Clóvis Graciano

CLÓVIS GRACIANO
(81 anos)
Pintor, Desenhista, Cenógrafo, Figurinista, Gravador e Ilustrador

* Araras, SP (29/01/1907)
+ São Paulo, SP (29/06/1988)

Clóvis Graciano nasceu em Araras, São Paulo, em 1907. Em 1927, iniciou sua carreira artística, pintando tabuletas, carros e sinalizações da Estrada de Ferro Sorocabana, em Conchas, no interior paulista. Na década de 1930 começa a pintar, sempre como autodidata, com grande interesse pelas tendências modernas, com as quais travou contato através de publicações e álbuns.

Em 1934, faz suas primeiras pinturas a óleo e aquarela, freqüentando o atelier de Valdemar da Costa e o curso livre da Escola Paulista de Belas-Artes, embora sem aceitar orientação de professores. Transferiu-se para São Paulo, como fiscal do consumo, passando a partir daí a dividir seu tempo entre o emprego e a arte, com evidentes vantagens para a última, tanto que dez anos depois foi demitido por abandono de emprego.

Ligou-se a partir de 1935 a Rebôlo Gonzales e Mário Zanini, integrantes do chamado Grupo Santa Helena.

Alfredo Mesquita e Clóvis Graciano no cenário da peça Fora da Barra (São Paulo, 1944)  - Roberto Maia
Em 1937, já tendo travado contato com a arte de Alfredo Volpi, Clóvis Graciano instala-se no Palacete Santa Helena e integra, então, o Grupo Santa Helena, com os artistas Francisco Rebôlo, Mario Zanini, Aldo Bonadei, Fulvio Pennacchi, Alfredo Rizzotti, Humberto Rosa e outros, além do próprio Alfredo Volpi. Começou a participar de coletivas, quando expôs no I Salão da Família Artística de São Paulo, do qual foi um dos fundadores. Desde então, participou de diversos Salões Oficiais e Coletivas, conquistando o prêmio de viagem ao exterior no Salão Nacional de Belas Artes, Divisão Moderna, seguindo para a Europa em 1949 e retornando em 1951.

A partir dos anos 50, dedicou-se ao muralismo, executando cerca de 120 painéis pelo estado de São Paulo, e à cenografia e indumentária teatral, trabalhando para o Grupo de Teatro Experimental, Grupo Universitário de Teatro e Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Mário de Andrade destacou na pintura de Clóvis Graciano "o peso em luta com a leveza, a efusão dramática do movimento".

Fez amizade com Cândido Portinari e, ao final da década de 1940, foi estudar em Paris, onde aprendeu técnicas de produção de murais, inclusive com mosaicos. Ao retornar ao país, realizou diversos painéis: Em 1962 o mural "Armistício de Iperoig", na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP); o painel "Operário", na Avenida Moreira Guimarães (1979), murais na Avenida Paulista e no edifício do Diário Popular, entre outros.


Em 1971, exerceu a função de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, e presidente da Comissão Estadual de Artes Plásticas e do Conselho Estadual de Cultura.

Além da pintura, Clóvis Graciano dedicou-se a diversas atividades paralelas, lecionando cenografia na Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD), e ilustrando jornais, revistas e livros, principalmente nos anos 1980.

No decurso de toda a sua carreira, Clóvis Graciano permaneceu fiel ao figurativismo, jamais tendo sequer de leve sentido a sedução pelo abstracionismo. Tratou constantemente de temas sociais, como o dos retirantes, além de temas de músicos e de dança.

Suas obras figuram em museus e coleções particulares do Brasil e do exterior.

Mourão Filho

OLYMPIO MOURÃO FILHO
(72 anos)
Militar

* Diamantina, MG (09/05/1900)
+ Rio de Janeiro, RJ (28/05/1972)

Olímpio Mourão Filho foi um militar brasileiro que participou ativamente do Movimento Integralista e do Golpe Militar de 1964. Foi o redator do Plano Cohen, documento falsamente atribuído à Internacional Comunista, que foi utilizado como motivo para a implantação da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas.

Em 31/03/1964 ordenou que as tropas da IV Região Militar que comandava em Juiz de Fora, MG, seguissem para ocupar a cidade do Rio de Janeiro, fato que precipitou o golpe militar de 1964 alguns dias antes do dia planejado pelos conspiradores. Entre 1967 e 1969, Olímpio Mourão Filho foi presidente do Superior Tribunal Militar (STM).

Concluiu seu curso na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1921. Em julho de 1924, quando servia no 14º Batalhão de Caçadores, sediado em Florianópolis, SC, participou da repressão ao levante deflagrado na capital paulista contra o governo de Arthur Bernardes.

Em outubro de 1930, encontrando-se no Distrito Federal, envolveu-se na conspiração liderada por oficiais graduados das Forças Armadas que depôs Washington Luís, antecipando-se às forças revolucionárias que partiram do sul do país em direção à capital federal, sob a liderança de Getúlio Vargas. Foi, então, enviado a Belo Horizonte, MG, pelos líderes da junta militar que havia assumido o controle do governo federal para conferenciar com o presidente mineiro, Olegário Maciel, sobre a transferência do poder a Getúlio Vargas.


Em julho de 1932, participou da repressão ao Movimento Constitucionalista, promovido em São Paulo contra o governo federal. No final desse ano, ingressou na recém-fundada Ação Integralista Brasileira (AIB), organização inspirada no fascismo e liderada pelo escritor Plínio Salgado. Responsabilizou-se pela organização da milícia integralista em moldes semelhantes aos do Exército, conferindo à Ação Integralista Brasileira uma estrutura paramilitar. Em julho de 1937, tornou-se membro da Câmara dos Quatrocentos, órgão consultivo da chefia nacional da Ação Integralista Brasileira.

Ainda em 1937, quando servia no Estado-Maior do exército e dirigia o serviço secreto da Ação Integralista Brasileira, redigiu o Plano Cohen, documento falsamente atribuído à Internacional Comunista (Komintern), no qual era traçada uma suposta estratégia de tomada do poder pelos comunistas no Brasil. Esse documento foi, com a conivência de altos dirigentes da Ação Integralista Brasileira e das Forças Armadas, amplamente divulgado pelo governo brasileiro e se constituiu no pretexto principal utilizado por Getúlio Vargas para golpear a democracia e implantar a ditadura do Estado Novo.

Embora intimamente ligado à Ação Integralista Brasileira, não participou do levante integralista promovido em maio de 1938 contra o governo federal, que havia decretado o fechamento da entidade junto com as demais organizações partidárias do país.

Em fevereiro de 1945, integrou o 5º Escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB), enviado à Itália para integrar as forças Aliadas em luta contra as potências do Eixo, na Segunda Guerra Mundial.


Nos anos seguintes, deu sequência à sua carreira militar e, em 1956, chegou ao generalato. Durante o governo do presidente João Goulart (1961-1964), desenvolveu intensa atividade conspirativa, mantendo contatos tanto nos meios militares como civis.

Em março de 1964, quando exercia o comando da 4ª Região Militar e da 4ª Divisão de Infantaria do I Exército, sediados em Juiz de Fora, MG, deu início ao movimento de tropas que afastou João Goulart da presidência. Em setembro daquele ano, foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Militar (STM), cargo que ocuparia até 1969, quando se aposentou. Discordando dos rumos tomados pelo regime militar, não demorou-se para dele se afastar, dirigindo críticas ao presidente Castelo Branco.

Olímpio Mourão Filho morreu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 28/05/1972.

"Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto, e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso."
(Olympio Mourão Filho)

Bruno Tolentino

BRUNO LÚCIO DE CARVALHO TOLENTINO
(66 anos)
Poeta e Escritor

* Rio de Janeiro, RJ (12/11/1940)
+ São Paulo, SP (27/06/2007)

Nascido em 1940, numa tradicional família carioca, conviveu desde criança com intelectuais e escritores próximos à família, entre eles Cecília Meireles, a quem sempre se referiu carinhosamente como Tia Cecília, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.

Primo do crítico literário brasileiro Antônio Candido de Mello e Souza e da crítica teatral Bárbara Heliodora, seu trisavô, Antônio Nicolau Tolentino, foi conselheiro do Império e fundador da Caixa Econômica Federal. À moda já antiga das preceptoras, foi instruído em inglês e francês ao mesmo tempo de sua alfabetização no português.

Publicou em 1963 seu primeiro livro, "Anulação e Outros Reparos", trazendo, entre outros, a famosa litania "Ao Divino Assassino", poema longo em Terza Rima em que o poeta se volta contra Deus e o "Seu Anjo Terrível" à época da morte de sua ex-namorada Anecy Rocha, irmã caçula do cineasta Glauber Rocha.

