Braçadas e Abraços" (1986), "Natação Olímpica" (1966), "Organização de Educação Física e Desportos" (1943),  "Natação" (1942).

O Troféu Brasil de Natação passou a se chamar Troféu Maria Lenk. O evento, que aconteceu entre os dias 1 e 6 de maio, no Rio de Janeiro, foi a última seletiva para os Jogos Pan-Americanos de 2007.

Considerações e Legado

"Quando eu era jovem, existia a Lei do Amadorismo que determinava que nós, atletas, não podíamos ganhar dinheiro com o esporte. Não se podia receber nem mesmo roupas especiais. Tínhamos que devolver os uniformes após a competição. Era feio receber dinheiro. Era um amadorismo muito severo e treinávamos por amor ao esporte. Agora os jovens podem ter patrocínios, uma grande vantagem para continuar a carreira esportiva. O treinamento também era exaustivo. Os estilos de então eram diferentes do que se faz hoje, exatamente porque não se tinha conhecimento maior dessas técnicas de natação. Hoje, a natação brasileira está muito bem informada, com técnicos preparados e com experiência internacional.
Enquanto Deus me der saúde, vou continuar nadando. As pessoas têm que entender que ao atingir certa idade, não podem ficar apenas vendo televisão ou descansando na cadeira de balanço. Nado, todos os dias, 1.500 metros."

Em uma de suas últimas entrevistas, ao ser interrogada sobre as homenagens que a Organização do RIO 2007 iria fazer para ela respondeu:

"Fiquei emocionada e achei um exagero, mas se eles acharam que eu merecia, fico feliz. Eu pretendo estar lá na inauguração. Pois vi a piscina sem água e quando estiver cheia, eles querem que eu seja a primeira pessoa a nadar no local."

Morre Maria Lenk, Exemplo Que Se Torna Mito

Era uma manhã como todas as outras na piscina do Flamengo, na Gávea, Rio de Janeiro. Mais uma vez estava ali a nadadora Maria Lenk, mito do esporte brasileiro, para os seus dois quilômetros de braçadas diárias.

O dia 16/04/2007 começou como sempre na piscina do Flamengo. Por volta das 10:00 hs, cerca de 30 alunos da turma de Masters do clube treinavam e Maria Lenk nadava com desenvoltura. O técnico de pólo aquático do clube, professor Antônio Carlos Canetti (CREF 006766-G/RJ), ocupava a mesma raia. "Ela chegou às 9:30 hs, nadou 25 minutos num ritmo impressionante. Depois soube que treinava para uma competição", explicou.

À certa altura, Antônio Carlos Canetti percebeu que Maria Lenk mantinha sua cabeça curvada, dentro d'água. "Pensei que estivesse se alongando. Eu então me aproximei e a vi bebendo água", contou Canetti.

O salva-vidas e o médico do clube prestaram os primeiros-socorros. Maria Lenk recebeu oxigênio e foi levada de ambulância para o Hospital Copa D'Or, onde deu entrada às 11:02 hs. Estava inconsciente, com insuficiência respiratória e quadro compatível com choque circulatório.

Lenda viva da Educação Física e do esporte nacionais, Maria Lenk faleceu às 13:00 hs., no momento em que os médicos se preparavam para uma cirurgia de emergência.

Depoimentos

"Foi uma perda muito grande. Ela acompanhou grande parte da minha carreira profissional e me deu bons conselhos quando decidi passar uma temporada nos Estados Unidos. Fico feliz por ela ter sido homenageada ainda em vida, dando seu nome ao parque aquático que está sendo construído para o PAN."
(Gustavo Borges - Ex-nadador)

"Todos no Flamengo admiravam sua vontade de treinar. Era algo que emocionava e inspirava. (...) Ela era como um anjo para todos nós. Uma pessoa que marcava com seus brilhantes olhos azuis e que estava todos os dias na piscina do Flamengo. Vamos sentir uma saudade muito grande."
(Vereadora Patrícia Amorim)

