Belfort Roxo

RAIMUNDO TEIXEIRA BELFORT ROXO
(56 anos)
Engenheiro

☼ São Luís, MA (11/09/1838)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/11/1896)

Raimundo Teixeira Belfort Roxo mais conhecido por engenheiro Belfort Roxo, foi um engenheiro nascido em São Luís, MA, no dia 11/09/1838.

Filho de José Rodrigues Roxo e Maria Rita Teixeira Vieira Belfort, o engenheiro Belfort Roxo teve um papel muito importante durante o período em que foi Inspetor Geral de Obras do Rio de Janeiro. Juntamente com o engenheiro Paulo de Frontin solucionou o problema de escassez de água que sofria o Rio de Janeiro em 1888, no chamado "Episódio da Água em Seis Dias", no verão de 1888.

Belfort Roxo realizou outros importantes trabalhos, como a ampliação e modernização do porto de São Luiz, no Maranhão, a inspeção de obras de construção da Estrada de Ferro Minas - Rio, além de dirigir a Inspetoria Geral de Obras Públicas do Rio de Janeiro.

Foi bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas pela Escola Central, mais tarde denominada Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Como Paulo de Frontin e Pereira Passos, ele foi mandado por Dom Pedro II à Europa, com dinheiro do próprio bolso do monarca, para estudos de especialização.

Belfort Roxo diplomou-se no Instituto dos Engenheiros Civis de Londres e na Escola de Pontes e Calçadas de Paris.

Quando o Império Morreu de Sede
Episódio da Água em Seis Dias

O Episódio da Água em Seis Dias ocorreu no final do Segundo reinado no Brasil, no verão de 1888. Eram dias de calor insuportável na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império, com os termômetros registrando 42° C a população sofria com o abastecimento irregular dos chafarizes.

Os comícios e passeatas eram frequentes e as críticas encontravam voz na imprensa principalmente através dos artigos de Ruy Barbosa no Diário de Notícias. Pressionado, o Imperador Dom Pedro II ordenou a realização de um concurso público para a escolha de um escritório de engenharia que realizasse novas obras de canalização.

O projeto vencedor, dos engenheiros Paulo de Frontin, Belfort Roxo e dos alunos da Escola Politécnica do Rio de Janeiro foi dimensionado para ser realizado em seis dias, ao invés dos seis meses prometidos pelos empreiteiros ao Governo Central, e a um custo bem menor. Na ocasião Paulo de Frontin contava com 29 anos de idade apenas e era considerado muito novo para tal desafio pelos colegas mais velhos.

Apesar das pressões políticas e ameaças de agressão física, o projeto foi realizado no prazo prometido. A água das cachoeiras do Rio Tinguá, na Serra do Comércio, na Baixada Fluminense, chegou à Represa do Barrelão, na cidade do Rio de Janeiro, canalizada em tubulação assentada à margem da linha da Estrada de Ferro Rio d´Ouro.

O volume diário era de 16 milhões de litros. Este sistema de abastecimento foi posteriormente ampliado e abasteceu durante muito tempo o Rio de Janeiro. Com o Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (PDA -RMRJ), elaborado pelo engenheiro Jorge Paes Rios, para a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE), estas captações foram destinadas apenas ao abastecimento da Baixada Fluminense devido a sua enorme expansão demográfica. O engenheiro Paulo de Frontin foi declarado Patrono do Engenharia Brasileira.

Homenagens

No Estado do Rio de Janeiro, a região onde atualmente se situa o município de Belfort Roxo era habitada por índios. Mais tarde ali funcionou um engenho, que depois foi desmembrado em vários outros engenhos.

Em 1888 houve uma grande estiagem na Baixada Fluminense, e um dos homens que ajudou a resolver o problema foi Raimundo Teixeira Belfort Roxo. Como homenagem póstuma, seu nome foi dado à antiga Fazenda do Brejo, por onde passavam os trilhos da Estrada de Ferro Rio d´Ouro e a água encanada que alimentou durante décadas os chafarizes do Rio de Janeiro.