Com o advento do golpe militar de 1964, mudou-se para a Europa a convite do poeta Giuseppe Ungaretti, onde viveu trinta anos, tendo residido na Inglaterra, Bélgica, Itália e França. Lecionou nas universidades de Oxford, Essex e Bristol e trabalhou como tradutor-intérprete junto à Comunidade Econômica Européia.

Publicou em 1971, em língua francesa, o livro "Le Vrai Le Vain" e, em 1979, em língua inglesa, "About The Hunt", ambos bem recebidos pela crítica literária européia. Sucedeu o poeta e amigo W. H. Auden na direção da revista literária Oxford Poetry Now.

Em 1987, sob a acusação de porte de drogas, foi condenado a 11 anos de prisão. Cumpriu apenas 22 meses da pena, em Dartmoor, no Reino Unido. "Adorei a experiência e procurei tirar o máximo de proveito", Bruno declarou sobre os dias de encarceramento, numa entrevista em agosto de 2006.


Aos companheiros de prisão, organizou aulas de alfabetização e de literatura, estas últimas nomeadas de "Seminars Of Drama And Literature", que, conforme posteriormente relatado por Bruno Tolentino, "em cujas sessões avançadas chegaram a comparecer psicanalistas de renome, ao lado de personalidades do mundo das Letras tais como Harold Carpenter, o estudioso e biógrafo de Ezra Pound e Auden, o dramaturgo Harold Pinter, ou Lady Antonia Fraser".

Bruno Tolentino retornou ao Brasil em 1993, publicando o livro "As Horas de Katharina", escrito durante o período de 22 anos (1971-1993), ganhando com ele o Prêmio Jabuti de melhor livro de poesia de 1994.

Em 1995 publicou "Os Sapos de Ontem", uma coletânea de textos, artigos e poemas originados de uma polêmica intelectual com os irmãos Haroldo de Campos e Augusto de Campos, que nesse livro serão os principais alvos de sua "língua ferina entortada pelo vício da ironia", frase que Bruno Tolentino usou durante uma entrevista em que lhe foi pedido "um perfil abrangente de si mesmo".

Ainda em 1995 publicou "Os Deuses de Hoje", e, em 1996, "A Balada do Cárcere", livro nascido da experiência de sua prisão pouco menos de dez anos antes. Ainda nesse ano, foi publicada uma polêmica entrevista com Bruno Tolentino para a revista Veja, onde o poeta critica, entre outras coisas, a então atual situação intelectual e cultural do Brasil, a educação brasileira entregue às mesquinharias das cátedras universitárias, em especial da Universidade de São Paulo, o Concretismo, a concepção e aceitação da letra de música enquanto poesia e do show business enquanto cultura. Essa postura crítica, comum a intelectuais brasileiros como Elomar ou Olavo de Carvalho, e que tem como principais arenas publicadas a entrevista à Veja e o livro "Os Sapos de Ontem", acompanhou Bruno Tolentino ao longo dos anos de atividade intelectual no período que foi do seu retorno ao Brasil até sua morte.

Bruno Tolentino publicou derradeiramente em 2002 e 2006, respectivamente, os livros que considerou como a culminação de sua obra poética: "O Mundo Como Ideia", escrito durante quarenta anos (1959-1999), e "A Imitação do Amanhecer", escrito durante 25 anos (1979-2004). Ambos lhe renderam o Prêmio Jabuti, já conquistado pelo autor em 1993 com "As Horas de Katharina", tornando-o assim um dos únicos escritores a ganhar três edições do prêmio, considerado o mais importante da literatura brasileira.

Bruno Tolentino também recebeu, por "O Mundo Como Ideia", o Prêmio Senador José Ermírio de Morais, prêmio nunca antes dado a um escritor, em sessão da Academia Brasileira de Letras, com saudação proferida pelo acadêmico, filósofo, poeta e teórico do Direito Miguel Reale, seu amigo.

Doença e Morte

Bruno Tolentino, que tinha AIDS e já havia superado um câncer, esteve internado durante um mês na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, onde veio a falecer, aos 66 anos de idade, vitimado por uma Falência Múltipla de Órgãos, em 27/06/2007.


Livros Publicados

  • 1963 - Anulação e Outros Reparos (São Paulo: Massao Ohno)
  • 1971 - Le Vrai Le Vain (Paris: Actuels)
  • 1979 - About The Hunt (Oxford: OPN)
  • 1994 - As Horas de Katharina (São Paulo: Companhia das Letras)
  • 1995 - Os Deuses de Hoje (Rio de Janeiro: Record)
  • 1995 - Os Sapos de Ontem (Rio de Janeiro: Diadorim)
  • 1996 - A Balada do Cárcere (Rio de Janeiro: Topbooks)
  • 2002 - O Mundo Como Ideia (São Paulo: Globo)
  • 2006 - A Imitação do Amanhecer (São Paulo: Globo)


Citações Sobre Sua Obra

Publicadas na edição de "As Horas de Katharina", Companhia das Letras.

"Um dos melhores poetas da atualidade, ele é sem dúvida um 'daqueles poucos' que fazem a cultura de uma época."
(Yves Bonnefoy)

"Há muitos anos admiro em Bruno Tolentino um poeta de raro talento respaldado por uma vasta cultura, que abrange diversas línguas e diversas literaturas. Tanto esse conhecimento como essa experiência fazem da sua uma das mentes mais bem equipadas para abordar o problema da poesia em nosso tempo."
(Jean Starobinski)

"Seus poemas exalam uma dor tão justa que só sua perfeição formal torna suportável."
(Saint-John Perse)

Fonte: Wikipédia

Walter Hugo Khouri

WALTER HUGO KHOURI
(73 anos)
Diretor de Cinema

* São Paulo, SP (21/10/1929)
+ São Paulo, SP (27/06/2003)

Walter Hugo Khouri foi um diretor de cinema brasileiro, filho de pai libanês e mãe italiana. Realizou 25 longas-metragens. Os filmes mostram personagens que buscam sentido para a existência angustiante. Khouri conquistou vários prêmios nacionais e internacionais.

Sua obra, influenciada por cineastas como Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, pelo jazz, por escritores como D. H. Lawrence e Albert Camus, e por filósofos como Espinoza, é bastante pessoal e homogênea, passada ao largo das formulações de fundo social do Cinema Novo, dentro de uma estética e de uma preocupação existencialistas mais assimiladas às cinematografias europeias do primeiro mundo, o que lhe valeu não poucas críticas ao longo da carreira.

Mesmo após a sua morte, o conjunto de seus 25 filmes divide opiniões. Uma parcela da crítica e do meio acadêmico o considera um verdadeiro mestre, detentor de uma marca autoral desenvolvida com domínio e talento. Às latentes observações de ausência de uma identidade cultural brasileira e afeita aos seus correspondentes movimentos artísticos, responde se tratar do reflexo do próprio cosmopolitismo característico de São Paulo, cidade onde Khouri nasceu e desenvolveu toda a sua carreira. Outra parte (notadamente influenciada pelo sistema de pensamento antropofágico de Paulo Emílio Salles Gomes), por sua vez, ainda endossa os ataques perpetrados pelos membros do Cinema Novo, o vendo como um cineasta alienado política e esteticamente, um mero copiador e estetizador do trabalho de grandes diretores europeus e japoneses, cujas linhas-mestras soam deslocadas e inadequadas em um país marcado por contradições e com um processo histórico-cultural próprio, como é o Brasil (dentro desse raciocínio, Khouri é alçado como o mais fidedigno sucessor do projeto de cinema da antiga Vera Cruz, paradigma de estrangeirismo contra o qual também o Cinema Novo e o Teatro de Arena passam a combater na erupção de seus movimentos).

Já em termos mais técnicos, ao mesmo tempo em que sobram elogios à fotografia, à composição de quadro e à direção de arte de suas películas, igualmente não faltam críticas à direção de atores, à escrita dos diálogos, soados "artificiais" segundo alguns, e à condução arrastada de seus enredos.

O principal filme "Noite Vazia", realizado em 1964, que aborda quatro personagens, dois homens e duas prostitutas em conflito com suas vidas, tendo como pano de fundo a ascendente metrópole paulistana dos anos 60, o consagrou e até hoje é considerado o melhor longa, apresentando uma edição de fotografia magnífica e grandes atrizes.

