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Waldir Vieira

WALDIR GOMES VIEIRA
(41 anos)
Radialista e Locutor

☼ São Fidélis, RJ (31/05/1944)
┼ Rio de Janeiro, RJ (13/11/1985)

Waldir Gomes Vieira foi um radialista e locutor brasileiro nascido em São Fidélis, RJ, no dia 31/05/1944. Filho de Antonio Vieira e Ana Lina Gomes Vieira. De um simples varredor ao maior Locutor do Brasil. Waldir Vieira dizia: "Não gosto de gênios, meu programa é povão!".

Waldir Vieira tinha um programa na Rádio Globo do Rio de Janeiro, entre as décadas de 1970 e 1980, das 13h00 às 17h00, e também nas manhãs de domingo, no qual conversava com ouvintes, pelo telefone, e desafiava-os com uma charada. Os quadros fixos eram "As Canções do Rei Roberto Carlos", onde uma carta sorteada contava a história de um ouvinte envolvendo uma música do Roberto Carlos, e a "Carta da Vovó".

O jingle do programa era "Waldir Vieira é um cara tão legal! Na Rádio Globo ele é sensacional!".

Waldir Vieira começou a trabalhar aos 13 anos de idade e em 1968 mudou-se para o Rio de Janeiro deixando a Rádio São Fidélis, para percorrer praticamente todas as emissoras cariocas. Trabalhou como assistente de Haroldo de Andrade até conseguir um horário para o seu programa na Rádio Globo.

Muito curioso é que Waldir Vieira entre os quadros fixos de seus programas criou "O Quebra Cuca", onde o ouvinte podia dizer qual o quadro mais chato que ele apresentava. Isso não era comum nos programas de rádio, mas ele sempre queria saber a audiência do seu horário.

Entre as atrações fazia também o "Onde Anda Minha Gente", e nesse quadro descobriu que neste país tinha muita gente que não sabia onde andavam seus pais, parentes, irmão ou amores. Através de cartas conseguiu o reencontro de duas irmãs que não se viam há 68 anos e foi emocionante.

Nutrição era também um assunto discutido por Waldir Vieira que, com o auxilio de uma nutricionista, respondia às cartas de donas-de-casa, num diálogo bem informal.

"Não gosto de gênios no meu programa, pois é um perigo, gosto de pessoas que se comunicam diretamente com o seu público, que é o povão", dizia o radialista.

Waldir Vieira foi casado com Ângela sua fã número um e com quem teve dois filhos, Luciano e LinaWaldir Vieira dizia ser um homem realizado tanto na profissão quanto no casamento.

Silvinho Barbosa, Sérgio Barbosa, Waldir Vieira, Gilbert O'Sullivan e Marcos Bissi - Estúdio A Rádio Globo, RJ.

Em uma entrevista, Waldir Vieira  falou sobre o seu programa que era líder de audiência:

"No meu programa nada é premeditado. As coisas vão acontecendo na hora e no momento exato e acho que esta é a verdadeira fórmula do sucesso que alcancei. O dia inteiro recebo telefonemas de donas-de-casa, que dão uma opinião sincera sobre a programação, e o que nós fazemos é sempre de acordo com a vontade do público. Há pouco tempo, por exemplo, tiramos do ar o quadro 'Eu Vi Um Disco Voador', por que estava se tornando cansativo, repetitivo. Todos os que chegavam diziam a mesma coisa e os ouvintes começaram a se cansar!
Tiramos também o 'Papo da Novela' onde atores da rádio imitavam atores da TV Globo. No principio deu certo, era gostoso porque a novela 'Pai Herói' estava em evidência e tinha tipos que a gente podia explorar bastante. Com 'Os Gigantes' ficou mais difícil e os ouvintes nos escreveram pedindo para eliminar o quadro.
O programa Waldir Vieira é isso: Comunicação total, integração perfeita entre público, ouvinte e apresentador. O programa é do povo, feito para ele. E se é assim, nada mais justo que todos os que nos prestigiam dêem sua opinião. Por isso o resultado que o IBOPE nos trás. A audiência é exatamente o dobro do segundo lugar da Radio Tupi. Sem falar nas cartas que recebem uma média de 1.500 por dia, com programação normal, pois agora estamos fazendo uma promoção da coleção de discos de Roberto Carlos e o número de cartas que chegam diariamente é de 3.000.
Alguma dica especial? Não, apenas um pensamento que é uma regra a seguir! A gente deve viver intensamente cada momento da vida, porque quando o tempo passa, a gente verá que os cabelos grisalhos chegam e nada de bom fizemos para ninguém. Antes que isso aconteça o programa Valdir Vieira vai entrando diariamente nos lares, levando a sua mensagem de amizade e companheirismo."
(Waldir Vieira)

Quando Waldir Vieira abria o seu programa, todas as tardes às 13h00, na Rádio Globo, nem ele mesmo sabia bem o que iria acontecer nas próximas 4 horas. É que, apesar de alguns textos já estarem preparados pela equipe de produção, Waldir Vieira improvisava o tempo todo.

Seu temperamento agitado e bastante emocional levava o programa a um clima diferente dos outros similares. As mancadas ele reconhecia que existiam, mas isso servia para mostrar aos ouvintes que as coisas iam acontecendo realmente, durante o programa e que ele também era apanhado de surpresa.

O Último Programa e Morte

No dia 13/11/1985, Waldir Vieira cumpriu normalmente seu dia de trabalho na Rádio Globo. Fez um programa considerado emocionante por seus colegas e por muitas de suas fãs e foi para a agência de publicidade que tem na mesma rua, no bairro da Glória, onde fica a rádio.

Na verdade, Waldir Vieira passou pela portaria do Hotel Ebony com uma jovem com quem já se apresentara ali outras vezes. Uma jovem acompanhante, a bancária Sueli Costa Pessanha, de 22 anos, moradora de Niterói e funcionária de uma agência do Bradesco em Nilópolis. Pegaram as chaves no quarto C-03 do 12° andar do único "motel vertical" e mais moderno hotel de alta rotatividade do centro do Rio de Janeiro. A partir daí, ninguém mais viu o casal.

O casal foi encontrado sem vida na suíte, no dia 13/11/1985, no Rio de Janeiro. Na 9ª Delegacia, onde rola o inquérito, a versão aceita é a de homicídio seguido de suicídio - Sueli Costa Pessanha teria matado Waldir Vieira e se matado, hipótese essa, a menos contestada pelos familiares. Outra versão é que o casal morreu asfixiados por um vazamento de gás.

Assustadas, incrédulas, tristes e decepcionadas, milhares de fãs do radialista sempre anônimas, cantavam o prefixo do programa de Waldir Vieira, numa última homenagem ao ídolo. Waldir Vieira fez sucesso com as mulheres até o fim.

