Marinês

MARIA INÊS CAETANO DE OLIVEIRA
(71 anos)
Cantora

* São Vicente Férrer, PE (16/11/1935)
+ Recife, PE (14/05/2007)

Marinês, nome artístico de Maria Inês Caetano de Oliveira, foi uma cantora brasileira de forró, baião e xaxado, entre outros ritmos, dona do título de "Rainha do Forró e do Xaxado".

Filha de pai seresteiro, iniciou a carreira na banda Patrulha de Choque do Rei do Baião, que formou com o marido Abdias e o zabumbeiro Cacau para se apresentar na abertura dos shows de Luiz Gonzaga.

Gravou o primeiro disco em 1956, já à frente do grupo Marinês e Sua Gente, com o qual se consagrou. A Primeira canção gravada por Marinês foi em 1956, com Luiz Gonzaga, intitulada "Mané e Zabé".

Mas sem dúvida, a canção que consagrou Marinês foi "Peba na Pimenta", de João do Vale, José Batista e Adelino Rivera, que causou polêmica na época em que foi gravada, devido ao seu duplo sentido.

Abdias e Marinês
Morte

Maria Inês Caetano de Oliveira, a Marinês, morreu na segunda-feira, 14/05/2007, no Hospital Português, em Recife, PE, aos 71 anos. Ela havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no começo do mês de maio de 2007, em Caruaru, PE.

Em 2003, a cantora havia se submetido a uma cirurgia de implante de uma ponte de safena.

O velório aconteceu no Teatro Severino Cabral e o enterro foi às 10:00 hs de terça-feira, 15/05/2007, no Cemitério da Paz, em Campina Grande, PB.

Luiz Gonzaga e Marinês
Discografia
  • 1957 - Vamos Xaxar
  • 1959 - Aquarela Nordestina
  • 1960 - Marinês e Sua Gente
  • 1961 - O Nordeste e Seu Ritmo
  • 1962 - Outra Vez, Marinês
  • 1963 - Coisas do Norte
  • 1964 - Siu, Siu, Siu
  • 1965 - Maria Coisa
  • 1966 - Meu Benzim
  • 1967 - Marinês
  • 1968 - Mandacaru
  • 1969 - Vamos Rodar Roda
  • 1970 - Sonhando Com Meu Bem
  • 1971 - Na Peneira do Amor
  • 1972 - Canção da Fé
  • 1973 - Só Pra Machucar
  • 1974 - A Dama do Nordeste
  • 1975 - A Volta da Cangaceira
  • 1976 - Nordeste Valente
  • 1976 - Meu Cariri
  • 1977 - Balaiando
  • 1978 - Cantando Pra Valer
  • 1979 - Atendendo ao Meu Povo
  • 1980 - Bate Coração
  • 1981 - Estaca Nova
  • 1982 - Desabafo
  • 1983 - Só o Amor Ilumina
  • 1986 - Tô Chegando
  • 1987 - Balaio de Paixão
  • 1988 - Feito Com Amor
  • 1995 - Marinês, Cidadã do Mundo
  • 1998 - Marinês e Sua Gente - Raízes do Nordeste
  • 1999 - Marinês e Sua Gente - 50 Anos de Forró
  • 2000 - Marinês
  • 2003 - Cantando Com o Coração
  • 2006 - Marinês Canta a Paraíba

Fonte: Wikipédia

Mestre Irineu

RAIMUNDO IRINEU SERRA
(78 anos)
Fundador da Doutrila Religiosa Santo Daime

* São Vicente Ferrer, MA (15/12/1892)
+ Rio Branco, AC (06/07/1971)

Raimundo Irineu Serra, mais conhecido como Mestre Irineu, foi o fundador da doutrina religiosa do Santo Daime que usa como sacramento a bebida chamada Ayahuasca, batizada por ele de Daime, associada a orações e cânticos (hinos) a diversas divindades, caracterizando um culto resultante da mistura de diversas religiões e crenças indígenas, africanas e europeias. Predominam, no entanto, o Deus Pai, Jesus Cristo e Nossa Senhora, e os adeptos da doutrina a consideram uma doutrina cristã. Tem também grande influência do espiritismo.

Mestre Irineu era filho do ex-escravo Sancho Martino e Joana Assunção, família humilde, descendentes de escravos que viviam do trabalho de cultivo da terra. Mestre Irineu chegou ao estado do Acre com vinte anos, afro-brasileiro de alta estatura, integrando o movimento migratório da extração do látex em seringais.

Em 1912 foi para Manaus, no Porto de Xapuri, onde residiu por dois anos, indo trabalhar posteriormente nos seringais da Brasiléia durante três anos e, em seguida, em Sena Madureira, onde residiu por mais três anos. Foi ali  no coração das florestas da América do Sul, que o Mestre Irineu cristianizou as tradições caboclas e xamânicas da bebida sacramental Ayahuasca, conhecida desde antes dos incas e rebatizou-a com o nome de Daime, significando, com isso, a invocação espiritual que deveria ser feito pelo fiel, ao comungar com a bebida: Dai-me amor, Dai-me luz, etc.


De volta ao Rio Branco, foi para a Guarda Territorial, até chegar ao posto de cabo, e em seguida participou e passou no concurso para integrar a Comissão de Limites, entidade do Governo Federal que delimitava as fronteiras entre Acre, Bolívia e Peru, órgão este, comandado pelo Marechal Rondon. E foi o próprio Rondon que nomeou Irineu Tesoureiro da Tropa, um cargo de confiança.

Em Rio Branco começou a trabalhar com um pequeno círculo de discípulos. Instalou definitivamente sua família e um grupo de seguidores na localidade denominada Alto Santo.