Walter Hugo Khoury e o crítico LG

Prêmios

  • Prêmio de Melhor Roteiro do Festival Internacional de Mar del Plata, pelo filme "Na Garganta do Diabo", em 1960.
  • Ganhou o Prêmio Saci dez vezes, nas categorias de argumentista, roteirista, diretor, produtor e montador, pelos filmes "O Estranho Encontro", "Na Garganta do Diabo", "O Gigante de Pedra", "A Ilha", "Noite Vazia", "Corpo Ardente".
  • Prêmio Instituto Nacional de Cinema e Coruja de Ouro, como melhor diretor nos anos 1966, 1967 e 1972, pelos filmes "Corpo Ardente", "As Amorosas" e "As Deusas".
  • Por doze vezes ganhou o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, como argumentista, roteirista, diretor e produtor, pelos filmes "O Estranho Encontro", "Noite Vazia", "O Corpo Ardente", "A Ilha", "Fronteiras do Inferno", "Paixão e Sombras", "O Último Êxtase", "O Palácio dos Anjos" e "As Amorosas".

  • Prêmio Vittorio de Sica, no Festival de Sorrento, na Itália, em 1988, pelo conjunto da obra.

  • Menção Especial no Festival de Santa Margherita Ligure, pelo filme "Na Garganta do Diabo", em 1960.

  • Prêmio dos Jurados no Festival Internacional de Sitges, na Espanha, pelo filme "O Anjo da Noite", em 1974.

  • Por três vezes ganhou o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte pelos filmes "O Anjo da Noite" (1973), "O Último Êxtase" (1974) e "Eros, o Deus do Amor" (1981).

  • Prêmio Fábio Prado de Literatura para roteiros pelo filme "A Ilha".

  • Menção Honrosa na Semana Internacional de Cine en Color de Barcelona, pelo filme "As Deusas".

  • Por nove vezes ganhou o Prêmio Cidade de São Paulo, da municipalidade paulista, em diversas categorias e filmes, de 1958 a 1968.

  • Prêmio Governador do Estado de Melhor Argumento para o filme "Amor Voraz".

  • Prêmio Samburá no Fest-Rio Fortaleza, em 1989, pelo conjunto da obra.

  • Prêmio Oscarito da Fundação Cultural Banco do Brasil.

  • Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro do Ministério da Cultura pelo roteiro de "Paixão Perdida" 1994.

  • Prêmio Riofilme por "Paixão Perdida" 1995.

  • Premiação no Programa de Integração Cinema-TV/Co-Produção com a TV Cultura - "Paixão Perdida" 1996.


Filmografia


  • 2001 - As Feras (Filmado em 1998)
  • 1999 - Paixão Perdida
  • 1991 - Per Sempre
  • 1987 - Mônica e a Sereia do Rio
  • 1986 - Eu
  • 1984 - Amor Voraz
  • 1982 - Amor Estranho Amor
  • 1981 - Eros, o Deus do Amor
  • 1980 - Convite ao Prazer
  • 1979 - O Prisioneiro do Sexo
  • 1978 - As Filhas do Fogo
  • 1977 - Paixão e Sombras
  • 1975 - O Desejo
  • 1974 - O Anjo da Noite
  • 1973 - O Último Êxtase
  • 1972 - As Deusas
  • 1970 - O Palácio dos Anjos
  • 1968 - As Amorosas
  • 1967 - Corpo Ardente
  • 1966 - As Cariocas
  • 1964 - Noite Vazia
  • 1962 - A Ilha
  • 1959 - Na Garganta do Diabo
  • 1959 - Fronteiras do Inferno
  • 1958 - Estranho Encontro
  • 1953 - O Gigante de Pedra

Fonte: Wikipédia

Roberto Pires

ROBERTO PIRES
(66 anos)
Cineasta

* Salvador, BA (29/09/1934)
+ Salvador, BA (27/06/2001)

Com a capacidade de criar artesanalmente os equipamentos que usaria em seus filmes, Roberto Pires, inventou, na ótica de seu pai, a lente anafórmica Igluscope, semelhante a Cinemascope, que não havia no Brasil, e fez o primeiro longa-metragem baiano, "Redenção" (1959), filme que lançou a ator Geraldo Del Rey. O sucesso desse filme impulsionou um período importante do cinema brasileiro, o Ciclo Baiano de Cinema (1959-1963). O Ciclo, através de diretores como Glauber Rocha, deu fermento ao movimento do Cinema Novo.

Roberto Pires começou a trabalhar com cinema com um grupo de jovens do qual fazia parte Glauber Rocha, Luís Paulino dos SantosGeraldo Del Rey, Helena Ignez, Antonio Pitanga, Othon Bastos, entre outros. Em 40 anos de carreira dirigiu oito filmes dos quais sete longas. No início da década de 1960, Roberto Pires produziu "Barravento", o primeiro filme longa-metragem dirigido por Glauber Rocha.

"O Cego que Gritava Luz", do diretor João Batista de Andrade, foi praticamente o último filme com o qual Roberto Pires teve envolvimento antes de falecer em 2001. Roberto Pires deixou inacabado o projeto de filme "Nasce o Sol a Dois de Julho".

Roberto Pires ficou famoso por retratar no cinema o acidente com a cápsula de césio 137, ocorrido em Goiânia, em 1987. O filme "Tocaia no Asfalto", do qual foi diretor e roteirista, foi restaurado, com patrocínio da Petrobras, através da Cinemateca Brasileira.

Roberto Pires faleceu em 2001, em consequência de um câncer na garganta.


Direção

  • 1955 - Sonho, o Calcanhar de Aquiles
  • 1959 - Redenção
  • 1961 - A Grande Feira
  • 1962 - Tocaia no Asfalto
  • 1963 - Crime no Sacopã
  • 1969 - Máscara da Traição
  • 1970 - Em Busca do Su$exo
  • 1981 - Abrigo Nuclear
  • 1982 - Alternativa Energética (Documentário)
  • 1989 - Brasília, Última Utopia (Episódio: "A Volta de Chico Candango")
  • 1990 - Césio 137 - O Pesadelo de Goiânia
  • 1991 - Biodigestor (Documentário)
  • 1991 - Energia Solar (Documentário)


Produção

  • 1962 - Barravento
  • 1965 - O Homem Que Comprou o Mundo
  • 1969 - Como Vai, Vai Bem?
  • 1997 - O Cego Que Gritava Luz


Fonte: Wikipédia

Carlos Reverbel

CARLOS DE MACEDO REVERBEL
(84 anos)
Jornalista, Cronista e Historiador

* Quaraí, RS (21/07/1912)
+ Porto Alegre, RS (27/06/1997)

Carlos Reverbel foi um dos maiores estudiosos da cultura gaúcha deste século. Jornalista militante, pesquisou sobre imprensa e história do Rio Grande do Sul, formando a maior biblioteca especializada do estado.

Carlos Reverbel deixou uma obra representativa de suas paixões e do seu trabalho. Escreveu sobre Simões Lopes Neto em "Um Capitão da Guarda Nacional" (1981), sobre Assis Brasil em "Diário de Cecília de Assis Brasil" (1983) e "Pedras Altas" (1984). Suas crônicas foram reunidas em "Barco de Papel" (1978) e "Saudações Aftosas" (1980).

Escreveu, ainda, "Maragatos e Pica-Paus" (1985) e "Assis Brasil" (1990). "Arca de Blau" (1993) reúne suas memórias em depoimento dado à jornalista Cláudia Laitano. "O Gaúcho", publicado originalmente em 1986, é um dos mais completos ensaios históricos sobre a origem e a formação do gaúcho.

Depois de passar a infância em São Gabriel, Carlos Reverbel foi para Porto Alegre em 1927. Iniciou na carreira jornalística em 1934, em Florianópolis, SC. Atuou como correspondente internacional em três ocasiões diferentes.

Morou no Rio de Janeiro por um tempo e colaborou com o jornal A Razão, de Santa Maria, RS, e trabalhou na Editora Globo, na Revista do Globo e foi um dos criadores da revista Província de São Pedro. Foi pesquisador da história e da literatura do Rio Grande do Sul e colaborador dos jornais Correio do Povo e Zero Hora.

Carlos Reverbel foi escolhido como o patrono da Feira do Livro de Porto Alegre de 1993.