Fonte: Wikipédia, Projeto VIPRádio em Revista e Revista Veja (20/11/1985, Ed. 898 - Datas – Pág: 125 - Polícia Pág: 130)

Roberto Duval

ROBERTO DUVAL
(72 anos)
Ator e diretor

☼ Santana do Livramento, RS (1913)
┼ Fortaleza, CE (1985)

Roberto Duval, nome artístico, foi um ator e diretor brasileiro. Nasceu no Rio Grande do Sul, no município de Santana do Livramento e faleceu no Estado do Ceará, na capital Fortaleza. A causa de sua morte é desconhecida, assim como existe uma dificuldade muito grande de localizar fatos sobre sua vida.

Roberto Duval foi casado com a atriz Célia San Martin, estava aposentado na época de seu falecimento e está sepultado no cemitério de Caucaia, CE.

Trabalhou em vários filmes brasileiros, em sua maioria nos filmes de MazzaropiRoberto Duval atuou no cinema, teatro e televisão. Seu papel mais marcante foi Vaca Bravam no filme  "Jeca Tatu", em 1959.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Mauro Moreira

Tia Neiva

NEIVA CHAVES ZELAYA
(60 anos)
Médium Clarividente

* Propriá, SE (30/10/1925)
+ Brasília, DF (15/11/1985)

Neiva Chaves Zelaya, mais conhecida por Tia Neiva, foi uma médium clarividente brasileira que fundou o Vale do Amanhecer, doutrina espiritualista que agrega elementos de várias religiões.

Neiva era filha de Antônio e Dona Sinharinha, e tinha três irmãos: Nivaldo, José Luís e Linda.

Casou-se, aos 18 anos, com Raul Zelaya Alonso, então secretário do engenheiro Bernardo Sayão e com ele teve 4 filhos: Gilberto, Carmem Lúcia, Raul Oscar e Vera Lúcia.

Em 1949, com 22 anos e quatro filhos, Neiva ficou viúva e teve que buscar seu sustento. Começou sua vida profissional em Ceres, GO, onde montou o Foto Neiva, tirando retratos e vendendo material fotográfico, mas teve que desistir, por recomendação médica. Com sua forte personalidade, ela não se deixou abater. Trabalhou como costureira, agricultora e, por fim, comprou um caminhão e tirou habilitação profissional, a primeira concedida a uma mulher no Brasil, e começou a transportar cargas. Com seu caminhão e seus filhos a tiracolo, percorreu diversos estados brasileiros, atuando como fretista ou mascate, até fixar-se em Goiânia em 1957.


Em Goiânia passou a dirigir ônibus, porém mantendo seus caminhões em serviço. Nesse mesmo ano, com a oportunidade da construção da nova capital Brasília, Neiva mudou-se com a família para a Cidade Livre, atual Núcleo Bandeirante, ponto inicial das obras da nova cidade, trabalhando com  caminhões na NOVACAP.

Estava com 32 anos quando sua mediunidade se abriu, revelando-se sua clarividência. Durante mais um tempo, Neiva via e ouvia os espíritos e podia prever o futuro e revelar o passado das pessoas, o que a deixava desesperada por ter tido uma formação familiar rigorosamente católica. Sua trajetória, então, passou por penosa adaptação para aceitação de sua missão.

Em 1958 deixou a Cidade Livre, onde começara sua missão espiritualista, e junto com seus filhos e mais cinco famílias espiritualistas, fundou, em 08/11/1959, a União Espiritualista Seta Branca (UESB), na Serra do Ouro, próximo a Alexânia, GO.

Em um rústico templo iniciático, pacientes eram atendidos pelos médiuns que ali residiam, em construções de madeira e palha. Tia Neiva mantinha ali, também, um hospital e um orfanato com cerca de oitenta crianças. Plantavam, faziam farinha para vender, pegavam fretes, e tudo era válido para ajudar na manutenção do grupo.

Em 09/11/1959, Tia Neiva ingressou na Alta Magia de Nosso Senhor Jesus Cristo.


Em 1964 mudou-se para Taguatinga, DF, onde funcionou a Ordem Espiritualista Cristã, e sendo Tia Neiva mais uma vez internada por causa da tuberculose.

Após trabalhosa busca para encontrar o local certo para se fixar, Tia Neiva e seu grupo chegaram a Planaltina, DF, em 09/11/1969, onde fundou o atual Vale do Amanhecer.

Hoje, o Vale do Amanhecer conta com cerca de 100 mil médiuns, atuantes em cerca de 650 templos no Brasil e em outros países.

Pela Doutrina, Tia Neiva implantou a importante conduta doutrinária em seus médiuns, capacitando-os ao atendimento sob a ação das forças iniciáticas, sem precisar da manifestação dos pacientes, que não precisam revelar quem são, o que fazem ou de onde vêm.

Entre os feitos de Tia Neiva destaca-se o episódio que envolveu o deputado federal Gustavo Faria, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) carioca. Em meados de 1978, passando por dificuldades financeiras, Gustavo Faria procurou a médium. Ela o tranquilizou, garantindo que a crise passaria. No Natal do mesmo ano, Gustavo Faria acertou na loteria. Tia Neiva também acertou sua última previsão política. Na reta final da disputa entre o falecido presidente Tancredo Neves e o deputado Paulo Maluf, ela vaticinou que nenhum dos dois chegaria à Presidência da República.

Tia Neiva morreu no dia 15/11/1985, em Brasília, aos 60 anos, vítima de um enfisema pulmonar.


Jorge Cury

JORGE CURY
(65 anos)
Radialista e Locutor Esportivo

* Caxambu, MG (25/02/1920)
+ Caxambu, MG (23/12/1985)

Jorge Cury foi radialista e locutor esportivo brasileiro. Filho do comerciante José Kalil Cury e de Maria Cury, teve oito irmãos, entre os quais, o cantor, compositor e humorista Ivon Curi e o também radialista Alberto Cury.

Iniciou sua carreira numa emissora local de sua cidade natal, Caxambu, MG, em 1942. No ano seguinte, teve a chance de fazer um teste para a Rádio Nacional, onde, aprovado, permaneceu até 1972, quando se transferiu para a Rádio Globo.

Jorge Cury foi um dos maiores locutores de seu tempo, ao lado de Oduvaldo Cozzi, Waldir Amaral e Doalcey Bueno de Camargo. Além de locutor esportivo, também conduziu o programa dominical de calouros "A Hora do Pato".

Jorge Cury narrou nove copas do mundo e as primeiras corridas de Emerson Fittipaldi.

Em 1984 foi demitido da Rádio Globo e no final da última partida, entre Vasco X Botafogo, que narrou na rádio, fez uma despedida e um desabafo contra os dois diretores que o demitiram, Paulo Cesar Ferreira e Jorge Guilherme, sendo substituído por Washington Rodrigues e José Carlos Araújo. Em seu desabafo ele disse abertamente ter sido "tocaiado" por esses diretores citando o título de uma obra de Jorge Amado.

Jorge Curi e Waldir Amaral
Seus bordões principais foram:
  • "Passa de passagem", é golaço!!!"
  • "É a última volta do ponteiro!"
  • "Ultrapassa a linha divisória do gramado!"
  • "Fim de papo!" (Ao final do jogo)

Seus longos gritos de "Gooooooollll" ecoavam por toda a cidade. No Maracanã, nas portarias dos prédios e nos radio de pilha, como marca registrada de uma época.

