Bento Mossurunga

BENTO JOÃO DE ALBUQUERQUE MOSSURUNGA
(91 anos)
Maestro, Pianista, Violinista e Compositor

☼ Castro, PR (06/05/1879)
┼ Curitiba, PR (23/10/1970)

Bento João de Albuquerque Mossurunga, conhecido como Bento Mossurunga, foi maestro, pianista, violinista e compositor, nacido em Castro, PR, no dia 06/05/1879.

Bento era filho do tabelião João Bernardes de Albuquerque e de Graciliana Reis de Albuquerque. Foi registrado com um acréscimo em seu sobrenome de um simples apelido: 'Mossurunga'.

Em casa, o ambiente era muito musical, pois seu pai e seu irmão tocavam viola e violão, enquanto suas irmãs tocavam órgão. Ainda pequeno aprendeu a tocar violinha sertaneja, tendo crescido entre violeiros populares e ouvindo música produzida por ex-escravos libertos que moravam numa colônia próxima à sua casa.

Em 1895 foi para Curitiba estudar piano e violino no Conservatório de Belas Artes. Além de estudar, trabalhava numa loja de chapéus e frequentava o Grêmio Musical Carlos Gomes, tendo convivido com os compositores e músicos da época. Após um período de volta à terra natal (1897-1902), retornou a Curitiba e retomou seus estudos musicais, enquanto lecionava piano e apresentava-se num café-concerto.

Em 1905, a revista carioca O Malho publicou sua valsa "Bela Morena", o que o incentivou a mudar-se para o Rio de Janeiro, onde começou a atuar como violinista no teatro de variedades Guarda Velha. Prosseguiu seus estudos no Instituto Nacional de Música, passando a integrar em 1907 a orquestra do Centro Musical, regida por Antônio Francisco Braga, como primeiro violino.

Sua carreira como maestro se iniciou em 1916 na companhia do Teatro São José, onde foi auxiliar do maestro José Nunes até a morte deste, quando então assumiu o cargo de diretor do teatro. No período de 1918 a 1922, Bento Mossurunga dirigiu ensaios, fez instrumentações e musicou operetas, revistas e burletas, de autores como Cardoso de Meneses, Viriato Correia e Gastão Tojeiro. Depois dessa fase, foi regente em diversos teatros cariocas, como o Lírico, o Apolo, o Carlos Gomes e o Recreio Dramático.

Ainda morando no Rio de Janeiro, casou-se com Belosina Lima em 21/09/1924.

Em 1930 voltou a Curitiba para dirigir um curso de música e trabalhar na Sociedade Musical Renascença. Fundou a Sociedade Orquestral Paranaense e passou a produzir para o teatro musicado e a compor hinos, canções e obras para orquestra.

Em 1946 organizou, com um grupo de estudantes e músicos, a Orquestra Estudantil de Concertos, que em 1958 se transformaria na Orquestra Sinfônica da Universidade do Paraná.

Em 1947, seu Hino do Paraná, composto em 1903, tornou-se o hino oficial do Estado. Foi professor de canto orfeônico no Colégio Estadual do Paraná e de instrumentação na Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

Sua obra popular, que inclui numerosos sambas, tangos, choros, marchas carnavalescas, valsas e mazurcas perdeu-se em grande parte. Musicou, entre outras, as seguintes peças:
  • 1920 - Gato, Baeta, Carapicu, Revista de Cardoso de Meneses
  • 1921 - Reco-reco, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1922 - Olelê Olalá, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1921 - Segura o Boi, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1922 - Meu Bem, Não Chora!, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1927 - Florzinha, opereta de Ivete Ribeiro 
  • 1927 - Boas Falas, revista de Bastos Tigre


Bento Mossurunga faleceu em Curitiba, PR, no dia 23/10/1970, aos 91 anos.

Obras do Autor

Música Orquestral
  • Bucólica Paranaense (s.d.)
  • Dezenove de Dezembro (Hino Militar, 1904)
  • Guaicará (s.d.)
  • Hino do Paraná (1903)
  • Ingrata (Mazurca, 1904)
  • Marcha da Cidade de Curitiba (s.d.)
  • Ondas do Iapó (s.d.)
  • Pintassilgo dos Pinheirais (s.d.)
  • Rincão (s.d.)
  • Sapecada (s.d.)
  • Hino do Município de Telêmaco Borba (s.d.)
  • Hino do Colégio Estadual do Paraná

Música Instrumental
  • Doce Reminiscência (Para Piano) (s.d.)
  • Fantasia Romântica (Para Violino e Piano) (s.d.)
  • Serenata (Para Piano) (s.d.)
  • Serenata Rústica (Para Celo e Piano) (s.d.)

Música Vocal
  • Bandeira do Brasil (Para Quatro Vozes) (s.d.)
  • Berceuse (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Canções Paranaenses (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Luar no Mato (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Nosso Brasil (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Ondas do Iapó (Para Soprano e Orquestra)
  • Só (Para Canto e Piano) (s.d.)