Carlos Reverbel (Foto: Dulce Helfer)
Obra Literária

  • 1978 - Barco de Papel (Crônicas)
  • 1980 - Saudações Aftosas (Crônicas)
  • 1981 - Um Capitão da Guarda Nacional (Biografia de Simões Lopes Neto)
  • 1984 - Diário de Cecília de Assis Brasil
  • 1984 - Pedras Altas - A Vida no Campo Segundo Assis Brasil
  • 1985 - Maragatos e Pica-paus
  • 1986 - O Gaúcho
  • 1993 - Arca de Blau (Memórias)


Francisco João de Azevedo

FRANCISCO JOÃO DE AZEVEDO
(66 anos)
Padre e Inventor

* Mamanguape, PB (04/03/1814)
+ João Pessoa, PB (26/07/1880)

Francisco João de Azevedo foi um padre paraibano nascido em João Pessoa, então chamada Paraíba, na Província da Paraíba, que inventou e construiu pioneiramente, em 1861, um modelo de máquina de escrever que funcionava perfeitamente, um protótipo que era acionado por um sistema de pedais, como as antigas máquinas de costura.

Pouco se sabe sobre a sua infância, além do que cedo perdeu o pai, Francisco João de Azevedo, mas não se conhece o nome de sua mãe. Seus primeiros anos não foram nada fáceis, não só pela situação da viuvez de sua mãe, quanto pelo fato do Nordeste atravessar terríveis secas naqueles anos.

Aprendeu as primeiras letras em uma escola próxima do seminário dos extintos jesuítas, onde aprendeu a ler, contar, escrever, rezar e latim. Durante uma visita pastoral à Paraíba, em 1834, Dom João da Purificação Marques Perdigão, o bispo diocesano de Olinda conheceu aquele jovem promissor, e sabendo de sua pobreza, convidou-o para o Seminário Diocesano, e ele partiu para Pernambuco, onde foi aprovado nos exames preliminares e se matriculou no histórico Seminário de Olinda em 1835.

Ordenou-se padre em 1838, pelo Seminário de Recife, onde passou a residir e lecionou cursos técnicos de geometria mecânica e desenho no Arsenal de Guerra de Pernambuco, notabilizando-se com um sistema de gravação em aço. Lá também desenvolveria sua invenção revolucionária: uma máquina de escrever.

Anos depois, em 1863, voltou a capital da província paraibana onde por mais alguns anos foi professor de cursos técnicos de geometria. Depois, em 1868, tornou-se professor de aritmética e geometria no Colégio das Artes, anexo à Faculdade de Direito do Recife.


Sua notável invenção era um móvel de jacarandá equipado com teclado de dezesseis tipos e pedal, aparentando um piano. Cada tecla de sua máquina acionava uma haste comprida com uma letra na ponta. Combinando-se duas ou mais teclas era possível reproduzir todo o alfabeto, além dos outros sinais ortográficos. O pedal servia para o datilógrafo mudar de linha no papel. A máquina era um sucesso por onde passava e em uma exposição do Rio de Janeiro, no ano de 1861, na presença do imperador Dom Pedro II, o padre recebeu uma medalha de ouro dos juízes em reconhecimento a seu projeto revolucionário. Em seguida, para sua decepção, lhe comunicaram que sua máquina não seria levada à Exposição de Londres em 1862 por dificuldades de acomodação (?!).

Ainda assim, na Segunda Exposição Provincial, no ano de 1866, ganhou medalha de prata pela invenção de um elipsígrafo. Segundo seu biógrafo, Ataliba Nogueira, o padre foi enganado e seus desenhos roubados por um estrangeiro, o que o desestimulou a continuar no desenvolvimento da invenção, e a idéia foi esquecida.

As suspeitas é que tais desenhos tenham ido parar nas mãos do tipógrafo estadunidense Christopher Latham Sholes que teria aperfeiçoado o projeto e apresentado como seu e ganho os louros históricos como o criador da máquina de datilografia em 1867. A glória como na maioria das inventos, não foi para a máquina pioneira em funcionamento, mas para quem produziu o modelo que serviu de base à produção industrial do equipamento. O invento do brasileiro porém já era bastante conhecido no Brasil, tanto que os primeiros cursos de datilografia no Brasil exibiam na parede retratos do padre e tornou-se o patrono nacional da máquina de escrever.

Francisco João de Azevedo morreu em 1880 e foi enterrado no cemitério de João Pessoa. Faleceu sem completar o seu sonho: patentear sua máquina e transformar o Brasil num grande exportador.

Fonte: O Nordeste e Wikipédia

Alberto da Veiga Guignard

ALBERTO DA VEIGA GUIGNARD
(66 anos)
Pintor, Professor e Gravador

* Nova Friburgo, RJ (25/02/1896)
+ Belo Horizonte, MG (25/06/1962)

Alberto da Veiga Guignard foi um pintor brasileiro nascido em Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, considerado um dos mestres da pintura moderna brasileira que ficou famoso por retratar paisagens mineiras. Nasceu com uma abertura total entre a boca, o nariz e o palato (lábio leporino), causando horror e compaixão aos seus pais.

Mergulhado em dívidas e sem perspectivas de melhora, o pai, aparentemente suicidou-se em 1906. Com o dinheiro do seguro, sua mãe conseguiu saldar as dividas deixadas pelo marido e, um ano depois, casou-se com o barão Friedrich von Schilgen, e a família foi morar na Europa, onde ele concluiu seus estudos elementares.

Viajou para a Alemanha em 1916 e matriculou-se na Real Academia de Belas-Artes da Baviera, em Munique no ano de 1917, onde ficou por cinco anos e passou pela influência de professores expressionistas como o pintor Hermann Groeber e o artista gráfico e ilustrador Adolf Hengeler

Sua formação foi alicerçada em bases européias pois lá viveu dos onze aos 33 anos.

Residiu em 1918 na casa de campo de sua mãe, em Grasse, França, seguindo para a Suíça e Itália, onde tomou conhecimento da moderna arte européia. Veio ao Brasil, quando participou do Salão Nacional de Belas Artes em 1924, e voltou para a Europa.

De volta ao Brasil em 1929, passou a residir no Rio de Janeiro, onde lecionou desenho e pintura na Fundação Osório e na antiga Universidade do Distrito Federal. Começou uma nova fase em 1934 onde se revelou um dos melhores retratistas da época, principalmente com retratos de crianças ou de mulheres, com paisagens sutis e de cores transparentes. 

Tornou-se um nome representativo juntamente com Cândido Portinari, Ismael Nery e Cícero Dias.

Dez anos depois, em 1944, a convite do prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, mudou-se para a capital mineira e fundou a Escola Municipal de Belas Artes, onde exerceu grande influência sobre as gerações mais novas. Dedicou-se a um estudo sobre as cidades mineiras de tradição barroca colonial, como São João del Rei, Sabará e particularmente Ouro Preto, onde passou a residir anos depois, no ano de 1960. O contato com a arte colonial fizeram com que seu estilo sofresse uma leve influência das sinuosidades do barroco. Em Ouro Preto criou o museu Casa Guignard, em 1987, onde estão algumas de suas obras mais importantes. 

Até a sua morte, Alberto da Veiga Guignard expôs inúmeras vezes no Brasil. Em 1953, foi-lhe dedicada uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e, em 1992, no Museu Lasar Segall.

O Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, sob a curadoria do marchand Jean Boghici, amigo pessoal de Guignard, realizou uma retrospectiva, com ares de megaexposição internacional, em abril de 2000.


Foi um artista completo, atuando todos os gêneros da pintura - de naturezas mortas, paisagens, retratos até pinturas com temática religiosa e política, além de temas alegóricos.

Guignard amava, mesmo, as montanhas de Minas Gerais, seu céu e suas cores, as manchas nos muros e o seu povo. Colaborou para a formação de artistas que romperam com a linguagem acadêmica e ajudou a consolidar o modernismo nas artes plásticas em Minas Gerais. O período vivido em Minas Gerais está representado também no Museu Casa Guignard.

Casou-se aos 30 anos, mas foi abandonado pela esposa, após a morte do único filho do casal, de apenas um ano. Sua ex-esposa morreu poucos anos depois, no ano de 1930, mas o pintor assumiu a solidão como única companheira e nunca mais voltou a se casar.

Alberto da Veiga Guignard morreu em Belo Horizonte, deixando obras como "Família do Fuzileiro Naval" (1931), "As Gêmeas" (1945) e "Via Sacra" (1961), entre outras.

Seu corpo repousa na Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, onde viveu até 1962.


Prêntice

PRÊNTICE MACIEL TEIXEIRA
(48 anos)
Cantor e Compositor

☼ Pelotas, RS (31/05/1956)
┼ Petrópolis, RJ (25/05/2005)

Prêntice Maciel Teixeira, ou simplesmente Prêntice, foi um cantor e compositor brasileiro. Irmão de Maritza Fabiani, a Kris da dupla Kris & Cristina, começou a se interessar pela música com apenas 14 anos de idade.

