Rosa Branca

CARMO DE SOUZA
(68 anos)
Jogador de Basquete

☼ Araraquara, SP (16/07/1940)
┼ São Paulo, SP (22/12/2008)

Carmo de Souza foi um jogador de basquete brasileiro, mais conhecido como Rosa Branca, era formado em Educação Física na cidade de São Carlos, na antiga Escola Superior de Educação Física de São Carlos, hoje curso vinculado a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ele era diretor da Federação Paulista de Basketball e estava aposentado pelo Serviço Social do Comércio (SESC), onde trabalhou entre 1975 e 2003, como técnico da programação esportiva.

Rosa Branca nasceu Carmo de Souza, em 16/07/1940, na cidade de Araraquara. Desde criança mostrou-se interessado e apaixonado por esportes em geral. Ainda na infância o pequeno Carmo destacou-se nas modalidades de salto em altura e distância, mas foi na adolescência que conheceu seu grande amor, o basquete.

O primeiro contato com a bola laranja aconteceu no Nosso Clube de Cestobol, em Araraquara.

Ainda na cidade natal Rosa Branca defendeu seu primeiro clube profissional, o Nosso Clube Araraquara. Ainda jogou no São Carlos, no Palmeiras e no Corinthians, onde conseguiu a façanha de sagrar-se campeão brasileiro por 8 anos consecutivos.


Rosa Branca defendeu a seleção brasileira por 12 anos. Foram 78 partidas e 539 pontos. Era tão versátil que atuou nas 5 posições, com mais destaque nos papéis de pivô e ala de força. Ele é uma dos cinco jogadores presentes nas duas conquistas de campeonato mundial, em 1959, no Chile, e 1963, no Brasil. Além disso ajudou o país a conseguir duas medalhas olímpicas de bronze, em 1960 em Roma, e 1964 em Tóquio, além do bronze no Pan de 1955 e a prata no Pan de 1963.

Sua carreira começou no Nosso Clube de Cestobol de Araraquara, mas só passou a alcançar exito jogando magnificamente pelo São Carlos Clube onde foi Campeão Paulista do Interior e Vice-campeão Paulista em 1956, onde jogou até 1958.

Em 29/10/1958, transferiu-se para o Palmeiras, onde continuou com grandes exibições e conquistas, posteriormente passou pelo Juventus, e encerrou a carreira jogando pelo Corinthians, em 1971.

Rosa Branca é respeitado em São Carlos até os dias de hoje, pelos feitos de sua carreira junto ao São Carlos Clube que o projetou, é considerado e reconhecido como Cidadão São-Carlense.

Rosa Branca ao lado do zagueiro Galhardo
Entrevista Com Rosa Branca

Por que o apelido Rosa Branca?
Essa história começou em 1954, na cidade de Araraquara. Cheguei ao treino do Nosso Clube com uma revista O Cruzeiro nas mãos. Esta revista tinha uma foto de um motorista do Getúlio Vargas que se chamava Rosa Branca. Os jogadores me acharam parecido com o motorista e começaram a me chamar de Rosa Branca. Na época, não gostei muito, mas hoje tenho orgulho do apelido.

Como foi a conquista do título no Mundial do Chile, em 1959?
Em 1959, levamos vantagem por causa da desistência da União Soviética, que não jogou contra a China. Mas a seleção estava muito bem e acho que ganharíamos o título mesmo assim. Ficamos três meses treinando isolados na Ilha das Enxadas. Lá, a equipe respirava basquete o dia inteiro. Só tínhamos folga nos fins-de-semana, quando íamos para o Rio de Janeiro, com o Kanela tomando conta dos jogadores. Kanela era um técnico excepcional, com uma grande paixão pelo basquete. Sem ele e sem esse grupo excelente de jogadores, a conquista do bicampeonato mundial seria impossível. 

