Cornélio Pires

CORNÉLIO PIRES
(73 anos)
Jornalista, Escritor, Folclorista e Empresário

☼ Tietê, SP (13/07/1884)
┼ São Paulo, SP (17/02/1958)

Cornélio Pires foi um jornalista, escritor, folclorista e empresário brasileiro. Foi um importante etnógrafo da cultura e do dialeto caipira.

Iniciou a sua carreira viajando pelas cidades do interior do estado de São Paulo e outros, como humorista caipira.

Em 1910, Cornélio Pires apresentou no Colégio Mackenzie, hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, um espetáculo que reuniu catireiros, cururueiros e duplas de cantadores do interior. O Colégio Mackenzie foi fundado e sempre mantido pela Igreja Presbiteriana, à qual Cornélio Pires pertencia.

Ambicionando cursar a Faculdade de Farmácia, deslocou-se de Tietê para a cidade de São Paulo, a fim de prestar concurso de admissão. Não tendo obtido sucesso em seu intento, conseguiu empregar-se na redação do jornal O Comércio de São Paulo. Posteriormente trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo, onde desempenhou a função de revisor. A partir de 1914, passou a trabalhar no periódico O Pirralho.

Cornélio Pires foi autor de mais de vinte livros, nos quais procurou registrar o vocabulário, as músicas, os termos e expressões usadas pelos caipiras. No livro "Conversas ao Pé do Fogo", Cornélio Pires faz uma descrição detalhada dos diversos tipos de caipiras e, ainda no mesmo livro, ele publica o seu "Dicionário do Caipira".

Na obra "Sambas e Cateretês" recolhe inúmeras letras de composições populares, muitas das quais hoje teriam caído no esquecimento se não tivessem sido registradas nesse livro. A importância de sua pesquisa começa a ser reconhecida nos meios acadêmicos no uso e nas citações que de sua obra faz Antonio Candido, professor na Universidade de São Paulo (USP), o nosso maior estudioso da sociedade e da cultura caipira, especialmente no livro "Os Parceiros do Rio Bonito".

Cornélio Pires foi o primeiro a conseguir que a indústria fonográfica brasileira lançasse, em 1928, em discos de 78 rpm, a música caipira. Segundo José de Souza Martins, Cornélio Pires foi o criador da música sertaneja, mediante a adaptação da música caipira ao formato fonográfico e à natureza do espetáculo circense, já que a música caipira é originalmente música litúrgica do catolicismo popular, presente nas Folias do Divino, no cateretê e na catira (dança ritual indígena, durante muito tempo vedada às mulheres, catolicizada no século XVI pelos padres jesuítas), no cururu (dança indígena que os missionários transformaram na dança de Santa Cruz, ainda hoje dançada no terreiro da igreja da aldeia de Carapicuíba, em São Paulo, por descendentes dos antigos índios aldeados, nos primeiros dias de maio, na Festa da Santa Cruz, a mais caipira das festas rurais de São Paulo).

A criação de Cornélio Pires permitiu à nascente música caipira comercial, que chegou aos discos 78 rpm, libertar-se da antiga música caipira original, ganhar vida própria e diversificar seu estilo.

Atualmente a música caipira é chamada de música raiz para se diferenciar da música sertaneja. A música caipira dos discos 78 rpm nasceu, no final da década de 1920, como o último episódio de afirmação de uma identidade paulista após a abolição da escravatura, em 1888, que teve seu primeiro grande episódio na pintura, especialmente a do ituano Almeida Júnior, expressa em obras como "Caipira Picando Fumo", "Amolação Interrompida", dentre outras.

A ironia e a crítica social da música sertaneja originalmente proposta por Cornélio Pires, situa-se na formação do nosso pensamento conservador, que se difundiu como crítica da modernidade urbana. O melhor exemplo disso é a "Moda do Bonde Camarão", uma das primeiras músicas sertanejas e uma ferina ironia sobre o mundo moderno.

Após encerrar a sua carreira jornalística, Cornélio Pires organizou o "Teatro Ambulante Cornélio Pires", viajando com o mesmo de cidade em cidade, aplaudido por onde passava.

Cornélio Pires é primo dos escritores Elsie Lessa, Orígenes Lessa, Ivan Lessa, Juliana Foster e Sérgio Pinheiro Lopes.

Cornélio Pires e o Espiritismo

Cornélio Pires pertencia a uma extensa família de presbiterianos e, na juventude, frequentava as reuniões da igreja com os seus familiares.

Durante as suas viagens pelo interior do país, teve contato com vários fenômenos mediúnicos, particularmente algumas comunicações do espírito Emílio de Menezes, que muito o impressionaram.