Tereza Cristina, a outra irmã do cantor, era casada com Paulo Cézar Barros, integrante da banda Renato e Seus Blue Caps, e Prêntice via Paulo Cézar, aos 18 anos de idade, compondo e tocando violão, com ele começou a aprender os primeiros acordes que futuramente o levariam a compor canções que se tornaram sucessos na voz de renomados artistas.

Aos 14 anos, ingressou em uma escola de música, e chegou a ter aulas de canto com Paulo Fortes. Resolveu seguir a carreira de compositor, o que não o impediu de gravar uma de suas músicas como cantor, "Não Diga Nada", em parceria com Ed Wilson, Gilson e Ronaldo Bastos, e que na novela "Ti Ti Ti" (1985), da TV Globo, era o tema da personagem da atriz Myriam Rios, e que mais tarde seria regravada por Fábio Jr., Rodrigo Faro, Filhos da Lua e Só Pra Contrariar. A música "Você Ainda Mora Em Mim", outro sucesso de Prêntice, foi tema da novela "Jogo do Amor" (1985), do SBT.

Além de cantor, Prêntice também compunha. Além de "Não Diga Nada", são de sua autoria "Agüenta Coração" (Augusto César e Paulo Sérgio Valle), gravada por José Augusto, e que foi tema da novela "Barriga de Aluguel" (1990), também da TV Globo, "Pede a Ela", gravada por Tim Maia, "Viver e Deixar Rolar", gravada por Wando, e voltaria a atuar como intérprete, em "Ainda Acredito", com participação de Ivan Lins, "Carinhos", outro sucesso de Tim Maia, "Ama Quem Te Ama", com Elymar Santos, "Desiguais", com Alcione. Com Xuxa: "Dança da Xuxa", "O Circo", "Conta Comigo", "Boto Rosa", e "Voz dos Animais" - com esta última, ganhou o Prêmio Sharp, juntamente com Xuxa. Compôs também a música do papagaio Louro José, do programa "Mais Você".

Festival dos Festivais de 1985

Para o Festival dos Festivais, que a TV Globo fez em 1985, Prêntice interpretou "Violão e Voz", em parceria com o paranaense Heitor Valente, cantando junto com Cláudia Telles, e suas irmãs, Maritza Fabiani e Cristina.

Morte

Em 25/05/2005, seis dias antes de completar 49 anos de idade, um ataque cardíaco surpreendeu Prêntice, que morreria pouco depois.

Fonte: Wikipédia

Milton Santos

MILTON ALMEIDA DOS SANTOS
(75 anos)
Geógrafo e Professor

* Brotas de Macaúbas, BA (03/05/1926)
+ São Paulo, SP (24/06/2001)

Milton Almeida dos Santos foi um geógrafo brasileiro. Apesar de ter se graduado em Direito, Milton Santos destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970.

Nasceu no município baiano de Brotas de Macaúbas em 03/05/1926. Ainda criança, migrou com sua família para outras cidades baianas, como Ubaitaba, Alcobaça e, posteriormente, Salvador. Em Alcobaça, com os pais e os avós maternos, todos professores primários, foi alfabetizado e aprendeu álgebra e a falar francês.

Aos 13 anos, Milton Santos dava aulas de matemática no ginásio em que estudava, o Instituto Baiano de Ensino. Aos 15 anos passou a lecionar Geografia e, aos 18, prestou vestibular para Direito em Salvador. Enquanto estudante secundário e universitário marcou presença na militância política de esquerda.

Formado em Direito, não deixou de se interessar pela Geografia, tanto que fez concurso para professor catedrático no Colégio Municipal de Ilhéus. Nesta cidade, além do magistério desenvolveu atividade jornalística, estreitando sua amizade com políticos de esquerda. Nesta época, escreveu o livro "Zona do Cacau", posteriormente incluído na Coleção Brasiliana, já com influência da Escola Regional Francesa.

Em 1958, concluiu seu doutorado na Universidade de Estrasburgo, na fronteira da França com a Alemanha. Ao regressar ao Brasil, criou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais, mantendo intercâmbio com os mestres franceses. Após seu doutorado, teve presença marcante na vida acadêmica, em atividades jornalísticas e políticas de Salvador. Em 1961, o presidente Jânio Quadros o nomeia para a subchefia do Gabinete Civil, tendo viajado a Cuba com a comitiva presidencial, o que lhe valeu registro nos órgãos de segurança nacional após o golpe de 1964.


Exílio

Em função de suas atividades políticas junto à esquerda, Milton Santos foi perseguido pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Seus aliados e importantes políticos intervieram junto às autoridades militares para negociar sua saída do país, após ter cumprido meio ano de prisão domiciliar. Milton Santos achou que ficaria fora do país por 6 meses, mas acabou ficando 13 anos. Começou seu exílio em Toulouse, passando por Bordeaux, até finalmente chegar em Paris em 1968, onde lecionou na Sorbonne, tendo sido diretor de pesquisas de planejamento urbano no prestigiado Iedes.

Permaneceu em Paris até 1971, quando se mudou para o Canadá. Trabalhou na Universidade de Toronto. Foi para os Estados Unidos, com um convite para ser pesquisador no Massachusetts Institute Of Technology (MIT), onde trabalhou com Noam Chomsky. No MIT trabalhou em sua grande obra "O Espaço Dividido".

Dos Estados Unidos viajou para a Venezuela, onde atuou como diretor de pesquisa sobre planejamento da urbanização do país para um programa da Organização das Nações Unidas (ONU). Neste país manteve contato com técnicos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Estes contatos facilitaram sua contratação pela Faculdade de Engenharia de Lima, onde foi contratado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para elaborar um trabalho sobre pobreza urbana na América Latina.

Posteriormente, foi convidado para lecionar no University College de Londres, mas o convite ficou apenas na tentativa, já que lhe impuseram dificuldades raciais. Regressou a Paris, mas foi chamado de volta à Venezuela, onde lecionou na Faculdade de Economia da Universidade Central. Seguiu, posteriormente para Tanzânia, onde organizou a pós-graduação em Geografia da Universidade de Dar es Salaam. Permaneceu por dois anos no país, quando recebeu o primeiro convite de uma universidade brasileira, a Universidade de Campinas. Antes disso, regressou à Venezuela, passando antes pela Universidade de Colúmbia de Nova York.


Retorno ao Brasil

No final de 1976, houve contatos para a contratação de Milton Santos pela universidade brasileira, mas não havia segurança na área política e o contato fracassou. Em 1977, Milton Santos tentou inscrever-se na Universidade da Bahia, mas, por artimanhas político-administrativas, sua inscrição foi cancelada.

Ao regressar da Universidade de Colúmbia iria para a Nigéria, mas recusou o convite para aceitar um posto como Consultor de Planejamento do estado de São Paulo e na Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa). Esse peregrinar lhe custou muito, mas sua volta representou um enorme esforço de muitos geógrafos, destacando-se Armen Mamigonian, Maria do Carmo Galvão, Bertha Becker e Maria Adélia de Souza. Quanto ao seu regresso, Milton tinha um grande papel nas mudanças estruturais do ensino e da pesquisa em geografia no Brasil.

Após seu regresso ao Brasil, lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até 1983. Em 1984 foi contratado como professor titular pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu mesmo após sua aposentadoria. Também lecionou geografia na Universidade Católica de Salvador.


Morte

O professor emérito da Faculdade de Geografia da Universidade de São Paulo, Milton Santos, morreu às 3:10 hs do dia 24/06/2001, em razão de um Câncer de Próstata. Milton Santos apresentou insuficiência respiratória aguda durante a madrugada. O câncer de Milton Santos foi diagnosticado havia cerca de sete anos.

Milton Santos estava internado no Hospital do Servidor Público Estadual desde o último dia 20/06/2001. Estava internado no 13º andar do hospital, no setor de hematologia.


A Trajetória e o Reconhecimento

Embora pouco conhecido fora do meio acadêmico, Milton Santos alcançou reconhecimento fora do país, tendo recebido, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud (conferido por universidades de 50 países).

Sua obra "O Espaço Dividido", de 1979, é hoje considerado um clássico mundial, onde desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos.

Suas ideias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento - conceitos depois desenvolvidos por outros. "Por Uma Outra Globalização", livro escrito por Milton Santos dois anos antes de morrer, é referência hoje em cursos de graduação e pós-graduação em universidades brasileiras. Traz uma abordagem crítica sobre o processo perverso de globalização atual na lógica do capital, apresentado como um pensamento único. Na visão dele, esse processo, da forma como está configurado, transforma o consumo em ideologia de vida, fazendo de cidadãos meros consumidores, massifica e padroniza a cultura e concentra a riqueza nas mãos de poucos.