Jorge Cury morreu vítima de um acidente automobilístico próximo a Caxambu, MG, para onde se dirigia para os festejos de Natal e de Ano Novo do ano de 1985. Pouco antes, ele havia se transferido para a Rádio Tupi.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Chico da Silva

FRANCISCO DOMINGOS DA SILVA
(75 anos)
Pintor, Desenhista, Sapateiro e Ajudante de Marinheiro

☼ Alto Tejo, AC (1910)
┼ Fortaleza, CE (06/12/1985)

Francisco Domingos da Silva ou Chico da Silva, foi um pintor brasileiro de estilo Naïf, desenhista, sapateiro e ajudante de marinheiro, nascido em Alto Tejo, AC, em 1910. Era descendente de uma cearense e um índio da Amazônia peruana. Viveu até os 10 anos de idade na antiga comunidade de Alto Tejo, no Estado do Acre.

A família de Chico da Silva embarcou para o Ceará, indo morar em Fortaleza. Semi-analfabeto, teve diversas profissões não relacionadas à arte. Perdeu o pai alguns anos depois e começou a fazer todos os tipos de serviços: Consertava sapatos e guarda-chuvas, fazia fogareiros de lata para vender, entre outras coisas, para ajudar no seu sustento e de sua família.

Nos intervalos de suas caminhadas a procura de trabalho, parava em frente aos muros e paredes das casas dos pescadores e fazia desenhos com carvão, giz e lascas de tijolos, colorindo-os com folhas.

Semi-analfabeto, autodidata, ele pintava sem regras mas com incrível habilidade. Foram esses painéis que chamaram a atenção do artista e crítico suíço Jean-Pierre Chabloz que passou a procurá-lo pela cidade. Pelos moradores da Praia Formosa, Chico da Silva era chamado de "indiozinho débil mental".

Jean-Pierre Chabloz perguntou para alguns habitantes quem era o autor daqueles desenhos, mas a constante resposta que ouvia era:
"É um cara meio louco. Um caboclo que veio não se sabe de onde. Ele se diverte rabiscando os muros e desaparece, sem deixar endereço!" 
Quadro de propriedade de Gustavo Veras e Isabel Marback

Jean-Pierre Chabloz não encontrou Chico da Silva facilmente pois este ao saber que um estrangeiro alto e forte estava a sua procura, fugiu achando que o suíço fosse um dos donos das casas de muros recém ornados por ele. Após o encontro, Jean-Pierre Chabloz ficou admirado com a simplicidade do artista e passou a incentivá-lo na pintura à guache. Além de fornecer todos os materiais para a produção dos trabalhos, Jean-Pierre Chabloz comprou mais de 40 obras prontas levando-as à diversas exposições, como o Salão Cearense de Pintura e o Salão de Abril de 1943.

Chico da Silva foi estimulado por Jean-Pierre Chabloz a desenhar e pintar cada vez mais. Essa amizade e confiança mútua foi o suficiente para tornar as obras de Chico da Silva, peças de qualidade para o mundo das artes.

Por ter sido criado desde menino frente as exuberantes paisagens da amazônia, com cores e formas exóticas, a genialidade de Chico da Silva floresceu, resultando em pinturas primitivistas (pinturas Naïfs) e sedutoras para os olhos dos artistas, críticos e pesquisadores do Brasil e da Europa. 

Pintor de lendas, folclore nacional, cotidiano e seres fantásticos, Chico da Silva seduz o observador por sua originalidade, pela diversidade de cores e formas e pela genialidade nas pinturas primitivistas. Com seu talento e a influência de Jean-Pierre ChablozChico da Silva conseguiu reconhecimento no cenário artístico mundial.

Nos últimos anos a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará conseguiu reunir vários trabalhos do artista que pertenciam a Jean-Pierre Chabloz. Um deles tem exposição permanente no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (UFCE) e outros fazem parte de acervos de museus e pinacotecas do mundo.

Quadro de propriedade de Gustavo Veras e Isabel Marback

Em 1945, na companhia de Jean-Pierre Chabloz, Antônio Bandeira, Inimá de Paula e outros artistas expôs na Galeria Askanasy, no Rio de Janeiro.

Chico da Silva não foi influenciado por nenhuma escola ou grupo específico. Na verdade, ele criou um estilo novo. Fundou uma escola no bairro de Pirambu, onde cresceu, formado por seguidores de suas obras.

Pela supervalorização de seus trabalhos quis produzir cada vez mais obras recorrendo a ajudantes para desenhar, deixando para ele somente a assinatura. Uma pesquisa estimou que 90%, dos quadros posteriores a 1972, eram falsos. Tal acontecimento cercou o artista de aproveitadores que vendiam essas falsificações em qualquer lugar por pequenos preços.

Mesmo havendo questionamento de suas obras no mercado de arte, foi convidado à participar da Bienal de Veneza em 1966, de onde recebeu Menção Honrosa. Três anos depois, Jean-Pierre Chabloz cortou relação com Chico da Silva, afirmando mais tarde em uma entrevista para um jornal que estava insatisfeito com a qualidade do artista.

Na década de 70, além de lutar contra a falta de crédito de suas obras, enfrentou a perda da esposa e seus próprios problemas de saúde. Se recuperou fisicamente mas não conseguiu sua recuperação artística.

Depois de permanecer quatro anos internado em um hospital psiquiátrico, voltou a pintar em 1981.

Quadro de propriedade de Gustavo Veras e Isabel Marback
Exposições

Individuais
  • 1950 - Lausanne, Suíça - Galeria Pour L'Art
  • 1961 - Fortaleza CE - Sede dos Diários Associados
  • 1963 - Rio de Janeiro, RJ - Galeria Relevo
  • 1965 - Rio de Janeiro, RJ - Galeria Goeldi
  • 1965 - São Paulo, SP - Galeria Selearte
  • 1965 - Salvador, BA - Galeria Querino
  • 1966 - Rio de Janeiro, RJ - Petite Galerie
  • 1966 - Veneza, Itália - Menção Honrosa
  • 1966 - Moscou, Rússia
  • 1967 - Rio de Janeiro, RJ - Galeria Gemini e Galeria Dezon
  • 1967 - São Paulo, SP - A Galeria


Coletivas
  • 1943 - Fortaleza, CE - Salão de Abril
  • 1944 - Fortaleza, CE - 3ª Salão Cearense de Pintura
  • 1945 - Rio de Janeiro, RJ - Galeria Askanasy
  • 1949 - Genebra, Suíça - Salão Beauregard
  • 1956 - Neuchâtel, Suíça - Museu Etnográfico
  • 1965 - Paris, França - Galeria Jaques Massol
  • 1966 - Europa - Artistas Primitivos Brasileiros
  • 1966 - Paris, França - Maison Janson
  • 1966 - Madri, Espanha - Instituto de Cultura Hispânica
  • 1966 - Veneza, Itália - 33ª Bienal de Veneza
  • 1967 - São Paulo, SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo
  • 1970 - Fortaleza, CE - 20º Salão de Abril
  • 1972 - São Paulo, SP - Galeria Collectio
  • 1977 - Fortaleza, CE - 27º Salão de Abril
  • 1978 - Fortaleza, CE - 28º Salão de Abril
  • 1978 - Penápolis, SP - 3º Salão de Artes Plásticas da Noroeste
  • 1978 - São Paulo SP - 1ª Bienal Latino-Americana de São Paulo
  • 1984 - Fortaleza, CE - 3º Salão Nacional de Artes Plásticas