A partir de então passou a estudar as obras espíritas principalmente as de Allan Kardec, Léon Denis, Albert de Rochas e alguns livros psicografados pelo então jovem médium Francisco Cândido Xavier. A partir de então dedicou-se ao Espiritismo, com particular interesse pelos fenômenos de efeitos físicos.

Nos anos de 1944 a 1947 escreveu os livros "Coisas do Outro Mundo" e "Onde Estás, ó Morte?", tendo falecido quando se dedicava à redação da obra "Coletânea Espírita".

Pouco antes de falecer, retornou à sua cidade natal, onde adquiriu uma chácara, tendo fundado a instituição Granja de Jesus, um lar para crianças desamparadas, que não teve a oportunidade de ver implantado.

Cornélio Pires foi tio do jornalista espírita José Herculano Pires, tradutor e estudioso das obras de Allan Kardec e associado à corrente científica do Espiritismo brasileiro.

Cornélio Pires faleceu em São Paulo, SP, no dia 17/05/1958, aos 73 anos, vítima de câncer na laringe.

Fonte: Wikipédia

Saracura

OSCAR PEREIRA RODRIGUES
(83 anos)
Humorista, Ator, Animador e Apresentador de Televisão e Rádio

☼ Santa Bárbara d'Oeste, SP (12/02/1916)
┼ São Paulo, SP (20/10/1999)

Oscar Pereira Rodrigues, mais conhecido pelo pseudônimo Saracura, foi um humorista brasileiro, animador, apresentador de rádio e televisão, nascido em Santa Bárbara d'Oeste, interior do estado de São Paulo, em 12/02/1916. Filho de João Pereira Rodrigues e de Virgínia D'Ávila.

Iniciou sua carreira em 1948, na Rádio Clube Santo André, onde permaneceu até 1952. Apresentava programas sertanejos, que foi sempre o seu estilo. No cinema atuou em "Sertão em Festa" (1969) e "No Rancho Fundo" (1971).

De 1952 a 1981, passou para a Rádio Tupi de São Paulo. Ficou sendo diretor artístico de toda a linha sertaneja, além de ser apresentador e animador de programas. Participou do programa "Festa na Roça", onde ficou por 15 anos. Apresentou também os programas "Tupi no Sertão", "Alvorada Brasileira" e "Rádio Destak FM".

Saracura também foi ator de radionovelas. Fez como protagonista, as novelas "A Velhice Vem Depressa", "A Vida Tem Dois Caminhos", "Mistério da Fazenda de Pedra", "Rancho Fundo" dentre outras.

O humorista intercalava suas atuações em São Paulo, com viagens, por todo o Brasil. Assis Chateaubriand, assim como o diretor-presidente Edmundo Monteiro, gostavam de convidar Saracura para suas viagens pelo norte, nordeste, sul, centro-oeste, para onde eles iam constantemente, em viagens profissionais. Levavam Saracura, pois precisavam alegrar as pessoas que os recebiam.


Saracura gravou os LPs "Humor do Sertão", em 1971 e novamente "Humor do Sertão", em 1973, quando recebeu Disco de Ouro.

Saracura trabalhou também em televisão. Participou do programa "Festa na Roça", de 1958 a 1960, e em 1970 do "Canta Viola", ambos pela TV Tupi de São Paulo.

Em 1971, passou para a TV Record.

De 1975 a 1985, na TV Record, participou do programa "Canta Viola".

De 1986 a 1989, participou várias vezes do programa "Som Brasil", apresentado por Lima Duarte, na TV Globo.

Em 1988, esteve por inúmeras vezes na TV Manchete e na Rede Mulher, no programa "Rincão Brasileiro". Saracura participou também de vários comerciais.

Em 1989 e 1991 participou do programa "Viola, Minha Viola", da TV Cultura.

Foi um dos nomes mais respeitados e agraciados dentro das emissoras de rádio e TV do Brasil. Recebeu inúmeros troféus, tanto no rádio, como na televisão, com destaque para o Programa Luizinho, Limeira e Zezinha, Programa Defensores da Música Sertaneja, Oceania, Melhor Humorista de 1962, Melhor Humorista de 1963, Troféu União Artistas de São Paulo (UASP) em 1965 e 1966, Troféu Clube Atlético das Bandeiras, em 1967.

Recebeu também o troféu da União Artistas de São Paulo (UASP) "Melhor Humorista Sertanejo", em Osasco, 1969.

Em 1972 o Coração da Viola, em Guarulhos.


Em 1977 e 1978 o Troféu ABAS, em Osasco. Em 1978 o Troféu Encontro Com a Cidade, da Rádio ABC de Santo André.

Em 1979 o Troféu TV Record, programa "Canta Viola".

Em 1980, ganhou troféu no Primeiro Encontro da Música Sertaneja, de Itatiaia.