Espaço: Abordagem Inovadora

A obra de Milton Santos é inovadora e grandiosa ao abordar o conceito de espaço. De território onde todos se encontram, o espaço, com as novas tecnologias, adquiriu novas características para se tornar um "conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações".

As velhas noções de centro e periferia já não se aplicam, pois o centro poderá estar situado a milhares de quilômetros de distância e a periferia poderá abranger o planeta inteiro. Daí a correlação entre espaço e globalização, que sempre foi perseguida pelos detentores do poder político e econômico, mas só se tornou possível com o progresso tecnológico. Para contrapor-se à realidade de um mundo movido por forças poderosas e cegas, impõe-se, para Milton Santos, a força do lugar, que, por sua dimensão humana, anularia os efeitos perversos da globalização.

Estas ideias são expostas principalmente em sua obra "A Natureza do Espaço" (Edusp, 2002).

No conceito de espaço, Milton Santos revela a noção de paisagem, onde sua forma está em objetos naturais correlacionados com objetos fabricados pelo homem. Milton Santos aponta que espaço e paisagem não são conceitos dicotômicos, onde os processos de mudança social, econômico e político da sociedade resultam na transformação do espaço, que concatenado a paisagem se adaptam para as novas necessidades do homem naquele dado período. Milton Santos revela o conceito de paisagem como algo não estanque no espaço, e sim que a cada período histórico altera, renova e adapta para atender os novos paradigmas do modo de produção social.

São ideias apontadas na obra "Pensando o Espaço do Homem", 1982.

Fonte: Wikipédia

Assis Brasil

ARGEMIRO DE ASSIS BRASIL
(75 anos)
Militar e Professor

* São Gabriel, RS (11/05/1907)
+ Canoas, RS (23/06/1982)

Argemiro de Assis Brasil foi um militar brasileiro. Era filho de Leônidas de Assis Brasil, fazendeiro gaúcho, e de Márcia de Assis Brasil, que possuíam uma propriedade rural em Cacequi, no Rio Grande do Sul, onde Argemiro passou boa parte da infância.

O início de sua vida escolar foi em seu município natal. Em 1921, foi estudar no Colégio Militar de Porto Alegre, indo em seguida para a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. Em 1929, graduou-se Oficial da Arma de Infantaria do Exército, formando-se em primeiro lugar na sua turma.

O general Assis Brasil casou em Santa Maria, RS, no dia 14/01/1939, com a professora Alba Arruda Gomes nascida em Santa Maria em 04/07/1918, falecida em Porto Alegre, RS, em 27/04/1967. Da união, nasceram Antônio Carlos de Assis Brasil, militar e engenheiro, e Paulo Renato de Assis Brasil, médico. Viúvo, casou-se com Iná Marques, adotando seu filho Juarez Marques como enteado.


Vida Militar

Em 1930, já segundo tenente, se negou a combater o governo de Washington Luís, em razão do qual foi preso e anistiado três meses depois por Getúlio Vargas.

Em 1932, como primeiro tenente, participou do Movimento Revolucionário Paulista, razão pela qual foi exilado por dois anos na Europa. Viveu por algum tempo clandestinamente na Argentina, sendo anistiado novamente em 1934 por Getúlio Vargas.

Concluiu em primeiro lugar em 1945, no posto de capitão, o curso da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Major em 1949, formou-se na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, também em primeiro lugar. Recebeu a Medalha Marechal Hermes, devido aos três primeiros lugares que conquistou.

Foi professor de história universal e militar na Escola de Estado-Maior do Exército.

Em 1950, foi ao Paraguai como membro da Missão Militar Brasileira de Instrução. Lecionou História Militar e Geopolítica no curso de formação de oficiais do exército do Paraguai.

Regressando ao Brasil em 1953 como tenente-coronel, serviu no Comando da 3ª Região Militar, em Porto Alegre. Como coronel comandou o 2º Regimento de Infantaria em Santa Maria, o 19º Regimento de Infantaria em São Leopoldo e foi Chefe de Estado-Maior da 3ª Região Militar.

Em 1962, foi nomeado adido militar na embaixada brasileira em Buenos Aires.

Promoção a General

Em 1963, foi promovido a General-de-Brigada e convidado pelo presidente João Goulart para o cargo de Ministro Chefe da Casa Militar da Presidência, permanecendo até 1964. Ao acontecer o Golpe Militar de 1964, acompanhou João Goulart em seu exílio até Montevidéu, no Uruguai, retornando ao Brasil, onde se apresentou aos seus superiores e foi imediatamente preso no Forte de Jurujuba.

A Visão do General Assis Brasil

No ano de 1980, Cranger Cavalheiro de Oliveira solicitou ao general Assis Brasil que relatasse fatos históricos da vida política do Brasil, ocorridos a partir do início do século XX. Era a época em que iniciava a abertura política comandada pelo último general presidente, João Baptista de Oliveira Figueiredo.

O Assassinato do Senador Pinheiro Machado

Em 1915, o senador José Gomes Pinheiro Machado foi morto por uma punhalada pelas costas por Manso de Paiva Coimbra. Segundo Assis Brasil, o presidente da República, marechal Hermes da Fonseca, seguia as orientações e sugestões do senador gaúcho. E teria sido Pinheiro Machado, juntamente com Júlio de Castilhos, que consolidou a República nos pampas meridionais.

Com a morte do senador, a República se desestabilizou, pois foi assumida por um lobby político comandado por oligopólio, fazendeiros do café de São Paulo e latifundiários de Minas Gerais.

Ainda segundo seu depoimento, a campanha civilista na época bombardeava o marechal Hermes da Fonseca, e nada mais era do que uma digressão ideológica, sem nenhum fundamento histórico que a pudesse perpetuar dentro do panorama geopolítico e dialético. Consta que Ruy Barbosa lançou os fundamentos da República, que era governada por suas classes dominantes e pelas oligarquias, mas sem interferência de poderes espúrios e alienígenas.

Primeira Guerra Mundial

Cessada a Primeira Guerra Mundial, chamada por Assis Brasil:

"(sic) … de época de grande luta interimperialista que empolgou céus, mares e terras, desde aquele 1914 até a grande rajada de 1917, ríspida, em que os irmãos de todos os povos disseram ao mundo, montados geopoliticamente no coração de nosso universo presente."

Ainda em suas palavras:

"(sic) … Surgiu o sistema que matou o feudalismo, isto é, o capitalismo predatório e desumano, mais predatório e inumano do que o pior sistema que existiu sobre a Terra, que foi o sistema romano. Este não pôde ser derrubado pela força das armas, tendo que ser aniquilado, reduzido a pó, pela incomparável figura do Nazareno que, da Galileia, apenas com um nome, Jesus Cristo, conseguiu, com o seu espírito e com as bênçãos das mulheres do seu tempo, dizer por dois mil anos: paz na Terra aos homens de boa vontade."

Assis Brasil e Tarncredo Neves
As Lutas Internas no Rio Grande do Sul

Em 1921 seguia dentro do Rio Grande do Sul uma luta pelo poder entre Joaquim Francisco de Assis Brasil e Antônio Augusto Borges de Medeiros.

Ainda segundo o general, Júlio de Castilhos consolidou a República no extremo sul dentro da doutrina positivista de Augusto Comte. E Floriano Peixoto, ao abafar a Revolução de 1893, conseguiu fazer com que o Brasil não se desunisse em vários estados republicanos independentes.

A tentativa de golpe de 1893 foi feita pela Marinha no Rio de Janeiro, comandada pelo almirante Saldanha da Gama, e no Rio Grande do Sul, pelos aliados civis do almirante, chefiados pelo então senador Gaspar da Silveira Martins. No Colégio Militar de Porto Alegre, em 1921, havia partidários das facções em lutas internas no Estado, o que gerava conflitos na própria escola, que nada mais eram do que reflexos da sociedade em rápida mutação. Ali se iniciava o sentimento bipolarizado das sementes da esquerda e da direita.

Conforme palavras do general Assis Brasil:

"(sic) Conhecíamos, por ensinamentos de nossos mestres, naquele areópago de ciências humanísticas, conhecíamos, repito e, embora jovens sabíamos que a história é dinâmica, como a própria natureza. Devido a isso, ficávamos muito faceiros quando líamos no jornal Correio do Povo que os soldados, operários e marinheiros russos tinham destruído o bárbaro sistema feudal do czarismo, que oprimiu a França e a América do Norte, até os anos de 1789 e 1776, respectivamente. Até certo ponto, na nossa ingenuidade de meninos, fazíamo-nos líderes vanguardeiros daquelas evoluções, que ocorreram após a catástrofe bélica e de divisão do mundo de 1914 a 1918."

