Hilda Furacão

HILDA MAIA VALENTIM
(83 anos)
Ex Prostituta

* Recife, PE (30/12/1930)
+ Buenos Aires, Argentina (29/12/2014)

Hilda Maia Valentim, também conhecida como Hilda Furacão, foi uma famosa prostituta brasileira. Hilda é a mulher em que o romancista Roberto Drummond inspirou-se para escrever o livro "Hilda Furacão", grande sucesso de vendas, logo após a exibição da minissérie global "Hilda Furacão" (1998).

Nascida no início da década de 30 na cidade de Recife, migrou, muito pequena e com a família, para Belo Horizonte, MG. Na juventude, tornou-se famosa, em seu meio, como a prostituta "Hilda Furacão", nome este, ganho pela sua reputação de mulher de pouca paciência, gerando muitas brigas entre seus clientes e colegas.

Hilda e Paulo Valentim
Frequentando a zona boêmia de Belo Horizonte, mais precisamente no Hotel Maravilhoso, na Rua Guaicurus, conheceu o jogador Paulo Valentim, que nesta época jogava no Atlético Mineiro e com quem se casou, no final da década de 50, transformando-se na senhora Hilda Maia Valentim.

Com Paulo Valentim, morou em Buenos Aires, São Paulo e na Cidade do México, sempre acompanhando o marido, que jogou no Boca Juniors, no São Paulo e no Atlante. Após a aposentadoria de jogador do marido, o casal fixou residência em Buenos Aires, pois Paulo Valentim, quando jogador do Boca Juniors, tornou-se ídolo da torcida.

Hilda ficou viúva de Paulo Valentim em 1984, e, após a morte de seu filho, Ulisses, a mulher, que foi a primeira-dama da zona mineira e também a primeira dama da torcida do Boca Juniors, foi morar em um asilo no bairro Barracas, em Buenos Aires.

No Asilo

"A Hilda Furacão, onde ela estiver…"

Essa é a última das muitas dedicatórias que Roberto Drummond faz no livro "Hilda Furacão" (1991, Geração Editorial). Pois a verdadeira personagem, viúva do jogador de futebol Paulo Valentim, ídolo do Atlético, Botafogo, Boca Juniors - jogou ainda no Atlante (México) -,  em seus últimos dias de vida, solitária, morava em um asilo, o Hogar Drº Guillermo Rawson, no bairro Jujuy, em Buenos Aires, Argentina. Quem pagava as despesas era o município portenho.

Não havia mais o glamour e o luxo dos tempos dourados na capital argentina, nem resquícios da vida na zona boêmia de Belo Horizonte, que a tornou famosa nos anos 50. A realidade da mulher, que na obra de ficção de um dos maiores escritores mineiros se chamava Hilda Gualtieri von Echveger, é outra, completamente diferente da personagem da literatura. Ela, aliás, nunca frequentou o Minas Tênis Clube. Nem sequer sabe onde ficava.

Da cama para a cadeira de rodas. Empurrada por enfermeiros, rumo a uma sala-refeitório onde havia uma TV. Lá ela passava a manhã e almoçava, lanchava e jantava. No avançar das horas, a volta para a cama. Na cabeceira, sobre uma espécie de criado-mudo - um pequeno armário do tipo comum a hospitais -, um velho caderno grande, preto, de capa dura. Dentro, recortes da vida passada, do grande amor, o atacante e goleador Paulo Valentim. Vez ou outra, antes de dormir, ela dava uma folheada. Relembrava os bons tempos, os momentos românticos. Essa era a rotina diária da octogenária Hilda Furacão ou Hilda Maia Valentim, revelada com exclusividade pelo Estado de Minas.

Pode-se dizer que foi um lance de sorte Hilda ver, de repente, em seu caminho, uma brasileira, a capixaba Marisa Barcellos, assistente social do Hogar Drº Guillermo Rawson, que antes trabalhou na rua ajudando os sem-teto. Um dia, Marisa recebeu o relato de que uma mulher estava se recuperando de uma queda, num hospital municipal, sem apoio e sem ter para onde ir. Entrou em ação a assistente social. Foi à paciente e recolheu os documentos que estavam à mão para começar a ajudá-la: uma carteira de identidade requerida em Recife e uma autorização, em espanhol, que lhe permite viver na Argentina. Só.

A assistente chegou à história de Hilda e se surpreendeu com o passado da mulher, que foi famosa em Buenos Aires, personagem de reportagens em jornais e revistas. Era tratada como primeira-dama do Boca Juniors, mulher de um dos maiores astros do clube, apontado como um dos principais responsáveis pelos títulos de campeão argentino nos anos de 1962 e 1964. Uma dama que conheceu o luxo vivia agora na miséria, de favores. Antes de ser recolhida ao asilo, Hilda morava com a ex-companheira de um dos filhos que teve com Paulo Valentim, Ulisses, que morreu em 2013.


É na sala de TV e refeições que Hilda recebeu o Estado de Minas para, em um dos momentos de lucidez, contou que viveu uma vida de luxo, falou de venturas e desventuras.

"Com o Paulo, conheci 25 países. Onde o Boca jogava eu estava. Ele era o único que tinha permissão para levar a mulher. Eu ia a todos os lugares. O Jose Armando foi presidente do Boca e gostava muito do Paulinho e por isso eu era a única a viajar."

Hilda forçou a memória e voltou aos tempos de adolescência e a Belo Horizonte. Contou que chegou muito nova à capital mineira com o pai, José, a mãe, Joana Silva, e quatro irmãos. Isso, no entanto, não foi possível confirmar, pois ela pareceu confusa. Voltou a falar da união com Paulo Valentim. Viu uma foto dela, tirada logo depois do casamento com o jogador, e disse: "Estava embarazada (grávida)".

A foto pertencia ao falecido jornalista mineiro Jáder de Oliveira, que chegou a morar em Buenos Aires, vizinho do casal. Foi feita no apartamento onde HildaPaulo Valentim moravam. O comentário de Hilda surpreendeu, pois na época o casal já tinha um filho: Ulisses. Seria, então, o segundo filho? Uma foto confirma que eles tiveram dois e o mais novo teria morrido e foi enterrado na capital argentina. Desde então, ela evitava tocar no assunto. Quando percebeu que falou o que não pretendia, disfarçou.

Na verdade, Hilda criou algumas fantasias que a ajudaram a esconder o que considerava ruim na vida, como a história do segundo filho. A outra fantasia é para esconder a vida que levava em Belo Horizonte. Os tempos da zona boêmia, do Hotel Maravilhoso, na Rua Guaicurus, não existem na memória dela.

"O meu apelido, de Furacão, é antigo, porque eu era brigona. Se mexessem comigo estourava, discutia, queria bater. Sou assim desde pequena."

De repente, entrou na sala de TV e refeitório Jose Francisco Lallane, de 80 anos, um torcedor do Boca Juniors, que também vive no Hogar Drº Guillermo Rawson. Ela estava sentada onde gostava: bem perto da telinha. Da porta, avistou Hilda e gritou: "Tim, Tim, Tim, gol de Valentim". Esse era o canto da torcida para reverenciar o ídolo dos anos 60. Jose caminhou em direção a Hilda, ainda cantando. Ela sorriu. Ele pegou a mão dela e a beijou. Então, começou a falar de Paulo Valentim

"Era um craque. Era demais. Não passava jogo sem fazer gol. Uma vez, o Carrizo, goleiro do River Plate, já havia levado um gol de falta dele. Então, houve uma segunda falta e, antes que ele batesse e fizesse o segundo gol, Carrizo fingiu estar machucado e pediu substituição."

