Lécio do Nascimento

LÉCIO DO NASCIMENTO
(56 anos)
Baterista

* Barra Mansa, RJ (04/11/1943)
+ Itabuna, BA (21/03/2000)

Lécio do Nascimento foi um dos fundadores do conjunto The Fevers e um dos melhores bateristas da Jovem Guarda.

No tempo em que a juventude dançava em salões de paróquia e misturava rum com Coca-Cola, Lécio do Nascimento era rei. Baterista fundador do grupo The Fevers, ele acompanhou os maiores nomes da Jovem Guarda por 27 anos, de 1964, quando fundou o grupo, até 1991, quando saiu devido ao agravamento do diabetes que o debilitava.

"O trabalho era muito puxado, ele não tinha condições de nos acompanhar", explicou Liebert Ferreira Pinto, baixista e um dos três membros originais ainda no sexteto.

Nascido em uma família de bateristas, o pai e dois irmãos, todos músicos, de Barra Mansa, no Estado do Rio de Janeiro, ele iniciou a carreira tocando em programas da Rádio Mauá. Juntou-se ao grupo, que em 1964 ainda chamava-se The Fenders, para substituir um baterista que estava doente.

"Ele veio quebrar um galho e nunca mais saiu", contou Liebert Ferreira Pinto. "Ele tinha uma pegada que todos adoravam naquele tempo", lembrou o amigo.

Após quatro décadas ligado à música, com 15 discos de ouro na parede, Lécio do Nascimento morreu na terça-feira,  21/03/2000, vítima de Insuficiência Hepática, em Itabuna, Bahia, aos 55 anos. Deixou a esposa e três filhos.


The Fevers

The Fevers é uma banda brasileira de rock e pop formada no Rio de Janeiro em 1964 e associada ao movimento da Jovem Guarda. Fez muito sucesso na segunda metade da década de 1960 e início da década de 1970, vindo se consagrar nos anos 1980 com as aberturas das novelas "Elas Por Elas" e "Guerra dos Sexos", da Rede Globo. O grupo continua em plena atividade até os dias de hoje.

Criada em 1964, a banda originalmente se chamava The Fenders e seus membros originais eram Almir Bezerra (vocais e guitarra), Liebert (contrabaixo), Lécio do Nascimento (bateria), Pedrinho (guitarra), Cleudir (teclados) e Jimmy Cruise (vocais).

Em 1965, Jimmy Cruise saiu do grupo e os membros remanescentes decidiram mudar o nome para The Fevers, foi quando entraram mais dois componentes, Miguel Plopschi em 1965 e Luiz Claudio em 1969.

Gravaram seus primeiros discos em 1965 e 1966 pela Philips, os compactos "Vamos Dançar o Letkiss" (versão de Letkiss), "Wooly Bully" (de Domingo Samudio, em versão) e "Não Vivo na Solidão". Em 1966 apareceram no filme "Na Onda do Iê-Iê-Iê".

Passando para a Odeon ainda em 1966, revelaram-se um dos mais importantes grupos vocais-instrumentais da Jovem Guarda. Fizeram, muitas vezes sem créditos nos discos, o acompanhamento instrumental de gravações de Eduardo Araújo ("O Bom"), Deny e Dino ("Coruja"), Erasmo Carlos (os LPs "O Tremendão" e "Você Me Acende"), Roberto Carlos (gravações como "Eu Te Darei o Céu" e "Eu Estou Apaixonado Por Você"), Golden Boys, Wilson Simonal ("Mamãe Passou Açúcar Em Mim"), Trio Esperança (LP "A Festa do Bolinha"), Jorge Ben (o LP "O Bidu / Silêncio no Brooklin") e o primeiro LP de Paulo Sérgio.

O grupo foi eleito melhor conjunto para bailes em 1968 e lançou um LP chamado "Os Reis do Baile". No ano de 1965, entrou na banda o saxofonista Miguel Plopschi, em 1969 o vocalista Luís Cláudio entrou para a banda cantando os grandes sucessos em inglês. Em 1975 entrou Augusto César, no ano seguinte Pedrinho saiu da banda. Em 1979, com a saída de Almir, a banda convidou Michael Sullivan que dividiu o vocal com Augusto César.

Em 1982 a música "Elas Por Elas" (Augusto César e Nelson Motta) entrou na abertura da novela da TV Globo colocando o grupo como um dos grandes vendedores de discos e de shows do país. Em 1983, outra abertura de novela, a música "Guerra dos Sexos" (Augusto César e Cláudio Rabello) trouxe um público mais jovem a conhecer o trabalho do grupo. O componente Miguel Plopschi se desligou da banda e assumiu a direção artística da gravadora BMG nessa época.

Em 1984, ao fazerem participação especial no LP da recém-criada banda infantil "Trem da Alegria", ajudaram a alçá-la ao estrelato, sendo parte fundamental na composição da lendária música "Uni Duni Tê", uma das melhores músicas infantis já criadas no Brasil. A voz é do vocalista Augusto César.

Em 1985, entrou Miguel Ângelo como tecladista da banda e Michael Sullivan saiu no ano seguinte. Em 1988, Augusto César gravou um disco solo e convidou o talentoso vocalista e guitarrista César Lemos que permaneceu 3 anos no grupo. Em 1988, foi a vez de Cleudir sair.