Exposições Póstumas
  • 1988 - Rio de Janeiro, RJ - O Mundo Fascinante dos Pintores Naïfs, Paço Imperial
  • 1989 - Fortaleza, CE - Retrospectiva Chico da Silva: Do Delírio ao Dilúvio, Espaço Cultural do Palácio da Abolição
  • 1996 - Osasco, SP - Expo FIEO, Centro Universitário FIEO
  • 2001 - São Paulo, SP - Biografias Instantâneas, Casa das Rosas
  • 2002 - São Paulo, SP - Santa Ingenuidade, Unifieo
  • 2002 - São Paulo, SP - Pop Brasil: A Arte Popular e o Popular na Arte, CCBB
  • 2002 - Piracicaba, SP - 6ª Bienal Naifs do Brasil, SESC

Aparecida

MARIA APARECIDA MARTINS
(45 anos)
Cantora e Compositora

* Caxambu, MG (04/12/1939)
+ Rio de Janeiro, RJ (1985)

Maria Aparecida Martins foi uma cantora e compositora brasileira, de carreira dedicada principalmente ao samba e a ritmos africanos. Ainda criança, interessou-se por música, aprendendo com os mais velhos da família os ritmos africanos.

Em 1949, a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Por essa época, trabalhou como passadeira em casas de família no bairro de Vila Isabel.

Em 1952, já compunha suas primeiras músicas. Pouco tempo depois, Salvador Batista a levou para o programa "A Voz do Morro", incluindo-a em seu grupo como passista, conjunto no qual atuou por dez anos.

No início da década de 1960, foi convidada a participar do filme "Benito Sereno e o Navio Negreiro", por cuja atuação recebeu de prêmio uma viagem a França, onde se apresentou em uma boite interpretando, pela primeira vez, suas próprias composições.

Em 1965, voltou para o Brasil e venceu o Concurso de Música de Carnaval do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro. No mesmo ano, seu samba "Zumbi, Zumbi" venceu o III Festival de Música de Favela, representando a favela da Cafúa, de Coelho Neto.

Em 1968, compôs o samba-enredo "A Sonata das Matas" para a escola de samba Caprichosos de Pilares. Foi a segunda mulher a vencer uma disputa de samba-enredo numa escola, depois de Dona Ivone Lara.

Ao lado de Darci da Mangueira, Sidney da Conceição, Sabrina, Chico Bondade, entre outros, participou do LP "Roda de Samba" em 1974. Foi a primeira vez em que gravou uma composição de sua autoria, "Boa-noite". No mesmo ano, saiu o disco "Roda de Samba nº 2", com Nelson Cavaquinho, Sabrina, Roque do Plá, Rubens da Mangueira e Dida. Desta vez, Aparecida interpretou "Proteção" (David Lima e Pinga) e "Rosas Para Iansã" (Josefina de Lima).

Seu primeiro disco solo, "Aparecida", foi gravado em 1966. O repertório incluía suas músicas "Talundê", "Nanã Boroquê" e "Segredos do Mar" (todas em parceria com Jair Paulo), "Tereza Aragão", "Meu São Benedito" e "Inferno Verde". Também adaptou a canção folclórica "A Maria Começa a Beber".

Demorou mais 10 anos para lançar seu segundo LP, "Foram 17 Anos", no qual voltou a gravar suas composições, entre elas "17 Anos", "Grongoiô, Propoiô" (parceria com João R. Xavier e Mariozinho de Acari) e "Diongo, Mundiongo".

Em 1977, lançou o disco "Grandes Sucessos" e nos anos seguintes gravou pela RCA Victor os LPs "Cantigas de Fé" (1978) e "13 de Maio" (1979), no qual interpretou, além da canção título, "Aleluia Dom Miguel", "Mussy Gatana", "Ceará" e "Indeuá Matamba", todas de sua autoria.

Em 1980, lançou o disco "Os Deuses Afros", que incluiu as músicas "Se Segura Zé" (Aparecida e Kacik) e outras composições suas gravadas em LPs anteriores.

Em 1985, Aparecida morre no Rio do Janeiro.

No ano de 1996, a gravadora CID lhe prestou homenagem relançando em CD o disco "Aparecida, Samba, Afro, Axé".


Discografia

  • 1974 - Roda de Samba (CID)
  • 1974 - Roda de Samba nº 2 (CID)
  • 1975 - Aparecida (CID)
  • 1976 - Foram 17 Anos (CID)
  • 1977 - Grandes Sucessos (CID)
  • 1978 - Cantigas de Fé (RCA Victor)
  • 1979 - 13 de Maio (RCA Victor)
  • 1980 - Os Deuses Afros (CID)
  • 1983 - A Rosa do Mar (CID)
  • 1996 - Aparecida, Samba, Afro, Axé (CID)


Flávio Império

FLÁVIO IMPÉRIO
(49 anos)
Arquiteto, Artista Plástico, Cenógrafo, Figurinista, Diretor, Professor e Pintor

* São Paulo, SP (19/12/1935)
+ São Paulo, SP (07/09/1985)

Suas experiências na pintura evidenciam o aprendizado da linguagem modernista. Em 1956, entrou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e, concomitantemente, trabalhou como cenógrafo, figurinista e diretor no grupo de teatro amador da Comunidade de Trabalho Cristo Operário, na periferia de São Paulo.

Em 1958, passou a integrar o Teatro de Arena. No ano seguinte, estreou como cenógrafo do grupo em Gente Como a Gente, dando início à parceria artística com Augusto Boal. Em 1960, concebeu os cenários e figurinos de "Morte e Vida Severina" para o Teatro Experimental Cacilda Becker, fazendo uso dos tecidos, das técnicas artesanais e referências à cultura brasileira. Começou em 1962 a trabalhar para o Teatro Oficina, de José Celso Martinez Corrêa.

No Teatro Oficina, participou de "Um Bonde Chamado Desejo", "O Melhor Juiz: o Rei e Andorra", entre outros projetos. Teve ainda importantes realizações no Teatro Arena, como "Arena Conta Zumbi" (1965) e "Arena Conta Tiradentes" (1967). Em 1968, dirigiu e cenografou "Os Fuzis de Dona Tereza", adaptação da obra de Brecht para o Teatro da Universidade de São Paulo (TUSP) e fora do Teatro Oficina, mas ao lado de Zé Celso, criou o cenário e o figurino de "Roda Viva", em que estão presentes o colorido e as referências à cultura pop do Tropicalismo.

Na década de 1970, deu início à parceria com Fauzi Arap em espetáculos teatrais e musicais. Realizou trabalhos elogiados em "Labirinto: Balanço da Vida", "Pano de Boca" e "Um Ponto de Luz", textos e direção de Fauzi Arap, e, também com direção deste, cenografou espetáculos musicais entre os quais se destacam os trabalhos com Maria Bethânia.