Hilda sorriu, estava feliz porque falavam do marido, um dos orgulhos de sua vida.

Morte

Hilda Furacão morreu em 29/12/2014. Ela sofria de problemas respiratórios e renais, mas morreu de morte natural, segundo a assistente social do asilo em que viveu seus últimos dias.

Fonte: Wikipédia, Correio BrasilienseCaio Rocha Ribeiro
Indicação: Miguel Sampaio

Hugo Della Santa

HUGO DELLA SANTA
(36 anos)
Ator

* Capivari, SP (1952)
+ São Paulo, SP (26/03/1988)

Hugo Della Santa foi um ator nascido na cidade de Capivari, SP, em 1952. Estreou no cinema e na televisão, no final da década de 70, e participou de três novelas, "Os Adolescentes" (1981), "Ninho da Serpente" (1982) e "Os Imigrantes: Terceira Geração" (1982), todas em papéis de destaque, na TV Bandeirantes.

No cinema, atuou em cinco filmes, sendo eles, "Paula, a História de Uma Subversiva" e "Filhos e Amantes", ambos de de Francisco Ramalho Jr., "A Próxima Vítima", de João Batista de Andrade, "Jeitosa, Um Assunto Muito Particular", de Nello De Rossi, e "Romance", de Sérgio Bianchi.

No teatro, em 1985, recebeu o Prêmio Governador do Estado pela sua atuação em "Um Beijo, Um Abraço, Um Aperto de Mão", de Naum Alves de Souza.


Hugo Della Santa foi responsável pela adaptação do romance "Giovanni", do autor americano James Baldwin, para o teatro, onde também atuou como ator, ao lado de Caíque Ferreira, com quem morava na época, grande sucesso de público em 1986, no Teatro Bixiga, em São Paulo, e, posteriormente, em diversas cidades do País.

Atuou na polêmica montagem de "Nossa Senhora das Flores", de Jean Genet, dirigida por Maurício Abud, em 1985.

Seu último trabalho foi em 1988 na montagem de "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, com direção de Marcio Aurélio, no Teatro Anchieta, numa montagem do grupo Pessoal do Victor.

Hugo Della Santa teve uma carreira muito rápida, interrompida por sua morte em 1988, aos 36 anos, vítima da AIDS. Morreu no Hospital Albert Einsten, em São Paulo, e segundo o atestado de óbito do ator, ele morreu vítima de anemia aplástica, uma doença que afeta as plaquetas do sangue.

O ator foi homenageado pela prefeitura de São Paulo, que deu seu nome a uma rua no bairro de Cidade Tiradentes.

Caíque Ferreira com Hugo Della Santa
Cinema
  • 1988 - Romance ... André
  • 1984 - Jeitosa, Um Assunto Muito Particular
  • 1983 - A Próxima Vítima
  • 1981 - Filhos e Amantes
  • 1979 - Paula, A História de uma Subversiva


Televisão
  • 1982 - Os Imigrantes: Terceira geração
  • 1982 - Ninho da Serpente
  • 1981 - Os Adolescentes ... Liminha

João Cabral de Melo Neto

JOÃO CABRAL DE MELO NETO
(79 anos)
Poeta e Diplomata

* Recife, PE (09/01/1920)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/10/1999)

João Cabral de Melo Neto foi um poeta e diplomata brasileiro. Sua obra poética, que vai de uma tendência surrealista até a poesia popular, porém caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.

Irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre, João Cabral foi amigo do pintor Joan Miró e do poeta Joan Brossa. Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, foi agraciado com vários prêmios literários. Quando morreu, em 1999, especulava-se que era um forte candidato ao Prêmio Nobel de Literatura.

Foi casado com Stella Maria Barbosa de Oliveira, com quem teve os filhos Rodrigo, Inez, Luiz, Isabel e João. Casou-se em segundas núpcias, em 1986, com a poetisa Marly de Oliveira.

Sobre Sua Obra

Na poesia de João Cabral de Melo Neto percebem-se algumas dualidades antitéticas, trabalhadas com um certo barroquismo e à exaustão. Entre espaço e tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o não-maciço, entre o masculino e o feminino, entre o Nordeste desértico e a Andaluzia fértil, ou entre a Caatinga desértica e o úmido Pernambuco. É uma poesia que causa algum estranhamento a quem espera uma poesia emotiva, pois seu trabalho é basicamente cerebral e "sensacionista", buscando uma poesia construtivista e comunicativa, objetiva.

Embora exista uma tendência surrealista em seus poemas, principalmente nos iniciais, como em "Pedra do Sono", buscando uma poesia que fosse também expressiva, João Cabral de Melo Neto não precisa recorrer ao pathos (paixão) para criar uma atmosfera poética, fugindo de qualquer tendência romântica, mas busca uma construção elaborada e pensada da linguagem e do dizer da sua poesia, transformando toda a percepção em imagem de algo concreto e relacionado aos sentidos, principalmente ao do tato, como pode-se perceber bem em "Uma Faca Só Lâmina". Neste poema, João Cabral de Melo Neto apresenta a imagem da faca através da sensação de vazio que a facada deixa na carne, contrastando com a própria faca sólida que a corta.

Algumas palavras são usadas sistematicamente na poesia deste autor: cana, pedra, osso, esqueleto, dente, gume, navalha, faca, foice, lâmina, cortar, esfolado, baía, relógio, seco, mineral, deserto, asséptico, vazio, fome. Coisas sólidas e sensações táteis: uma poesia do concreto.

Pedra do Sono

Primeiro livro de poemas de João Cabral de Melo Neto, "Pedra do Sono" é uma seleção de poemas com forte teor surrealista. Dentre os temas principais estão a descrição de estados oníricos, "lunares", revelando o interesse do jovem João Cabral pelos estados fronteiriços entre o sono e a vigília. "Pedra do Sono" foi mais tarde criticado por pelo próprio. Abandonando lentamente os elementos imagéticos simbolistas e surrealistas, João Cabral de Melo Neto várias vezes expressou a importância na poesia de apresentar a imagem, em lugar de sugerir atmosferas. Ora, em "Pedra do Sono" as atmosferas são importantíssimas. As atmosferas nebulosas, meditativas, muitas das quais em lugares enclausurados não estavam em desconexão com a literatura de seu tempo e de romances anteriores algumas das quais sobreviveram da obra posterior do autor, assim como de poemas que buscam pintar o efeito delirante de uma contemplação. Anos mais tarde, João Cabral de Melo Neto criticará sua tendência nesse livro de pintar atmosferas, em lugar de falar diretamente. Essa tendência continuará em parte em seu segundo livro, "Os Três Mal-Amados". Nessa obra João Cabral de Melo Neto coloca três personagens a falar, cada um representando um estado diverso de apreensão do mundo.