"O perfeito entendimento das consequências daquela catástrofe marcou profundamente o nosso espírito de jovens brasileiros, herdeiros de um continente pacífico e humano. Sem embargo, perscrutávamos que, se não fossem realizadas profundas reformulações sociais, políticas e econômicas, estaríamos, mais cedo ou mais tarde, submetidos àqueles desgastes que conduziram a velha Europa a uma segunda varredura política, social e econômica, a qual marcaria época no patamar inicial do século XX, como a augurar que, se os homens deste século não refletissem em base do que havia ocorrido, dialeticamente, com as gerações anteriores, estaríamos, forçosamente, submetidos a nova hecatombe, como veio a ocorrer em 1939, com a Segunda Guerra Mundial."

De 1922 a 1930

Ainda segundo o general:

"(sic) ... as causas que motivaram os movimentos de 1922 a 1930 tiveram, de um lado, seu background nos fatos já apontados sobre a Primeira Guerra Mundial, e, de outro lado, na Colônia, no Primeiro Império, na Regência, no Segundo Império e na República Velha, que nada fizeram para demolir as estruturas fazendárias, escravizantes e oligopolizantes que mantinham um status-quo altamente antiprogressista, de vez que continuavam a política econômica de um reino vassalo da "Rainha dos Mares", a tal ponto que, na pseudo-independência, foram os canhões de dois almirantes ingleses os baluartes de governos despóticos para, num arroubo de patriotismo, dizer que haviam salvado o Brasil."

"Não se pode negar que o movimento de 1930 tenha se caracterizado pelo grande apoio popular que recebeu. Não se pode negar, também, que os grandes propulsores desse movimento foram jovens oficiais das forças armadas brasileiras que já vinham marcados ideologicamente e, não poderia ser de outra maneira, pelos movimentos libertários de após 1918."

"Esse oficiais eram como uma alvorada dentro de uma força armada que, depois da cruenta guerra de 1864 a 1870, haviam se atirado na falsa filosofia positivista, pseudos-salvadora dos supremos conflitos sociais do século XIX e arrebóis do século XX."

"As forças armadas, que foram heróicas em Riachuelo, Lomas Valentinas, Curuzu, Curupaiti, Tuiuti e em tantos mais palcos de sanguinolentas batalhas, quando regressaram aos pagos, não encontrando que fazer, pensaram que seu destino patriótico apenas seria o de derrubar uma monarquia guardiã de uma estrutura feudal, monopolista e que somente servia aos interesses estrangeiros."

"Era normal, como se observa na história dos povos, que uma tal força armada descambasse para as intrigas da corte e, sem usar a espada, apenas acenando um quepe vermelho no Largo de Santana, derrubasse o Império que já não tinha mais nenhum respaldo popular."

Já no final da década de 20 e início da década de 30, o general Assis Brasil define que:

"(sic)  ... pertencia a um Exército renovado pelos ensinamentos da Missão Militar Francesa e de muitos chefes militares brasileiros que não admitiam que o Exército continuasse no seu aniquilamento profissional." "Nos bancos escolares, ao lado de jovens militares companheiros, aprendemos o que nos transmitiam os insignes mestres franceses e os não menos insignes mestres militares brasileiros. Aprendi que a força armada é, fundamentalmente, o povo em armas e não deve ser empregada a não ser com a sua atribuição constitucional. Destarte, fiquei convicto de que manipular um instrumento de defesa da nação como arma para servir de escada à política de interesses regionais, de classe ou particulares, seria cometer uma heresia em desacordo com o que me haviam ensinado. Por esse motivo, ao eclodir o movimento insurrecional de 1930 não o acompanhei, ficando ao lado dos poucos que defenderam o governo constituído. Eu pensava que, dentro de processos legais e democráticos, se pudesse reformular todas as questões que se apresentavam como desafio à Nação."

1932

"Na Revolução Constitucionalista de 1932, coloquei-me ao lado dos que se levantaram em armas para derrubar um governo que, segundo nosso juízo, não se assentava em nenhum princípio de legitimidade. Esse governo, desde o seu estabelecimento pela força, prometera legitimar-se através de uma Assembleia Constituinte que, paulatinamente, transferia e negava ao seu povo. Daí por que, nossa bandeira, foi a constitucionalização imediata do país. Como decorrência dessa atitude, coerente com meus princípios, tive minha carreira militar interrompida ao ser segregado do convívio com meus patrícios, exilado que fui para Portugal."

Assis Brasil e Alba na entrega de espadim a Antônio Carlos em 1960

O Exílio a Portugal

"O exílio serviu-me para refletir sobre a posição que havia tomado e, em particular, sobre as conotações que o movimento constitucionalista teria no contexto da política mundial."

"Desde logo, verifiquei que a nascente praga do fascismo poderia vir a influenciar nosso destino político. Por outro lado, fui alertado para o fato de que atrás da nossa sagrada revolução constitucionalista havia, também, interesses alienígenas, dado que o domínio de nossa economia pelo imperialismo britânico transferia-se a passos lentos e seguros para os novos senhores dos mercados conquistados dos antigos donos. Vi, então, ainda jovem, que os problemas decorrentes de nossa estrutura social, imobilizada pelos interesses das classes dominantes, se agravavam com a eficácia e a eficiência da exploração permanente daqueles novos senhores."

A Volta ao Brasil

"Quando eclodiu o movimento de 1935, servia eu na Amazônia, em Belém, como 1º Tenente. Não tomei parte no mesmo, ainda em coerência com os princípios de não me rebelar, como soldado, contra um governo revestido, já então, de legitimidade." "Sem embargo, considerei um grande absurdo a posição tomada, na oportunidade, pela liderança da intentona. Vi, desde logo, que através de uma quartelada, jamais seria possível transformar de "fond en comple" a estrutura social e econômica de uma nação."

"Os chefes e participantes do fracassado golpe não se deram conta dos reiterados ensinamentos do grande demiurgo da maior convulsão social do século XX, a saber: não se faz uma revolução no sentido sociológico sem que haja condições objetivas e subjetivas para tal empreendimento e, também, se não se contar com o apoio de grandes massas."

"O golpe o Estado Novo de 1937, trouxe no seu bojo aquele cheiro do nazi-fascismo que eu tanto temia, já nos idos de 1932, como me referi. Nem eu nem os militares e civis que possuíamos pontos de vista comuns e contrários ao famigerado golpe, tivemos condições de nos opor a ele."

"Essa falta de condições decorreu da habilidade do governo em preparar a passagem histórica, mascarando-a com larga série de invencionices e falsificações documentárias manipuladas nos escaninhos dos órgãos da alta cúpula militar que apoiava o governo e, de mesmo passo, baixava seus "ukases" para o conjunto aturdido de uma força armada tomada de surpresa e de pânico, tudo agravado pela recente recordação das estripulias cometidas pelos maus discípulos de Lênin, em 1935."

A Importância do General Assis Brasil no Golpe de 64

Quando era adido militar em Buenos Aires, o general Assis Brasil foi convidado para chefiar a Casa Militar do governo de Jango.

Uma vez em seu posto o militar estabeleceu algumas normas de conduta, entre as quais:

  • Os caminhos dos negócios não passariam pela Casa Militar;
  • A Casa Militar não seria uma agência de empregos;
  • Não deveriam ser tratados assuntos políticos na Casa Militar;
  • A Casa Militar não seria um superministério;
  • A todo o custo o interesse nacional e a soberania do país deveriam ser mantidos.


O general determinou que a Secretaria do Conselho de Segurança Nacional e o órgão de responsável pela inteligência e informações deveriam agir harmonicamente com os demais ministérios, além de não colocar na Secretaria do Conselho de Segurança Nacional e na do Gabinete Militar oficiais que não fossem da confiança dos ministros.

O Comício da Central do Brasil

No dia 13/03/1964 aconteceu o Comício da Central do Brasil. Segundo Assis Brasil, Leonel Brizola condenou veementemente a atuação dos congressistas. Em função disto João Goulart e o ex-governador do Rio Grande do Sul se desentenderam, fato este que perdurou por longo tempo.

