Francisco Mário

FRANCISCO MÁRIO DE SOUZA
(39 anos)
Cantor, Compositor e Violonista

* Belo Horizonte, MG (22/08/1948)
+ Rio de Janeiro, RJ (14/03/1988)

Chico Mário, como era carinhosamente chamado, estudou violão, cursou economia, com pós-graduação em engenharia de sistemas no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (COPPE). Foi também jornalista no "Estado de São Paulo" e crítico musical na revista Realidade.

Desde cinco anos de idade, Francisco Mário mostrava interesse musical tocando bongô, atabaque e violão, contando com o incentivo de seu irmão Betinho, que reunia com sua turma e ouvia Bach, Tchaikovsky e Chopin.

Foi tio Geraldo, de Bocaiúva, norte de Minas Gerais, que ensinou Francisco Mário a tocar viola. Um dia apareceu o Bernard, violonista fantástico, que morreu no dia em que iria dar a primeira aula a Francisco Mário, deixando um desafio no ar para o jovem violonista.

O compositor e violonista Francisco Mário nasceu no dia 22 de agosto de 1948 em Belo Horizonte, MG. Filho de Henrique José de Souza e Maria da Conceição, a Dona Maria, que ficou conhecida através das cartas do Henfil no "Pasquim" e na "Isto É". Tinha sete irmãos: BetinhoHenfil, Glorinha, Filó, Wanda, Tanda e Ziláh.

Assim como seus irmãos Betinho e Henfil, também Francisco Mário herdou da mãe a hemofilia. A doença contribuiu também para a sua formação musical pois o obrigava a ficar deitado horas e horas, quando aproveitava esta ocasião para tocar violão.

Francisco Mário graduou-se com uma licenciatura em Economia e fez pós-graduação em Análise de Sistemas.

Trabalho Musical

Francisco Mário começou a estudar violão aos cinco anos de idade. Em 1965, o instrumento já era um elemento central em sua vida, intimamente ligada a sua ativa vida religiosa. Foi estudar violão com Henrique Pinto. Estudou arranjo e harmonia com Roberto Gnattali, que arranjou as músicas do seu primeiro show, "Ouro Preto".

Em 1978 mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1979, depois de ter sido elogiado por Carlos Drummond de AndradeFrancisco Mário gravou seu primeiro disco, "Terra", lançado no México com a participação de vários artistas brasileiros, entre eles Joyce, Quarteto em Cy, Antonio Adolfo, Airton Barbosa, Chiquinho do Acordeon.

Criou o "Método Musical Por Cores Para as Crianças", em que as artes dramáticas e música folclórica brasileira desempenham um papel significativo. O método foi adotado em várias escolas de São Paulo. Sua metodologia didática incluía histórias infantis escritas para a revista "Recreio" bem como a adaptação para seu próprio método musical, de técnicas de dinâmica de grupo.

Francisco Mário envolveu-se na primeira fase da produção fonográfica independente no Brasil e foi eleito vice-presidente da Associação de Produtores Independentes Record (APID). No mesmo ano, participou da 12ª edição do Festival de Inverno de Ouro Preto. Seu álbum "Revolta dos Palhaços" foi gravado de forma independente em 1980, com a ajuda de 200 pessoas que compraram o álbum antes da produção. O álbum teve parcerias com Aldir BlancPaulo Emílio, Fernando Rios, Gianfrancesco Guarnieri, Ivan Lins, MPB-4, Lucinha Lins, Boca Livre, Mauro Senise, Luiz Cláudio Ramos, Danilo Caymmi, Djalma Correa, convidados especiais entre outros.

Em 1981, Francisco Mário, representou o Brasil no 5º Festival da Oposição (Festival de Oposición), no México. No mesmo ano, gravou "Versos e Viola", com Francisco Julião que havia recentemente retornado do exílio. O álbum foi vetado pela censura da Ditadura Militar no Brasil e nunca chegou a ser lançado. Seguiu-se O instrumental "Conversa de Cordas, Palhetas e Metais", com a participação de Raphael Rabello, Nivaldo Ornelas, Zeca Assumpção, Antonio Adolfo e Afonso Machado. O álbum foi eleito o melhor álbum de música instrumental brasileira de 1983, sendo premiado com o Troféu Chiquinha Gonzaga. O livro de poemas "Painel Brasileiro" foi lançado ao mesmo tempo que o álbum.