Foi professor da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/USP), entre 1962 e 1966. Lecionou, entre 1962 e 1977, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), escola na qual voltou a dar aulas em 1985. Entre 1964 e 1967, na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), e na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, entre 1981 e 1985. No fim da década de 1970 e inicio dos anos 1980, Flávio Império retomou sua atividade como artista plástico, além de desenvolver projetos para o Teatro Popular do Sesi (TPS) como os cenários de "A Falecida" (1979), e de "Chiquinha Gonzaga, Ó Abre Alas" (1983).

Comentário Crítico

Flávio Império era um dos cenógrafos responsáveis, entre as décadas de 1960 e 1980, pela transição do estilo decorativo (voltado simplesmente à ambientação temporal e espacial da peça, acrescido da ideia de "embelezamento") para uma cenografia não-ilusionista, na qual os cenários e objetos evidenciam suas funções simbólicas e estruturais. O trabalho era desenvolvido em conjunto com o diretor e fazia parte de um processo elaborado com base no conceito da encenação. A cenografia passou a refletir uma ideia  ajudou a contar uma história e foi criada simultaneamente aos ensaios e concepção da montagem. O ator e sua presença em cena tinham grande importância para a definição do projeto. Os espetáculos eram encenados em vários espaços e de diferentes formas de acordo com a proposta e muitas vezes se transcendia os limites do palco italiano, em busca de uma maior comunicação com o público.

As obras de Flávio Império em cenografia, figurino e direção mostravam uma pluralidade de linguagens, encaminhamentos e pesquisas. Inicialmente, seus trabalhos faziam referências às ideias de Bertolt Brecht, e essa influência tornou-se cada vez mais frequente em seus projetos, nas décadas de 1960 e 1970. Não existia mais a preocupação em esconder as estruturas e os processos de construção, tanto do espaço cênico quanto dos objetos.

O conjunto das produções de Flávio Império podia ser dividido em três fases: o início, no Teatro de Arena e sob influência de Augusto Boal; a parceria com José Celso e o Teatro Oficina, que lhe permitiu, especialmente a partir da segunda metade da década de 1960, a junção de técnicas cenográficas artesanais - e muitas vezes rústicas - ao ideário do Tropicalismo; e as décadas de 1970 e 1980, quando, tendo já desenvolvido pesquisas estéticas bastante pessoais, Flávio Império as aplicou não apenas no teatro, mas também em shows musicais, contribuindo para modificar a visualidade desses espetáculos.


O trabalho no Teatro Arena foi marcado, antes de mais nada, pela necessidade de reelaboração da cenografia em função da própria disposição espacial circular: tendo para trabalhar não um palco italiano, espécie de "caixa" que facilitava a criação de uma cenografia ilusionista e decorativa, mas um palco em que os atores estavam cercados pelo público, o cenógrafo foi obrigado a repensar o espaço e a utilizar objetos que fossem ao mesmo tempo simbólicos e funcionais. Flávio Império traduziu essa necessidade na utilização de praticáveis, que ganharam funções diversas conforme a demanda da peça, de cores e de objetos de cena carregados de grande valor dramático, isto é, capazes de condensar determinadas características de situações ou personagens.

Foi então que o artista começou a trabalhar com a escassez de recursos como possibilidade criativa, incorporando-a a seus projetos posteriores. Em "Morte e Vida Severina", espetáculo para palco italiano, utilizou tecidos crus tingidos (não apenas nas roupas mas também nos cenários) e objetos (máscaras, por exemplo) que apontavam para a força expressiva e a aridez encontradas na pintura modernista de artistas como Cândido Portinari, principalmente na sua série "Retirantes".

A liberação do ilusionismo reforçou a possibilidade de reinvenção dos espaços cênicos tradicionais mesmo em trabalhos realizados com bons recursos financeiros. É o caso de "Depois da Queda" (1964), em que o palco foi configurado como uma série de planos superpostos que remetiam à fragmentação da própria consciência do protagonista. Em trabalhos com o Teatro Oficina, como "Os Inimigos" (1966), apareciam também a utilização de elementos tradicionais, porém de maneira absolutamente crítica.

Mas é principalmente a partir de "Roda Viva" (1968) que Flávio Império incorporou o colorido e fontes da cultura popular que doravante apareciam como marcas de sua obra. O espetáculo, inspirado no movimento tropicalista, era inovador tanto na forma despudorada de abordar a cultura nacional quanto em termos espaciais (com a presença de uma passarela pela qual os atores "penetravam" na plateia). A revisão dos limites entre palco e plateia perpassava também o trabalho de Flávio Império como diretor: no mesmo ano, em "Os Fuzis de Dona Tereza", a plateia era invadida por um coro de atores que usava matracas em lugar de vozes. Flávio Império buscou com esse coro representar o povo brasileiro que vivia os dilemas da protagonista, divido entre o apoio ou não ao regime político, com essa mudança de foco do individual para o coletivo a intenção era mostrar o drama nacional, fazendo um paralelo com a situação do Brasil, na época.

Sylvia Ficher e Flávio Império
Em "Roda Viva" também aparecia outra característica marcante do trabalho de Flávio Império na década de 1970: a assemblage (colagem ou ajuntamento de figuras, objetos e elementos visuais, criando efeitos através do acúmulo - como num "amontoado" - ou da simples disposição espacial, como nas instalações das artes plásticas). Espetáculos como "Réveillon" (1975) e "Pano de Boca" (1976) ilustram bem este aspecto: em "Réveillon", o cotidiano de uma família de classe média era representado em seu caráter opressivo e sobrecarregado de signos, medos e limitações; cenograficamente, isso se traduzia em um apartamento feito de amontoados de jornais, móveis e utensílios, protegendo e sufocando a vida familiar. Em "Pano de Boca", foram unidos em assemblage, dentro de um galpão-teatro, objetos que remetiam a um passado teatral de glórias, mas absolutamente decadente - o que refletia também a situação do meio teatral brasileiro setentista, que sofria com o exílio de importantes criadores, a falta de perspectivas e a opressão da censura.

Tecidos utilizados em todas as suas possibilidades cromáticas e espaciais; luxo e "lixo" (despojos da cultura nacional) atrelados como reflexo da nossa brasilidade; inventividade na organização do espaço; pesquisa contínua de materiais alternativos: são esses os elementos que, já na década de 1970, fizeram de Flávio Império um dos nossos maiores cenógrafos. Tal maturidade artística aparecia não apenas no teatro, em espetáculos como "A Falecida" (1979), que compartimentava o palco italiano em diversos ambientes basculantes e interligados, mas também nos shows. Em trabalhos com grandes nomes da música popular como Maria Bethânia e o grupo Doces Bárbaros, o artista transformava as antigas apresentações inspiradas em recitais eruditos e em orquestras de baile em verdadeiros espetáculos visuais, carregados de teatralidade e plasticidade.