Na década de 1990, outra mudança na banda: saiu César Lemos e entrou o guitarrista Rama. Por problemas de saúde, saiu o baterista Lécio do Nascimento e entrou Darcy. Almir Bezerra retornou à banda depois de 12 anos.

Em 1994, Darcy deu lugar ao baterista Otávio. Com essa formação, The Fevers passou a década de 90 sem fazer músicas de sucesso, como se tivesse começado uma nova banda.

Em meados de 2000, Almir saiu novamente da banda e quem assumiu o vocal principal agora foi Luis Cláudio.

Indicação: Miguel Sampaio

Assis Valente

JOSÉ DE ASSIS VALENTE
(46 anos)
Compositor

* Santo Amaro, BA (19/03/1911)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/03/1958)

Assis Valente foi um compositor brasileiro conhecido por compor diversos sucessos para Carmem Miranda, além da canção "Brasil Pandeiro", que foi recusada por ela, mas tornou-se um imenso sucesso com os Anjos do Inferno e principalmente os Novos Baianos.

Era filho de José de Assis Valente e Maria Esteves Valente. Segundo relatava, foi criado por uma família que o tirou dos pais. Viveu em Santo Amaro, passou dificuldades desde criança. Tratado como empregado, mudou-se para a capital baiana onde estudou desenho no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e se especializou em próteses dentárias, área profissional que atuou até o fim da vida. 

Aos dez anos de idade revelava-se admirador de grandes poetas, como Castro Alves e Guerra Junqueiro, cujos versos declamava, encantando aos que ouviam.

Em 1927 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se empregou como protético e conseguiu publicar alguns desenhos. Na década de 30 compôs seus primeiros sambas, bastante incentivado por Heitor dos Prazeres.

Muitas de suas composições alcançaram o sucesso, nas vozes de grandes intérpretes da época, como Carmem Miranda, Orlando Silva, Altamiro Carrilho e muitos outros. Sua admiração por Carmem Miranda o fez até procurar aprender a tocar, pensando que o professor fosse pai adotivo da cantora, o que não procedia. A paixão não impediu que, para ela, compusesse várias canções, sempre presentes em seus discos.

Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 1942 nasceu sua única filha, Nara Nadyli, e separou-se da esposa.


O Suicídio

Em 13 de maio de 1941 tentou suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado. Na queda, bateu na copa de uma árvore, frondosa o suficiente para amortecê-lo e livrá-lo da morte. Ele teve que administrar o próprio chabu, que rendeu-lhe não mais que umas costelas quebradas. Foi um caso único no até então 100% fatal cartão postal do Rio de Janeiro. Não bastasse ser uma figura conhecida na cena carioca de sua época, ganhou as páginas dos jornais no dia seguinte como o único sujeito a escapar da morte pulando do famoso morro. Viveu mais algum tempo, o suficiente para legar à humanidade mais algumas dezenas de obras-primas.

Em outra ocasião, graças a uma dívida cobrada por Elvira Pagã, que lhe cantou alguns sucessos, junto com a irmã, tentou o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos, igualmente fracassada.

Outra vez desesperado com as dívidas, Assis Valente foi ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só conseguiu um calmante. Telefonou aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão.

Ao pôr do sol na Praia do Russel, sentando-se num banco de rua, ingeriu um guaraná batizado com formicida, e lá ficou se contorcendo sob o efeito do veneno, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lhe pagasse dois alugueis em atraso. Morreu às 18:00 hs. No bilhete, o último verso:

"Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo."

Carmem Miranda e Assis Valente
Composição e Poética

Seu trabalho foi um dos mais profícuos da música, constando que chegava a compor quase uma canção por dia, muitas delas vendidas a baixos preços para outros, que então figuravam como autores.

Seu primeiro sucesso, ainda de 1932, foi "Tem Francesa no Morro", cantando por Aracy Cortes.

Foi autor, também, de peças para o Teatro de Revista, como "Rei Momo na Guerra", de 1943, em parceria com Freire Júnior.

Após sua morte, foi sendo esquecido, para ser finalmente redescoberto nos anos 1960, nas vozes de grandes intérpretes da MPB, como Chico Buarque, Maria Bethânia, Novos Baianos, Elis Regina, Adriana Calcanhoto, e vários outros.

Suas canções foram muitas vezes regravadas, mesmo depois de sua morte, atingindo sucessivas gerações, no Brasil. Suas composições trazem um conteúdo poético, que buscam emocionar, algumas com um teor mais reflexivo. Alguns exemplos:

Já faz tempo que eu pedi
mas o meu Papai Noel não vem.
Com certeza já morreu
ou então felicidade
É brinquedo que não tem.
(de: "Boas Festas")

Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, pendura a saia que eu quero ver
Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar.
(de: "Brasil Pandeiro")


Discografia e Homenagens

  • 1956 - Marlene Apresenta Sucessos de Assis Valente (Marlene)
  • 1970 - Assis Valente - RCA Victor / Abril Cultural
  • 1977 - Assis Valente - Abril Cultural
  • 1977 - A Rede Globo dedicou-lhe todo um programa da série "Brasil Especial"
  • 1980 - A Rede Globo usou um título de uma composição sua para nominar um programa: "Brasil Pandeiro"
  • 1989 - Assis Valente - Funart
  • 1999 - Assis Valente Com Dendê - Sons da Bahia (Secretaria da Cultura e Turismo da Bahia)
  • 2004 - "Brasil Pandeiro - Assis Valente" (Coleção "Canta um Conto")

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio