Luely Figueiró

LUELY DA SILVA FIGUEIRÓ
(75 anos)
Cantora, Atriz e Escritora

* Porto Alegre, RS (26/09/1935)
+ São Paulo, SP (07/12/2010)

Iniciou a carreira no princípio da década de 50, integrou o elenco da Rádio Gaúcha e foi considerada como uma das melhores intérpretes do sul do país.

Tornou-se uma das pioneiras na gravação de compositores que conheceriam a consagração na década de 60 como Tom Jobim, Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli, Newton Mendonça e Sérgio Ricardo.

Foi contratada pela gravadora Continental lançando o primeiro disco em 1957 com acompanhamento de Rafael Puglielli e Sua Orquestra registrando o tango "Yasmin de Santa Mônica" (Haletz, Warner e Humberto), e o bolero "Quero-te Assim" (Miguel Prado e Sancristobal), ambos com versões de Carlos Américo. No mesmo ano, e também com acompanhamento da Orquestra de Rafael Puglielli gravou o samba-canção "Nasce Uma Pobre Menina" (Alberto Ribeiro e Alcir Pires Vermelho), a valsa-campeira "Quero... Quero..." (Luiz Carlos Barbosa Lessa) e "Marcelino Pão e Vinho" (Pablo Sorozabal) com versão de Ribeiro Filho. Esta última, da trilha sonora de conhecido filme da época. Atuou no filme "Casei-me Com Um Xavante", com direção de Alfredo Palácios.

Em 1958, gravou a toada "Gauchinha Bem Querer", a valsa "Olha-me, Diga-me!" (Tito Madi), o calipso "Melodie D'Amour" (Salvador e Lanjean) com versão de Milton Cristofani, e o fox-trot "Till" (Sigman e Denvers), com versão de Osvaldo Santiago.

Em 1959, gravou os xotes "Xotis do Netinho" (Vitor Dagô e Poly) e "Estou Ficando Louca" (Luely Figueiró e Guaraci Ribeiro). Gravou com a Orquestra de Rafael Puglielli os sambas-canção "Não Quero, Não Posso, Não Devo" (Dirce Moraes) e "Eu Não Sei" (Lúcio Alves). Gravou também os sambas-canção "O Relógio da Saudade" (Sérgio Ricardo) e "O Que é Amar" (Johnny Alf), além dos sambas "A Felicidade" e "O Nosso Amor" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).

Em 1960, gravou os sambas-canção "Meditação" (Tom Jobim e Newton Mendonça), "Fim de Noite" (Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli), "Poema Azul" (Sérgio Ricardo), e "Se é Tarde, Me Perdoa" (Ronaldo Bôscoli e Carlos Lyra).

Em 1961, gravou pela RCA Victor com acompanhamento de orquestra, a toada "Amor Ruim" (Sérgio Ricardo) e o samba-canção "Chuva Que Passa" (Durval FerreiraMaurício e Bebeto).

Foi casada com o cantor Sérgio Ricardo com quem apresentou o programa musical "Balada", em um horário nobre na TV Continental.

Luely Figueiró não cantava mais profissionalmente, apenas em encontros comunitários, tendo aparecido pela última vez no show musical do lançamento do livro "A Era do Rádio" do pesquisador Waldyr Comegno, realizado em agosto de 2008 na Avenida São João, onde cantou ao lado de Denise Duran e Roberto Luna.

Luely Figueiró abandonou a carreira artística no final da década de 70, dedicando-se apenas à literatura espírita. Chegou, inclusive, a lançar alguns livros do gênero e se transformou em astróloga.

Faleceu no dia 07/12/2010 e foi sepultada no dia 08/12/2010, no Cemitério dos Jesuítas, no Parque Pirajuçara, em Embú das Artes, na Quadra I, túmulos 35-36-37.

David Nasser

DAVID NASSER
(63 anos)
Jornalista e Compositor

* Jaú, SP (01/01/1917)
+ Rio de Janeiro, RJ (10/12/1980)

Era filho de imigrantes libaneses. Logo criança mudou-se para Caxambu em Minas Gerais, onde fazia carretos com charrete. Lá conheceu, sem saber, Francisco Alves. Um dia mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou como mascate e depois vendedor de loja.

Na cidade maravilhosa, sofreu bastante e acabou se reencontrando com Francisco Alves. Daí em diante sua carreira foi decolando, pois Francisco Alves, se interessou pelos seus versos e acabou os musicando.

Carreira

Como teve Meningite quando criança, dedicou-se a ler e escrever estórias. Começou a trabalhar aos 14 anos, em 1934, como contínuo das empresas Diários Associados de Assis Chateaubriand. O conglomerado jornalístico reunia no mesmo prédio a redação dos jornais Diário da Noite e O Jornal, e a revista O Cruzeiro.