Acusado de Comunista

Em 1952, quando o Partido Comunista Brasileiro estava na ilegalidade, João Cabral de Melo Neto foi acusado de criar uma "célula comunista" no Ministério de Relações Exteriores junto com mais quatro diplomatas, Antônio Houaiss, Amaury Banhos Porto de Oliveira, Jatyr de Almeida Rodrigues e Paulo Cotrim Rodrigues Pereira, sendo todos afastados do Itamaraty por Getúlio Vargas em despacho de 20/03/1953 e conseguiram retornar ao serviço em 1954 após recorrerem ao Supremo Tribunal Federal. Ele é um dos autores que leva o surrealismo a seus poemas, conhecido também como pai, mestre, grande apócrifo da literatura pré moderna.

No Supremo Tribunal Federal, João Cabral de Melo Neto foi defendido pelo advogado José Guimarães Menegale, que afirmou:

"Antes de recapitularmos, para arrematar estas razões, que a gravidade da espécie alongou, consignaremos, afinal, esta afirmação enfática e definitiva: JOÃO CABRAL DE MELO NETO não professa a ideologia comunista. Repele a acusação, não em som de ultraje pessoal, mas por figurar torpeza, com que a vilania dos intrigantes interesseiros o quer enlear, ferir e prejudicar na carreira que abraçou e em que já prestara ao Brasil os serviços de sua viva inteligência, de sua cultura política e artística, de seu singelo e fecundo patriotismo. Nem por atos anteriores à punição, nem por manifestação subseqüentes poderão inquiná-lo de tal."

Academia Brasileira de Letras

João Cabral de Melo Neto foi eleito membro da academia em 15 de agosto de 1968, e empossado em 6 de maio de 1969, recebido por Múcio Leão. Ocupou a cadeira 37, antes ocupada pelo jornalista Assis Chateaubriand com uma importância grande na Literatura Brasileira.

Obras
  • 1942 - Pedra do Sono
  • 1943 - Os Três Mal-Amados
  • 1945 - O Engenheiro
  • 1947 - Psicologia da Composição Com a Fábula de Anfion e Antiode
  • 1950 - O Cão Sem Plumas
  • 1954 - O Rio ou Relação da Viagem Que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife
  • 1955 - Morte e Vida Severina
  • 1960 - Dois Parlamentos
  • 1960 - Quaderna
  • 1966 - A Educação Pela Pedra
  • 1975 - Museu de Tudo
  • 1980 - A Escola das Facas
  • 1984 - Auto do Frade
  • 1985 - Agrestes
  • 1987 - Crime na Calle Relator
  • 1990 - Primeiros Poemas
  • 1990 - Sevilha Andando
  • 1999 - Tecendo a Manhã


Prêmios
  • 1990 - Prêmio Camões
  • 1992 - Neustadt International Prize For Literature
  • 1994 - Premio Reina Sofía de Poesía Iberoamericana


Curiosidades

  • Estranhamente, João Cabral de Melo Neto escreveu um poema sobre a aspirina, que tomava regularmente, chamando-a de "Sol", de "Luz"… De fato, desde sua juventude João Cabral tomava de três a dez aspirinas por dia. Em entrevista à TV Cultura, certa vez, ele contava que boa parte da inspiração (inspiração sempre cerebral) provinha da aspirina, que a aspirina o salvava da nulidade!
  • João Cabral de Melo Neto não compareceu a nenhuma reunião da Academia Pernambucana de Letras como acadêmico, nem mesmo a sua posse.

Fonte: Wikipédia

Lasar Segall

LASAR SEGALL
(66 anos)
Pintor, Escultor e Gravurista

* Vilnius, Lituânia (21/07/1891)
+ São Paulo, SP (02/08/1957)

"Tinha somente a convicção de estar enamorado desse país e que a dedicação que eu lhe devotava, era demais profunda e violenta para ser superficial."
(Lasar Segall)

Lasar Segall - em russo, Лазарь Сегал, em lituano, Lozarius Segalas, foi um pintor, escultor e gravurista nascido na Lituânia e naturalizado brasileiro. O trabalho de Segall teve influências do impressionismo, expressionismo e modernismo. Seus temas mais significativos foram representações pictóricas do sofrimento humano: a guerra e a perseguição.

No ano de 1923, aos 32 anos, Lasar Segall mudou-se definitivamente para o Brasil. Já era um artista conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo suas próprias palavras, sua arte ficou como o "Milagre da Luz e da Cor". Foi um dos primeiros artistas modernistas a expor no Brasil.

Iniciou seus estudos em 1905, quando entrou para a Academia de Desenho de Vilnius, sua cidade natal. No ano seguinte, mudou-se para Berlim, passando a estudar na Academia Imperial de Berlim, durante cinco anos. Mudou-se, a seguir, para Dresden, estudando na Academia de Belas Artes.

Em fins de 1912, Lasar Segall veio ao Brasil, encontrar-se com seus irmãos, que moravam no país, entre eles a irmã Luba Segall Klabin, que havia se casado com Salomão Klabin e tiveram três filhos: Esther Klabin, Samuel Klabin e Horácio Klabin.

Lasar Segall em seu ateliê
Realizou suas primeiras exposições individuais em São Paulo e em Campinas, em 1913. Pela primeira vez o Brasil vinha a conhecer a arte expressionista europeia. Entretanto a repercussão junto ao público e à crítica foi mínima.

Logo depois ele voltou para à Europa, casando-se, em 1918, com Margarete Quack.

Fundou, com um grupo de artistas, o movimento "Secessão de Dresden", em 1919, realizando, a seguir, diversas exposições na Europa.

Lasar Segall mudou-se para o Brasil em 1923, dedicando-se, além da pintura, às artes decorativas. Criou a decoração do Baile Futurista, no Automóvel Clube de São Paulo, e os murais para o Pavilhão de Arte Moderna de Olívia Guedes Penteado.

Já separado de sua primeira esposa, casou-se em 1925 com Jenny Klabin, filha de Maurício Freeman Klabin, que era irmão de Salomão Klabin, portando Lasar Segall casou-se com a sobrinha do seu cunhado, com quem teve os filhos Maurício Klabin Segall (que se casaria nos anos 50 com a atriz Beatriz de Toledo, posteriormente Beatriz Segall) e Oscar Klabin Segall. Nessa época, passou a viver com a família em Paris, onde se dedicou também à escultura. Suas obras nessa fase remetem à atmosfera familiar e de intimidade. Suas cores fortes procuram expressar as paixões e sofrimentos dos seres humanos. Seus personagens são mulatas, prostitutas e marinheiros. Suas paisagens, favelas e bananeiras. Anos mais tarde dedicou-se à escultura em madeira, pedra e gesso.

Lasar Segall pintando o óleo "Navio de Emigrantes"
Em 1932, Lasar Segall retornou Brasil, vagou por todo tempo, instalando-se em São Paulo na casa projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, seu concunhado. Essa casa abriga, atualmente, o Museu Lasar Segall. Nesse mesmo ano foi um dos criadores da Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM) na capital paulista.

Sua produção na década de 1930 incluiu uma série de paisagens de Campos do Jordão e retratos da pintora Lucy Citti Ferreira.

Em 1938, Lasar Segall realizou os figurinos para o balé "Sonho de uma Noite de Verão", encenado no Teatro Municipal de São Paulo.

Uma retrospectiva de sua obra no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, foi realizada em 1943. Nesse mesmo ano, foi publicado um álbum com textos de Mário de Andrade, Manuel Bandeira e Jorge de Lima.