Tais aspectos aparecem cristalizados, enfim, nas obras dos últimos anos de vida do artista, tais como "Patética" (1980); "Chiquinha Gonzaga: Ó Abre Alas" (1983) - com cenários e figurinos inspirados nos antigos e modernos carnavais de rua; e "O Rei do Riso" (1985). A última realização do artista foi a cenografia de um espetáculo de sua mais fiel parceira no meio musical: Maria Bethânia, no show "20 Anos de Paixão".

Flávio Império morreu perto de completar 50 anos, no Hospital do Servidor Público Estadual, vitimado por uma infecção bacteriana nas meninges causada pela AIDS.



Rossini Pinto

ROSSINI PINTO
(48 anos)
Cantor, Compositor, Produtor Musical e Jornalista

☼ Ponte de Itabapoana, ES (24/01/1937)
┼ Rio de Janeiro, RJ (25/06/1985)

Rossini Pinto foi um dos mais importantes nomes da Jovem Guarda, ajudou a consagrar vários dos artistas do movimento, entre os quais Roberto Carlos e Erasmo Carlos, com composições próprias e versões em português do rock britânico e americano.

Natural do Espírito Santo, mudou-se para o Rio de Janeiro em meados da década de 50.

Em 1955, trabalhava como repórter do diário esportivo Jornal dos Sports e do matutino Correio da Manhã. Começou sua carreira musical por acaso, em 1960, ao musicar o poema "Convite de Amor", do então Presidente da República, Jânio Quadros. Desde então, passou a ser solicitado por gravadoras.

Rossini Pinto acabou assinando contrato com a Copacabana Discos e em 1961 lançou seu primeiro disco com as canções "Rock Presidencial", de sua autoria, e "Vamos Brincar de Amor?", de Vadico e Herberto Sales.

Como intérprete, seus maiores sucessos foram "Voa Passarinho", "Viu No Que Deu?", ambas de sua autoria e de Fernando Costa, e Ford de Bigode (Ivanildo Teixeira e Paulo Brunner), esta última gravada com Renato e Seus Blue Caps. "Amor e Desprezo" de sua autoria, gravada no disco "As 14 Mais de 1963", é uma de suas músicas mais tocadas até hoje.

Em 1961, Alventino Cavalcanti gravou pela Columbia a marcha "No Tempo da Vovó", parceria com João Rosa e o próprio Alventino Cavalcanti.

Em 1963 teve o bolero "Se Tu Gostasses de Mim", com Fernando Costa gravado por Silvinho na Philips.

Como compositor ganhou prestígio quando Roberto Carlos passou a gravar várias de suas composições, destacando-se os sucessos "O Leão Está Solto Nas Ruas", em 1964, "Eu Te Adoro, Meu Amor", no ano seguinte, "Parei, Olhei" e "Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim", ambas em 1966. Ainda em 1964, Wanderléa gravou "Sem Amor Ninguém Vive".


Teve também composições gravadas pelos Golden Boys, Agostinho dos Santos e Emilinha Borba, que em 1962 gravou "Me Leva Pro Céu".

Também ficou conhecido como um dos maiores compositores de versões de músicas estrangeiras no Brasil, só sendo suplantado por Fred Jorge nesse gênero, com destaque para as versões de "Michele" e "Yesterday", ambas de John Lennon e Paul McCartney.

Em 1967, transferiu-se para a Odeon, selo pelo qual lançou o LP "Montanha do Amor", e também passou a atuar como produtor fonográfico. No mesmo ano, Erasmo Carlos gravou de sua autoria e Roberto Correia, "Não Vivo Sem Você".

Em 1969, Renato e Seus Blue Caps gravaram de sua autoria "Foi Mentira" e Wanderley Cardoso, "Se Ela Voltar", parceria com Roberto Correia.

Em 1972 retornou à CBS para exercer a função de produtor de intérpretes como Odair José, Núbia Lafayette, Luís Carlos Magno e Ari Cordovil. Neste ano teve a música "Mata-me Depressa", gravada por Wanderléa.

Em 1973 compôs, com Renato Barros, "Se Você Soubesse", gravada no mesmo ano pelo conjunto Renato e Seus Blue Caps.

Por problemas de saúde saiu da gravadora e veio a falecer no Rio de Janeiro, no dia 25/06/1985.

No fim de 2010, teve a sua música  "Eu Te Adoro Meu Amor" cantada na voz de Paula Fernandes e Roberto Carlos, em show para 1 milhão de pessoas na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O show, que foi o tradicional Especial de Fim de Ano de Roberto Carlos promovido pela TV Globo, também comemorou 50 anos de carreira de Roberto Carlos.

Cora Coralina

ANA LINS DOS GUIMARÃES PEIXOTO BRETAS
(95 anos)
Escritora, Poetisa, Contista e Doceira

* Cidade de Goiás, GO (20/08/1889)
+ Goiânia, GO (10/04/1985)


Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, foi uma poetisa e contista brasileira. Considerada uma das principais escritoras brasileiras, ela teve seu primeiro livro publicado em junho de 1965 intitulado Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, quando já tinha quase 76 anos de idade.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Filha de Francisco Paula Lins Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por Dom Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão. Ana nasceu e foi criada às margens do Rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, tendo sido uma das primeiras edificações da antiga Vila Boa de Goiás.


Começou a escrever os seus primeiros textos aos 14 anos de idade, publicando-os nos jornais da cidade de Goiás, e nos jornais de outras cidades, como constitui exemplo o semanário Folha do Sul da cidade goiana de Bela Vista - desde a sua fundação a 20 de janeiro de 1905 -, e nos periódicos de outros rincões, assim a revista A Informação Goiana do Rio de Janeiro, que começou a ser editada a 15 de julho de 1917, apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com a Mestra Silvina. Melhor, Mestre-Escola Silvina Ermelinda Xavier de Brito (1835 - 1920).

Conforme Assis Brasil, na sua antologia A Poesia Goiana no Século XX, página 66, "a mais recuada indicação que se tem de sua vida literária data de 1907, através do semanário 'A Rosa', dirigido por ela própria e mais Leodegária de Jesus, Rosa Godinho e Alice Santana". Todavia, constam trabalhos seus nos periódicos goianos antes dessa data. É o caso da crônica A Tua Volta, dedicada a Luiz do Couto, o "querido poeta gentil das mulheres goyanas", estampada no referido semanário Folha do Sul, da cidade de Bela Vista, ano 2, n. 64, p. 1, 10 de maio de 1906.

Ao tempo em que publica essa crônica, ou um pouco antes, Cora Coralina começa a frequentar as tertúlias do Clube Literário Goiano, situado em um dos salões do sobrado de dona Virgínia da Luz Vieira. Que lhe inspira o poema evocativo Velho Sobrado. Quando começa então a redigir para o jornal literário A Rosa (1907). Publicou, nessa fase, em 1910, o conto Tragédia na Roça.

Casou em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, quando ele, Cantídio, exercia a Chefatura de Polícia, cargo equivalente ao de Secretário da Segurança, do governo do presidente Urbano Coelho de Gouvêa (1909-1912), para o interior de São Paulo, onde viveu durante 45 anos, inicialmente nos municípios de Avaré e Jaboticabal e depois em São Paulo (1924). Ao chegar à capital, teve de permanecer algumas semanas trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 haviam parado a cidade.