Em 1984, foi o primeiro colocado no Festival de Ouro Preto com "São Paulo". Dois anos depois, a mesma canção ganhou o prêmio de melhor arranjo no Festival dos Festivais em Minas Gerais.

Em 1985, lançou o álbum instrumental "Pijama de Seda". Com sua esposa Nívia, produziu independentemente o álbum "Retratos" (1986), um solo de piano de Radamés Gnattali que é um projeto de antigos diálogos folclóricos com a modernidade urbana no Brasil.

Anos Finais

Em 1987, Francisco Mário ficou sabendo que, assim como seus irmãos Betinho e Henfil, havia contraído o vírus da AIDS em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia. Mudou-se então para a fazenda da família em Itatiaia onde escreveu seus três últimos trabalhos: "Dança do Mar", "Suíte Brasil" e "Tempo", que foi gravado em outubro com o Quarteto de Cordas Bosísio.

"São Paulo", do álbum inédito "Tempo", conquistou o primeiro lugar no Festival de Inverno de Ouro Preto e foi premiado como o melhor arranjo no Festival dos Festivais (Minas Gerais).

O último show de Francisco Mário foi encenado em novembro de 1987, no Projeto Suite Brasil, no Parque da Catacumba, Rio de Janeiro.

Em dezembro de 1987, mais de 30 artistas realizaram, gratuitamente, um concerto no Teatro João Caetano, que levantou fundos para tratamento médico de Francisco Mário. Entre eles, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gonzaguinha, Dona Ivone Lara, Paulinho da Viola, Emílio Santiago, Joyce, Cláudio Nucci, Fagner, Élton Medeiros e Aldir Blanc.

Em fevereiro de 1988, músicos de Minas Gerais fizeram o mesmo no Teatro Cabaré Mineiro: entre eles estavam Beto Guedes, Paulinho Pedra Azul, Gilvan de Oliveira, Tadeu Franco, Rubinho do Vale e outros.

Morte

Francisco Mário morreu 2 meses e 10 dias (70 dias) após a morte do irmão Henfil. Morreu vítima de Septicemia no Hospital Universitário do Fundão, aos 39 anos. Assim como Henfil, hemofílico, Francisco Mário também contraiu o vírus da AIDS após uma transfusão de sangue e lutou contra a doença alterando períodos de tratamento em casa e no hospital.

Jornal do Brasil
Discos Póstumos

Quando Francisco Mário faleceu, em 14 de março de 1988, ele possuía material inédito suficiente para três álbuns. As músicas foram lançadas por sua viúva e produtora Nívia Souza e seus filhos, no álbum "Dança do Mar", em um concerto na Sala Cecília Meireles, na qual Raphael Rabello, Antonio Adolfo, Mauro Senise, Rique Pantoja, David Chew e Galo Preto participaram.

"Suíte Brasil" foi lançado em 1992 no Centro Cultural Banco do Brasil. Em 1995, três álbuns de Francisco Mário foram lançados em CD pela Caju Music: "Conversa de Cordas, Couros, Palhetas e Metais", "Pijama de Seda" e "Retratos". Os álbuns foram também lançados nos Estados Unidos pela Fantasy.

Em 1997, "Terra" e "Dança do Mar" foram lançados em CD, juntamente com uma exposição no Museu de Imagem e do Som do Rio de Janeiro e no Centro de Referência Audiovisual (CRAV), em Belo Horizonte.

Em 1998, o "Projeto Francisco Mário - 50 Anos", trouxe uma outra exposição, juntamente com apresentações em vídeo, teatro, show, e leitura de poema.

Regina Spósito lançou o CD "Marionetes", em 1999. O CD foi produzido por Marcos Souza e dedicado às obras de Francisco Mário. No mesmo ano, o álbum "Suíte Brasil" foi reeditado pela Funarte / Itaú Cultural / Atração.

Francisco Mário escreveu três livros: "Ressurreição", "Como Fazer Um Disco Independente (Base do Produtor Independente)" e o livro de poesias "Painel Brasileiro".


Filme

Em 2006 foi lançado o filme "Três Irmãos de Sangue", sobre a vida dos irmãos BetinhoHenfil e Francisco Mário, e sua participação na história política, social e cultural do Brasil na segunda metade do século XX. Idealizado pelo músico Marcos Souza, filho de Francisco Mário, o filme teve direção e roteiro de Ângela Patrícia Reiniger.

Fonte: Wikipédia