Em 1951, Lasar Segall realizou uma exposição no Museu de Arte de São Paulo. Três anos depois, criou os figurinos e cenários do balé "O Mandarim Maravilhoso".

O Museu Nacional de Arte Moderna preparou uma grande retrospectiva de sua obra em 1957, em Paris. Lasar Segall morreu nesse mesmo ano, vítima de problemas cardíacos, em sua casa, aos 66 anos.

Lasar Segall pintando
O Museu Lasar Segall, idealizado por Jenny Klabin Segall - viúva de Lasar Segall - foi criado como uma associação civil sem fins lucrativos, em 1967, por seus filhos Mauricio e Oscar. Está instalado na antiga residência e ateliê do artista, projetados em 1932, por seu concunhado, o arquiteto de origem russa Gregori Warchavchik que era casado com Mina Klabin, irmã de Jenny Klabin, cunhada de Lasar Segall.

Em 1985, o Museu foi incorporado à Fundação Nacional Pró-Memória, integrou até 2009 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) do Ministério da Cultura, como unidade especial.

A partir de 2010 converteu-se em uma das unidades museológicas do recém criado Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), do Ministério da Cultura.

Além de seu acervo museológico, o Museu constitui-se como um centro de atividades culturais, oferecendo programas de visitas monitoradas para escolas, cursos e oficinas nas áreas de gravura, fotografia e criação literária, programação de cinema. Abriga a Biblioteca Jenny Klabin Segall, que mantém acervo único nas áreas das Artes do Espetáculo (Cinema, Teatro, Rádio e Televisão, Dança, Ópera e Circo) e de Fotografia. A Biblioteca, ainda, possui a mais completa documentação sobre a vida e a obra de Lasar Segall.

O Museu, como órgão federal, é apoiado pela Associação Cultural de Amigos do Museu Lasar Segall (ACAMLS), uma sociedade civil sem fins lucrativos, viabilizada pela colaboração de instituições públicas e privadas, além de pessoas físicas que cooperam com o Museu.

Fonte: Wikipédia

Lucy Mafra

Lucy Mafra
(60 anos)
Atriz

* Vassouras, RJ (27/09/1954)
+ Vassouras, RJ (04/12/2014)

Lucy Mafra foi uma atriz brasileira. Iniciou a carreira no teatro de rua e fez sua estreia na TV na novela "Água Viva" (1980). Atuou ainda na minissérie "Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados" (1995), onde viveu Assunta. Foi Candoquinha na "Escolinha do Professor Raimundo", ainda em 1990. No cinema, fez "Eu Matei Lúcio Flávio" (1979) e "Gabriela, Cravo e Canela" (1983).

Na TV Globo Trabalhou por 30 anos, atuando nas novelas "Água Viva" (1980), "Partido Alto" (1984), "Pátria Minha" (1994), "A Próxima Vítima" (1995), "Estrela Guia" (2001) e "O Clone" (2001), onde viveu Valéria. Em "Kubanacan" (2003) foi Nadine e em "América" (2005), Claudete.

Durante as filmagens da novela "América" de Glória Perez, em 2005, Lucy Mafra foi acusada por uma camareira de ter furtado dinheiro da bolsa da atriz Christiane Torloni, em episódio que nunca foi comprovado. Lucy Mafra foi imediatamente demitida da TV Globo sem que houvessem provas e desde então nunca mais conseguiu um papel na TV.

Lucy Mafra certa vez em uma entrevista, disse que sua família sempre nutriu preconceito por ela pela fato de querer viver seu sonho de atriz e não seguir o conselho de arrumar "um emprego de verdade"

"Ela tinha uma certa rixa com essa camareira (que a acusou de furto). Neste dia que sumiu esse dinheiro da Christiane Torloni, a Lucy estava mexendo no armário dela, que ficava embaixo ou em cima do armário de Christiane Torloni. Mas ela não pegou nada. E esse foi o motivo dela ter sido afastada na novela. Colocaram o nome dela na mídia como ladra e isso acabou com sua carreira."

Andréa Mafra ainda conta que a autora de novelas Telma Guedes tinha escalado Lucy Mafra para um papel em "Joia Rara" (2013), mas o projeto não pôde ir para frente.

"Telma Guedes escalou ela, mas não pôde porque o nome dela tinha restrição na Globo."

Lucy Mafra ainda teve um outro episódio triste na vida. Nos anos 70, perdeu um filho afogado na piscina, conforme contou Andréa Mafra.

"Ela tem uma história triste de vida. Tudo começou a ficar ruim quando ela perdeu meu irmão, afogado na piscina, nos anos 70. Ele tinha três anos."

O menino era filho de Fausto Schiavo Mafra Trindade, que morreu em 1980, e também é pai de Andréa Mafra. Aliás, ela tenta na Justiça provar a paternidade.

"Não aceitaram fazer exame de DNA até hoje. A Lucy deixou exumarem meu irmão para comprovar."

Em crise financeira, foi morar com a mãe, em Vassouras, RJ, sua cidade natal, de quem cuidou até agôsto de 2014, quando a mãe morreu. Após o ocorrido e sem forças para recomeçar Lucy Mafra entrou em uma profunda depressão e desde então não conseguia sair de sua casa em Vassouras no Rio de Janeiro, onde era amparada por seus vizinhos.

Lucy Mafra estava afastada da TV desde 2005, quando participou da novela "América". Estava sem dinheiro e exercendo seu ofício apenas no teatro.

A atriz prometeu a sua família que no dia em que sua mãe viesse a falecer jamais pediria ajuda a nenhum parente. Dito e feito. O apelo vem de um primo distante que ficou comovido com a história. 

"É difícil acreditar que com uma família tão grande como a dela, ninguém se preocupe. Acredito que se lhe fosse dada uma oportunidade de voltar a atuar, sua vida poderia recomeçar!"

Após o ocorrido em 2005, Lucy Mafra deu entrevistas em programas como "Superpop", "Sônia Abrão" e "Ratinho". Promessas de um novo emprego lhe foram feitas. Mas, até então, 9 anos depois nenhuma oportunidade apareceu.

Morte

Lucy Mafra morreu na quinta-feira, 04/12/2014, aos 60 anos, após dois meses de internação em um hospital de Vassouras, município do estado do Rio de Janeiro. A atriz foi internada com depressão e, segundo sua enteada, Andréa Neves Schiavo Mafra, estava muito fraca, precisando até de ajuda para se locomover. Na quinta-feira, 27/11/2014, ela foi transferida pela CTI até que, uma semana depois, faleceu vítima de falência múltipla de órgãos, pneumonia, insuficiência respiratória e neoplasia de pulmão.

A atriz desenvolveu um quadro de depressão após o falecimento da mãe, que morreu vítima de câncer em agosto de 2014. Sem filhos e viúva, ela deixou uma enteada, a auxiliar de odontologia Andréa Neves Schiavo Mafra, de 41 anos.