A Revolta dos Marinheiros

Quando iniciou o episódio da Revolta dos Marinheiros, o general Assis Brasil estava no Rio de Janeiro e viajou para o Rio Grande do Sul para se encontrar com o presidente. Ainda segundo informou o militar em sua narrativa, João Goulart não sabia da gravidade da situação, além de desconhecer que o I Exército havia assumido o controle da situação.

Em suas narrativas, Assis Brasil comentou que a Marinha estava acéfala e que as informações que chegavam a si eram de que os marinheiros estavam com armas nas mãos e que havia mortes. Consta ainda que o Ministro da Guerra, general Jair Dantas Ribeiro, estava internado devido a uma cirurgia.

Em função do internamento do general, o Ministério da Guerra ficara acéfalo também. O chefe da Casa Militar não tinha conhecimento ainda das movimentações do I Exército.

Assis Brasil ainda informou que o Almirante Paulo Mário fora empossado como novo Ministro da Marinha, com plenos poderes para agir junto aos amotinados, anistiando-os.

A Reunião dos Sargentos no Automóvel Clube do Brasil

Em 30/03/1964, ocorreu a reunião dos sargentos no Automóvel Clube do Brasil. O general Assis Brasil reuniu-se com o general Jair Dantas Ribeiro e ambos não sabiam o que estava ocorrendo. Entrando em contato com o presidente do clube, descobriram que este também desconhecia da existência do encontro. Os deputados Tenório Cavalcanti e Tancredo Neves aconselharam ao presidente a não ir. João Goulart, apesar das muitas opiniões contrárias, compareceu e os discursos foram extremistas. Estava se armando o golpe, pois entre o Comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964 e a reunião no Automóvel Clube do Brasil, em 30 de março, decorreram 17 dias, tempo suficiente para a sua preparação.

Assis Brasil e João Goulart em 13/03/1964
A Tentativa de Alerta ao Presidente

Segundo Assis Brasil, o único general que alertou João Goulart de uma conspiração foi o general Amaury Kruel, Comandante do II Exército.


O Golpe em 31 de Março

Assis Brasil no dia 31/03/1964 estava no Palácio das Laranjeiras. Lá foi informado do levante de Minas Gerais. O general telefonou para o I Exército para tomar mais informações. A resposta era que tudo estava em ordem.

Assis BrasilJoão Goulart sabiam que o general Olympio Mourão Filho e o general Carlos Guedes estavam conspirando, porém não sabiam o quanto já estava adiantada a conspiração. João Goulart telefonou para o general Amaury Kruel, que afirmou que não concordava com o que estava acontecendo e que o governo deveria agir com firmeza. João Goulart, então, telefonou para o general Justino Alves Bastos, que se alinhou ao presidente. Neste momento, o levante de Minas Gerais já estava tomando corpo rapidamente. O general Armando de Moraes Âncora informou ao presidente. O presidente, então, reuniu o general Armando de Moraes Âncora e o Ministro da Aeronáutica, determinando que não houvesse choque de tropas e derramamento de sangue brasileiro.

O Dia Primeiro de Abril

No dia 01/04/1964, a fortaleza de Copacabana passou para o controle dos conspiradores. João Goulart mandou o general Assis Brasil ficar no Rio de Janeiro e voou para Brasília para conversar com os políticos do Congresso Nacional.

O general Armando de Moraes Âncora telefonou para o general Assis Brasil informando que o Norte aderira ao golpe e que Minas Gerais estava toda revoltada, que o batalhão mandado para Minas Gerais e o batalhão de Barra do Piraí aderiram também ao movimento e que as tropas de São Paulo estavam marchando, indo a Academia Militar das Agulhas Negras na vanguarda.

Segundo as palavras de Assis Brasil, a conversa teve o seguinte teor:

O General Âncora perguntou:

- "Vou meter fogo nesses cadetes?"

O general Assis Brasil respondeu:

- "Não tenho autoridade para falar em nome do presidente, mas posso adiantar que ele não concordaria com isso."

Âncora:

- "Fico contente, porque já decidi que não vou abrir fogo contra os cadetes, porque será um peso que não tirarei mais de cima de meus ombros - matar a mocidade militar da minha terra."

Isto ocorrido, Assis Brasil se reuniu com os ministros civis e militares. O ministro da Marinha queria resistir ao golpe, porém foi demovido da ideia. As tropas do palácio foram recolhidas para não haver confrontos, ficando somente as sentinelas palacianas. O general Assis Brasil foi encontrar o presidente em Brasília. Ao chegar no aeroporto, antes de falar com João GoulartAssis Brasil ordenou aos oficiais da Casa Militar que fossem para seus postos e passassem os cargos aos substitutos. Perguntado sobre o que iria fazer respondeu:

"Vou com o presidente, porque esta é a minha função. Não sei para onde ele vai, mas o meu destino, enquanto ele for vivo por aqui, está ligado ao dele."

Porto Alegre

Porto Alegre estava ainda com João Goulart. O general Ladário, que chefiava as tropas, estava esperando a chegada do presidente e do general Assis Brasil. Ladário e Leonel Brizola queriam resistir, mas João Goulart não aceitou, pois como havia frisado anteriormente, não queria derramamento de sangue brasileiro.

Para não ser preso, foi aconselhado por Assis Brasil para ir embora do Brasil. Foram chamados os oficiais e mandados ir para Brasília se apresentar. Foi organizada uma segurança sem armas, só com vigilância, em torno de seis quilômetros da fazenda, nas estradas e no campo, para avisar da aproximação de forças. Havia três aviões: um C-47, um Cessna bimotor e um monomotor, um deles com soldados, os outros abastecidos para qualquer emergência. O avião C-47 foi para um rancho em uma das fazendas de João Goulart, na costa do Rio Uruguai, onde existia um campo, no município de São Borja, RS. De lá João Goulart queria ir para o Brasil central, onde possuía terras, mas o general Assis Brasil o convenceu para ir ao Uruguai. Foi mandado um homem a Montevidéu, com uma mensagem escrita pelo presidente pedindo asilo político. Ele então escreveu para um amigo falar com o governo uruguaio. Foi mandado um piloto levar a mensagem e, no outro dia, ao amanhecer, foram para a estância Santa Lúcia. O piloto retornou e disse que o Uruguai receberia João Goulart. Saíram daquela estância e foram para outra chamada Cinamomo, de propriedade de João Goulart, perto do município de São Borja, a 628 km de Porto Alegre.

O Exílio de Jango e a Prisão de Assis Brasil

No dia 04/04/1964, na estância de Cinamomo, o presidente se convenceu de ir para o Uruguai. Mandou a mulher e os filhos para Montevidéu.

Ao chegar no Uruguai, Assis BrasilJoão Goulart foram recebidos por autoridades e populares. Uma vez o presidente instalado, Assis Brasil disse para João Goulart:

- "Presidente, a minha missão está cumprida!"

Ao retornar para o Brasil, antes de expirado o prazo de oito dias para que sua ausência do país configurasse crime de deserção, o general Assis Brasil se apresentou para as autoridades e foi preso.

A Perseguição

Demitido do Exército Brasileiro, e considerado morto legalmente para as Forças Armadas, foram retiradas perpetuamente de sua ficha todas as suas condecorações militares, exceto as estrangeiras, além de ter seus direitos políticos cassados por dez anos.

Respondeu em 1964 a um Inquérito Policial Militar para apurar o exercício de possíveis atividades subversivas. A promotoria militar que examinou os termos do Inquérito Policial Militar, não vendo nenhum crime em suas atitudes quando no governo, impronunciou-o na Justiça Militar, não tendo o general Assis Brasil sofrido qualquer condenação criminal ou punição disciplinar, a não ser a demissão.

Ele foi o único oficial-general a ser demitido nas Forças Armadas.

Ao procurar emprego como civil teve sua ficha trabalhista bloqueada pelo regime militar. Suas contas bancárias e créditos também foram bloqueados, sendo impedido de trabalhar para o seu sustento como punição por não concordar com a ditadura. Por ser considerado pelo Exército Brasileiro legalmente morto, em consequência de ter sido demitido, com o falecimento de sua esposa em 1967 foi impedido pelo governo militar de receber a pensão de sua mulher. Passou então a sobreviver, por quinze anos, de favores de amigos e de parentes, além de aulas particulares de matemática que ministrava a vários alunos.

Anistia

Até ser anistiado, não recebeu nenhuma aposentadoria militar. Sobrevivia, além da sua atividade como professor particular e da ajuda de terceiros, da pensão de meio salário mínimo que recebia do INPS, como idoso. Após a anistia, foi reformado como General-de-Exército, passando a receber a correspondente aposentadoria.

Fonte: Wikipédia