Carlinhos de Pilares

CARLOS MIGUEL MARQUES
(63 anos)
Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (21/06/1942)
+ Rio de Janeiro, RJ (07/07/2005)

Carlinhos de Pilares, Carlos Miguel Marques, foi um intérprete de sambas-de-enredo brasileiro que ficou conhecido por cantar os sambas da escola de samba Caprichosos de Pilares nos anos 70 e 80. Foi autor do samba enredo "Moça Bonita Não Paga" que levou a Caprichoso de Pilares em 1982 ao Grupo Especial do Carnaval Carioca. O samba de 1985 "Por Falar em Saudades" de sua autoria ao lado de Almir AraújoBalinhaHércules Corrêa e Marquinhos Lessa é considerado uma obra prima da gênero.

Esbanjando alegria e animação, Carlinhos de Pilares alegrava os componentes das escolas que defendeu, além de entreter o público nas arquibancadas. O início de Carlinhos de Pilares no mundo do samba se deu nas rodas de sambas em Pilares. Chegou à Caprichosos de Pilares nos anos 70, quando a escola nem sonhava em desfilar entre as grandes.

Em 1975, cantou um dos mais belos sambas da história da escola, "A Congada do Rei David", de autoria de Ratinho e Juarez. Em 1978, conduziu o samba "Festa da Uva no Rio Grande do Sul", no qual a composição de Ratinho conquistou o Estandarte de Ouro pelo júri do jornal O Globo.

Carlinhos de Pilares viveu um de seus grandes momentos na avenida em 1982, no desfile "Moça Bonita Não Paga, Mas Também Não Leva", no qual a escola conquistou o título do Grupo 1-B e ganhou o direito de chegar à divisão principal do carnaval. Era o início da era de temas satíricos e irreverentes da escola.

Em 1983, com "Um Cardápio à Brasileira", a escola desfilou praticamente o tempo inteiro com a passarela sem iluminação, o que lhe rendeu a condição de hors-concours naquele ano, permanecendo no Grupo Especial.

Em 1984, a Caprichoso de Pilares apresentou "A Nobreza do Riso Visita Chico Rei Num Palco Nem Sempre Iluminado" e surpreendeu a todos com uma boa colocação, 3º lugar no desfile de domingo.

O samba-enredo de maior representatividade na história da escola, sem dúvida, é o de 1985, "E Por Falar em Saudade", de autoria de Almir Araújo, Balinha, Hércules Corrêa, Marquinhos Lessa e do próprio Carlinhos de Pilares. Naquele ano, numa manhã ensolarada, Carlinhos de Pilares conduziu a escola com seus cacos e, ao longo da Marquês de Sapucaí, ia soltando sua gargalhada que, a partir daquele ano, tornou-se sua marca registrada. Ele nem fez muito esforço porque toda a arquibancada cantou o samba de letra fácil e bem-humorada. A composição ficou conhecida como o "Samba do Bumbum", devido ao refrão final da letra, o maior sucesso do carnaval daquele ano:
"tem bumbum de fora pra chuchu / qualquer dia / é todo mundo nu"
A escola saiu aclamada da passarela do samba, sendo considerada "campeã do povo". No entanto, na classificação oficial, a Caprichosos de Pilares chegou em quinto lugar. O reconhecimento chegou em 1988, quando Carlinhos de Pilares levou o Estandarte de Ouro como melhor puxador.

A partir daí, Carlinhos de Pilares se afastou da escola de seu coração e passou a defender sambas para outras bandeiras. Circulou pela Unidos do Jacarezinho, Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos da Tijuca, Lins Imperial, Acadêmicos do Dendê, teve uma breve passagem na Portela, retornou à Caprichosos de Pilares por três carnavais e, até o desfile de 2004, esteve na Acadêmicos da Rocinha. Também puxou escolas em outras cidades, como a Flor de Vila Dalila (1988) e Acadêmicos do Tucuruvi (2001), em São Paulo, Academia de Samba Praiana (1996), em Porto Alegre, e em escolas de Manaus.