"Ela passou os últimos meses cuidando da mãe em Vassouras, sua terra natal. Quando a mãe dela morreu, ela entrou em depressão, ficou sem se alimentar, sem querer mais viver e ficou muito fraca. Foi internada e passou dois meses no hospital. Nessa última semana ficou com água no pulmão e foi para o CTI. Quinta-feira de tarde, ela piorou e infelizmente me deixou!", contou Andréa, que cuidou dos preparativos do enterro que aconteceu na sexta-feira, 05/12/2014, no Cemitério de Inhaúma, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Ainda segundo a enteada, Lucy Mafra passou os últimos anos vivendo da pensão da mãe e de ajuda de amigos. "A vida dela foi muito sofrida. Ela foi muita injustiçada", lamentou Andréa.

Carreira

Televisão
  • 1980 - Água Viva ... Nurse
  • 1984 - Partido Alto ... Andreia
  • 1990 - Escolinha do Professor Raimundo ... Candoquinha
  • 1994 - Pátria Minha ... Denise
  • 1995 - A Próxima Vítima ... Alcina
  • 1995 - Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados ... Assunta
  • 1996 - Quem é Você? ... Mara
  • 1997 - Por Amor ... Santa
  • 1999 - Sandy & Junior ... Dona Xênia
  • 2000 - Malhação 2000 ... Simone
  • 2001 - Estrela-Guia ... Tânia
  • 2001 - O Clone ... Valeria
  • 2003 - Chocolate Com Pimenta ... Vanusa
  • 2003 - Kubanacan ... Nadine
  • 2005 - América ... Claudete

Cinema
  • 1977 - Os Amores da Pantera
  • 1978 - O Cortiço ... Leoni
  • 1978 - O Gigante da América
  • 1978 - Reformatório das Depravadas
  • 1979 - Eu Matei Lúcio Flávio ... Verinha
  • 1983 - Gabriela, Cravo e Canela ... Sinhazinha


Indicação: Miguel Sampaio

Jorgeh Ramos

JORGEH JOSÉ RAMOS
(73 anos)
Ator, Dublador e Locutor

* Recife, PE (03/02/1941)
+ Porto Alegre, RS (01/12/2014)

Jorgeh José Ramos foi um ator, dublador e locutor brasileiro, nascido em Recife, PE. Começou a carreira no teatro aos 16 anos. Na televisão começou no começo dos anos 60 na TV Jornal do Comercio em Recife, PE, participando de tele-teatros, que eram apresentados ao vivo.

Alguns anos depois foi tentar carreira em São Paulo, aonde permaneceu alguns anos e depois foi para o Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro começou a carreira de locutor a pedido de Carlos De La Riva na Peri Filmes, no qual exerceu a carreira até os dias de hoje.

Uma de suas narrações mais famosas são as narrações feitas para o cinema anunciando os filmes de estréia, no qual ele narra desde o final dos anos 70 até os dias de hoje com a famosa frase: "Sexta, nos cinemas!".

Jorgeh Ramos também foi escritor e diretor de peças teatrais, e atualmente tinha um projeto chamado "Gargarullo", que era aberto para todos os tipos de artes cênicas, com o objetivo de ensinar e profissionalizar quem tinha interesse no assunto. O instituto localiza-se no interior do Rio de Janeiro.

Como dublador começou por volta de 1966 quando foi para São Paulo. Trabalhou na extinta Arte Industrial Cinematográfica (AIC São Paulo) por 3 anos, quando mudou-se para o Rio de Janeiro. Lá ele entrou para a TV Cine Som, Peri Filmes e ao mesmo também entrou para direção de dublagem. Entre os locais em que Jorgeh Ramos mais dublou constam também a Herbert Richers e a Tecnisom.

Apesar de Jorgeh Ramos dividir sua vida entre escrever, dirigir peças e locuções, também arrumou tempo para a dublagem, no qual conseguiu atuar tanto na direção quanto na dublagem de personagens.

Entre suas dublagens estão os desenhos como Zé Buscapé em "A Arca do Zé Colméia", Grande Polegar em "Grande Polegar: Detetive Particular", Dom Pixote em "A Arca do Zé Colméia" e "Os Ho-Ho-Límpicos", Robert Hawkins em "Super Choque", Frank Marlon em "Trigun", Jafar em "Aladdin" (Série), Kawara Heitarou em "Samurai Champloo", além de muitos longas-metragens pra Disney como Scar em "O Rei Leão", Psiquiatra em "A Bela e a Fera", narrador dublado originalmente por Roscoe Lee Browne em "Babe, o Porquinho Atrapalhado" e "Babe, o Porquinho Atrapalhado na Cidade", Rothbart em "A Princesa Encantada", Rasputin em "Anastásia", entre tantos outros.

Em filmes fez Peter McCallister interpretado por John Heard em "Esqueceram de Mim I" e "Esqueceram de Mim II - Perdido Em Nova York", Cardeal Richelieu interpretado por Tim Curry em "Os Três Mosqueteiros", Exterminador interpretado por Arnold Scharzenegger na primeira dublagem de "O Exterminador do Futuro", George Banks interpretado por Steve Martin em "O Pai da Noiva", Doutor Sam Litvack interpretado por Steven Gilborn em "Doutor Dolittle", Capitão Patrick Hendry interpretado por Kenneth Tobey em "O Monstro do Ártico", Robert Deguerin interpretado por James Caan em "Queima de Arquivo", Godefroy de Papincourt interpretadopor Jean Reno em "Os Visitantes - Eles Não Nasceram Ontem", Isaak O’Day interpretado por Delroy Lindo em "Romeu Tem Que Morrer", Anthony Bridewell interpretado por Tom Helmore em "A Máquina do Tempo", Frank W. Wead ainda novo interpretado por John Wayne em "Asas de Águia", Jed Clampett interpretado por Jim Varney em "A Família Buscapé", alem de ter feito o ator Gene Hackman em "Julgamento Final", na segunda dublagem de "Sem Saída", entre outros.


Em séries fez a primeira voz do Capitão Benjamin Franklin Pierce "Falcão" interpretado por Alan Alda em "M.A.S.H.", a primeira voz do Senhor John Walton interpretado por Ralph Waite em "Os Waltons", entre outros.

Jorgeh Ramos tinha uma voz muito conhecida tanto nas narrações quanto nos filmes e desenhos. Com esta voz sempre forte e entonada ele marcou gerações. Como um dos grandes profissionais da dublagem no Brasil, Jorgeh Ramos possui uma extensa carreira na dublagem. Muito conhecido, nos últimos anos, por narrar a propaganda de um filme para o cinema, esteve também, por um período curto, no estúdio da Arte Industrial Cinematográfica (AIC São Paulo).

Sua passagem pela AIC data de 1966/1967, onde sempre foi muito requisitado para dublar vilões, cientistas obcecados, etc. É dessa época as suas participações em séries como "Missão Impossível", "Big Valley" e, principalmente, a 2ª temporada de "Viagem Ao Fundo do Mar" onde esteve presente quase em 50% dos episódios. Em todas as suas participações sempre recebia o papel do vilão.

Ao ser lançada no Brasil em dezembro de 1966, a série "Perdidos No Espaço" trouxe um personagem muito diferente: um robô. Uma das maiores sensações da série para a garotada, e Jorgeh Ramos foi escalado para dublá-lo a partir do episódio nº 4, "Terra de Gigantes", indo até o episódio nº 19, "O Fantasma do Espaço", sendo a partir do episódio seguinte, substituído por Amaury Costa. O curioso é que nessa fase de "Perdidos No Espaço", o robô também era meio vilão, uma vez que seguia as ordens do Drº Smith.