"Ela deixou as muletas ali e nadou 1.500 metros. Teve imenso prazer com a natação, não se importando com a idade."
(Cláudia Coutinho, que treinava com ela, sobre quando Maria Lenk quebrou o fêmur em 2006)

"Minha mãe começou a nadar aos 72 anos, depois que conheceu Maria Lenk aqui no Flamengo."
(Elaine Romero, nadadora)

"Estivemos juntos nos Jogos de Los Angeles, em 1932, e também em Berlim, quatro anos depois. Ela foi uma querida irmã, atleta inesquecível, eficientíssima, que entra para a história dos grandes nomes que deram ao Brasil momentos de glória e respeito internacional. É com grande tristeza que a vejo partir, mas fica o exemplo para as futuras gerações."
(João Havelange - Presidente de honra da Fifa)

"É o maior nome da natação brasileira. Uma mulher guerreira, determinada, que cumpriu sua missão com galhardia. A professora Maria Lenk, tenho certeza, está agora num lugar acolhedor, em paz."
(Coaracy Nunes - Presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos)

"Uma perda irreparável por tudo o que ela representa. Este é um momento de luto."
(Carlos Arthur Nuzman - Presidente do  Comitê Olímpico Brasileiro)

"Maria Lenk foi mais que uma pioneira. Foi um exemplo da garra e da coragem das mulheres brasileiras. Fez e marcou a história do nosso Brasil. Viveu abrindo caminhos e deixou o melhor legado: o de que o impossível não existe. Assim será lembrada."
(Deputada Roseana Sarney)

"Tomei conhecimento, com tristeza, da morte da extraordinária nadadora brasileira Maria Lenk. Às vésperas da realização dos tão esperados Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, o Brasil perde um de seus maiores ídolos no esporte. Maria Lenk foi a primeira nadadora brasileira e sul-americana a participar de uma Olimpíada - a de Los Angeles, em 1932. Recordista mundial, entrou para o Hall da Fama da Federação Internacional de Esportes Aquáticos e, aos 92 anos de idade, dava exemplo a todos nós, competindo e ganhando títulos na categoria Master. Deixo o meu carinho e solidariedade à família e aos amigos de Maria Lenk. E que ela, de onde estiver, ilumine os nossos atletas no PAN."
(Luis Inácio Lula da Silva - Presidente do Brasil)


Maria Lenk foi a primeira nadadora brasileira a estabelecer um recorde mundial e deu ao Flamengo diversos importantes títulos. Ela foi uma precursora. Sua vida como atleta serve de base para toda a história do esporte olímpico feminino brasileiro. Das 76 medalhas olímpicas do Brasil, as mulheres têm 10 e foi Maria Lenk quem abriu este caminho para o esporte brasileiro ao ser a primeira brasileira a ir a uma Olimpíada, a de Los Angeles em 1932.

Ela entrou para o Hall da Fama da Federação Internacional de Natação (Fina) em 1988. No mesmo ano foi homenageada com o Top Ten da Fina, por ser uma das dez melhores atletas Masters (masculino e feminino) de natação no mundo.

Em 2004, Maria Lenk recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva na cerimônia de entrega do Prêmio Brasil Olímpico, destinado aos melhores atletas do ano.

No dia 12/02/2007 ela foi homenageada pelo prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, que deu seu nome para o Parque Aquático que estava sendo construído no autódromo do Rio de Janeiro para receber as provas de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais nos Jogos Pan-Americanos.

"Ao chegar lá, descobri que não havia piscina pública. Mas não desanimei e acabei convencendo um clube local a reformar sua piscina e motivar as crianças da cidade a aprenderem a nadar!"

Indicação: Miguel Sampaio

Durval Ferreira

DURVAL INÁCIO FERREIRA
(72 anos)
Compositor, Instrumentista, Arranjador e Produtor Musical

* Rio de Janeiro, RJ (26/01/1935)
+ Rio de Janeiro, RJ (17/06/2007)

Durval Ferreira foi um arranjador, instrumentista, compositor e produtor musical. Começou a aprender violão com a mãe, que tocava bandolim, e desde então interessou-se por música, estudando sozinho. Mais tarde se aperfeiçoaria no contato com músicos como João Donato, Luís Eça, Johnny Alf, Cannonball Adderley, Herbie Mann, Tom Jobim e outros.

Em 1958 fez sua primeira composição, "Sambop" (Durval Ferreira e Maurício Einhorn) gravada dois anos depois por Claudete Soares no LP "Nova Geração Em Ritmo De Samba", gravadora Copacabana.

Em 1959 apresentou-se pela primeira vez em público no festival de bossa nova realizado no Liceu Franco-Brasileiro, do Rio de Janeiro, e em seguida em espetáculo da Faculdade de Arquitetura. Nessa época, organizou seu primeiro conjunto e acompanhou a cantora Leny Andrade.

Em 1962 integrou o conjunto de Ed Lincoln e, como guitarrista, tocou no Sexteto Bossa Rio, de Sérgio Mendes, durante o Festival de Bossa Nova, do Carnegie Hall, de Nova York, Estados Unidos. Três anos depois foi violonista do conjunto Tamba Trio em gravações, participando ainda do conjunto Os Gatos, com o qual gravou o LP "Aquele Som Dos Gatos" (Philips), e, em 1966, "Os Gatos" (Philips), incluindo sua composição "E Nada Mais" (Durval Ferreira e Lula Freire).

Durval Ferreira compôs a trilha sonora de "Estranho Triângulo", direção de Pedro Camargo, e participou, em 1968, do III Festival Internacional da Canção, da TV Globo, do Rio de Janeiro, com a música "Rua d'Aurora" (Durval Ferreira, Fátima Gaspar e Tibério Gaspar).

Durval Ferreira tem inúmeras composições gravadas por artistas brasileiros e norte-americanos, destacando-se "Batida Diferente" (Durval Ferreira e Maurício Einhorn), gravada por Roberto Menescal e seu Conjunto, na gravadora Elenco, pelo Tamba Trio, na gravadora Philips, e com várias outras gravações no Brasil e exterior.

"Tristeza De Nós Dois" (Durval FerreiraMaurício Einhorn e Bebeto), gravada em 1962 pelo conjunto de Sérgio Mendes e também com inúmeras gravações: "Estamos Aí" (Durval Ferreira, Maurício Einhorn e Regina Werneck), 1963, gravada por Leny Andrade, na Odeon, "Nuvem", com o mesmo parceiro, gravada pelo conjunto Os Gatos, de Eumir Deodato, na gravadora Philips

Sua composição com Maurício Einhorn e Hélio Mateus, "Avião", foi uma das últimas gravações do cantor Agostinho dos Santos, antes de sua morte em acidente aéreo.

Durval Ferreira participou, como jurado, do III e IV Festival Internacional da Canção, produziu as vinhetas da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, sozinho na FM, e em parceria com Orlandivo na AM. Foi diretor artístico da CID.

Durval Ferreira faleceu vítima de câncer.

Indicação: Miguel Sampaio

Márcio Montarroyos

MÁRCIO MONTARROYOS
(59 anos)
Instrumentista e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (08/07/1948)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/12/2007)

Márcio Montarroyos foi um músico instrumentista brasileiro, trompetista, é considerado um dos principais expoentes da música instrumental no país. Em 1973 regravou a canção "Carinhoso" de autoria do grande compositor brasileiro Pixinguinha, que foi tema principal da trilha sonora da novela "Carinhoso" (1973) exibida pela TV Globo.