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #BentoMossurunga

Marcelo Yuka

MARCELO FONTES DO NASCIMENTO VIANA DE SANTA ANA
(53 anos)
Baterista, Compositor, Ativista Político e Palestrante

☼ Rio de Janeiro, RJ (31/12/1965)
┼ Rio de Janeiro, RJ (18/01/2019)

Marcelo Yuka, nome artístico de Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana, foi um baterista, compositor, ativista, político e palestrante, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 31/12/1965.

Marcelo Yuka passou a infância no humilde bairro de Campo Grande e a adolescência em Angra dos Reis, onde aprendeu a surfar. Foi no início da idade adulta que se envolveu para valer com a música, ao mesmo tempo em que cursava jornalismo na faculdade. A paixão pelas palavras seria uma herança da mãe, que era professora e, segundo o baterista, bastante severa.

Tocando com amigos na Baixada Fluminense, onde o cenário do reggae crescia, o músico integrou a banda carioca KMD-5, pioneira do ritmo no Brasil entre os anos 1980 e 1990. É também nessa época que nasceu o nome artístico Marcelo Yuka. Com 1,90m de altura, Marcelo ganhou o apelido de “Uruca” durante os ensaios que aconteciam em um barraquinho pequeno, que desafiava sua entrada e a da bateria. Um garoto da região, que não conseguia pronunciar o apelido do baterista, o chamava de "Iruca", o que acabou se tornando Yuka.

No início da década de 1990, o nome de Marcelo já começava a circular entre o cenário musical brasileiro, juntamente com de outros colegas como a banda Skank e o rapper Marcelo D2, em um momento que o rock brasileiro bebia de influências do hip hop e do reggae.


Em 1993, Marcelo Yuka fundou O Rappa ao lado de Marcelo Lobato e Alexandre Menezes, o Xandão, com Nelson Meirelles, produtor do Cidade Negra. Inicialmente, o grupo foi criado meio às pressas para acompanhar o cantor caribenho Papa Winnie pelo Brasil. A química foi boa e, em seguida, eles anunciaram no jornal O Globo a vaga de vocalista, que foi preenchida por Marcelo Falcão.

Marcelo Yuka foi o autor de boa parte dos sucessos da banda, que tomou as rádios com faixas como "Pescador De Ilusões", "Me Deixa, Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)", "O Que Sobrou Do Céu", "Todo O Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro", entre outras. As letras, assim como os videoclipes, eram marcados por fortes críticas sociais e políticas.

Com o grupo lançou quatro CDs pela gravadora Warner Music, "O Rappa" (1994), "Rappa Mundi" (1996), "Lado B, Lado A" (1999) e "Instinto Coletivo Ao Vivo" (2001).

Sua vida mudou em 09/11/2000 onde ele tentou impedir a ação de um grupo de criminosos contra uma mulher. Ele foi baleado nove vezes. Uma das balas atingiu a segunda vértebra torácica, deixando-o paraplégico.

Em 2001, após desavenças com os demais integrantes da banda, Marcelo Yuka deixou O Rappa.


"Eu tinha 34 anos, virei uma curva e me vi assim. Tudo aconteceu muito rápido e a mente não consegue acompanhar", lembrou em entrevista à jornalista Marília Gabriela, no SBT, exibida em 2014.
"Na hora que tomei os tiros eu percebi que ficaria assim. Não perdi a consciência. Senti que o corpo não tinha mais o equilíbrio do tronco. Fiquei por algum tempo com o corpo muito debilitado. Depois veio o entendimento de como seria minha vida. O trabalho ajudou muito. E acho que hoje só agradeço. Eu queria aprender a ser alguém melhor pelo amor, e não pela dor. Pela dor todo mundo aprende!"
A saída da banda o levou a intensificar seu lado ativista. Fundou a Brigada Organizada de Cultura Ativista (BOCA), que teve como objetivo levar cultura e educação para entidades carcerárias, como bibliotecas, sessões de cinema, debates.
"Foi interessante me conectar com aquelas pessoas, pois quando eu entrava na cela, era um esforço grande. As portas são pequenas, o lugar lotado, eu sentia dores. E eles percebiam isso. E pensavam: Pô esse cara vem aqui ajudar pessoas que parecem com os que fizeram isso com ele!"
Em diversas entrevistas, o músico garantiu que não guardava rancor dos criminosos que atiraram contra ele.
"Eu queria que a justiça tivesse sido feita. Mas desde o começo decidi que não queria carregar mais essa dor, de ficar procurando quem foi. A situação já era muito limite, não queria um coração amargo. Fui cuidar da minha vida!"

A veia artística e o ativismo político se uniram com a criação do grupo F.UR.T.O., idealizado por ele como um projeto social, que deu origem também a uma Organização Não Governamental (ONG) de mesmo nome. Ali, entre projetos contra a violência, Marcelo Yuka lutou em prol das pesquisas com células troncos para tratamentos de pessoas deficientes.