Aproveitando o auge da popularidade da Caprichosos de Pilares, na década de 80, gravou participações em dois discos da cantora Simone: "Cristal" (1985), na faixa "Amor No Coração", e no disco "Amor e Paixão" (1986), na música "Rei Por Um Dia", ambas de sua autoria.


Morte

O compositor e cantor de samba Carlinhos de Pilares morreu em 07/07/2005, às 13:00 hs, no Hospital Dom Pedro II, zona oeste do Rio de Janeiro, onde estava internado desde 03/07/2005,  domingo, devido a um Câncer no Pulmão. O enterro aconteceu às 16:00 hs de 08/07/2005 no cemitério de Inhaúma.

Carlinhos de Pilares tinha 63 anos e estava doente desde de 2004, mas ainda saiu cantando o samba da Acadêmicos da Rocinha, que ainda estava no Grupo de Acesso A naquele ano. De lá até o dia de sua morte, passou temporadas internado em vários hospitais da cidade, para tratamento de quimioterapia e radioterapia.

Carlinhos de Pilares estava casado pela segunda vez com Idalina, 61 anos, com a qual teve dois filhos: Carlos Eduardo e Carlos Henrique. Do primeiro casamento, possuía um casal: Antonio Carlos e Carmem Verônica. Nos últimos meses, o puxador vinha passando por dificuldades financeiras e seus amigos organizaram eventos para ajudá-lo.

Carreira

  • Início - Caprichosos de Pilares, nos anos 70
  • 1975 e 1988 - Caprichosos de Pilares
  • 1979 - Lins Imperial (Grupo 2-A)
  • 1986 a 1990 - Andanças de Ciganos (Manaus, na gravação do LP)
  • 1989 - Unidos do Jacarezinho
  • 1990 - Santa Cruz
  • 1991 e 1992 – Caprichosos de Pilares
  • 1993 - Reino Unido da Liberdade (Manaus, na gravação do LP e no Sambódromo)
  • 1994 - Unidos da Tijuca
  • 1995 - Portela (Junto com Rixxah)
  • 1996 - Caprichosos de Pilares e Praiana (Porto Alegre)
  • 1997 - Acadêmicos do Dendê (Grupo A)
  • 1998 a 2000 - Santa Cruz (Grupo A)
  • 2000 - União Imperial (Santos - Apoio de Zinho)
  • 2002 - Lins Imperial (Grupo B)
  • 2003 e 2004 – Rocinha (Grupo A) 


Grito de Guerra: "Alô, Brasil! Alegria geral! Vai começar a festa! (segue depois sua tradicional gargalhada)

Gritos de Empolgação: Cacos variavam muito conforme o samba ou o tema apresentado. Sua marca principal era a gargalhada, quando, em determinado momento, os versos do samba mencionavam as palavras "alegria", "sorriso" ou qualquer outra manifestação de animação. Também apareciam muito os cacos "é muita coisa junta", "gira, baiana", "ah, minha escola querida".

Sambas de Sua Autoria

  • 1979 - "Uruçumirim, Paraíso Tupinambá” (Com Delso e Ferreira)
  • 1985 - "E Por Falar Em Saudade" (Com Almir de Araújo, Balinha, Hércules e Marquinho Lessa)
  • 1986 - "Brazil Com Z Não Seremos Mais... Ou Será Que Seremos?" (Com Almir de Araújo, Balinha, Hércules e Marquinho Lessa)
  • 1990 - "Os Heróis Da Resistência" (Com Carlos Henri, Doda, Luís Sérgio, Mocinho e Zé Carlos)
  • 1994 - "Entre Festas e Fitas" (Com De Minas, Hércules Corrêa e JB)

Premiações

Estandarte de Ouro em 1988. Também conquistou um Prêmio Sambanet de melhor intérprete do Grupo B de 2002, quando defendeu a Lins Imperial.

Indicação: Miguel Sampaio