Márcio Montarroyos nasceu no Rio de janeiro em 1948 numa família de músicos, ingressou no mundo da música estudando piano e clássico. Porém, seria com o trompete e a flugelhorn, e o subseqüente interesse pelo jazz e pela música popular, que se destacaria. Depois de ganhar experiência nas noitadas de jazz, juntou-se à lendária A Turma da Pilantragem, de onde sairiam Zé Roberto Bertrami e Alexandre Malheiros, fundadores do lendário Azymuth.

Para Márcio Montarroyos, estar entre os melhores era a confirmação desse longo percurso musical, para o qual foi devidamente preparado e dirigido. Disse ele: "Minha família é composta de músicos, e quando se tem sangue de músico, nada é empecilho. Vim ao mundo para fazer o que faço, e sei que é gratificante fazer bem o que se sabe fazer."

Márcio Montarroyos dispensava maiores apresentações. Sua carreira, totalmente consolidada, definia o artista. Era, sem dúvida, um dos maiores expoentes da música instrumental brasileira. Excepcional improvisador, dono de um estilo altamente pessoal, uma técnica apurada, invejável sensibilidade musical, dominava com maestria o trompete e a flugelhorn.

Márcio Montarroyos foi o maior frasista do trompete, porque fazia a frase ao mesmo tempo com suingue e noção harmônica - confirma Wagner Tiso, que conhecia Márcio desde meados dos anos 60. Ele relembra: "Tocávamos nos clubes de jazz da noite carioca e depois no Sexteto Paulo Moura."

A melhor definição de Márcio Montarroyos é, talvez, a do jornalista João Marcos Coelho que disse:

"Marcio constrói um som encantadoramente brasileiro com acentuação funk irresistível, combinatória que, realmente, expressa a dicção melódica desse artista."

O som de Márcio Montarroyos irrompe majestoso das camadas da alma de um artista que, sendo escancaradamente brasileiro, agrega em seu repertório o que de melhor o mundo ocidental produziu até então.

Depois de sua passagem pela renomada escola de música de Berklee, Massachussets, Estados Unidos, no começo da década de 1970, onde encontrou sua verdadeira voz artística quando se apaixonou pelo jazz, o mais fluido e indisciplinado dos gêneros musicais e quando optou também pelo trompete e pela flugelhorn, De volta ao Brasil, passou a se apresentar em shows e casas noturnas.

Após essa primeira estada americana, voltou com freqüência aos Estados Unidos, com convites para participar de gravações e apresentações ao vivo.

Márcio Montarroyos sempre se empenhou para a divulgação e o crescimento da música instrumental do Brasil e foi o primeiro músico contratado pela Columbia Records, companhia americana pertencente a Sony BMG.

A Carreira

Entre 1968 e 1969, fez parte do conjunto A Turma da Pilantragem, ao lado dos instrumentistas Zé Roberto Bertrami, Alexandre Malheiros, Vitor Manga, Fredera e Ion Muniz, e das cantoras Regininha, Málu Balona e Dorinha Tapajós. Com o grupo, gravou três LPs.

O artista trabalhou com grandes nomes da música contemporânea nacional e internacional, incluindo: Stevie Wonder, Tom Jobim, Sérgio Mendes, Sarah Vaughan, Hermeto Pascoal, Nancy Wilson, Egberto Gismonti, Carlos Santana, Milton Nascimento, Ella Fitzgerald, Ney Matogrosso, dentre muitos outros.

Destacou-se também pelas belas composições de trilhas sonoras para cinema e televisão no Brasil e no exterior.

Como artista solo, Márcio Montarroyos registrou entre 1973 e 1995 12 álbuns, nos quais fazia uma síntese bem brasileira de sons, que incluía influências da black music americana e do jazz mais ortodoxo.

Como músico acompanhante, tocou ao vivo e em estúdio com a realeza da MPB e do instrumental dos anos 70, 80, e 90. De Roberto Carlos a Hermeto Paschoal, de Tom Jobim a Egberto Gismonti, de Gabriel O Pensador a Sérgio Mendes.

Foi ativo compositor de trilhas para a TV e cinema, deixando temas e arranjos para novelas e minisséries tendo participado da trilha sonora do filme "Orfeu" (1999), sendo arranjador das composições brasileiras do filme "Luar Sobre Parador" (1988) da Universal Studios, e em programas de televisão no Brasil e no exterior. Dentre eles destacam-se:

  • Live Under The Sky Tokyo ... Japão
  • Pfingers Concert Mainz ... Alemanha, 1992
  • Marcio Montarroyos In Concert ... TV Manchete / Free Jazz
  • Marcio Montarroyos Especial TV Cultura (Jazz Brasil)
  • Jose Duarte Show ... Porto, Portugal
  • Jazz In Concert TV Europa  ... Zurique / Suíça
  • Carinhoso ... Trilha sonora da novela da TV Globo
  • Planeta Terra ... IBM Especial
  • A Máfia no Brasil - Série de TV Minissérie ... TV Globo
  • Bar Academia - Série de TV Partitura Original
  • Globo Gente ... Show de Variedades Direção Musical


Morte

Márcio Montarroyos, morreu às 05:00 hs de quarta-feira, 12/12/2007, em sua casa. Vítima de câncer no pulmão, diagnosticado há pouco mais de dois meses. O sepultamento ocorreu no final da tarde de quarta-feira, 12/12/2007, às 17:00 hs, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro.

A cerimônia foi marcada pela presença de cerca de 100 pessoas, entre parentes, amigos e muitos músicos. No momento do sepultamento, todos os presentes prestaram sua última homenagem, com uma longa salva de palmas.

No dia 19/11/2007, amigos do cantor fizeram um show, batizado de "Festa Para o General", no novo Mistura Fina para custear o tratamento de saúde de Márcio Montarroyos. Artistas como Edu Lobo, Marcos Valle, Leila Pinheiro, Paulinho Trompete, Arthur Maia, Ney Matogrosso, Marcos Valle, João Donato, entre outros, não só se apresentaram sem cobrar cachê como desembolsaram R$ 150,00 por um ingresso. Fafá de Belém comprou 16 lugares. As apresentações começaram assim que o homenageado da noite chegou, sob aplausos. Em seguida, uma fila de músicos se formou para cumprimentá-lo. Emocionado, Márcio Montarroyos agradecia: "Isso é muito importante para mim, parece algo sobrenatural."

Mesmo lutando contra um câncer no pulmão, Márcio Montarroyos gravou um CD, "Rio e o Mar". Sobre esse trabalho, com 12 músicas, entre clássicos de grandes compositores brasileiros e temas originais, o trompetista escreveu:

"É uma homenagem ao Rio de Janeiro, na qual faço um apanhado poético-instrumental sobre o amor que sinto por essa cidade verdadeiramente maravilhosa. (...) Dedico-o também ao meu amigo e irmão Pedro Paulo, por quem tenho grande admiração e carinho. Por sua luta em expandir a boa música da forma mais autêntica e charmosa através do Mistura Fina, uma casa da qual tenho muito orgulho de ter participado desde a 'fase-embrião'".

Discografia

  • 2002 - O Pianista do Cinema Mudo
  • 1997 - The Best Of Márcio Montarroyos
  • 1995 - The Congado Celebration
  • 1992 - Larry Coryell & Live From Bahia
  • 1989 - Concerto Planeta Terra - Nelson Ayres, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas e Márcio Montarroyos
  • 1989 - Terra Mater
  • 1987 - Samba Solstice
  • 1984 - Carioca
  • 1982 - Magic Moment
  • 1981 - Trompete Internacional
  • 1981 - Piston Internacional
  • 1977 - Stone Alliance
  • 1973 - Carinhoso (Trilha Sonora da Novela da TV Globo)
  • 1973 - Sessão Nostalgia


Fonte: Wikipédia e Saiba Música - Instituto Cultural e Social
Indicação: Miguel Sampaio