Aos poucos, tornou-se jornalista das empresas dos Diários Associados. Iniciou-se profissionalmente depois do golpe do Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937.

Nos Diários Associados, criou "Giselle - A Espiã Nua Que Abalou Paris", espiã fictícia Giselle Monfort tratada como real pelo jornal Diário do Norte. Esta personagem teve uma série bastante popular de livros de bolso.

Foi contratado, em 1936, pelo jornal O Globo dirigido por Roberto Marinho. Saiu em 1943 insatisfeito por não poder realizar ou assinar reportagens importantes.

Em 1940, ele estourou com um sucesso incrível da música "Nêga do Cabelo Duro", e se tornou compositor de vários sambas e samba-canção.

Foi trabalhar, em 1943, na revista O Cruzeiro que se tornava, então, a revista brasileira mais popular dos anos 1940 e 1950. As reportagens que fez em parceria com o fotógrafo Jean Manzon de 1943 a 1951 foram fundamentais para o sucesso de vendas da revista cuja tiragem atingiu níveis inesperados para a época. David Nasser e Jean Manzon tornaram-se então a mais famosa dupla de repórter-fotógrafo do Brasil.

Ganhou notoriedade por realizar vários trabalhos conhecidos como Grande Reportagem, forma de reportagem que misturava de pesquisa de campo, opinião do jornalista, pedaços de entrevistas e muitas fotografias de alta qualidade técnica. Ocorria assim uma valorização do repórter que conhecia as pessoas e os locas de onde vinha a notícia como a principal figura da redação, em detrimento dos editorialistas e articulistas. A Grande Reportagem tornou-se bastante popular no Brasil dos anos 40 quando foi usada pelos jornais para driblar a censura da ditadura de Getúlio Vargas.

David Nasser apoiou a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) e teve amigos influentes nos seus diversos governos.

Deixou a revista O Cruzeiro em 1975, quando esta já estava em decadência. Dizia que sofria pressões para seguir pautas dadas pela direção da revista. Seu pedido de demissão foi noticia de repercussão nacional. Escreveu uma carta aberta intitulada "Por Que Deixei o Velho Barco" na qual atacava João Calmon, o diretor dos Diários Associados.

Em fevereiro de 1976 foi trabalhar na revista Manchete, que tinha o mesmo estilo da O Cruzeiro, seguindo um convite de Arnaldo Niskier. Lá continuou a escrever artigos atacando João Calmon, seu antigo chefe. Recorria aos amigos influentes no governo da Ditadura Militar pedindo para acelerar os processos judiciários civis que abriu contra seus antigos empregadores.

Em Pentagna, distrito do município de Valença, RJ, o jornalista David Nasser possuía uma residência, que ainda existe, junto a colônia de férias dos servidores do estado do Rio de Janeiro, bem como uma outra junto a cachoeira, que ainda hoje pertence a seus familiares.

Morou no bairro da Aldeia Campista no Rio de Janeiro e fez parceria com inúmeros compositores de música popular da região.

Reportagens

As versões de David Nasser sobre pequenos e grandes fatos nem sempre refletiam a realidade. Aumentavam e criavam fatos apenas para aumentar a venda de O Cruzeiro. (Leia Mais)

O deputado federal Barreto Pinto foi entrevistado e deixou-se fotografar em seu gabinete e numa banheira, vestido de fraque e cartola, mas sem as calças, de cuecas samba-canção. O caso resultou na cassação do deputado.

Em 1944 viajou para Pedro Leopoldo com o intuito de entrevistar Chico Xavier. À época, a família de Humberto de Campos movia uma ação contra Chico Xavier pelo fato deste publicar obras psicografadas como sendo de autoria do falecido escritor. Como não conseguia ser atendido por Chico Xavier, fingiu ser estrangeiro, o que também serviria para testar se de fato o médium se comunicava com espíritos.

A história acima é de veracidade discutível, é um exemplo de que a opinião de David Nasser é importante até nos dias atuais. A verdade é que conseguiu fazer uma reportagem não muito simpática com o extremamente retraído médium Chico Xavier, a qual foi publicada em O Cruzeiro. (Leia Mais)

Em 1963, David Nasser foi agredido pelo então deputado federal Leonel Brizola no aeroporto do Galeão. O que motivou a agressão foi um artigo escrito por David Nasser na revista O Cruzeiro com pesadas ofensas ao ex-governador gaúcho e fluminense.

David Nasser e o fotógrafo Jean Manzon forjaram uma reportagem sobre a morte do próprio Jean Manzon. Foi apenas um brincadeira de mau gosto que ajudou bastante as vendas de O Cruzeiro.