Em 1983, ganhou o Troféu Aniversário do Clube Atlético Ipiranga.

Em 1988, o Troféu UAI da Festa da Prefeitura de Poços de Caldas.

Além desses troféus, Saracura recebeu muitos títulos e homenagens. Recebeu o Título de Cidadão Paulistano, em 1996, na Câmara Municipal de São Paulo. Recebeu o Diploma de Honra ao Mérito, da Secretaria de Trabalho e Comunicação, Diploma de Honra ao Mérito do Ministério da Educação e Cultura, Viola de Ouro, do "Programa Raul Gil".

Saracura também escrevia uma crônica de humor, no Jornal da Zona Leste. Depois de sua morte, ainda foi homenageado na Assembléia Legislativa de São Paulo, pelo deputado Afanásio Jazadji, em evento promovido pela PRO-TV, sob presidência de Vida Alves.

A Prefeitura de São Paulo homenageou Saracura, dando seu nome a uma praça paulista, em 14/03/2003. É a Praça Oscar Pereira Rodrigues.

Saracura faleceu em 20/10/199, em São Paulo, aos 83 anos.

Nhá Barbina

CONCEIÇÃO JOANA DA FONSECA
(79 anos)
Atriz e Comediante

☼ Jaboticabal, SP (02/12/1915)
┼ São Paulo, SP (11/11/1995)

Nhá Barbina foi uma comediante e atriz brasileira. Iniciou carreira artística no circo, subindo ao picadeiro pelas mãos de seu marido, João Gomes, o seu maior incentivador.

Estreou como atriz dramática na peça "O Divino Perfume". Permaneceu no gênero comovendo a platéia por dez anos.

Por volta de 1938, já interessada na arte da caricatura, teve a oportunidade de substituir a titular de um circo. Criou a personagem Nhá Barbina, solteirona, que fazia tudo para arrumar um bom marido. Impressionou tanto que ninguém mais a chamou de Conceição. Passou a ser chamada pelo nome de seu personagem, inclusive por seus familiares.

Trabalhou excursionando pelo Brasil em inúmeros circos e pequenos teatros. Participou de 11 filmes, entre eles, "Lá no Sertão", de Eduardo Lorente em 1959, co-estreando com Tonico e Tinoco e "O Cabeleira", de Milton Amaral em 1962. Nesse período trabalhou na Rádio Tupi de São Paulo, no programa "Festa na Roça", de Lulu Benacasi.


Era a única humorista sertaneja no Brasil e foi consagrada com o título de "Mãe Sertaneja".

Em 1960 gravou na Odeon, de Valter Amaral e Ado Benatti, o baião "O Galo Cantou" e a marcha "Arquimedes, Deixa Disso".

Em 1963, filmou "O Rei Pelé", de Carlos Hugo Christensen.

Em 1970, destacou-se como caricata no filme "Sertão em Festa", de Osvaldo Oliveira. No mesmo ano gravou o arrasta-pé "Puxa-Saco", parceria de Ariovaldo Pires e Zé Cupido. Ainda no início da década de 70, voltou à tela no filme "No Rancho Fundo", de Osvaldo de Oliveira, cantando "Tô Maluca Por Você" (Capitão Furtado e Zico) e "Puxando o Fole" (Juvenal Fernandes 'Argonauta' e Madalena Maria Pires 'Piquerobi').

No ano de 1971, lançou o LP "Nhá Barbina no Rancho Fundo", pela RGE, no qual registrou, entre outras, "Ranquei Pena" (PotyCapitão Furtado). Lançou também pela CBS seu segundo disco, com piadas e canções, dentre elas, "Ranquei Pena" (Madalena Maria Pires 'Piquerobi' e Poty), "Olha a Polícia" (Arlindo Pinto e Adoniran Barbosa) e "Cachorro Louco" (Nhá Barbina e Onofre).


Gravou novo LP em 1975, contendo "Casa Caipira", com letra de Cornélio Pires e música de Tinoco, além de, entre outras, três números humorísticos: "Família Repinica" (Madalena Maria Pires 'Piquerobi' e Poty), "Puxa e Repuxa" (Manezinho Araújo e Mané Baião) e "Penha-Lapa" (Martins Neto).

Nhá Barbina trabalhou também em vários programas de rádio e televisão. Gravou em torno de 10 discos. Recebeu vários troféus, diplomas e medalhas por sua atuação. Deixou dezenas de "causos", que contava com graça peculiar.

Nos últimos anos, antes de seu falecimento atuava no programa "A Praça é Nossa", no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).

Nhá Barbina faleceu em 11/11/1995, em São Paulo, SP, aos 79 anos, vítima de insuficiência respiratória aguda e broncopneumonia.