Em 1990 foi instalado o município de Belfort Roxo, que se desmembrou de Nova Iguaçu. Também no Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana, seu nome foi dado à Rua Belfort Roxo.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio
#FamososQuePartiram #BelfortRoxo

André Midani

ANDRÉ HAIDAR MIDANI
(86 anos)
Escritor e Executivo da Indústria Fonográfica

☼ Damasco, Síria (25/09/1932)
┼ Rio de Janeiro, RJ (13/06/2019)

André Haidar Midani foi um profissional do mercado fonográfico brasileiro, considerado um dos nomes mais importantes da indústria fonográfica brasileira dos anos 60 aos 90. Nascido em Damasco, na Síria, no dia 25/09/1932, foi morar na França aos três anos de idade.

Foi criado para ser confeiteiro, porém a carreira profissional de André Midani teve início em 1952, na gravadora Decca, na França. Iniciou na empresa como apontador de estoque, chegando a vendedor, mas destacou-se mesmo posteriormente, numa profissão que ainda não existia, a de descobridor de projetos fonográficos.

Por causa da Guerra da Argélia, André Midani mudou-se para o Brasil em 1955. Um dia após sua chegada ao país, procurando por gravadoras nas Páginas Amarelas, interessou-se pela Odeon Records. Porém, como ainda não tinha fluência no português, tentou se comunicar em inglês com a telefonista, que, confundindo-o com algum funcionário da matriz européia, transferiu sua ligação para a sala da presidência da empresa. Nessa ligação, André Midani acabou conseguindo agendar uma entrevista, que lhe valeu um emprego cujo objetivo era o lançamento do selo Capitol Records no Brasil.

A princípio, seu trabalho era lançar as estrelas internacionais do selo, mas a partir de 1957 começou a se envolver mais com a música nacional, até virar um personagem importante no lançamento da Bossa Nova no país. André Midani rapidamente sentiu que faltavam no país músicas voltadas para jovens, coisa bastante comum na França e nos Estados Unidos, com cantores como Charles Aznavour, Gilbert Bécaud, Juliette Greco, Elvis Presley, Bill Haley, entre outros.

André Midani, 1960
André Midani entrou em contato com a Bossa Nova através do fotógrafo Chico Pereira, que lhe apresentou Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Oscar Castro-Neves, entre outros. Já João Gilberto lhe foi apresentado por Dorival Caymmi.

Nessa época, o maestro Tom Jobim já era conhecido pelos arranjos que fazia para a Rádio Nacional, porém ainda não por suas composições. Rapidamente André Midani identificou que ali estava a música ideal para a juventude brasileira.

O lançamento da Bossa Nova no mercado nacional surgiu da parceria feita com Aloysio Oliveira. Como o próprio André Midani dizia: "Se houve uma hesitação por parte do Aloysio, eu fui talvez o instrumento que tirou a hesitação dele!".

Em 1960, teve problemas com o presidente da Odeon, Bill Morris, que resultaram na sua saída da empresa. Após seu desligamento da gravadora, e com o financiamento da própria Odeon, fundou a Imperial, que vendia discos de porta em porta. A nova empresa de André Midani teve uma boa participação no mercado e chegou até, em determinados momentos, a vender mais discos que a própria Odeon, tendo se estabelecido, posteriormente, em outros países latino-americanos, como Argentina, Venezuela, Peru e México.

Com o grande sucesso da nova empreitada, André Midani ganhou destaque no mercado e acabou convidado a instalar a Capitol no México e, posteriormente, em Los Angeles. Trabalhou na Capitol até 1968, quando foi convidado a exercer a presidência da Philips, atual Universal Music, no Brasil.

André Midani ao lado de Rita Lee em 1972
André Midani recebeu um prazo de três anos para transformar a deficitária Philips numa empresa lucrativa, ou a mesma seria fechada. Quando chegou à empresa, contava com um cast de 155 artistas, que logo foi reduzido para 50, sendo mantidas as principais estrelas do selo, como Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Os Mutantes, Edu Lobo, Ronnie Von, entre outros.

A direção do Departamento de Divulgação, Promoção e Marketing ficou a cargo de Armando Pittigliani, enquanto Roberto Menescal foi convidado a exercer a função de diretor artístico, porque André Midani acreditava ser muito importante ter um músico nessa função.