Posteriormente retornou à floresta, de volta ao seringal, conheceu aquele que tornou-se um grande amigo: Antônio Costa.

Relatos colhidos na região contam que Antônio Costa tomava a bebida, por volta de 1918, com o ayahuasquero peruano Dom Crescêncio Pizango, que se acreditava herdeiro dos conhecimentos de um rei inca de nome Huascar.


Numa reunião com a presença de doze pessoas, a miração estava forte quando o caboclo Pizango se acercou do grupo, de modo que só Irineu percebeu sua presença. A certa altura do trabalho, o caboclo aproximou-se e entrou na cuia grande onde era servida a Ayahuasca, olhou para Irineu e lhe disse para convidar seus companheiros a olhar dentro da cuia, para falarem o que viam. Mas eles olhavam e repetiam que só viam a bebida.

"Só tu tem condições de trabalhar com a Ayahuasca. Ninguém mais está vendo o que tu está vendo", anunciou o caboclo a Irineu, avisando-lhe que ele era o único capacitado para trabalhar com a bebida.

Certo dia, Mestre Irineu tomou a Ayahuasca e foi se deitar na rede. Era uma noite iluminada e muito bela. Sentiu vontade de olhar para a lua, que foi se aproximando até ficar bem pertinho. Dentro da lua, ele avistou uma senhora muito formosa de nome Clara, que lhe disse:

"O que está vendo agora ninguém jamais viu, só tu. Eu vou te entregar esse mundo para tu governar. Tu vais te preparar, porque eu não vou te entregar nada agora. Vai ter uma preparação para ver se tu tens merecer verdadeiramente. Tu vais passar oito dias comendo só macaxeira (mandioca) cozida insossa, com água e mais nada. Também não pode ver mulher, nem uma saia de mulher a mil metros de distância."

Após esta preparação, Mestre Irineu recebeu da Virgem da Conceição, a Rainha da Floresta os fundamentos da Doutrina do Santo Daime, e dentro deste contexto ele determinou o seu futuro, assim como o futuro de todos aqueles que viriam a seguir os seus passos: O povo de Juramidam.

Desde a mais tenra idade que Mestre Irineu conheceu as adversidades da vida, mas a medida que se tornou homem formado e digno de sua herança devota, religiosa, também se aprofundou, se aperfeiçoou e mergulhou nos segredos e mistérios da floresta.

Descendente de escravos, este negro forte e de estatura avantajada, media 1,98m e calçava 48, se casou quatro vezes e deixou um único filho, chamado Walcírio.

O Centro de Iluminação Cristã Luz Universal - Alto Santo, é hoje dirigido por Dona Peregrina Gomes Serra, viúva do Mestre Irineu, e fica na Vila Irineu Serra, no estado do Acre. Graças a ela que nos Trabalhos os Hinos são acompanhados com instrumentos de corda, o violão.

Morte

Na manhã de 06/07/1971, por volta das 09:00 hs, Mestre Irineu se despedia do planeta terra. Com uma forte crise de urina, desmaiou por cima da rede quando tentava urinar. Seguro por Francisco Martins, que gritou pela presença de madrinha Peregrina, o Mestre dava seus últimos suspiros já com uma vela na mão. O clamor e a tristeza tomavam conta da região. Em pouco tempo a notícia ganhava dimensão. O radialista Mota de Oliveira, uma das últimas pessoas curadas pelas mãos de Mestre Irineu, anunciava seu falecimento nas ondas da Rádio Capital. A cidade de Rio Branco parava para ouvir a triste notícia. A irmandade que morava na capital, era tolhida pela notícia da perda. Iniciava-se nas primeiras horas daquela manhã, um dos dias mais tristes da história da Doutrina do Santo Daime.

Providências para a realização do velório foram tomadas. O corpo de Mestre Irineu ficou em sua residência até ser vestido com a farda oficial utilizada pelo grande líder. Na sede, os homens arrumavam os bancos e a mesa central para o ritual de velório. Fardados em branco, todos os irmãos receberam o corpo de Mestre Irineu, perfilados em forma de "V" que significava vitória. Seu caixão foi colocado ao centro, coberto pela Bandeira Nacional, que lhe dava as honras de um Chefe de Estado. Na cidade, o governo Valério Magalhães divulgava nota de pesar ao falecimento do grande líder. Uma crônica lida na rádio também evidenciava o triste acontecimento.


Durante o restante do dia e toda a noite de 06 para 07 de julho, foram cantados os hinários base da Doutrina por ele difundida. A emoção e o sentimento de dor e tristeza era visíveis, principalmente na execução dos hinos do hinário "O Cruzeiro". O semblante de cada seguidor parecia flutuar em um fato que jamais eles esperavam que fosse acontecer naquele momento.

Ao amanhecer, após longas horas de palestras e discursos de autoridades e oradores do centro, acompanhados pela Banda da Polícia Militar, em toque fúnebre, perfilados em fileiras masculinas e femininas, o batalhão cantando os hinos novos, seguia para a morada final escolhida por Mestre Irineu, bem ao lado da residência de Leôncio Gomes da Silva. Todos, de adultos a crianças choravam pela perda. Dona Peregrina Gomes Serra acompanhada de sua mãe e irmãos, recebia os pêsames das autoridades, amigos e admiradores do grande líder. Sentia, mais que todos, naturalmente, a profunda perda do grande companheiro, conselheiro, amigo e esposo. Alguns como o orador Luiz Mendes do Nascimento, chegaram a desmaiar por cima do caixão fechado de Mestre Irineu. A irmandade dava adeus ao Mestre, comovida, os 78 anos de história marcavam aquele momento inesquecível. Os mistérios e encantos de uma vida dedicada à bondade e ao companheirismo. Abria-se um novo capítulo na história daquele povo.