Em 1930, presenciou a chegada de Getúlio Vargas à esquina da Rua Direita com a Praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista de 1932.

Com a morte do marido, passou a vender livros. Posteriormente, mudou-se para Penápolis, no interior do estado, onde passou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás.

Ao completar 50 anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda do medo". Nessa fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Durante esses anos, Cora Coralina não deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada. Ela chegou ainda a gravar um LP declamando algumas de suas poesias. Lançado pela Gravadora Paulinas Comep, o disco ainda pode ser encontrado hoje em formato CD.

Foi membro efetivo das seguintes entidades culturais:
  • Academia Goiana de Letras 
  • Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás
  • Gabinete Literário Goiano
  • União Brasileira de Escritores
  • Academia Brasiliense de Letras

Em 1979, recebeu uma carta de
Carlos Drummond de Andrade, a qual a lança definitivamente ao Brasil como uma grande poeta. Durante muitos anos, esse mesmo grande poeta homenageou Cora Coralina em diversas cartas e publicações.

Viveu 95 anos, sendo 78 dedicados à escrita. Inúmeras foram as participações, condecorações, homenagens e prêmios recebidos. Frequentou somente o curso primário e recebeu o título Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás de Doutora Feita Pela Vida (1983). Logo depois, no mesmo ano, foi eleita Intelectual do Ano e contemplada com o Prêmio Juca Pato da União Brasileira dos Escritores

A 31 de janeiro de 1999, a sua principal obra, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, foi aclamada através de um seleto júri organizado pelo jornal O Popular, de Goiânia, uma das 20 obras mais importantes do século XX. Enfim, Cora Coralina torna-se autora canônica.

Cora Coralina faleceu em Goiânia. A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada num museu em homenagem à sua história de vida e produção literária.

Carta de Drummond a Cora Coralina

Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1983.
 
Minha querida amiga Cora Coralina: Seu "Vintém de Cobre" é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( ...). Não lhe escrevi antes, agradecendo a dádiva, porque andei malacafento e me submeti a uma cirurgia. Mas agora, já recuperado, estou em condições de dizer, com alegria justa: Obrigado, minha amiga! Obrigado, também, pelas lindas, tocantes palavras que escreveu para mim e que guardarei na memória do coração.

O beijo e o carinho do seu,

Drummond. 

Primeiros Passos Literários

Os elementos folclóricos que faziam parte do cotidiano de Ana serviram de inspiração para que aquela frágil mulher se tornasse a dona de uma voz inigualável e sua poesia atingisse um nível de qualidade literária jamais alcançado até aí por nenhum outro poeta do Centro-Oeste brasileiro.

Senhora de poderosas palavras, Ana escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, Ana parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito.


Divulgação Nacional

Foi ao ter a segunda edição (1978) de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, composta e impressa pelas oficinas gráficas da Universidade Federal de Goiás, com capa retratando um dos becos da cidade de Goiás e ilustrações elaboradas pela consagrada artista Maria Guilhermina, orelha de J. B. Martins Ramos, e prefácio de Oswaldino Marques, saudada por Carlos Drummond de Andrade no Jornal do Brasil, a 27 de dezembro de 1980, que Ana, já conhecida como Cora Coralina, ganhou a atenção e passou a ser admirada por todo o Brasil.

"Não estou fazendo comercial de editora, em época de festas. A obra foi publicada pela Universidade Federal de Goiás. Se há livros comovedores, este é um deles". Manifestou-se, ao ensejo, o vate Drummond.

Casa de Cora Coralina

A primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, seu primeiro livro, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965, quando a poetisa já contabilizava 75 anos. Reúne os poemas que consagraram o estilo da autora e a transformaram em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX. Já a segunda edição, repetindo, saiu em 1978 pela imprensa da Universidade Federal de Goiás. E a terceira, em 1980. Desta vez, pela recém implantada editora da Universidade Federal de Goiás, dentro da Coleção Documentos Goianos.

Onze anos depois da primeira edição de Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, compôs, em 1976, Meu Livro de Cordel. Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha (Ed. Global).

Livros e Outras Obras

  • Estórias da Casa Velha da Ponte (Contos)
  • Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (Poesia)
  • Meninos Verdes (infantil)
  • Meu Livro de Cordel
  • O Tesouro da Casa Velha
  • A Moeda de Ouro Que o Pato Engoliu (Infantil)
  • Vintém de Cobre
  • As Cocadas (Infantil)

Fonte: WikipédiaNossa Casa

Poly

ÂNGELO APOLÔNIO
(64 anos)
Instrumentista e Compositor

* São Paulo, SP (08/08/1920)
+ São Paulo, SP (10/04/1985)

Poly foi um multi-instrumentista (violão, cavaquinho, bandolim, banjo, contrabaixo, viola, guitarra havaiana) e compositor, tendo desde os 10 anos demonstrado habilidade com os instrumentos de cordas.

Começou sua carreira artística na década de 1930, em São Paulo, quando passou a acompanhar cantores populares de então: Januário de Oliveira, Paraguaçu e Arnaldo Pescuma. Em 1937, foi chamado para trabalhar no Conjunto Regional da Rádio Difusora paulista, como violonista e solista de cavaquinho e bandolim. Na mesma época, integrou o conjunto vocal Grupo X, que concorria com o Bando da Lua.

Compôs sua primeira música em 1939, uma valsa intitulada Você, com letra de José Roberto Penteado, que nunca foi gravada. Foi esse parceiro que sugeriu o nome artístico Poly, abreviatura de Apolônio.

Em 1940, foi convidado pelo também multi-instrumentista Garôto para trabalhar em seu regional no Rio de Janeiro. Com o Regional de Garoto, atuou no Cassino Copacabana, na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mayrink Veiga e ainda gravou alguns discos.

Em 1944, gravou seu primeiro disco solo, tocando guitarra havaiana interpretando os fox-troptes Deep In The Heart Of Texas (Don Swander e June Herchey) e Jingle, Jangle, Jungle (J. L. Lilley e F. Loesser). No mesmo ano interrompeu suas atividades musicais para servir à Força Expedicionária Brasileira na Itália, só retornando após o fim do conflito.

No ano seguinte gravou, com um conjunto liderado por ele e intitulado Poly e Seus Havaianos o fox-trote Lime House Blues (Philip Braham) e o fox-blue Isle Of Dream, de sua autoria. Nessa época, passou uma temporada em Porto Alegre, trabalhando na Rádio Farroupilha, chegando a integrar o Conjunto Farroupilha a convite de Tasso Bangel. Com eles fez excursão pela Europa, Japão e Estados Unidos. Retornando ao Brasil, trabalhou em várias boates paulistas, tais como a Clipper e a Roof da Gazeta. Em 1948, gravou ao violão os choros Sonho Divino, parceria com Lupe Ferreira e Colibri, de sua autoria.