Jorgeh Ramos saiu de "Perdidos No Espaço" porque saiu também da AIC, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde participa ativamente como dublador e diretor de dublagem no estúdio TV Cine Som. A série "Os Invasores" reúne, talvez, o maior número de participações, uma vez que o estúdio estava iniciando e possuía um número ainda pequeno de dubladores.

Com o encerramento da TV Cine e Som, Jorgeh Ramos mudou para a Herbert Richers, onde também foi diretor de dublagem e dublou personagens importantes, todos no início da década de 70. São desse período a dublagem de Lee Majoors na série "O Homem de Seis Milhões de Dólares" (primeira voz), assim como a de Ralph White (John Walton) também a primeira voz e diversas participações em filmes e outras séries como, por exemplo, "Columbo".

Os desenhos não ficaram de fora, assim Jorgeh Ramos dublou Dom Pixote em "A Turma de Zé Colméia", "Carangos e Motocas", "Grande Polegar, Detetive Particular", etc.

A partir do final da década de 70, foi convidado a ser o narrador para os traillers dos filmes que seriam exibidos no cinema. Trabalho que ainda realizava.

A dublagem voltou a pedir vilões para os desenhos da Disney. Assim, desde a década de 90 fez diversos, tais como Jafar no desenho "Aladim", e um dos mais inesquecíveis trabalhos, o leão Scar, em "O Rei Leão". Dessa forma, surgiram outros vilões em desenhos para o cinema, como Rasputin em "Anastácia".

Jorgeh Ramos tem mais de 10 mil trailers narrados em português. 

Morte

Jorgeh Ramos faleceu na segunda-feira, 01/12/2014, em Porto Alegre, RS, aos 73 anos. Seu quadro de saúde, que já estava frágil devido a um câncer descoberto há um ano, se agravou com uma pneumonia.

Antes de falecer, ele esperou meses por um transplante de rim em Porto Alegre. Apesar de mal conseguir andar, ele continuava a trabalhar em sua casa.

No Facebook, fãs de Jorgeh Ramos prestaram suas homenagens na página Jorgeh Ramos - A Voz do Cinema.

Indicação: Luiz Carlos (Lucs-DF)

Clemilda

CLEMILDA FERREIRA DA SILVA
(78 anos)
Cantora e Compositora

* São José da Laje, AL (01/09/1936)
+ Aracaju, SE (26/11/2014)

Clemilda Ferreira da Silva foi uma cantora brasileira que estourou nas paradas de sucesso com a música "Prenda o Tadeu", em 1985, e a partir de então participou de vários programas de rádio e TV, entre eles o Clube do Bolinha, na Rede Bandeirantes, e o Cassino do Chacrinha, na Rede Globo. Nesse mesmo ano ganhou seu primeiro Disco de Ouro e em 1987, com o disco "Forró Cheiroso", mais conhecido como "Talco no Salão", ganhou seu segundo Disco de Ouro.

Nascida em São José da Laje, Clemilda passou a infância e a adolescência em Palmeira dos Índios, Zona da Mata de Alagoas. No começo da década de 60 decidiu viajar para o Rio de Janeiro para "tentar a sorte", onde então conseguiu emprego como garçonete. Até então ainda não havia descoberto o dom artístico que tinha.

Em 1965, conseguiu cantar pela primeira vez na Rádio Mayrink Veiga no programa "Crepúsculo Sertanejo", dirigido por Raimundo Nobre de Almeida, que apresentava profissionais e calouros. Nessa ocasião, conhece o sanfoneiro Gerson Filho, contratado da gravadora e também alagoano como ela, que popularizou o fole de oito baixos e já era artista com disco gravado. Com ele Clemilda viria a se casar e com ele passou a fazer shows em diversos estados do Nordeste. Fez algumas participações em dois LPs do esposo, e a partir de 1967 começou a gravar seu próprio disco.

Em seus discos, gravou os ritmos mais característicos do povo nordestino, como forró, baião, xote, quadrilhas, rancheiras, coco, cantigas de reisado e guerreiro.

Em 1982, lançou o disco "O Balanço do Forró", com a participação de Oswaldinho do Acordeon e Gerson Filho. Entre outras composições gravou o xote "Não dê a Radiola" (Durval Vieira e Jorge Pajeú), o baião "O Vatapá da Maria" (Clemilda e Anastácia), o baião "O Preguiçoso" (Durval Vieira), o arrasta-pé "Folguedos no Arraiá" (Juvenal Lopes), e a marcha "Bom Jesus da Lapa" (Clemilda e Ataíde Alves de Oliveira).


Em 1987, lançou o disco "Forró Cheiroso", com arranjo e regência de Chiquinho do Acordeon, que participou, ainda, nas gravações executando o acordeon. Destacaram-se, entre outras, as composições "Forró Cheiroso" (Clemilda e Miraldo Aragão), "Surra de Amor" (Lia, Gil Barreto e Alice Sampaio), "Dança do Peru" (Clemilda e Geraldo Nunes), "O Biriteiro" (Clemilda e Geraldo Nunes), e "Oxênte Bichinho" (Durval Vieira). Lançou, ainda, os discos "Forró Sem Briga" e "Guerreiro Alagoano".

Após 1994, com a morte do companheiro, a forrozeira, carinhosamente conhecida como "Rainha do Forró", afastou-se dos shows e há algum tempo vinha se dedicando à apresentação do "Forró no Asfalto", na TV Aperipê de Aracaju, programa há mais tempo no ar da emissora, do qual Clemilda esteve meses afastada em virtude de complicações com um AVC e osteoporose.

Clemilda ainda era uma das cantoras mais requisitadas para shows nas festas juninas nordestinas.

"O primeiro (disco de ouro) ganhei no Clube do Bolinha, em 1985, com o LP "Prenda o Tadeu". Com o "Forró Cheiroso", chamado popularmente de "Talco no Salão", ganhei o segundo disco de ouro, no Cassino do Chacrinha. Foram os dois momentos mais importantes pra mim. O resto é matéria em revista, jornal. E teve também o prêmio que recebi no Fórum do Forró, pelo qual agradeço bastante a Marcelo Deda, que na época era prefeito (de Aracaju). Também agradeço muito ao atual prefeito, Edvaldo Nogueira, porque ele sempre se lembra de mim quando tem evento, mesmo que não seja para fazer show, mas para participar. Acho bom e gosto muito deles, porque eles me têm muita atenção."

A composição de seus trabalhos caracteriza-se principalmente pelo duplo sentido das letras, jocoso-malicioso, como o que era feito pelo também alagoano Sandro Becker.

Morte

Clemilda Ferreira da Silva morreu na madrugada de quarta-feira, 26/11/2014 em um hospital particular de Aracaju. Ela enfrentava complicações de um segundo Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido em maio deste ano, desde então ela passou por vários hospitais, inclusive por Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O estado de saúde se complicou com a ocorrência de uma pneumonia. Ela tinha ainda histórico de hipertensão e Mal de Parkinson.

O velório será realizado na rua Itaporanga, em Aracaju, e o sepultamento ocorrerá às 16:00 hs de 26/11/2014, no Cemitério São João Batista.

Clemilda era viúva do também forrozeiro Gerson Filho, falecido em 1994, e deixou dois filhos, entre eles Robertinho dos Oito Baixos, que herdou o talento musical.