O nome utilizado para a gravadora foi Phonogram, que posteriormente chamou-se Polygram, atual Universal Music, que na época era constituída pela Philips, dirigida por Roberto Menescal, e pela Polydor, dirigida por Jairo Pires. O cast da companhia foi reforçado por artistas como Maria Bethânia, Vinicius de Moraes, Toquinho, Tim Maia, MPB4, Chico Buarque, Jorge Ben, hoje conhecido como Jorge Ben Jor, Evaldo Braga, Luiz Melodia, Jards Macalé, Raul Seixas, entre outros.

Na década de 1970 um anúncio de duas páginas reunindo todo o elenco da gravadora teve grande destaque, pois nele estava a frase: "Só nos falta o Roberto... Mas também ninguém é perfeito!", referindo-se a Roberto Carlos, artista do selo CBS. 

Wander Taffo, André Midani e Roger
André Midani ficou na presidência da empresa até 1976, quando foi convidado por Nesuhi Ertegün para montar a Warner no Brasil. A gravadora começou a operar com 3% do mercado brasileiro. Após contratar para seu cast artistas como Elis ReginaTom Jobim, Gilberto Gil, Belchior, Hermeto Pascoal, João Gilberto, Paulinho da Viola, Ney MatogrossoRaul Seixas, Guilherme Arantes, Baby Consuelo, hoje Baby do Brasil, Pepeu Gomes, A Cor do Som, Banda Black RioAs Frenéticas, entre outros, viu sua participação de mercado subir para 14%.

Na década de 1980, a gravadora resolveu apostar no rock brasileiro, contratando artistas como Lulu Santos e os grupos Titãs, Barão Vermelho, Ultraje a Rigor, Ira!, Inocentes, Kid Abelha, Camisa de Vênus, entre outros.

Em 1983, levou a Warner também para a Argentina, e, em 1984, para o México.

Em 1990, foi transferido para New York, onde assumiu o cargo de presidente da Warner para toda a América Latina.

Na época, desenvolveu a Divisão para a América Latina da companhia nos Estados Unidos, fortalecendo a marca da gravadora em países como Argentina, México, Colômbia, Peru, Venezuela e Chile.

Lulu Santos, André Midani e Marcelo, 1982
André Midani chegou a fazer parte do Conselho de Direção da gravadora na Itália e na Espanha, tornando-se, a partir do ano 2000, membro do Conselho Consultivo da Warner Music Internacional.

Em 2002, retornou ao Brasil, onde estabeleceu residência, passando a trabalhar na Organização Não Governamental (ONG) Viva Rio. Convidado pelo ministro Gilberto Gil, exerceu o cargo de comissário-geral do "Ano do Brasil na França" no ano de 2005.

Em 2008, lançou o livro "Música, Ídolos e Poder - Do Vinil ao Download" (Nova Fronteira).

Em 2011, seu livro "Música, Ídolos e Poder - Do Vinil ao Download", lançado em 2008 foi retirado das lojas algum tempo depois por ação judicial, após atingir altos níveis de vendagem. Atualmente é disponibilizado para download pela internet na íntegra.

Por sua trajetória na indústria fonográfica brasileira, foi homenageado pelo Instituto Cultural Cravo Albin, em 2013, com a exposição "A Magia do Disco - André Midani", que teve curadoria de Heloísa Carvalho Tapajós.

André Midani foi considerado, pela revista Billboard, uma das 90 pessoas mais importantes da história da indústria mundial de discos, além de ter sido eleito Homem do Ano no Midem 1999, membro do conselho da Federação Internacional dos Produtores de Discos (IFPI) e presidente da IFPI latino-americana.

Morte

André Midani faleceu na noite de quinta-feira, 13/06/2019, aos 86 anos, no Rio de Janeiro, RJ, em decorrência de um câncer. Ele estava internado na Casa de Saúde São Vicente, localizado Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro.

Ney Matogrosso, Gilda e André Midani
Prêmios

  • 2005 - Condecorado com a Légion d'honneur pelo Governo Francês.
  • 2014 - Grammy Latino "Lifetime Achievement Award"

Fonte: Wikipédia e Correio Brasiliense