Em 1951, criou o grupo Poly e Seu Ritmo com o qual gravou tocando guitarra havaiana na Todamerica o beguine Begin The Beguine (Cole Porter) e o fox-trot Cavaleiros do Céu (Stan Jones).

No ano seguinte, gravou com o mesmo grupo o choro Meteoro, de sua autoria e o bolero Saudade, de Jaime Redondo. Nesse ano, gravou mais dois discos com outro grupo intitulado Poly e Seus Modernistas. No primeiro disco, estavam o baião Turista e o chorinho Dois de Junho, de sua autoria. No segundo disco, tocou guitarra havaiana no beguine Jezebel (Shanklin) e no fox-trot At Sundown (Donaldson). Ainda nesse ano, passou a atuar na gravadora Todamerica acompanhando com seu conjunto gravações de diferentes cantores, a começar pela dupla Cascatinha & Inhana na canção Ave Maria do Sertão e na toada Fiz Pra Você. Fez também acompanhamentos para o Trio de Ébano, Cauby Peixoto, Orlando Dias, Trio Orixá e outros.

Teve gravados em 1953 o samba-canção Guarujá, com Juracy Rago, pela cantora Inhana, o baião Terra de Anchieta, com Ado Benatti pela dupla Cascatinha & Inhana e a toada-baião Aula de Amor, com José Caravaggi por Cauby Peixoto.

Em 1954, gravou na Todamerica o choro Apanhei-te Cavaquinho (Ernesto Nazareth) e o baião Coringa, de sua autoria. No ano seguinte, transferiu-se para a gravadora Columbia e gravou com seu conjunto o fox Dançando Com Lágrimas Nos Olhos (Burke e Dubin), o bolero Tarde Fria, de sua autoria, o fado-fox Benfica, parceria com Juvenal Fernandes e o samba Fel (Betinho e Heitor Carrilho).

Em 1956, fez com Henrique Lobo a música Tarde Fria gravada por Cauby Peixoto no LP Canção do Rouxinol.

Em 1957, gravou com seu conjunto o choro Velha Guarda (José Ramos), o fox-trot É Ou Não Romântico (Hart e Rodgers), o mambo Fiesta (Samuels e Whitcup) e o beguine Veneno, de sua autoria. No ano seguinte, gravou com seu conjunto as canções Moonlight Fiesta e Moonlight In Rio, de sua autoria.

Em 1959, lançou pela Columbia o LP Penumbra - Poli e Seu Conjunto. Nesse ano, tornou-se o primeiro a introduzir a guitarra na música sertaneja na regravação da Moda da Mula Preta pela dupla Torres & Florêncio, com arranjos seus, que também tocou a guitarra havaiana. Também nesse ano, tocou viola caipira no LP Exaltação à Viola, lançado pelo maestro Elcio Alvarez na Chantecler.

Em 1960, gravou pela Chantecler o cateretê Zíngara (Joubert de Carvalho), a canção Noite Cheia de Estrelas, a valsa Lágrimas (Cândido das Neves), Serenata (Vicente Celestino) e Samba Caipira (Palmeira e Piraci). Nesse ano, gravou pelo selo Sertanejo a cana-verde Vai de Roda (Palmeira e Teddy Vieira), a guarânia Condenado (Palmeira e Alberto Calçada), Lamento de Boiadeiro (Palmeira e Mário Zan) e Folias de Santos Reis (Teddy Vieira e Palmeira). Nessa época, seu conjunto tinha como integrantes Henrique Simonetti na celesta, Carlinhos Maffazzoli no acordeom e Luisinho Schiavo no órgão elétrico.

Em 1961, ainda na Chantecler, gravou a valsa Ave Maria (Erotides de Campos) e o samba Despedida de Mangueira (Benedito Lacerda e Aldo Cabral). Nesse ano, gravou no selo Sertanejo a toada Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira). Também no mesmo ano, ingressou na Continental e em seu primeiro trabalho na nova gravadora acompanhou com seu conjunto as gravações dos rocks Rock do Saci (Baby Santiago e Tony Chaves) e Broto Legal, dois grandes sucesso do jovem ídolo Demétrius. Acompanhou ainda gravações de Valter Levita, Luiz Roberto e Leila Silva.

Em 1962, gravou com seu conjunto o samba Castiguei (Venâncio e Jorge Costa), o bolero Fica Comigo Esta Noite (Adelino Moreira e Nelson Gonçalves), a polca Festa na Roça (Mário Zan e Palmeira) e a Quadrilha do Tamanduá, de sua autoria.

No ano seguinte, gravou algumas músicas de filmes e seriados famosos na época como Sukiyaki, Bonanza e Dominique. Em 1964, voltou a tocar viola caipira no LP Quermesse Junina da Continental.

À época, influenciava, como instrumentista e professor de música, entre outros, Sérgio Dias do grupo Os Mutantes. Em 1970, gravou o LP Sertão em Festa, com solos de guitarra havaiana nas músicas Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira) e Vai Chorando, Coração (Amarilda e Brás Baccarin), além de tocar viola caipira em diversas composições. Gravou, no mesmo ano, outro LP homenageando os grandes instrumentistas de cordas do Brasil, Canhoto, Jacob do Bandolim e outros. Jacob do Bandolim, conhecido por seu senso hiper-crítico, fez elogios ao instrumentista na época do lançamento desse disco.

Estilo e Técnicas

Como faz parte da era pré-Hendrix e pré-Beatles, é importante notar algumas peculiaridades em sua pegada, como, não necessariamente um distanciamento do rock'n roll, mas uma ausência de elementos que o rock trouxe posteriormente para a guitarra que se tornaram o paradigma atual da guitarra elétrica.

Sua sonoridade clean, ou seja, sem os efeitos de distorção, - popularizados a partir do final da década de 60 até os dias de hoje - o assemelha timbristicamente com guitarristas do jazz, como Wes Montgomery, mas sem a sofisticação harmônica dos guitarristas deste estilo.

Isto se dá devido ao fato de Poly usar guitarras semi-acústicas, geralmente usando o captador do braço sozinho ou misturado com o da ponte.

Mas seu maior diferencial era o uso inusitado para a época da técnica de slide denominada Lap Steel. Sendo inviável o uso do captador do braço para tocar notas superagudas na guitarra que ultrapassam o limite da espelho da guitarra (C#5, D5 ou E5, sendo, respectivamente os trastes 21, 22 e 24), ele usava o captador da ponte nas guitarras havaianas para fazer um efeito parecido com o relinchar de cavalos, esfregando o slide perto do fim das cordas, na região onde o espelho da guitarra.

Tal uso da Lap Steel, foi mundialmente popularizado por David Gilmour do Pink Floyd muitos anos mais tarde, mas aparentemente sem influência direta do Poly.

Além do Lap Steel (guitarra deitada no colo com slide na mão esquerda), podemos Palm Mute, Double Stop.

A fábrica de instrumentos musicais Giannini fez sua guitarra signature, ou seja, instrumento tributo, em sua homenagem, denominada Giannini Apollo, sendo um modelo muito famoso e atualmente de grande valia para os colecionadores de instrumentos vintage.

Fonte: Wikipédia