Discografia

  • S/D  -  Cremilda (Continental, LP)
  • 1965 - Forró Sem Briga (Tropicana, LP)
  • 1967 - Gerson Filho Apresenta Clemilda (RCA Victor, LP)
  • 1968 - Rodêro Novo (RCA Victor, LP)
  • 1970 - Fazenda Taquari (RCA Camden LP)
  • 1971 - Ranchinho Velho (Musicolor, LP)
  • 1972 - Morena Dos Olhos Pretos (Musicolor, LP)
  • 1973 - Seca Desalmada (Musicolor, LP)
  • 1975 - Exaltação a Sergipe (Musicolor, LP)
  • 1976 - A Coruja e o Bacurau (Musicolor, LP)
  • 1977 - Forró no Brejo (Musicolor, LP)
  • 1977 - Clemilda (Musicolor, LP)
  • 1978 - Guerreiro Alagoano (Musicolor, LP)
  • 1979 - Vaquejada (Musicolor, LP)
  • 1979 - Vamos Festejar (Musicolor, LP)
  • 1980 - Coqueiro da Bahia (Chantecler, LP)
  • 1981 - Varanda do Castelo (Chantecler, LP)
  • 1982 - O Balanço do Forró (Chantecler, LP)
  • 1983 - Comedor de Jacá (Musicolor, LP)
  • 1984 - Chico Louceiro (Musicolor, LP)
  • 1985 - Prenda o Tadeu (Continental, LP)
  • 1986 - A Minhoca do Severino (Continental, LP)
  • 1987 - Forró Cheiroso (Chantecler, LP)
  • 1987 - Forró & Suor (Chantecler, LP)
  • 1988 - Amor Escondido (Chantecler, LP)
  • 1990 - Coitadinha da Tonheta (Chantecler, LP)
  • 1991 - Em Tenção de Você (Chantecler, LP)
  • 1992 - Aquilo Roxo (Chantecler, LP)
  • 1993 - Hoje Eu Tomo Todas (Chantecler, LP)
  • 2006 - Forró Bom Demais, (CD)

Seu Lunga

JOAQUIM DOS SANTOS RODRIGUES
(87 anos)
Sucateiro e Figura Folclórica Nordestina

* Caririaçu, CE (18/08/1927)
+ Barbalha, CE (22/11/2014)

Joaquim dos Santos Rodrigues foi um poeta, repentista e vendedor de sucata, ao qual são atribuídas diversas piadas sobre seu temperamento, criando um personagem do folclore nordestino. Seu Lunga é conhecido pela falta de paciência nas respostas.

Seu Lunga é apenas o apelido de Joaquim dos Santos Rodrigues. As piadas sobre ele escondem atrás da personagem o homem real, nascido em Caririaçu, fronteira norte de Juazeiro, em 18/08/1928. Viveu a infância com os pais e mais sete irmãos, "no meio dos matos" , afastado da cidade. O apelido lhe acompanha desde esta época, quando uma vizinha de sua família, que ele só identifica como Preta Velha, começou a lhe chamar de Calunga, que virou Lunga e pegou.

Começou a trabalhar na roça aos oito anos de idade, e admirava a criação rígida que teve de seu pai, o que marca um aspecto psicossocial do homem Lunga. Sobre a educação recebida, Lunga responde:

"Uma educação desses pais de família sérios, homem de responsabilidade, homem de caráter, homem de palavra, homem de respeito."

Lunga deixa sua postura um tanto desinteressada da conversa, para deixar transparecer sua admiração pelo pai.

Da infância traz poucas lembranças, como as brincadeiras com os colegas, que eram seus próprios irmãos. Entre os irmãos dominava a determinação do pai de que os mais novos deveriam obedecer aos mais velhos. Há também as lembranças das poucas idas à cidade, acompanhando o pai que ia vender ou comprar algo. Foi assim até aos 16 anos, quando se mudou para o Juazeiro do Norte.

A mudança para o Juazeiro do Norte se deu depois que Lunga caiu em uma cacimba e adoeceu, impedindo-o de trabalhar na roça com o pai. Lá ele aprendeu a arte de ourives, e viveu disso por dois anos. Foi nesse período que Seu Lunga aprendeu a negociar no Mercado Público da cidade, passando depois a trabalhar no comércio com sua loja de sucata que vendia de tudo, desde aparelhos de televisão a frutas. Ele era considerado pela população como uma lenda viva.

A determinação de Seu Lunga que o fez ir para a cidade, morar longe da família e conseguir sobreviver fazendo o que nunca tinha feito antes, também se mostrou quando pediu a prima em casamento.


Sem nunca terem namorado, Lunga deu a ela três dias para pensar se queria ou não casar-se com ele. Terminado o prazo, ela aceitou o pedido, e só não se casaram no dia seguinte, porque o pai da moça não deixou. O namoro então durou uns dois ou três meses.

Casado desde 1951, Seu Lunga foi pai de treze filhos, mas se ressentia de não ter podido lhes dar uma educação mais rígida, pois sua esposa "é contra se castigar um filho". Apesar disso, ele se orgulhava de todos eles, com exceção de um, terem estudado e se formado em alguma profissão (nenhum com nível superior, entretanto), ao contrário dele mesmo, que foi às aulas por apenas dois meses.

O pai Lunga refletia a rigidez do homem que deu origem a toda a construção do personagem pouco flexível, mas ao mesmo tempo deixa transparecer o orgulho comum a todos os pais: oferecer boa educação aos filhos. É interessante também notar como a realidade interiorana de Lunga influenciava em sua avaliação da educação de seus filhos. Ao dizer que quase todos os filhos eram formados, ele disszia que nenhum, entretanto, tinha "formatura alta", referindo-se à formação de nível superior.

Ora, em sua vivência, a formação acadêmica é um contexto distante, dispensável para seu estilo de vida. A pouca instrução de Seu Lunga, por outro lado, não o impedia de discorrer sobre assuntos como política, cultura, religião, nem o impediu também de candidatar-se a vereador da cidade de Juazeiro do Norte em 1988, eleição que não ganhou porque, segundo ele, teve seus votos roubados.

Além do comércio, Seu Lunga era dono de um sítio onde criava gados e plantava frutas que levava para vender em sua loja. Homem sem grandes paixões, ele se considerava "temperado". Religioso, ele se declarava devoto do Padre Cícero, o que é uma marca também da cearensidade de Seu Lunga.

Apesar disso, ele não era frequentador assíduo das missas, pois pensava que religião não era ir a uma igreja ou participar de romaria, mas ajudar àquele "que bate na porta". Em tudo isso Seu Lunga se achava feliz.

A rigidez de Seu Lunga o fazia repudiar a construção de seu personagem, pois o homem se sentia tremendamente injustiçado com as estórias que ele dizia serem inventadas. E se tem um tema que Seu Lunga sempre trazia à tona em seu discurso, era a justiça. Seu Lunga não podia perceber aqui a separação entre a construção cultural, o objeto imaginado e abstraído da realidade e a realidade em si. O homem toma o personagem como ofensa pessoal, e isso também fala de sua formação cultural e de seu caráter.