Fale um pouco sobre a conquista do bicampeonato mundial.
No ano de 1963, tivemos uma campanha muito boa. Fomos campeões do Sul-Americano, em Lima, e levamos a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo. Durante o Mundial, no Rio de Janeiro, jogamos muito bem. Houve uma renovação no time. Kanela chamou alguns bons jogadores de equipes paulistas, como Ubiratan Maciel, Vitor Mirshawka e Luis Cláudio Menon. Da seleção brasileira campeã mundial de 1959, ficamos apenas eu, Amaury Pasos, Wlamir Marques, Waldemar Blatskaukas e Jathyr Schall. Chegamos invictos na final, onde enfrentamos a seleção dos Estados Unidos. Era a mesma equipe que nos derrotou na final dos Jogos Pan-Americanos naquele mesmo ano, mas, dessa vez, ganhamos por 85 a 81. Bati os lances-livres que fecharam a partida. O Maracanãzinho estava lotado com quase 20 mil pessoas. Foi uma grande festa. O jogo terminou às onze horas da noite e só consegui sair de quadra às três da manhã. É uma conquista que ficou marcada na história do basquete.

Quais são os jogadores brasileiros que se destacam na atualidade?
Se tivesse que montar a minha seleção hoje, ela teria os pivôs Nenê e Anderson Varejão, o ala Marcelinho e os armadores Leandrinho e Valtinho. Mas cada técnico tem a sua opinião e trabalha da sua maneira. Existem outros bons jogadores, como os alas Renato, do COC/Ribeirão Preto, e Guilherme, que está na Itália. Também temos outros pivôs excelentes, como André Bambu (Uniara), Alírio (Mogi), Luis Fernando e Michel (Minas) e Tiago Splitter, do time espanhol Bilbao Basket.

E as chances do Brasil no Pré-Olímpico?
Tenho muita confiança nesses meninos. Os adversários mais difíceis são Estados Unidos, Argentina e Porto Rico, que joga em casa, mas temos muita chance de conseguir uma das três vagas para as Olimpíadas de Antenas, em 2004. Se os jogadores estiverem conscientes da responsabilidade que é vestir a camisa da seleção brasileira e se entrarem em quadra com vontade de ganhar, podem derrotar qualquer equipe.

Você lembra de alguma história engraçada sobre a seleção brasileira?
Quando jogamos contra a Rússia, durante o Mundial de 1963, um juiz uruguaio, que não devia gostar de brasileiros, estava apitando muito mal, em favor dos russos. A partida estava muito disputada e tensa. Depois de uma falta técnica do Amaury, marcada injustamente, o Kanela se enfureceu e deu um tapa forte na cara do juiz. O jogo parou e o Kanela foi expulso. Foi complicado tirar ele de quadra, mas o jogo continuou e a expulsão acabou sendo um estímulo para que os jogadores da seleção brasileira conquistassem a vitória. Na época, Nelson Rodrigues até escreveu uma crônica sobre esse episódio chamada "O Tapa Cívico"

Morte

Carmo de Souza, o Rosa Branca, morreu na manhã de segunda-feira, 22/12/2008, aos 68 anos, no Hospital Metropolitano, em São Paulo. Ele estava internado, desde a última sexta-feira, por causa de uma pneumonia.

Rosa Branca, com mais um troféu conquistado pelo Corinthians, comemorando com o dirigente alvinegro Francisco Mendes, no desembarque da delegação.
Títulos
  • 1956 - Campeão Paulista do Interior - São Carlos Clube
  • 1956 - Vice-campeão Paulista - São Carlos Clube
  • 1959 - Campeão Mundial - Seleção Brasileira
  • 1960 - Medalha de Bronze Olímpica - Jogos Olímpicos de Roma
  • 1961 - Campeão Paulista - Palmeiras
  • 1963 - Bicampeão Mundial - Seleção Brasileira
  • 1963 - Campeão Paulista - Palmeiras
  • 1964 - Medalha de Bronze Olímpica - Jogos Olímpicos de Tóquio