Em 1945, a dupla David NasserJean Manzon publicou em O Cruzeiro uma matéria ilustrada na qual pretendiam ensinar aos brasileiros distinguir um japonês de um chinês. David Nasser escreveu, entre outras coisas, que o japonês podia ser distinguido pelo "aspecto repulsivo, míope, insignificante".

David Nasser morreu aos 63 anos, doente de diabetes e câncer no pâncreas.

Fonte: Wikipédia

Kid Pepe

JOSÉ GELSOMINO
(51 anos)
Cantor e Compositor

* Itália (19/09/1909)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/09/1961)

José Gelsomino chegou ao Brasil em 1914 e fixou-se no Rio de Janeiro, onde exerceu modestas profissões como vendedor de loteria, engraxate ou garçom.

Tornou-se boxeador o que lhe valeu o apelido de Kid Pepe. Passou quatro anos nos ringues e depois de algumas costelas quebradas resolveu aposentar-se, trocando as luvas pelo samba. A fama de boxeador o fez usar os punhos para arrancar parcerias dos mais fracos.

Apesar de mal saber o português, ser desafinado e possuir péssimo ouvido, não deixou de surpreender no campo da composição. Fez mais de cem canções com diversos parceiros, tais como David Nasser, Peterpan, Zeca Ivo, Germano Augusto, Noel Rosa, Zé Pretinho, Dante Santoro, Jorge Faraj, Castro Barbosa, Roberto Martins, Antônio Almeida, entre tantos outros.

Homem forte, tipo atlético, cigarro e palito no canto da boca, era frequentador do Café Nice e do Café Trianon, redutos dos artistas de sua época.

Era muito amigo de Germano Augusto, motorista de Francisco Alves, seu parceiro em diversos sambas. Os dois, cheios de manha, não deixavam nada a desejar aos mais astutos malandros cariocas. Kid Pepe, não fez segredo, foi capaz de tudo, grandes e pequenas torpezas e orgulhava-se disso.

Começou na rádio em 1931, cantava e tinha até um programa seu.

Em 1934, foi gravada a sua primeira música, "Eu Era Feliz", em parceria com Germano Augusto, interpretada por Patrício Teixeira e, no mesmo ano, alcançou seu primeiro sucesso, "O Orvalho Vem Caindo", em parceria com Noel Rosa.

A partir do sucesso de "O Orvalho Vem Caindo" começou a perturbar Noel Rosa, pois só pensava em como seria vantajoso ser seu parceiro exclusivo, porém Noel Rosa jamais aceitou e disse isso categoricamente. Kid Pepe com toda a sua malandragem passou a ameaçá-lo, chegando até a persegui-lo, procurando-o por todos os lugares e sempre voltando ao assunto da parceria exclusiva. Noel Rosa chegou a ficar assustado. Zé Pretinho, outro compositor da época, chegou a abordar Kid Pepe para deixar Noel Rosa em paz, chegando a lhe mostrar uma arma. Noel Rosa, muito grato a isso, acabou presenteando-o com algumas composições.

Ameaçava vários outros compositores entre eles Almirante, que negou parceria. Nas proximidades do carnaval de 1935, irritado por não ter gravado mais nenhuma canção, Kid Pepe, completamente bêbado na Galeria Cruzeiro, em plena Avenida Rio Branco, imprevisivelmente, tentou ferir Almirante na barriga com um canivete. Felizmente não o atingiu, graças a um dos grandes botões de osso de seu paletó.

Com relação ao samba "O Orvalho Vem Caindo" há razões de sobra para muitos estranharem o fato de Kid Pepe ser parceiro de Noel Rosa. Eis que uma feliz coincidência, levou um jornalista de O Globo entrevistar Kid Pepe e ouvir do próprio que "nada entende de música".

Logo em seguida deparam-se os três, Kid PepeNoel Rosa e o repórter, no Café Trianon, quando o próprio Noel Rosa pôs-se a elogiar o novo parceiro, tudo isso porém com trocas de olhares misteriosos e sorrisos enigmáticos. Ambos fizeram questão de serem vagos a respeito do modo que compuseram o grande sucesso. Fica aí a dúvida.

Tudo nos leva a crer que esta história é como muitas outras, que a criação da música é de um compositor e que Kid Pepe entrou na parceria apenas com seus músculos.

Dizem que Kid Pepe era um perigo ambulante e sonoro. Mostrava suas músicas, impunha-as ao intérprete e o coitado que as recusava, algumas vezes era levado ao estúdio com uma navalha nas costas.

Em meados de 1940 suas canções de sucesso começaram a rarear.

Kid Pepe faleceu em 1961 como indigente no Hospital Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.