Filiado do Partido Socialista e Liberdade (PSOL), Marcelo Yuka disputou as eleições municipais de 2012 como vice-prefeito na chapa de Marcelo Freixo. Ao ser questionado se ainda tinha ambições políticas, em entrevista ao "Programa do Bial", em 2018, Marcelo Yuka respondeu: "Deus me livre. Nunca mais. Essa ideia foi do Freixo!". No mesmo programa, o músico afirmou que há 17 anos lidava com dores crônicas.
"Eu tenho dor 24 horas por dia, mas eu não posso pensar nisso senão ela aumenta!"
Marcelo Yuka participou ativamente de projetos sociais, atuando em parceria com o AfroReggae, com a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional do Rio de Janeiro (FASE) e junto à comunidade do Morro Santa Marta.

Após ficar paraplégico, por causa do tiro levado de um assaltante, e as divergências que se criaram entre ele e o resto dos integrantes, acabou saindo da banda. Fundou a banda F.U.R.T.O. (Frente Urbana de Trabalhos Organizados), ao lado de Maurício Pacheco (voz, guitarra e teclado), Alexandre Garnizé (bateria e percussão) e Jamilson da Silva (percussão), ficando responsável pelas vozes, baixo e programação de bateria.


Com a banda, lançou em 2005 o CD "Sangueaudiência", que contou com a participação de Marisa Monte, na faixa "Desterro", BNegão, em "Gente De Lá", e o franco-hispânico Manu Chao, na faixa "Todos Debaixo Do Mesmo Sombrero". Dentre as faixas do disco, incluem-se ainda "Caio Pra Dentro De Mim", "Não Se Preocupe Comigo", "Sobra Líquida", "Verbos À Flor Da Pele", "Ego City", "Sangueaudiência", "Terrorismo Cultural" e "Amém, Calibre 12", todas de sua autoria.

Marcelo Yuka foi responsável pela trilha sonora do videoclipe "Humanize", feito para uma campanha educativa do canal Futura.

Ao lado de Sérgio Espírito Santo fundou o Projeto Mestiço, um trabalho "eletro-indígena-hardcore". Acompanhado dos músicos Amora Pêra (guitarra e voz), Patrick Laplan (baixo), Jomar Schrank (teclado e guitarra) e Daniel Conceição (bateria), apresentou-se em casas de shows e festivais pelo Brasil.

Em 2011 o documentário sobre sua vida "Marcelo Yuka no Caminho das Setas", de Daniela Broitman, foi exibido na mostra "Retratos", do Festival do Rio.

Em 2012 foi escolhido pelo deputado estadual Marcelo Freixo, pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nesse mesmo ano, para ser seu vice nessas eleições pelo Partido Socialista e Liberdade (PSOL), partido no qual se afiliou em 2010.


Em 2013 o documentário sobre sua vida "Marcelo Yuka no Caminho das Setas" (2011), de Daniela Broitman, ganhou edição em DVD para a Coleção Canal Brasil e contou com o making of do trailer nos extras.

Em 2014 lançou a autobiografia "Não Se Preocupe Comigo", escrita em parceria com Bruno Levinson e lançada pela Editora Primeira Pessoa.

Em janeiro de 2017, quando se encontrava já internado, foi lançado o CD "Canções Pra Depois do Ódio", com 16 músicas inéditas autorais, e participações de Bárbara Mendes, Bukassa Kabenguele, Cibelle, Black Alien e Seu Jorge.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em julho de 2018, ele falou sobre como suas constantes internações dificultaram a divulgação do disco:
"No primeiro ano (2016) eu fiquei indo e voltando para o hospital e no outro (2017), um ano e dois meses direto (internado), sendo que oito meses eu fiquei sem sair da cama. Fiz um tratamento na câmera hiperbárica que me deixou temporariamente surdo. Virei doente renal, tive uma série de doenças ocasionadas pela internação!"
No álbum, Marcelo Yuka usou sua grande habilidade como letrista para criar metáforas e falar da vida após o atentado, da clausura do corpo e da luta contra a depressão.

Morte

Marcelo Yuka estava internado em estado grave com um quadro de infecção generalizada. Ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no dia 02/01/2019 e na madrugada do dia 04/01/2019 entrou em coma induzido. Marcelo Yuka faleceu na sexta-feira, 18/01/2019, aos 53 anos, no Hospital Quinta D'or, onde estava internado, vítima de infecção generalizada.

 O músico . No meio do ano passado, ele já havia tido outro AVC.

Discografia

O Rappa
  • 1994 - O Rappa
  • 1996 - Rappa Mundi
  • 1999 - Lado B Lado A
  • 2001 - Instinto Coletivo

F.U.R.T.O.
  • 2005 - Sangueaudiência

Solo
  • 2017 - Canções Para Depois do Ódio

Fonte: Wikipédia, Dicionário Cravo Albin da MPB e Veja
#FamososQuePartiram #MarceloYuka