O Homem Mais Zangado do Mundo
O Personagem Seu Lunga

A fama da rudeza do Seu Lunga, "o homem mais zangado do mundo", corre o Ceará de norte a sul, nas historietas engraçadas contadas nas mesas de bar, nas rodas de amigos, nos ônibus, nos versos do cordelista.

O único que não ri dessas piadas é Seu Lunga. Para ele, o que andam contando a seu respeito é invencionice. Mas ao mesmo tempo que ele negava a veracidade das histórias, reconhecia uma origem para elas. É que ele "não fazia por menos", isto é, se perguntou errado, tem a resposta que merece. Essa era sua grande queixa com relação aos brasileiros e seu principal discurso regular, isto é, aqui e ali ele retornava a essa argumentação. É como se ele quisesse se justificar de sua grosseria.

Ele citava vários exemplos de como isso acontecia:

Um cliente entra na loja e pergunta sobre um ventilador desligado: "Está funcionando?". Indignado Seu Lunga devolve: "Como é que ele pode estar funcionando se não está ligado?". Segundo ele, essas e outras respostas a colocações mal feitas é que lhe deram a fama de ignorante.

Havia, contudo, na fala de Seu Lunga uma contradição nítida. Em alguns pontos ele reconhecia um fundo de verdade nos comentários sobre ele. Em outros, ele acha inadmissível o fato de alguém ter escrito o que ele considerava inverdades a seu respeito. Seu desgosto com os cordéis e as piadas talvez fosse esperado, mas é que sua defesa era tão acirrada, que às vezes fazia pensar que o cordelista falava dele algo que ele absolutamente não era.

Esse era um mote para uma discussão interessante: Abraão Batista (o cordelista) pode receber todas as acusações feitas da parte de Seu Lunga, pois na verdade ele conta estórias de que ouviu falar, mas que não tem nenhuma confirmação já que ele nem sequer conhece Seu Lunga. Por outro lado, ele se junta ao grupo dos que constroem o personagem Seu Lunga cada vez que uma história sobre ele é recontada, aumentada, ou até mesmo inventada.

Abraão Batista reconhece que o personagem de seus cordéis é uma construção sua, ao afirmar que se Lunga hoje é um atrativo turístico de Juazeiro do Norte, isso é devido ao cordel. É claro que a fama de Seu Lunga não é resultado da composição dos cordéis. Mas é importante notar que o processo de construção "inventada" realmente existe, isto é, o comerciante Seu Lunga virou o atrativo turístico Seu Lunga. Ele não nasceu o Seu Lunga que conhecemos hoje, ele é uma construção cultural.

Em 2008 deu entrevista ao jornal O Povo informando que todas histórias contadas em cordéis eram mentiras. Por uma ação judicial os cordelistas da região ficam proibidos de escreverem sobre sua pessoa.

Com a explosão das redes sociais, a popularidade de Seu Lunga explodiu nos últimos anos com sites oficiais que lembram das suas clássicas frases, e até com comunidades exclusivas dedicadas a figura do celebre cearense.

Morte

Seu Lunga morreu às 9:30 hs da manhã de sábado, 22/11/2014, na cidade de Barbalha, no interior do Ceará. Seu Lunga foi internado na quarta-feira, 19/11/2014, por complicações no sistema digestivo. O quadro piorou na sexta-feira, levando ao seu falecimento.

Seu Lunga tinha 87 anos e estava internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, onde tratava de um câncer de esôfago.

De acordo com Demontier Tenório, primo em segundo grau de Seu Lunga, há cerca de seis meses ele foi submetido a uma cirurgia no esôfago, mas se recuperava bem.

Causos e Piadas de Seu Lunga

Seu Lunga era o cabra mais ignorante do mundo. Ele não tinha muita paciência com nada. No Nordeste, sua fama se espalhou devido a histórias como essas: 

"Lunga estava tirando goteiras, defeitos das telhas de sua casa, um curioso passou e perguntou: Tá tirando as goteiras seu Lunga? Ele responde: Tô não, tô é fazendo - e ai saiu feito louco a quebrar as telhas."
"Certa vez, dando uma surra em um dos seus filhos quando ainda pequeno, o menino gritava: Tá bom pai, tá bom pai, pelo amor de deus, tá bom! Lunga responde: Tá bom? Que legal! Pois quando tiver ruim diga que eu paro."
"No seu comércio de sucata, ele também vendia outros produtos dependendo da ocasião. Uma vez tinha uma saca de arroz e um romeiro perguntou: Seu Lunga como tá o arroz? Ele respondeu: Tá cru!"
"Seu Lunga entrando em uma loja:
- Tem veneno pra rato?
- Tem! Vai levar? - Pergunta o balconista.
- Não, vou trazer os ratos pra comer aqui!!! - responde seu Lunga."
 "O Seu Lunga consegue um emprego de motorista de ônibus. No primeiro dia de trabalho, já no final do dia, ele para o ônibus em um ponto. E uma mulher pergunta:
- Motorista, esse ônibus vai para a praia?
E o Seu Lunga responde:
- Se você conseguir um biquini que dê nele..."
"O Seu Lunga estava em casa e resolveu tomar um café:
- Mulher! Traz um café!
- É pra trazer na xícara?
- Não! Joga no chão e traz com o rodo!"
"O funcionário do banco veio avisar:
- Seu Lunga, a promissória venceu.
- Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória."
"Um sujeito foi até a loja do Seu Lunga e pediu uma porca de determinado tamanho, seu Lunga respondeu:
- Procure naquela caixa.
E o sujeito começou a procurar e no meio de tantas peças nada de conseguir achar a porca. Então exausto falou para Seu Lunga:
- Seu Lunga, não consegui achar a porca.
Indignado, Seu Lunga foi até a caixa, procurou a tal porca e a achou, então virou-se para o rapaz e respondeu:
- Eu não te disse que a porca tava aqui fi duma égua!
E jogando a porca novamente na caixa e misturando com as outras peças diz:
- Agora procura de novo direito que você acha!"
"O filho do Seu Lunga jogava futebol em um clube local, e um dia Seu Lunga foi assistir a um jogo de seu filho no estádio, e o sujeito sentado ao lado pergunta:
- Seu Lunga, qual dos jogadores ali é o seu filho?
Seu Lunga aponta e diz:
- É aquele ali...
- Aquele qual?
- Aquele ali!
- Não tô vendo...
Então Seu Lunga puto da vida pega uma pedra, joga em cima de seu filho e diz:
- É aquele ali que começou a chorar!"
"Seu Lunga, quando jovem, se apresentou à marinha para a entrevista:
- Você sabe nadar? Pergunta o oficial.
- Sei não senhor.
- Mas se não sabe nadar, como é que quer servir à marinha?
- Quer dizer que se eu fosse pra aeronáutica, tinha que saber voar!"
"Entra um sujeito na sucata de Seu Lunga, escolhe um relógio um pouco velho e pergunta:
- Seu Lunga, esse relógio presta pra tomar banho?
- Eu prefiro um sabonete – Responde Seu Lunga."
"Um conhecido de Lunga pergunta:
- Olá Seu Lunga, como anda?
Seu Lunga responde sem olhar pra pessoa:
- Com as pernas não aprendi a voar ainda."

Fonte: O Povo  e Cultura Nordestina - (Monografia apresentada ao Departamento de Comunicação Social e Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará - Ester de Carvalho Lindoso)
Indicação: Roner Marcelo